No próximo acto eleitoral os portugueses irão eleger a nova A.R., isto é, escolherão os novos(?) deputados da Nação. Contudo, publica-se e diz-se por aí, que nas próximas eleições os portugueses irão eleger o próximo primeiro ministro, como se o nosso sistema político-constitucional admitisse tal eleição. Ora, é necessário ter em especial atenção, que em Pombal, quando votamos, estamos a eleger deputados do círculo eleitoral do distrito de Leiria. Dirão, os caros leitores, que estou a afirmar uma evidência. Estarei? Quantos eleitores do PSD, PS, CDU, CDS/PP, B.E, do nosso distrito saberão que com o seu voto estarão a contribuir para a eleição para a A.R. de Teresa Morais, Luis Amado, Ana Rita, Assunção Cristas, Heitor Sousa? E já agora, quantos eleitores saberão quais as actividades políticas desenvolvidas pelos cabeças de lista supra referenciados, em prol dos interesses do nosso distrito/concelho/freguesia? Responda quem souber!
Um dado curioso que aqui podias deixar, Adelino, era o número de deputados que o Circulo de Leiria elege, e as últimas votações... a CDU esteve muito longe de eleger, por Leiria?
ResponderEliminarDeve estar tão longe, que o jerónimo teve uma declaração esclarecedora esta semana sobre o tema, na Marinha Grande. para ler no RL de hoje.
ResponderEliminarAmigo Leitão,
ResponderEliminarSe os professores todos do distrito, que tão bem conhecem a Ana Rita Carvalhais, quisessem ela era mesmo eleita pelo círculo de Leiria. Como coordenadora distrital do Sindicato dos Professores da Região Centro, os colegas professores sabem o que ela tem dado a cara, na luta dos professores contra Sócrates. Eu voto nela e espero que os demais professores de Leiria o queiram fazer. Eu para as Legislativas já escolhi!
Tendo em conta que são deputados da Nação, tal como é definido constitucionalmente, o estranho seria que fizessem algo. Mas deixando os formalismos de lado, é óbvio que gostamos todos de sentir que temos alguém que "puxe a brasa à nossa sardinha" e faça lobby, já que aqueles que nos representam directamente dificilmente o conseguem fazer.
ResponderEliminarSobre o mérito das eleições, continuo a defender uma revisão constitucional profunda (exactamente pelos motivos que elencas - ninguém elege um primeiro-ministro), preferindo um sistema presidencialista e círculos (quase todos) uninominais para assegurar representatividade de pequenos partidos. Maior transparência e maior representatividade.
Quanto à actividade de cada um, pois lá está, por muito que eu aprecie a política de Luís Amado, a coisada da quota do SG é uma excrescência.
Gabriel, em 2005 Leiria foi o único distrito pintado a laranja (a Região Democrática da Madeira e o círculo da emigração mundial idem). O PSD elegeu 5, o PS 4 e o PP 1. O PP teve 22.000 votos, o BE 14.000 e a CDU 11.500. Mantendo-se o nível de votação, os 20.000 votos devem servir como referência para conseguir um deputado. Segundo as sondagens, o BE é um dos candidatos a ter aqui também representação, o que seria reforçado pelo que aconteceu nas Europeias, em que só o BE aumentou em cerca de + 1.000 votos o seu registo. Mas isto (legislativas e europeias) são realidades muito diferentes.
ResponderEliminarDe qualquer forma, mais informação é disponibilizada aqui: http://eleicoes.cne.pt/.
Gabriel,
ResponderEliminarLeiria elege 10 deputados. Nas últimas eleições legislativas o PSD obteve 39,80% - 5 deputados; PS 35,60% - 4 deputados; PP 8,80 - 1 deputado; BE 5,50; CDU 4,60%. A CDU esteve longe de obter um deputado, mas nestas eleições não falta ambição, pois na minha insuspeita opinião a ANA RITA, é de longe a melhor cabeça de lista. Mai nada!!!!! Já agora, alguém se lembra dos nomes dos nossos 10 deputados eleitos em 2005? Por mais que puxe pela tola, só me lembro da Teresa Caeiro. Porque será?
Falta referir os candidatos do Partido Trabalhista Português (PTP) que tem como cabeça de lista uma pessoa relacionada com a Redinha - Albino Sousa, para além de outros candidatos daquela freguesia, como a Nélia Louro.
