28 de maio de 2024

Louriçal Rico, Louriçal Pobre





A festa dos 31 anos de reelevação do Louriçal a vila foi um momento insólito: o presidente da junta está apostado em deixar o nome inscrito nas placas, agora que caminha para o final do seu último mandato, e por isso não há tempo a perder. Aproveitando a destemperada ideia desta Câmara de construir parques verdes em todas as freguesias (como se nas freguesias não bastasse manter cuidado o acesso ao verde, felizmente natural, e como se não tivéssemos ao abandono vários parques de merendas, a começar precisamente pela freguesia do Louriçal), ali se gastaram umas centenas de milhares de euros, porque o povo precisa de apreciar a paisagem. O povo, que não foi visto nem achado na "festa" de sábado, mas há-de continuar a pagar estes desvarios. O povo, que há dois anos não tem médico de família, mas pagou um Centro de Saúde de última geração. E agora paga, quando precisa, consultas numa clínica privada, lá na vila. É o conceito de progresso, que até deu nome à farmácia. 

Não vamos aqui esmiuçar os quase750 mil euros ( 747.397,84 €, acrescidos de IVA) que Câmara e Junta esbanjaram ali. Ou os 65 mil que a família Rico Sofia (afastada há décadas do Louriçal) encaixou com a venda dos terrenos, tão pouco tentar compreender o que está por trás desta inusitada ação benemérita, que se traduziu em doar uma parte de um dos terrenos. O que aqui importa é refletir sobre aquilo em que o Louriçal se tornou. Na época em que um presidente-pavão-armado-em-figurão parece letra de forma, não bate a bota com a perdigota. Como é que uma freguesia tão rica em património, culturalmente tão relevante, chega a este estado de ramo de enfeite? Ao presidente da junta colou-se o da assembleia de freguesia (lá na terra o povo acredita que o segundo se prepara para substituir o primeiro), que embora colecione cursos e "livros", entre a pose e as medalhas, não conseguiu ainda disciplinar a junta no que toca à gramática e ortografia. 

No resto, o que não tem remédio remediado está. 



10 de maio de 2024

AM – fraco rei e fraca gente

Uma imagem vale por mil palavras. Vou poupar nas palavras.

Por falta de vontade e pontos de interesse, hesitei postar sobre a última Assembleia Municipal (AM). Mas, pensando melhor, o estado da coisa é digno de nota… 



Já houve tempos em que as reuniões da AM eram o ponto alto da política pombalense: o verdadeiro palco para os representantes do povo exporem as preocupações e as aspirações do povo, com coragem e galhardia. Era ali que se fazia a verdadeira prova de vida (política), se perdia ou ganhava peso político. Ia-se para ali com gosto e alegria, com aquele brilhozinho nos olhos que denota coisa preparada. Ou com o comprimido tomado à entrada.

Actualmente, tudo é diferente… 

A imagem anexa mostra bem o desprazer, penoso e amargurado, que perpassa daquelas almas desencantadas e/ou sofridas, dispersas pelo imenso vazio sem ordem e sem sentido.

No canto de rodapé pode ver-se o que resta do destroçado PS: as 3 Marias abandonadas ao destino.

8 de maio de 2024

O passeio dos alegres




Há uma marca deste executivo que já fica para a história: o passeio, em forma de roteiro pelas freguesias, disfarçado de "visita de trabalho". Pedro Pimpão foi 'beber' alguns tiques popularuchos de Narciso Mota (que intensificou uma iniciativa criada por Armindo Carolino, no século passado) e assim espalha a sua magia. É ele próprio a personificação da 'inspiração para uma vida mágica', que absorveu do mentor. 
Vista de longe, a ideia parece boa: o executivo vai ao concelho real inteirar-se dos problemas reais, mete vereadores, técnicos, presidentes de junta e quejandos num autocarro, e seguem felizes, pela estrada fora. Faça chuva ou faça sol, de mãos nos bolsos ou braços cruzados, não há semana sem passeio. Ele é Carriço, Carnide, Almagreira ou Abiul, ele é serra e é praia, é a vida a acontecer pelas freguesias, numa roda vida que pouco diz ao pacato cidadão. Se não tiver Facebook, só saberá desses movimentos se passar os olhos pelos jornais, que replicam fotos e declarações, embora não de forma tão aprimorada como a rádio, que acumula imagens nas suas redes sociais, como se de informação se tratasse. 
Os desertos de notícias (estudados ao pormenor pela Universidade da Beira Interior, em 2022) hão-de debruçar-se em breve sobre esse fenómeno: territórios que só aparentemente não estão ameaçados. Ou lembra-se o amigo leitor de alguma notícia (de verdade), incómoda para o poder, com pendor de denúncia, nos últimos anos? Ah, para 'dizer mal já há o Farpas'. 
Detive-me, porém, nas imagens divulgadas hoje, um total de 21 fotografias do passeio. No tempo em que os animais falavam, havia nas Redacções uma regra: evitar o 'Portugal sentado' - fotos de salas ou bancadas de gente acomodada. Depois vieram os gabinetes de imprensa com mais gente que qualquer Redação, nalgumas terras (e as redes sociais, esse maná inesgotável). Na nossa, não é preciso ir tão longe. 
O bom das fotos é que quase sempre falam. E as de hoje, da visita à freguesia de Almagreira, mostram que o (nosso) mundo mudou. Dizem-nos que a alegada 'Oposição' está tão empenhada nestas visitas como o poder. Houve um tempo em que o PS/Pombal organizava as suas próprias visitas. Procurava mostrar o que estava por fazer, e apontava soluções. Agora chegámos ao cúmulo do partido que (hipoteticamente)quer ser poder não só acompanhar a caravana com gosto, como até publicar a propaganda nas suas redes sociais! E ai que de quem aponte um defeito, que a cópia, por ser sempre pior que o original, copia também o pior da gestão de redes: responder a quem está descontente. Aqui chegados, concluímos que é muito mais o que os une que aquilo que os separa. Depois não adianta chegar à noite das eleições e levantar um brinde 'à estupidez humana', como aconteceu nas últimas, de má memória.
À frente nesta corrida, vai João Pimpão. Verdadeiro camisola amarela, não só os manda à fava (e eles gostam) como descreve bem a coisa numa palavra: incrível. 

