No lufa-lufa de eventos que é a Junta de Freguesia de Pombal, calhou-me assistir a dois deles, nos últimos dias: as Pombalíadas (ainda bem que há memória e que no local alguém se lembrava de um evento com o mesmo nome, há muitos anos, organizado por um jornalista desportivo no tempo d'O Eco), e o já conceituado torneio de xadrez jovem. Esta quarta edição juntou mais de uma centena de crianças do primeiro ciclo, que no âmbito das AEC (Actividades de Enriquecimento Curricular) frequentam as aulas de xadrez. Foi uma tarde intensa para as crianças (entre os 6 e os 10 anos de idade) e para os pais. Por ser a primeira vez que acompanhava a minha filha a uma coisa destas, precisei de me habituar à ideia de que, durante quatro ou cinco horas, um amontoado de pais e mães iriam ficar colados às janelas daquela sala da Gualdim Pais. E essa deveria ser a primeira regra de qualquer organização similar - porque intimida os pequenos e é um espectáculo deprimente. Depois veio o essencial: dentro da sala não estavam apenas os professores das AEC's. Estavam promotores de escolas privadas, que vão 'gerindo' os jogos dos miúdos sob diversas formas, com a conivência da Junta de Freguesia. Uma espécie de 'olheiros', ou 'observadores' - como um deles se intitulou, junto de um grupo de pais, à caça de novos talentos.
A introdução do xadrez nas AEC's foi benéfica, no cômputo geral. Despertou nos miúdos esse interesse pelo jogo de estratégia que lhes estimula o raciocínio. Mas não havia necessidade destes números, que colocam a competição acima de qualquer competência, de forma mais ou menos velada. Também não havia necessidade de fazer discursar o actual presidente da Junta, o antigo presidente da Junta, a vereadora da Cultura e a presidente da Assembleia Municipal. Ao final, foi a minha filha que me fez o desenho: "mãe, já percebi que isto é como no Crianças ao Palco...os que andam nas escolas privadas estão sempre em vantagem". Não é assim lá fora, mas Pombal, já se sabe, é um micro-clima.