29 de julho de 2008

A fartura do Bodo


"Aquilo não foi uma lufada de ar fresco. Foi um autêntico vendaval", disse-me ontem MLB, coberta de razão. As festas do Bodo que agora passaram foram agigantadas. Trouxeram a Pombal magotes de gente. Fizeram correr muita tinta mas saldaram-se com sucesso. Ainda bem. Seria penoso para todos nós, que aqui vivemos e pagamos por isso, se assim não fosse. Continuo a achar lamentável que se gaste dinheiro a rodos num cartaz de espectáculos (ainda por cima pouco original, veja-se a publicidade - inteligenemente colocada nas capas de jornais - da Expofacic, em Cantanhede, modelo a que este bodo se colou, em cópia mal feita), quando nos faltam coisas são simples como um espaço para umas horas de lazer. Meia dúzia de metros de verde, que nos permitisse respirar do betão que avança sobre os passeios e do asfalto cor-do-Arnado. Não me conformo, não hei-de conformar-me nunca, em nome do dos meus filhos, dos meus pais, dos meus avós, e sobretudo dos que hão-de vir.

Para lá do sucesso anunciado dos espectáculos, e dos avanços e recuos de entradas pagas para, por exemplo, o recinto os carrosseis (!) sobram algumas notas a reter: o estádio tranformado em recinto de festas não foi protegido nem nos mínimos detalhes. De tanto dinheirinho gasto, poderia ter sobrado algum para poupar a relva, como geralmente acontece nos estádios onde há concertos. Aos que se preocupam com questões "menores" como colocar o lixo no lugar dele, impressionou a falta de caixotes/contentores, a imundice das casas de banho, a selvajaria exibicionista. Mas quando é para atirar à finesse estamos aí, por isso compensava-se a falta desses pormenores com um espaço VIP: um camião (que mais poderia ser?) para os amigos dos amigos. Lembrei-me da imagem do champagne com tremoços, que um amigo meu tão bem aplicou a Pombal, há tempos.

A ideia ressuscitada da Expobal parece funcionar. A juntar a esta, há um dedo ao alto que deve levantar-se para o Bodo 4 kids, a inclusão dos restaurantes e - verdadeiramente objecto de aplauso - dos ranchos e bandas filarmónicas do concelho repartidos ao longo dos dias a dar ares de festa às ruas da cidade. Ah, as ruas: valeu a pena mudar a organização de mãos, pelo menos para vermos uma iluminação melhorada, sem ser aquela que podia já ficar para o Natal, como era costume.

Em suma: quando há dinheiro, as festas são outro luxo, outra fartura.

Para a super empresa municipal (está visto que afinal o objecto deve alterar-se assumidamente para a organização de eventos), aqui fica uma sugestão de rodapé: não tendo os funcionários o dom da omnipresença, é conveniente que, para a próxima, seja acautelado o normal funcionamento de todos os serviços, desde a fiscalização do estacionamento até, por exemplo, o parque de estacionamento subterrâneo da praça Marquês de Pombal. Sexta -feira de manhã acabaram-se os tickets na máquina e não havia funcionário algum para os repor. Depois de chamado por telefone, lá apareceu o dito, 15 minutos depois, a poupar nas desculpas e nos bons dias. Foi quando constatei que três carros naquele acesso ao parque fazem um engarrafamento.

Pois é, sol na eira e chuva no nabal...é coisa geralmente impossível.



Noites sem dormir

Passa das duas da manhã e ouve-se a cantoria dos "Anjos" na Charneca como se fosse aqui ao lado. É assim há 4 dias, sendo que isto dura até às 5h30. A bombar, sempre. A sorte é que o Bodo acaba hoje (já lá vamos...)

A pulseirinha laranja


Quem teve a brilhante ideia de organizar o Bodo como se de um festival de Verão se tratasse? Não digo que não se aprenda com os festivais e não se tente importar algumas das suas boas ideias. O que me parece absurdo é sacralizar o conceito e aplicar, de forma cega, todas as suas idiossincrasias.
Um exemplo acabado do ridículo da situação é a pulseirinha cor-de-laranja que imperou na edição deste ano. Quem comprou "bilhete geral" viu-se obrigado a ter de usar o tal arreio durante todos os dias da festa. Será que não existem outras formas de controlar o acesso aos espectáculos que não passem por ridicularizar os pombalenses?
Mais: a dita pulseira não é democrática! De facto, ela não pode ser usada por quem tem bom gosto, pelos trabalhadores de instituições bancárias que não da Caixa Agrícola, por quem trabalha num talho, por cirurgiões.
Espero que, nos próximos anos, o bom senso regresse e as pulseirinhas laranja (ou, apesar de muito improvável, rosa) deixem de efeitar os pulsos dos nossos conterrâneos.

