4 de agosto de 2009

Singularidades políticas

Por muitas terras deste Portugal (e no próprio Portugal), e seguramente que não apenas a nossa, vigora uma política que tarda em ser extinta. É conhecida como a política da "porta aberta" e como facilmente se constata, implica que a única política a ser defendida seja a tal da porta e nada mais, antes que haja chatices. Isto vai muito para lá da mera troca da liberdade por segurança. É uma das razões pelas quais, faça-se o que se fizer, a desconfiança na actividade política não acaba: quando a única zona verdadeiramente livre para fazer política é na cabine de voto (espera-se), não há responsabilização e fiscalização que nos valha (sim, a todos nós).

E sim, há muitas e honrosas excepções, felizmente. E não, se quisesse falar em "medo", usava a palavra. Não há medo, há é um clima estranho, quase claustrofóbico (nunca pensei em utilizar vocabulário rangélico, mas isto há sempre uma primeira vez para tudo) que não sendo alimentado intencionalmente, acaba por dar jeito a muita gente.

21 comentários:

  1. Diz muito bem, caro João Alvim:
    «quando a única zona verdadeiramente livre para fazer política é na cabine de voto, não há responsabilização e fiscalização que nos valha.»
    Será por isso que os nossos autarcas ficam tão incomodados quando lhes perguntamos o que andam a fazer nos nossos monumentos, nas nossas praças, nas nossas ruas e porquê?
    Valha-nos a tal nossa senhora do Eng. Marques!

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  2. Amigo e companheiro Dr. João Alvim, boa noite.
    Valha-me Nossa Senhora da Boa Morte.
    Então não é que verifico, pelo teu post, que o futuro Membro da Assembleia de Freguesia de Pombal anda de candeias às avessas com a política, volvidos que foram mais de trinta anos depois do 24-A.
    Companheiro, conheço, pelo menos, três zonas verdadeiras livres…
    A ilha de Cuba, verdadeiramente livre de... democracia;
    A ilha da Madeira, verdadeiramente livre... de comunistas;
    E os espaços públicos, verdadeiramente livres... do fumo.
    Medo, medo só dos espaços claustrofóbicos.
    Mas em espaço livre e verdadeiramente livre, vamos apoiar o nosso companheiro Pedro Pimpão que, neste momento, está em veredicto no Conselho Nacional do PSD.
    E vamos apoiar, também, o nosso postulado para membro eleito para a Assembleia de Freguesia de Pombal (para a coisa parecer imparcial).
    Abraço.

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  3. Caro amigo Rodrigues Marques, a esta hora, na descompressão do trabalho só o Sr. para me fazer rir. Comparar Cuba á Ilha da Madeira.... Acho que acertou em cheio, passa-se exactamente o mesmo. Os sistemas politicos são antagónicos mas o modo de o exercer é exactamente igual. Um Abraço Companheiro

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  4. E nos espaços públicos ainda se fuma.

    Bem como na minha casa, livre...

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  5. E ainda há 'os fumos' dos carros, qua agora até são mais, dado à presença das nossas amigas 'matrículas amarelas'.

    João, para bom entendedor meia palavra basta.

    Isso e o parque de estacionamento fechar às 20h. Ora, para bom entendedor....

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  6. Caro Rodrigues Marques, creio que acertou em cheio nas ideias do João Alvim... mas "pela retaguarda"! ;)
    Há muitos tipos de liberdades, e não vou comparar a de Cuba com a da Madeira. Sei é que votar não é sinónimo de liberdade. Nem sinónimo de democracia. Não discuto apenas a "qualidade" da democracia, expressão muito em voga, mas que sempre ouvi referida como quem quer dizer "quantidade de democracia". Discuto a própria essência, a radicalidade de "isto" ser ou não democrático, ser ou não livre. E em último instância, discuto se isso é ou não bom para mim, enquanto membro integrante de uma comunidade.

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  7. Segurança sem Liberdade, não é democracia é prisão. A pior prisão não é a que tem grades ou correntes, mas as barreiras que não vemos, que nos limitam, nos entorpecem as mentes e levam à lassidão das nossa vontades, isso faz com que sejamos acríticos e aceitemos de forma “bovina” o que a sociedade os seus poderes e “mediadores” nos apresentam como verdades inabaláveis e realidades inevitáveis, o que é bem pior que o medo, porque a este, melhor ou pior reagimos, nem que seja, ao menos, por força da adrenalina.

