A festa dos 31 anos de reelevação do Louriçal a vila foi um momento insólito: o presidente da junta está apostado em deixar o nome inscrito nas placas, agora que caminha para o final do seu último mandato, e por isso não há tempo a perder. Aproveitando a destemperada ideia desta Câmara de construir parques verdes em todas as freguesias (como se nas freguesias não bastasse manter cuidado o acesso ao verde, felizmente natural, e como se não tivéssemos ao abandono vários parques de merendas, a começar precisamente pela freguesia do Louriçal), ali se gastaram umas centenas de milhares de euros, porque o povo precisa de apreciar a paisagem. O povo, que não foi visto nem achado na "festa" de sábado, mas há-de continuar a pagar estes desvarios. O povo, que há dois anos não tem médico de família, mas pagou um Centro de Saúde de última geração. E agora paga, quando precisa, consultas numa clínica privada, lá na vila. É o conceito de progresso, que até deu nome à farmácia.
Não vamos aqui esmiuçar os quase750 mil euros ( 747.397,84 €, acrescidos de IVA) que Câmara e Junta esbanjaram ali. Ou os 65 mil que a família Rico Sofia (afastada há décadas do Louriçal) encaixou com a venda dos terrenos, tão pouco tentar compreender o que está por trás desta inusitada ação benemérita, que se traduziu em doar uma parte de um dos terrenos. O que aqui importa é refletir sobre aquilo em que o Louriçal se tornou. Na época em que um presidente-pavão-armado-em-figurão parece letra de forma, não bate a bota com a perdigota. Como é que uma freguesia tão rica em património, culturalmente tão relevante, chega a este estado de ramo de enfeite? Ao presidente da junta colou-se o da assembleia de freguesia (lá na terra o povo acredita que o segundo se prepara para substituir o primeiro), que embora colecione cursos e "livros", entre a pose e as medalhas, não conseguiu ainda disciplinar a junta no que toca à gramática e ortografia.
No resto, o que não tem remédio remediado está.