25 de julho de 2008

Lixo

Ainda não estamos em Agosto, mas, na minha urbanização com fraca densidade populacional, o lixo já transborda dos caixotes e espalha-se nos passeios.
Será que o pessoal da recolha já foi todo mobilizado para o Bodo? E o resto…?

24 de julho de 2008

Abram alas para o Bodo (III)


Este não é o meu Bodo. Reconheço, no entanto, que a proposta deste ano é, a todos os títulos, mais interessante que as dos anos anteriores. E não me refiro apenas ao cartaz dos espectáculos. Este ano houve reflexão, estratégia, objectivos claros e arrojo. Espero, sinceramente, que o Bodo 2008 seja um grande sucesso!
O problema é que Pombal não tem ideia do que quer ser como cidade, o que faz com que um investimento desta natureza não tenha condições para criar as sinergias (nunca pensei vir a escrever esta palavra...) que os seus promotores esperam.
O enorme potencial que Pombal tem precisa de uma estratégia que enquadre as opções de investimento, públicas e privadas, e as potencie para o bem comum. Sempre defendi que uma cidade pequena como a nossa deveria apostar na cultura, na qualidade de vida e no emprego qualificado. Tenho a certeza que essa aposta faria de Pombal um grande pólo atractor na região. O Bodo poderia, então, ser aproveitado como veículo promocional dessa estratégia. Como a pasmaceira regressa em Agosto, lá se vai perder mais uma oportunidade.

21 de julho de 2008

Diogo despromovido

Diogo Mateus foi despromovido do cargo de vice-presidente da câmara. Com requintes de crueldade e malvadez.
Narciso Mota é assim, quem não está comigo está contra mim e quem está contra mim, paga-as!
Diogo Mateus sabe-o bem. Então porque falou no caso das contas da Pombal Prof? Porque não deu cobertura ao comportamento ilegal de Narciso Mota?

Luis Garcia assume-se

O presidente da AM pronunciou-se de forma clara, sintética e objectiva sobre o caso das contas da Pombal Prof, criticando o comportamento ilegal de Narciso Mota e censurando o comportamento dos presidentes das associações: comercial e industrial.
Só é pena que não o faça mais vezes. E não é por falta de oportunidades.
O cargo de presidente da AM tem dimensão politica que lhe advém do sufrágio directo. A dimensão politica do cargo confere-se igualmente responsabilidades e obrigações perante a assembleia e também perante a comunidade que o elegeu. O Presidente da AM não se pode limitar a dirigir uma assembleia de três em três meses. Deve, igualmente, ser um moderador do debate político local e deve ter opinião sobre os grandes temas locais.
No caso das contas da Pombal Prof esteve bem. Mas ainda está em défice…

20 de julho de 2008

E sempre a água…

Em Pombal, a água é um problema crónico, para os munícipes e para a câmara.
Os munícipes, coitados, como não têm alternativa de fornecimento e como o sistema de abastecimento de água tem sido gerido por gente incompetente comem com água contaminada (Arsénio, Nitratos, Ferro, …) ou sem qualidade. Pagam a água cara. Têm que a pagar mesmo que a tenham recebido contaminada ou sem qualidade, e, não bufam! Nos últimos tempos, como o PS tem denunciado, são alvo de dupla facturação!
Convenhamos que é demais!
A água tem sido o “petróleo” da câmara. Com a rede, em grande parte, construída tem-se limitado a abrir uns furos, colocar umas bombas, ligá-las à rede ou a uns depósitos que por aí tem espalhados e toca a facturar! Quanto mais facturar mais lucra, porque o recurso é inesgotável (no pensamento deles) e de borla. Pelo meio faz umas análises, se der negativo (contaminada) repete, repete, repete, ...., que alguma vez deve dar certo!
Mas, como as trapalhadas são tantas e de tamanha gravidade os munícipes começaram a manifestar insatisfação e a oposição pegou nisto. Na água, tal como nos impostos, a vida do executivo complicou-se.
Decididamente, este pessoal politico e os boys que gravitam à sua volta podem ser bons a organizar arraiais e festas, com o dinheiro dos outros, mas não sabem gerir sistemas de abastecimento de água.
Problemas de vocações ou falta delas?