*fotos do Município de Pombal e Facebook da Rádio Cardal 

3 de maio de 2024

Pior presidente

No seu último programa na SIC Notícias, José Miguel Júdice afirmou que “Marcelo Rebelo de Sousa já ganhou o campeonato de pior presidente da República”. O comentador considerou que “a indiscrição e falta de decoro representam uma falha grave do Presidente da República, minando a sua credibilidade e respeitabilidade”. Apesar de óbvia, a constatação é perturbadora pela degradação que provoca no mais alto cargo na nação. Mas já muito antes, quando Marcelo Rebelo de Sousa tinha altas taxas de popularidade, Pacheco Pereira, outro influente comentador do PSD, tinha prognosticado mau fim para o presidente Marcelo, com base na máxima “quem vive pelos media morre pelos media” - devido à sua obsessão pela aparição e opinião. 

Por cá, algo de muito semelhante está a acontecer: o presidente Pimpão tem-se esforçado e conseguirá rapidamente o título de pior presidente da CMP. O estilo e os métodos que tem usado foram plasmados da fórmula usada pelo “mestre”. Consequentemente, o resultado não poderia ser diferente.



O resultado da desvariada comédia e comedoria praticada de forma obsessiva pelo dotor Pimpão&C.ª chegou mais rápido que o esperado: contas no vermelho - 3.6 milhões de euros de prejuízo, o primeiro nas últimas décadas - e uma câmara bloqueada operacional e financeiramente, incapaz de dar resposta às solicitações mais básicas. Mas outra coisa não seria de esperar: sem exigência e priorização da acção e sem compromisso e responsabilização de dirigentes e prestadores de serviços é impossível atingir desempenho aceitável em organizações cuja capacidade de resposta tende a estar sempre aquém das solicitações, como é o caso das câmaras municipais. Mas o presidente Pimpão não tem sequer consciência disto. Inebriado pelo entusiasmo vazio e pelo alegre doudejar por festas e eventos vê méritos e contentamento alheio nas tolices que pratica. Pessoas assim não merecem compreensão nem compaixão… 

O Pedro é um rapaz divertido que gosta de diversão. Se lhe tirassem a capacidade de fazer despesa a sua governação seria inofensiva. Assim é um desastre que perdurará por muito tempo.  

2 de maio de 2024

Canções de Abril #32

 


 “Tanto Mar”, a célebre canção da autoria de Chico Buarque de Hollanda, teve duas versões. A primeira fora lançada logo a 26 de agosto de 1975, em pleno verão quente, e reflete a expetativa e a alegria em relação à situação portuguesa por parte do cantor brasileiro. Mas em 1978, Chico Buarque alterou alguns versos de acordo com a sua visão face aos posteriores desenvolvimentos em Portugal.
Esta música conseguiu fazer o paralelismo entre o período democrático que se tinha iniciado em Portugal  e o regime ditatorial que se vivia no Brasil, e que só terminaria uma década depois.

“Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim”

1 de maio de 2024

Canções de Abril #31

 


“Avante Camarada” é um hino de resistência antifascista e de crença num futuro melhor, e uma espécie de segundo hino do PCP. Canção com música e letra de Luís Cília, e voz de Luísa Basto, editada em 1967 para ser difundida na Rádio Portugal Livre, a partir de Budapeste.

Foi a canção da ordem no 1 de Maio de 74 e nos posteriores primeiros de Maio. Não poderia faltar neste alinhamento do Farpas, no 1.º de Maio.