    Alguma da minha experiência leva-me a pensar e a dizer, que, passados mais de 30 anos do 25 de Abril, se criou e está a criar, um caldo de cultura e um modo de vida, em que os poderes e “temores” difusos se instalam. Isto leva a que haja a tentação para generalizadamente se formar e se ter vindo a instalar uma “classe política obtusa” que, em nome de um certo paternalismo, tem "aspirações totalitárias", no sentido de que em tudo pretendem intervir e que tenta controlar tudo e a todos, a todos os níveis. O que começamos a aceitar com alguma a naturalidade, porque, as vozes das “margens” e do “desassossego” não tem meio de ser ouvidas pelo “grande público”. Temos uma comunicação formatada ( não me atrevo a falar: controlada) para não dar relevo ao questionamento dos valores e interesses instalados, que deixam de ver, incluindo alguns líderes de opinião (vejam o caso da Joana Amaral), quando são violados princípios essenciais da vida democrática, chamando ingénuos a quem os defende, e dizem: " é normal", a "Chico-espertice" da política", feita nos bastidores. “Pura e dura”, como diz o nosso amigo Rodrigues Marques.

    Estas questões, pela proximidade e pala natureza das coisas, sentem-se mais a nível local. Quase todos nos conhecemos e, pelas mais diversas razões, todos temos de nos dirigir às instâncias do poder: ele é a licença pró cão ou para abrir uma janela, ele é a licença para fazer o “barbeque”, ele é um subsídio para a comissão da festa ou para a colectividade. Ou seja, uma sociedade de grande "complexidade técnica e administrativa", em que quase tudo está sujeito a regulações, autorizações, fiscalizações, aprovações, etc . "Não há" quem não tenha, alguma vez na vida, de "pedir um favor" ou "meter uma cunha", para qualquer assunto ser tratado mais rápido. Não há colectividade ou festa que sobreviva, mesmo mal sem a pedinchice dos subsídios aos Presidentes da Câmara e da Junta.. Depois, quando, as coisas não estão correctas, em geral. calamos ou falamos em surdina, seja porque “até são nossos amigos", “não vão eles saber, e, quando precisarmos de alguma coisa, lixar-nos"ou "Quem tem negócio aberto não pode estar com essas coisas". “Se peço deferimento tácito, se vou para o Tribunal Administrativo, eles lixam-me na casa que tenho em aprovação ou noutra altura em que possa precisar. É melhor ficar calado.”

    Depois, a vizinha não gosta do cheiro das sardinhas e vai falar ao Presidente. A outra vizinha, madura nos seus magros trinta anos, despe-se e não corre as persiana e acende a luz na escuridão da noite - do que os vizinhos gostam e apreciam como uns gourmets - mas, onde eles vêem prazeres puros e inocentes, as esposas vêem afrontamentos e desperdícios de energia, chegando, as mais enérgicas, a ver “trabalhos do Mafarrico”. Depois, por isso, ou por inveja de não terem um vizinho que não tenha persianas …, lá vão elas “desembestadas” chorar para o Presidente. E sabem o que acontece? O Presidente em vez de as serenar, de as mandar passear ou irem ao Tribunal. Não! Acolhe-as e “dá-lhes ombro”. Manda fiscalizar, faz ofícios com apelo “ à moralidade e aos bons costumes”, etc, que, felizmente, não afastam a vizinha da brisa da noite, nem os vizinhos da luz da janela.

    Tirando o aparte da sensualidade a propósito, procura-se fugir, e foge-se, às regras da transparência e da separação dos poderes, abarcando-se tudo, mesmo o que é da esfera da intimidade e da vida privada e da pura futilidade social.
    (...)

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  8. (...)
    Penso que o João Alvim, fez bem em fazer a ressalva: na “...cabine de voto (espera-se).... De facto, nem na cabine de voto essa liberdade é assim tão absoluta. Os cadernos e a organização das mesas não são aleatórios, e, como o número de votantes por mesa é, por vezes, pequeno, isso permite análises estatísticas de malhas relativamente finas, que permitem saber, com bastante probabilidade, o sentido de voto dos universos eleitorais, sobretudo, quando a abstenção é elevada. O que, a meu ver, é pouco recomendável, sobretudo, em localidades pequenas, onde essa tentação de espreitar e perscrutar a realidade por qualquer buraco da fechadura é maior e as consequências disso são as piores, permitindo por exemplo, premiar ou sancionar certos lugares em função das votações.

    Estamos a viver num tempo em que a cultura politico-administrativa não promove a autonomia existencial das das pessoas e das suas colectividades, nem favorece a liberdade das consciências, não favorecendo o debate e a crítica, achando aceitável a mesquinhez do: “Se não és por mim é porque estás contra mim!”, com as inevitáveis consequências.

    Sem querer estar a ver fantasmas, como no poema do grande Vladimir Maiakovski, que se transcreve.

    Na primeira noite, eles se aproximam
    e colhem uma flor de nosso jardim.
    E não dizemos nada.

    Na segunda noite, já não se escondem,
    pisam as flores, matam nosso cão.
    E não dizemos nada.

    Até que um dia, o mais frágil deles, entra
    sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,
    e, conhecendo nosso medo,
    arranca-nos a voz da garganta.

    E porque não dissemos nada,
    já não podemos dizer nada.