18 de julho de 2008

Narciso cede nas contas da Pombal Prof

Narciso Mota recusou-se a entregar ao PS, via presidente da AM, as contas da Pombal Prof. Pensou que, com aquele artificio da acta do conselho de gerência que votou não tornar publicas as contas, contornava a lei e gozava o PS e os seus dirigentes. Enganou-se. Enganou-se porque as coisas mudaram!
O PS denunciou em conferência de imprensa o flagrante atropelo à legalidade e Narciso Mota sentiu o terreno a fugir-lhe debaixo dos pés. Teve que ceder e perder a face. Acontece. No entanto, o que é mais confrangedor em todo este caso são as desculpas e justificações que Narciso Mota deu na última reunião do executivo.
Afinal, bastava pedir-lhe o relatório de contas pelo telefone ou directamente à filha do ex-presidente (mal) empregada na secretaria da ETAP!
Ridículo!

E chamam-lhe serviço público

Abençoada que fui com o nascimento da minha filha neste verão quente, dei comigo à sombra de casa, a assistir ao programa da RTP em directo da Praça Marquês de Pombal, que poderia ter sido uma excelente oportunidade de promover a terra e as gentes de cá, a partir daqui para o mundo inteiro. A verdade que as longas horas de emissão - que havemos de pagar, nós todos - revelaram-se aquilo de que já suspeitava: uma montra da feira de vaidades em que está transformado o Bodo deste ano, aqui e ali ofuscada pela triste imagem da populaça que vibra com os gritinhos saltitantes de João Baião e os olhares pseudo-matadores de Sónia Araújo. É o serviço público, dizem eles. E o público aplaude, sem saber muito bem o quê.
Salva-se no meio deste quadro a vida que volta à praça, tão injustamente despovoada de tudo e de todos. Nem que seja por umas horas, há vida na praça outra vez e isso é bom.
Sabendo o quão rica é a história de Pombal e das festas do Bodo, era de esperar que ali se desse a vez e a voz às tantas figuras - felizmente ainda vivas - que sabem contá-la. É claro que continuaria a haver espaço para o nosso João Faria e seus sete ofícios. Para sabermos o que manda a Pombal Viva e seu administrador, em tempo de vacas magras que Pombal ilude com este cartaz de luxo- que havemos de pagar, nós todos. E até, vá lá, para ouvirmos falar dos 9 km de costa que nunca podem faltar em discurso autárquico. Mas tinhamos a obrigação de mostrar ao país e ao mundo que há mais vida para além do Bodo, e que, mesmo esse, existiu antes de 2008 e desta organização à la rock in rio arunca. A obrigação, o dever e o direito - digo eu, já que não há programas de borla. Não sei quem fez a "selecção de pessoal" para as entrevistas promocionais. Mas sei que isto não é serviço público. É antes colocar os meios que nós pagamos ao serviço de um determinado público.
Não percebi por que razão deslocaram Nelson Pedrosa (um exemplo de interesse e dedicação à investigação histórica e cultural) para a praça de toiros de Abiul, ao invés de o vermos e ouvirmos na praça. Lembrei-me de um programa da TSF, vai para uns 8 anos talvez, cujo conteúdo faria corar de vergonha este programa de entretenimento brejeiro. Sobraram pernas e bailarinas num espaço tão nobre. A tela gigante, que tapava as misérias dos prédios devolutos, como quem varre o lixo e o esconde debaixo do tapete, era também ela o cartaz do Bodo. Algumas caras de lá vieram a terreiro promover os cafés Mambo, a Câmara e o João Vila Verde na mesma frase. Rita Guerra fê-lo muito bem. Ana Malhoa idem, ao ponto de se "sentir em casa", como disse. Às vezes nós é que não nos sentimos, tal a usurpação que nos fazem dos valores, em troca de outros que mais alto se levantam.
O resto foi música.

É festa, é festa!


O FMI alertou para o facto de Portugal viver acima das suas possibilidades. Será verdade? Não, eu não acredito...

17 de julho de 2008

Sociedades obscuras

A CMP sempre recusou a fiscalização política das empresas municipais na AM e nunca cumpriu a lei do estatuto da oposição.
O PS requereu ao presidente da AM, como lhe compete e lhe é devido, as contas das empresas municipais. O presidente da Câmara disponibilizou as contas da Pombal Viva e da PMU mas recusou-se a entregar as contas da Pombal Prof.
Há muito que sabíamos que o poder político do PSD em Pombal abomina a critica e o escrutínio político mas não era preciso chegar tão longe.
Empresas que são financiadas com os nossos impostos ou com taxas das quais não podemos fugir têm que ser totalmente transparentes. Em Pombal, tal como em muitos concelhos, não o são.
Quando o escrutínio político é vedado, quando os direitos da oposição são violados de forma tão grosseira e descarada, algo vai muito mal ou muita coisa se quer esconder.
Chamem a polícia...!