ResponderEliminaro amiguinho Leitão... esquecido ou desaprecebido???
ResponderEliminarOfélia Moleiro, Carlos Poço, Feliciano Barreiras Duarte,Luís Pais Antunes,Mário David, Alberto Costa, José Miguel Medeiros, Osvaldo Castro,Odete João, Carlos Lopes,Isabel Vigia (estes dois "subiram por os primeiros entrarem em funções de Governo" e claro a Teresa Caeiro... Maldade sua não foi???
Oh camarada Adelino Leitão,
ResponderEliminarÉ claro que a esmagadora maioria das pessoas quando faz a sua opção de voto escolhe o partido, o líder e a equipa com a finalidade de assegurar a governação (ou a oposição /contra-poder). Só depois desta avaliação é que, eventualmente, olham para os candidatos a deputados. Chama-se a isto pragmatismo, e o povo é-o.
Fazer isto ao contrário é por o carro à frente dos bois, o povo não é assim tão estúpido.
Mas se queres colocar as coisas ao nível do mérito pessoal e da obra realizada, então o Luís Amado goleia.
Dizem-me que a Ana Rita apresenta como principal feito curricular a coordenação da luta dos professores, grande mérito! Será uma boa razão para as famílias e alunos não votarem nela. Ainda bem que o povo não vota em função curriculum dos candidatos, para a AR e para as autarquias, senão…
Depois, quem fala tanto em trabalho colectivo resumir a coisa aos cabeças de lista…
Saudações democráticas,
AM
Eu sempre fui e continuo a ser apologista dos circulos uninominais, pelo menos assim nós eleitores tinhamos conhecimento qual o eleito a quem chamar á responsabilidade. Assim votamos as escuras, pois por vezes os eleitos nem do distrito são. Que eu me recorde não vejo nenhuma ligação ao distrito de Leiria da Srª Drª Teresa Morais, já o Dr. Luis Amado parece-me que pelo menos nasceu ou morou em tempos no distrito. Aos outros deconheço completamente.
ResponderEliminarSr. Roque,
ResponderEliminarA senhora professora Ana Rita Carvalhais não nasceu em Leiria, da mesma maneira que eu não nasci em Pombal, mas ela reside e trabalha há mais de trinta anos em Leiria, tal como eu que resido em Pombal há mais de trinta anos e cá trabalhei e me aposentei. A nossa terra é aquela onde residimos e fazemos alguma coisa pelos nossos conterrâneos. Hoje, em Lisboa, onde nasci e estudei, quantas ainda estarão vivas das pessoas com quem convivi? É aqui, em Pombal, que estão os meus conterrâneos! Quando, aproveitando a minha aposentação, faço "escapadinhas" de turismo e me perguntam de onde sou, tenho muito orgulho em afirmar que sou de Pombal. Também é aqui que tenho o domicilio fiscal e estou eleitoralmente recenseado.
Queria também dar uma palavrinha ao Sr. Adelino Malho:
Quem açulou os pais contra a escola e os professores foi a Sra. ministra, às ordens da politica "socretina". Se os pais quisessem continuar a ser pais e os professores pudessem livremente ser professores e fazerem o seu trabalho, que é ensinar a aprender, não havia nenhum mal entendido entre a Escola e as Comunidades locais. Mas ao Governo conveio dividir para reinar. Pense ainda no que o Estado pouca ao não permitir que todos os professores atinjam o topo da carreira, eles que não são nunca promovidos: o que fazem no início da carreia é o mesmo que fazem no fim, só que com mais experiência e competência.
Cumprimentos
Adelino Malho,
ResponderEliminarpragmático é o Narciso Mota, não achas? Tão pragmático que muitas e variadas vezes se esquece das mais elementares regras da civilidade democrática. Quanto ao teu reparo, sempre te digo que poderias e deverias ler os escritos do Vital Moreira. A referência a cabeças de listas era só para dar um arzinho de pragmatismo.
Saudações pragmáticas!
Louvado sejas (sempre) Adelino,
ResponderEliminarO verão fez-te bem, vens dando melhor prova de vida. E de que vida.
Realmente, só te lembras da Teresa Caeiro por ser jeitosa e loura ou é pelas suas qualidades intelectauis e propostas fracturantes? Ou é porque andas bastante distraído e com falta de “fósforo ferrero” que – dizem - também faz muito bem ao cérebro?
