"Aquilo não foi uma lufada de ar fresco. Foi um autêntico vendaval", disse-me ontem MLB, coberta de razão. As festas do Bodo que agora passaram foram agigantadas. Trouxeram a Pombal magotes de gente. Fizeram correr muita tinta mas saldaram-se com sucesso. Ainda bem. Seria penoso para todos nós, que aqui vivemos e pagamos por isso, se assim não fosse. Continuo a achar lamentável que se gaste dinheiro a rodos num cartaz de espectáculos (ainda por cima pouco original, veja-se a publicidade - inteligenemente colocada nas capas de jornais - da Expofacic, em Cantanhede, modelo a que este bodo se colou, em cópia mal feita), quando nos faltam coisas são simples como um espaço para umas horas de lazer. Meia dúzia de metros de verde, que nos permitisse respirar do betão que avança sobre os passeios e do asfalto cor-do-Arnado. Não me conformo, não hei-de conformar-me nunca, em nome do dos meus filhos, dos meus pais, dos meus avós, e sobretudo dos que hão-de vir.
Para lá do sucesso anunciado dos espectáculos, e dos avanços e recuos de entradas pagas para, por exemplo, o recinto os carrosseis (!) sobram algumas notas a reter: o estádio tranformado em recinto de festas não foi protegido nem nos mínimos detalhes. De tanto dinheirinho gasto, poderia ter sobrado algum para poupar a relva, como geralmente acontece nos estádios onde há concertos. Aos que se preocupam com questões "menores" como colocar o lixo no lugar dele, impressionou a falta de caixotes/contentores, a imundice das casas de banho, a selvajaria exibicionista. Mas quando é para atirar à finesse estamos aí, por isso compensava-se a falta desses pormenores com um espaço VIP: um camião (que mais poderia ser?) para os amigos dos amigos. Lembrei-me da imagem do champagne com tremoços, que um amigo meu tão bem aplicou a Pombal, há tempos.
A ideia ressuscitada da Expobal parece funcionar. A juntar a esta, há um dedo ao alto que deve levantar-se para o Bodo 4 kids, a inclusão dos restaurantes e - verdadeiramente objecto de aplauso - dos ranchos e bandas filarmónicas do concelho repartidos ao longo dos dias a dar ares de festa às ruas da cidade. Ah, as ruas: valeu a pena mudar a organização de mãos, pelo menos para vermos uma iluminação melhorada, sem ser aquela que podia já ficar para o Natal, como era costume.
Em suma: quando há dinheiro, as festas são outro luxo, outra fartura.
Para a super empresa municipal (está visto que afinal o objecto deve alterar-se assumidamente para a organização de eventos), aqui fica uma sugestão de rodapé: não tendo os funcionários o dom da omnipresença, é conveniente que, para a próxima, seja acautelado o normal funcionamento de todos os serviços, desde a fiscalização do estacionamento até, por exemplo, o parque de estacionamento subterrâneo da praça Marquês de Pombal. Sexta -feira de manhã acabaram-se os tickets na máquina e não havia funcionário algum para os repor. Depois de chamado por telefone, lá apareceu o dito, 15 minutos depois, a poupar nas desculpas e nos bons dias. Foi quando constatei que três carros naquele acesso ao parque fazem um engarrafamento.
Pois é, sol na eira e chuva no nabal...é coisa geralmente impossível.