6 de novembro de 2008

Protestos (actualizado)

Um deputado do PND passou-se, e uso um termo simpático, na última Assembleia Regional da Madeira, exibindo uma bandeira nazi como forma de protesto contra a alegada natureza fascista do regime de Jardim.

Obviamente que foi um protesto patético, infeliz e ridículo porque há coisas que são demasiado graves para serem utilizadas e banalizadas desta forma. Isto não quer dizer que não saibamos bem que as credenciais democratas de Jardim e da sua clique são inexistentes, já que na Madeira importa mais a forma do que o conteúdo no que toca a principios básicos da democracia liberal, mas mostrar a discordância e exibir os podres, perante os atropelos e tropelias de quem se acha acima da crítica, de quem acha que a lei não é igual para todos, de quem actua como senhor feudal, tem de ser feito de uma forma digna e responsável.

Não se pode desistir de demonstrar, mesmo debaixo da alegada vivacidade da discussão política (onde o insulto e o ataque pessoal são perfeitamente legítimos), as falhas e os abusos de quem está no poder e de quem se comporta como se o poder fossem eles. Seja nas Regiões Autónomas seja no Continente, por muito que nos dê vontade, volta e meia, de nos passarmos da cabeça com o que temos o privilégio de assistir.

E como cedo piei, viu-se mais um triste exemplo dos yes man a funcionar: mesmo que o deputado tenha errado, o mandato foi-lhe conferido pelo povo e não pode ser impedido de o exercer por aqueles que se acham donos do órgão. É achincalhante ver um legítimo representante do povo a ser impedido de entrar no órgão onde exerce as suas funções, baseado numa suspensão de duvidosa legalidade. E alguém acredita que alguém responsável (leia-se PR ou PM) abrirá a boca sobre isto? É que mais que respeito institucional, em democracia exige-se respeito.

1 comentário:

  1. À hora a que escrevo este comentário ainda não houve reacção de Cavaco Silva sobre o assunto. No mínimo, esta falta de tomada de posição sobre o assunto é estranha. É bom lembrar que na última visita que fez à MAdeira, o PR não foi recebido na assembleia regional.

    O acto do deputado do PND é reprovável, mas importa perceber o que o levou a tomar tal atitude e C. Silva tem a obrigação de esclarecer os portugueses sobre os relatos que vão chegando da Madeira sobre o alegado défice de democracia. Certamente, o nosso PR entende que "não é a altura ideal para tomar uma posição sobre esse assunto"... onde é que eu já ouvi isto?

    Filipe R.

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