14 de julho de 2008

Lição Cívica

Tive conhecimento do projecto PALUMBAR, que terminou com um relatório final de proposta de uma pousada “Divertida e Amiga do Ambiente” para Pombal. É um exemplo que me faz renovar esperanças naqueles que já vejo como a geração posterior à minha.
Parabéns aos alunos pela iniciativa, capacidade analítica, consciência crítica, pelo enquadramento local e global que deram ao projecto e por uma redacção escrita exímia. Parabéns à professora pelo alto exercício de formadora cívica.
É com mais projectos destes, desde tenra idade, que se pode combater o crescente e temido desinteresse político dos jovens.
Espero, acima de tudo, que os nossos políticos locais o saibam valorizar, não apenas pelo conteúdo, mas, acima de tudo, pela iniciativa, que encerra uma das preciosidades do bem fazer política: saber ouvir os outros.
Quando se ouve as várias partes interessadas num projecto, conciliando interesses, valorizando opiniões e tentando encontrar consensos, o resultado será melhor e mais sentido por todos.
E quem sabe este não seja o mote para uma série de projectos futuros de área escola, que estudem outros aspectos de Pombal. Deixo já uma sugestão, para reflectirem sobre o seguinte paradigma: como aliar a evolução e modernidade social à preservação da tradição e identidade local das Festas do Bodo, sem enveredar pela moda plástica e inócua do mediatismo?

13 de julho de 2008

Uma fartura neste Bodo

Parece que adivinhávamos, há coisa de um ano, os dias de regabofe que o cartaz deste ano haveria de anunciar. Estará, pois, na altura de retomar este blogue, que nunca houve tanto para dizer sobre a nossa festa, este ano transformada em megalómano evento. Será que sobra espaço para a fartura no Cardal?

3 de julho de 2008

Pedro Tochas: uma visão parcial


Fui professor do Pedro e sou seu amigo; corro, por isso, o risco de ser parcial.

O Pedro é uma pessoa de elevado cartácter, um artista de altíssimo nível e de grande profissionalismo. Tenho acompanhado a sua carreira e vejo que tem sabido, com grande inteligência, tomar as opções correctas. Pelos vistos, desta vez, não acertou ao confiar na Câmara Municipal de Pombal (CMP). O espectáculo que estava agendado para dia 11 de Outubro foi cancelado.


Pedro, deixa lá, não és o primeiro a ficar desiludido com as decisões da CMP. Milhares de pombalenses já sentiram o mesmo. Mas tu, pelo menos, reages.

Expropriar antiga casa de Mota Pinto?

Porquê? Para quê?
A casa é pequena, está em ruínas, entalada entre dois prédios, numa zona descaracterizada sob o ponto de vista arquitectónico, é o gargalo de uma rua com grande movimento, e ela própria contribui para descaracterizar ainda mais aquela zona.
A casa não tem grande valor e o que tem é essencialmente especulativo.
A casa nunca pode ter grande utilidade nem interesse. Um museu? Nesta casa? Neste local?
Desbaratar dinheiro nisto cheira a bizarria.
Respeitem o nosso dinheiro. As dificuldades e os sacrifícios dos contribuintes!


PS: Se existe esse espólio de Mota Pinto, venha ele, o que não faltam é espaços públicos, disponíveis e mais nobres, para o expor.

1 de julho de 2008

A exposição que não posso visitar

Está patente ao público, até dia 15 de Agosto, no Museu Marquês de Pombal, a exposição "O esplendor do traje no século XVIII". Esta exposição resulta de uma parceria entre o Município de Pombal, o Museu Nacional do Traje e a Escola Artística e Profissional de Pombal. O tema parece-me interessante e louvo a forma como três entidades distintas, com a particularidade de uma delas ser uma escola, se conseguiram entender.

Ao consultar o horário da exposição, verifiquei que esta só pode ser visitada de 2ª a 6ª, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00. O que é que se pretende com este horário de mercearia? Que não seja visitada por ninguém? Eu presumo que os alunos das escolas do concelho já a tenham visitado. Mas, e o cidadão comum? E os turistas?


Pombal nunca foi um destino turístico e, a continuar por este caminho, arrisca-se a nunca o vir a ser.