Claro que não te perdoo teres esquecido a Drª Ofélia que, não sendo loura, é, no entanto, ruiva, o que, estou certo, até é mais do teu agrado.
Certamente que conheces o Feliciano, o Oswaldo, o Alberto e o Luis. Conheceres o que eles fizeram de relevante já é mais complicado. Mas conhece-los.
Caro João Alvim,
Desculpe lá, mas os Socialistas, a começar pelo nosso Primeiro,também andam a adoptar muitos dos conceitos e da retórica do Estado Novo de que a "Bem da Nação” e o “Interesse-geral” são exemplos.
Sei que para si estes conceitos podem ser neutros e usados de forma neutra. Todavia, eles tiveram e têm uma conotação e consequências práticas negativas.
O nosso edifício constitucional não comporta uma representatividade abstracta (Nação), mas sim, de pessoas concretas (cidadãos) e objectiváveis:
- “Os partidos políticos concorrem para a organização e para a expressão da vontade popular…” (artº 10º nº 2 da CRP)
- “Os deputados representam o país e não os
círculos por onde são eleitos.” (artº 152º nº 2, CRP)
Aceitar deputados pára-quedistas é arriscar ter um deputado que representa um país que não conhece, tal qual não conhece o circulo que o elege.
Os círculos uninominais, tradicionalmente, têm os problemas relativos ao populismo, ao caciquismo e à coesão do país.
Ainda assim, desde que assegurada a proporcionalidade um sistema misto de representação uninominal e por círculos plurinominais, o que, aliás já está previsto no artigo 149º da CRP.
Já aqui discutimos algo parecido a nível das autarquias. O Presidencialismo implica concentração dos poderes executivos numa pessoa, diminuindo os mecanismos da representação proporcional.
E acertada a sua perspectiva sobre a quota do SG. Aí, deu Luis Amado, o tal que foi reverenciar, tomar chá e discutir o Livro Verde com o venerável democrata Omar Kadaffi. Aqui, deu continuidade dinástica do João Soares II
Também acho alguma graça à escolha da Isabel Damasceno para a Câmara e de a Teresa Morais ter comprado casa em Leiria.
Abraços
Adelino Malho,
ResponderEliminarEssa ideia de que professores e pais são inimigos e têm interesses contraditórios não lembra ao diabo. O Sócrates foi por esse caminho porque queria dividir para reinar e deu-se mal.
A tua posição, desculpa lá, já nem Ministra a sustenta. Alíás, o Socrates já reconheceu que erro, ou então, finge reconhecer que errou. Tens dúvidas que a avaliação proposta não introduzia melhorias no sistema educativo porque é burocrática em demasia, e sem garantias de transparência de objectidade nos resultados?
Jorge Ferreira,
ResponderEliminarNão sei se os professores são imimigos dos pais, dos alunos e da escola pública. Penso que não, mas ás vezes tenho dúvidas. O que sei é que boicotaram todas as mudanças, e foram muitas, realizadas pelo governo porque só pensam no seu umbigo. Não foi só a recusa da avaliação, que na essência continuam a recusar.
O comportamento dos professores durante a legislatura, agora na campanha,e alguns na escola e até nas salas de aula são incompreensíveis (para não dizer outra coisa, nomedamente porque vêm de uma classe que deveria ter comportamento exemplar, mesmo na discórdia profunda.
Um abraço,
AM
Jorge
ResponderEliminarAinda assim mantenho que um sistema baseado em círculos uninominais (que não tem de ser exclusivamente baseado neles) juntamente com primárias pode, entre caciquismos, ser bem melhor do que o actual onde o processo de escolha de deputados é completamente opaco.
Apesar da concentração de poderes do Presidencialismo, na verdade o que temos hoje em dia é um sistema presidencialista travestido. O facto de ter o poder legislativo e executivo bem separado autonomiza ambos e não torna as maiorias em meros fantoches. Sei que depende muito dos actores, mas ainda acredito na regeneração do mundo político.
Sobre Luís Amado, acrescento que ali se denota capacidade para o cargo que exerce: ele abre caminhos e contactos em mercados que interessam, em teoria, aos Portugueses. Uma diplomacia económica a sério. É claro que isto tem o seu reverso e visitas como a recente à Líbia são bom exemplo. Seja como for, no que toca a esse poder das quotas, um sistema essencialmente uninominal poderia evitar estas situações, mas resta esperar.
