A pombalTV
faz este ano 5 anos de existência. Passado todo este tempo, continuo sem
perceber ao certo que canal é este - que
não tem emissão regular e cuja maioria dos posts, à laia de “notícias” são
textos escritos e copiados de outros meios de comunicação. Será então um videoblog
sobre curiosidades locais ou um jornal online? Algo mais?
Expliquem-me por favor, porque um canal de televisão certamente não é.
Expliquem-me por favor, porque um canal de televisão certamente não é.
Durante
algum tempo perguntei-me como poderia sobreviver este “canal de televisão”
sem conteúdos próprios e sem uma emissão regular. Não existe nada de original
que possa cativar um audiência a não ser o esporádico vídeo sobre as
actualidades do concelho. E como sobrevive a pombalTV apenas com publicidade
residual? Algo de estranho se passava, ou então seria este canal local um
fenómeno de estudo e um caso único a nível mundial. Por essas razões decidi
investigar.
Ao analisar
alguns documentos oficiais disponibilizados online, no site http://www.base.gov.pt, pude facilmente descobrir qual a principal fonte de rendimento deste “canal de televisão”.
Desde
a sua origem que a principal fonte de rendimentos da pombalTV é precisamente a
Câmara Municipal de Pombal. Este Canal/Videoblog/Não Sei o Quê, entre 2014 e
2017 recebeu qualquer coisa como 27.443,76€ para a transmissão de Assembleias Municipais,
Reuniões de Câmara e transmissão de outros eventos não especificados.
Desse
total, 12 821,21€ foram para a Criação da Agenda Municipal. A CMP paga um
balúrdio por um formato pré feito onde se alteram mensalmente os textos dos eventos,
e as fotos ou videos, mas se mantém toda uma base pré criada. Alguns destes
“templates” encontram-se facilmente online a baixo custo em qualquer website de
produção audiovisual que venda conteúdos "pré fabricados". Trabalho mínimo, lucro máximo.
Em Maio de 2018 mais um contrato por ajuste direto no valor de 4 218,00€ uma vez mais por Serviço de Transmissão de Imagens de Eventos Municipais, duração 365 dias, em relação ao trabalho em si, nada especificado uma vez mais.
Já este ano, a 21 de Maio de 2019, foi feito novo contrato com a pombalTV no valor de 16.872,00€, relativo a, uma vez mais, Aquisição de Serviços de Transmissão de Imagem, um contrato bastante mais chorudo que o anterior e com a duração de apenas 214 dias.
Mas afinal contrata-se o quê especificamente? Quando e como? Que transmissão? Onde está ela? Online onde? Não existe divulgação pública destes concursos? É para depois afirmarem por escrito que não havia mais ninguém a participar? Os documentos existem foram aprovados e estão assinados. Sem se dar conhecimento à população é difícil realmente aparecer concorrência. Não servem o Facebook e as outras plataformas oficiais para isso também? Para informar os cidadãos? Porquê tanto secretismo?
A
CMP escolheu a pombalTV porquê? Pelo conjunto de profissionais que a compõem?
Pelos equipamentos de última geração que possui? Pela larga experiência no
meio? Pelo impressionante currículo do director do canal? Ou será realmente o
preço do “pacote”?
Não
me parece que nenhuma dessas razões seja suficientemente válida para deixar a
concorrência para trás, cega, surda e muda. Neste
momento a equipa da pombalTV é composta exclusivamente pela Dona/Gerente/Jornalista/Comercial/Camara/Diretora/Editora/Produtora, Ana Rita Silva Ribeiro, cujo percurso profissional se
resume à criação e manutenção da pombalTV.
Pessoalmente
conheço mais de uma dezena de profissionais no concelho, com trabalho
reconhecido na área, com todo o equipamento necessário e conhecimento prático que poderiam facilmente assegurar alguns destes serviços
contratados exclusivamente à pombalTV.
Será
que alguém me pode explicar qual foi a razão para este “contrato às escuras” e
nada transparente? Tudo isto foi feito sem concurso público e nem sequer foi
dado conhecimento em reunião camarária. Parece-me
assim que se trata mais uma vez de um caso de “compadrio” que ignora
completamente a existência de outros profissionais e empresas do ramo.
Fica
aqui uma última questão: não possui a CMP um Gabinete de Comunicação?
Sei
por experiência profissional que ficaria mais barato ao contribuinte adquirir
os equipamentos necessários e dar formação aos técnicos da CMP (como fazem as
outras câmaras da região) para realizar esses trabalhos de captação e
transmissão de imagem que subcontratar outra empresa. Atenção que quando digo mais barato falo em
dezenas de milhares de euros. Porque é que a CMP não o faz? Qual o interesse no
modelo actual? Não defende certamente os interesses do contribuinte…
Uma
sugestão final: mude-se o nome da pombalTV para CMPombalTV, assim talvez a
coisa seja mais facilmente explicada e justificada.
Falamos
de um orgão de comunicação social independente, mas afinal onde está a imparcialidade e transparência do mesmo
quando este é financiado quase na totalidade pela Câmara Municipal e
especialmente através deste tipo de contratos?
Continuo
a achar tudo isto muito estranho, talvez alguém me consiga explicar o que
realmente se passa afinal com o “tal canal”?