    Mais uma vez, os meus parabéns ao João Melo Alvim por aceitar ir a escrutínio e faço votos de elevado sucesso, o que será, seguramente também, sucesso para Pombal.

    Depois deste sermão vou de Férias do Farpas

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  9. Um belíssimo "sermão" e uma acutilante análise, dos limites da nossa vontade de exercer a nossa cidadania.

    Agradeço o seu voto de confiança.

    E, tendo eu ido a Lagos, mas não tendo sido possível encontrarmo-nos, faço eu votos para o fazermos em breve, onde, entre outras conversas me penitenciarei por essa falha.

    Abraço

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  10. Amigos e companheiros Drs. Gabriel Oliveira, Jorge Ferreira e João Alvim, boa noite.
    Amigo e companheiro Dr. Gabriel Oliveira deixarei de te tratar por Dr. quando te tratar por Nuno.
    Tens de compreender que, para o bem e para o mal, este tratamento faz parte da nossa cultura.
    A revolução francesa não chegou cá. “Tout le mundo é meussier” (se não estiver bem escrito fica pela intenção, desculpem) ficou mesmo só pela França.
    Mas vamos ao âmago da questão.
    Assino por baixo todos os comentários dos três ilustres comentadores.
    Todos não! Há ainda por aí uns irredutíveis gauleses que fazem a vida negra aos romanos.
    Uma espécie de pica miolos.
    Mas, apesar de tudo, façam o favor de serem felizes e de gozarem as férias antes que o nosso amigo Sócrates, com todas as trapalhadas que anda por aí a fazer, acabe com elas.
    Abraços, mas Grandes.

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  11. Ó engº, se o Cavaco não acabou com os feriados, se o Santana não acabou com o país, este que diz que é seu colega também não há-de acabar com as férias. Digo eu - com os nervos - que ainda tenho muitos caracteres pela frente.

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  12. "Nuno" é bom tratamento. É assim que me chamam no trabalho e no Louriçal. Já por Pombal e por Coimbra me tratam por Gabriel, visto que é nome de que gosto mais, dos que me couberam em sortes. Qualquer um dos dois me serve! :)

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  13. Qualquer um dos dois te serve?!, bem isto pode ser sugestivo se lido fora do contexto...tem cuidado.
    Se preferes Gabriel, é assim que te nomearei, mas ficarei na dúvida: Anjo Gabriel, ou nem por isso? ;)

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  14. Anjo, sim, pode ser. Mas nunca "anjinho"! ;)

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  15. Quem alguma vez te conseiderar "anjinho", de certo que estará com graves problemas ou a confundir-te com alguém.

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  16. Amigos e companheiros, boa noite.
    No comentário que fiz no passado dia 5 de Agosto no post Singularidades Políticas utilizei uma expressão usada pelo saudoso Raul Solnado.
    Façam o favor de serem felizes.
    Acabo de saber que ele faleceu.
    Paz à sua alma.
    Abraço.

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  17. É uma enorme perda que me deixa muito triste, um homem que será imortalizado pela seu trabalho, a sua postura e as suas frases emblemáticas, sendo a mais forte a referida pelo Eng. Rodrigues Marques. Ele jamais quereria que nos sentissemos tristes com a sua partida.
    Raul Solnado continuará a ser um grande exemplo.

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  18. Raul Solnado foi uma personagem tão singular que só somou êxitos atrás de êxitos utilizando sempre a linguagem do povo.

    Falando o português que todos entendem e olhando com respeito o seu semelhante, conseguia fazer-nos felizes. Palavras para quê? imortalizou-se !

    Os nossos políticos não deviam ter medo de falar a linguagem que ele utilizava, deviam seguir o seu exemplo.

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  19. Raul Solnado foi uma personagem tão singular que só somou êxitos atrás de êxitos utilizando sempre a linguagem do povo.

    Falando o português que todos entendem e olhando com respeito o seu semelhante, conseguia fazer-nos felizes. Palavras para quê? imortalizou-se !

    Os nossos políticos não deviam ter medo de falar a linguagem que ele utilizava, deviam seguir o seu exemplo.

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  20. Caro grilofante1, deve ter ficado mesmo abalado para equacionar uma utopia como a que refere.
    Infelizmente poucas pessoas conseguem seguir um exemplo como o de Raul Solnado!

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  21. Boa Tarde!
    Não há qualquer dúvida que o Sr. Raul Solnado foi mesmo um SENHOR sério que a brincar nos fez rir e marcou uma geração de pessoas e artistas, sério até a fazer humor, direi mesmo notável.

    Na execução do seu humor falou sempre o bom português, que todos entendiam, que os políticos de diziam ser "fediver" e que o Sr. Solnado dizia ser divertimento.

    Os políticos falam para a maioria não os entender e o Ele falava para nos divertir vejam só a diferença.

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