O facto de daqui a uns dias se celebrar o 99º aniversário da implementação da República, em vez de dar direito às estafadas e bafientas celebrações do costume, poderiam ser um pretexto para se discutir a mudança da arquitectura constitucional. Poderiam...
Amigo e Camarada Adelino Leitão, boa noite.
ResponderEliminarTens toda a razão quando afirmas que estamos a votar para os Deputados que irão constituir a próxima Assembleia da República e não para o nosso Primeiro.
O nosso Primeiro pode ser ou não o cabeça de lista do Partido mais votado.
Por regra é-o, mas pode não ser.
Todavia o nosso Primeiro, na pele de candidato, afirma-se como iconoclasta, num país de católicos.
Livre-nos Nossa Senhora da Boa Morte de ele andar por perto do Louriçal que ainda parte os Santos todos.
Abraço.
Caros Jorge Ferreira, Roque e João Alvim,
ResponderEliminarLamento (ou congratulo-me), mas discordo de todos vós. Eu sou CLARAMENTE contra circulos uninominais. Vou tentar explicar porquê, da forma mais resumida possivel:
1 - Portugal éum pequeo país, e não uma grande federação, eo que não vejo que as particularidades regionais/locais careçam de uma voz própria que as defenda (reconheço que este argumento é muito controverso);
2 - Ainda que se sinta necessidade de dar voz a questões locais num orgão nacional, isso em nada ofusca a necessidade de uma politica assumidamente nacional, pensada sob essa perspctiva. Num orgão dessa natureza, seria impensáve um "orçamento limiano", como já tivemos o "gostinho" de presenciar.
3 - Um deputado que vote uma má decisão nacional que privilegia o seu distrito (ou que, na hipótese, privilegiasse o seu circulo uninominal), estaria a fazer aquilo que o sistema eleitoral lhe ordena, mas inegavelmente a prestar um mau serviço ao país.
4 - A questão da represenatividade seria inaceitavelmente (na minha óptica) atacada.Um CDS, por exemplo, desapareceria. BE e CDU estariam reduzidos à exprssão minima, ali para os lados de Setúbal. PS e PSD dividiriam a seu belo prazer o poder conferido aos eleitos.
5 - A questão da governabilidade não pode sobrepor-se à da representatividade. Até porque aquela (governabilidade) sem a legitimação CORRECTA da represenatividade, fica ferida de força real, e deixa a maior parte da insatisfação/oposição para as ruas, uma vez qe não tem voz nas instâncias politicas.
Acabando de forma ainda mais controversa, confesso que sou favorável a algo completamente contrário (está nos antípodas) aos circulos uninominais: por mim, legislativas seriam com listas NACIONAIS. Listas de 230. Em que (repito-me, de novo) 10% de votação correspondesse a 23 deputados, coisa bem diferente do que acontece actualmene.
ResponderEliminarGabriel
ResponderEliminarQuando defendo um sistema baseado em círculos uninominais (atenção, o não ser exclusivo visa exactamente garantir mais vozes) e primárias para escolha dos candidatos a deputados, não dou o ênfase à representação local/regional, mas sim à maior representatividade e aproximação dos eleitos e eleitores. Até pode haver essa defesa, mas o ideal é que os eleitores saibam o que é que os seus eleitos fazem, ao mesmo tempo que esses podem ter uma autonomia que a partidocracia actual prejudica (muitas vezes mais por culpa própria que pelo próprio partido).
Não há sistemas eleitorais perfeitos, mas creio que esse não é o cerne da questão, que está absolutamente impregnada de interesses.
ResponderEliminarNós, comuns cidadãos, poderíamos ser iludidos com o argumento de que um sistema eleitoral uninominal permite conhecer o nosso representante e assim poder responsabilizá-lo ou pedir explicações. Não só não acredito que realmente conseguissemos aplicar essa responsabilidade, como haveria uma ainda maior tendência para procurar "alguém que puxe a brasa à nossa sardinha", expressão usada pelo camarada João de Melo Alvim. No sistema actual também acontece, se tivermos em conta que a sardinha é o partido que o deputado representa.
Isto é resultado directo dos valores e dos interesses que moldam a nossa sociedade, a busca de realização pessoal e descuramento do interesse global.
Se pensarmos em futebol (comparação meramente facilitadora da expressão do meu pensamento), a Selecção Nacional corresponde (à partida) a um conjunto dos melhores jogadores, e com um objectivo comum, dar o seu contributo para a vitória. Este "espirito de união" seria essencial para uma melhoria no sistema político.
Para concluir, controversa ou não, concordo com a opinião do camarada Gabriel oliveira e cito "por mim, legislativas seriam com listas nacionais".
Gabriel e JA
ResponderEliminarUma questão para aprofundar a discussão: como é que seriam constituídas as listas de deputados no caso desse ciclo único? Não acham que poderia ainda ser tudo muito mais centralizador/centralista? Ok, afinal foram duas, mas pronto.
O essencial da questão, para mim, é a fiscalização que a representatividade deve implicar, tão simples como isso. Não quero mais orçamentos limianos (embora admita que os círculos uninominais possam favorecer esses cenários) mas entendo que é absolutamente necessário regenerar o sistema político. Se a alteral do sistema eleitoral é apenas um instrumento? Pode ser que sim, já que a chave para a regeneração está na sociedade civil e nos partidos. Podia começar, por exemplo, em deixar de se encarar os partidos como extensão do futebol, acabando com a clubite partidária. Mas isso é impossível sem atrair sangue novo aos partidos, devidamente enquadrados na sociedade civil e não habituado a tomar conta dos órgãos políticos durante um determinado ciclo. Depois, ao nível autárquico, facilitar (e isto é apenas uma alteração legislativa) as candidaturas independentes. Sejamos sinceros: há algum partido, tirando muitas vezes a CDU, que seja fiel ao seu alegado ideário na gestão autárquica? Mas tudo começa numa sociedade civil atenta e fiscalizadora. sabedora de que há separação de poderes e que os Tribunais funcionam, de forma expedita e eficaz. Moral da história: concordando com a JA, que o sistema eleitoral não é o cerne e passando na questão central do post, reconheço que hoje em dia os deputados não fazem parte da solução, mas sim do problema, havendo margem de manobra para inverter essa realidade.
Afinal, quem guarda os guardiães?
A proporcionalidade e salvaguarda dos partidos minoritários é fundamental, mas não é correcto pensar que os Deputados eleitos por circulo defendam menos, ou pior, os interesses do país. Digo mais, quanto mais afastados das realidades locais e regionais, menos isso sucederá. Terás mais deputados que não conhecem a realidade do país vista no seu todo, porque isso é humanamente impossível. Quando muito, os mais competentes e interessados, farão a leitura da realidade por via de formulações abstractas sem confronto com a experiência do concreto que é a vida das populações inseridas nas suas comunidades próximas. Podem saber tudo de sociologia de antropologia, ter todos os dados estatisticos, conhecer todos os modelos da realidade. Agora a vida das pessoas e das comunidades de certeza que não conhecem, porque essas vivem-se e experiencia-se.
ResponderEliminarOs interresses e objectivos do país têm de resultar da ponderação de interesses individuais, de empresas, de comunidades regionais e locais, sendo certo que das disputas que se possam ter, a ponderação impõe que só sejam aceitáveis e realizáveis os que não ponham em causa a coesão do país. E essa avaliação resultará dum processo dialético em que os eleitos nas comunidades locais ou regionais, não deixarão de ser capazes de fazer, limitando-se e controlando-se uns aos outros nos seus egoísmos e bairrismos.
Pensar em listas para todo o país é dar mais força ao Estado-maior do aparelho de cada partido, quase tudo se passando ao nível de Lisboa, num limbo que poucos poderão conhecer e fiscalizar. Só aqueles que andam na babujem do poder veriam os seus nomes nas listas. Não haveria visibilidade nem interesse em dar visibilidade a outro tipo de pessoas. As grandes manobras e interesses, ainda mais do que hoje, seriam feitas em Lisboa, com o resto do país sem ver e com menos oportunidade de saber.
Não sou especialmente favorável aos circulos uninominais, disse alguns contras e riscos dessas candidaturas, mas a próximidade ao eleitorado - mesmo em candidaturas por circulos e por listas - é a diferença entre uma eleição e uma farsa eleitoral. Quem pode representar o povo (titular da soberania) se não conhece o povo que quer representar nem o povo não conhece quem o representa? A proximidade ao povo eleitor é uma condição essencial. Mais distância significa menos controlo e menos fiscalização.
Vejo que se assiste a uma inversão dos valores, havendo quem aponte para muitas das vantagens da centralização como seria o caso do circulo único. Alerto para outra coisa, quando ese coloca em causa o princípio da politica e administração de proximidade, estejamos atentos, porque se usam argumentos de racionalidade económica e melhor qualidade de serviços, mas na realidade, não só não se gasta menos, como não melhora a qualidade dos serviços, porque uma boa parte dos recursos esvai-se em burocracias e ausência de gestão qualificada e interessada em bem servir. É o que sucede na Saúde e na Justiça, estão a vender-nos a miragem dos hospitais e tribunais centralizados e suas equipas técnicas super-competentes, quando sendo os utentes mais e os técnicos os mesmos, a qualidade do serviço não resiste. Se se exigir um bom hospital local, temos possibilidade de acesso mais rápido, atendimento mais personalizado, humanizado, próximo das pessoas, do seu ambiente e das suas famílias, cinquenta ou sessenta km de estrada numa situação de urgência ou de necessidade, são muitos kms. Pensem no acompanhamento das famílias aos seus doentes. Pensem num conjunto de testemunhas que têm de se deslocar para um Tribunal distante. A solução para corrigir o que está mal não passa por afastar os serviços das pessoas, mas por exigir que a melhoria dos serviços próximox. Do que está longe podem vender-nos fácilmente qualificações e reputações que, mais das vezes, não existem.
ResponderEliminarComo diz o Alvim o problema é que o povo que somos todos nós devia guardar todos os guardiões e não guarda, muitas vezes calamos, muitas vezes consentimos e muitas mais vezes não participamos. O problema está aqui, deveriam favorecer-se os mecanismos da democracia participativa e a maiores possibilidades de candidaturas independentes e quem sabe umas “primárias” para escolha dos candidatos dos partidos dava mais transparência ao processo e favoreceria a participação que é a chave da resolução destes problemas.
Abraços
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ResponderEliminarNo meu entender, a dimensão do nosso país permitiria a existência de um circulo único, com um interesse nacional assumido, mas nunca descurando que cada região tem as suas necessidades.
ResponderEliminarAgora indo de encontro à questão partidária, circulos uninomiais conduziriam a uma expressão mínima dos pequenos partidos, enquando que um circulo único teria o efeito contrário.
Para comprovar esta teoria, realizei cálculos com base nas eleições de 2005 (não recorrendo a percentagens mai sim ao Método Hundt) e o resultado que obtive é esclarecedor: PS teria menos 12 deputados, PSD menos 6, CDU mais 4, PP mais 5, BE mais 7, e PCTP teria 2 deputados.
Não quero sobrevalorizar a questão partidária, mas neste momento é extremamente importante, pelo menos enquanto não tivermos uma regeneração do sistema político. Neste aspecto estou de acordo com o camarada João de Melo Alvim, precisamo de sangue novo, e creio que neste momento há uma nova geração de políticos que procuram afastar-se da imagem altamente negativa que é dado aos políticos e ao seu trabalho, bem como mostrar que merecem a confiança depositada pelas pessoas que representam.
E pessoas assim não precisam de ser "guardadas", porque a sua competência faz com que se auto-avaliem rigorosamente...é pena serem tão poucas e por vezes andarem escondidas pela noção de que para "subir" na política é preciso renunciar a determinados princípios e valores.
Peço desculpas pelo erro, o cálculo que realizei foi realizado com base no "Método de Hondt", e não "Hundt".
ResponderEliminarJA,
ResponderEliminarDesculpe-me lá, essa de que estão aí novas gerações mais motivadas e sem os vícios das gerações passadas parece o Cavaco e os seus Jovens Turcos (Santanas, Loureiros, Barroso, Teixeira Pinto, etc.) de que sobra Pedro Passos Coelho, que me asseguram, será, brevemente, o 1º Ministro de Portugal.
Sabem que idade tinha o Churchill quando começou a governar? Talvez mais de 65 anos, bastante velho na época, em que a esperança de vida não ia muito mais longe. Em contrapartida Salazar, para nosso azar, começou a governar muito cedo, com menos de 40 anos, e terminou de governar muito velho, e não foi por velhice. Aliás, foi um ambiente e um pensamento semelhante a este, que levou o jovem oficialato militar, arrogando-se representar as novas gerações e o futuro da pátria, a implantar a Ditadura de 28 Maio e o chamaram de Coimbra.
Os jovens são muito bem vindos, por eles tudo começa e tudo continua, mas temos de ser absolutamente inclusivos. Todas as gerações e grupos sociais são precisos, nenhuma geração é, por natureza melhor do que outra, sem esquecer que os idosos têm cada vez mais peso por serem o maior grupo
A questão não é geracional. Temo até, que havendo cada vez mais dificuldades em se construir uma carreira profissional, as novas gerações, vejam na política uma maneira de sobreviver e de fazer carreira, o que, creio eu, não será propriamente o melhor ambiente para estruturar a verticalidade e independência de quem quer que seja.
A meu ver a experiência de vida é fundamental os melhores atributos passarão pelas qualificações profissionais, desempenho de actividades em prol da comunidade, tudo conjugado com os valores e ideias que defendam.
Havendo um circulo único para todo o país como
seriam escolhidos os candidatos e por quem?
Havendo círculo único, como ficariam representadas as comunidades locais e as regiões? Uma dupla câmara?
Como resolver as questões de instabilidade e de governabilidade que uma solução dessas coloca?
Continuo a insistir, a proximidade eleitores/ eleitos é o melhor caminho ter bons políticos por via do melhor conhecimento e avaliação dos mesmos e da sua actividade e por favorecer mais a participação dos cidadãos.
Talvez um sistema misto equilibre as vantagens de ambos os sistemas. Se me responderem às questões colocadas encaro a hipótese de mudar de opinião, mas assim não.
abraços
Meus caros,
ResponderEliminarJulgo que partem de um principio errado, que é o de que os candidatos de um certo círculo conhecem essa região, essa povoação. Isso vê-se cada vez menos. Principalmente nos lugares cimeiros, o que vamos vendo é lisboetas que são eleitos pelo circulo de viseu, de Leiria, de Coimbra, de Santarém,..., ou então viseenses, leirienses, conimbricenses ou escalabitanos que, para fazer justiça ao "nome", apenas apresentam o facto de lá terem nascido, porque toda a sua vida profissional foi feita em Lisboa.
O círculo único pressupõe um eleitorado esclarecido. Aliás, julgo que toda a democracia, para ser levada a sério, o exige. E como tal, acredito que essa representatividade nas listas deveria ser uma imposição tácita. Como acontece nas autarquias: procura-se englobar gente de diferentes freguesias, de diferentes localidades, com a ideia de uma lista "cosmopolita" é premiada nas urnas.
Por outro lado, ainda está por provar (na minha cabeça) que os "meus" deputados de Leiria me vão defender melhor que os eleitos por Bragança. Ou sequer (e volto ao velho argumento) que, fazendo-o, estejam a fazer o melhor pelo país.
Sublinho também a questão da representatividade, e agradeço os números deixados pela JA. Se calhar, isto é a minha costela de esquerda a exigir a "defesa dos mais fracos", mas custa-me a engolir que um partido com 42% ou 43% possa ter uma maioria absoluta, e que partidos com 2% de votos, ao invés dos expectáveis 5 deputados, não elejam um único. É a tal coisa, o mundo é dos poderosos... ;)
Gabriel (e JA)
ResponderEliminarA solução do circulo único (aderindo às razões do Jorge Ferreira) agudiza o centralismo absolutamente indigente que tanto tem maltratado este país. Sim, sou regionalista, não a favor da criação de uma classe de órgãos intermédios, mas sim de uniformização de mapas em 5/7 grandes regiões, por uma questão de eficácia e eficiência administrativa.
Mantenho que a essência da questão é o funcionamento do sistema política e que, como tal, o sistema eleitoral é apenas instrumental. Uma lista centralizada, contudo, apenas ia, mais uma vez, colaborar para o desequilíbrio Lisboa/Resto do país. Mas evitando repetições, um sistema presidencialista podia ajudar à regeneração ou não? (O Jorge já sei que não é adepto)
Caro João,
ResponderEliminarNão creio que o centralismo resulte da proveniência geográfico do politico no poder, mas da "gema" de que é feito. Compreendo o argumento, mas continuo férreo na minha! E reforço com um exemplo: alguém sabe (do público em geral) em que aspectos a Odete ou o Pimpão me irão defender melhor, na Assembleia da República? Se eu necessitasse desse argumento para votar (como o actual sistema eleitoral parece sugerir), ver-me-ía forçado a votar em branco! ;)
Presidencialismo sim, mas apenas em determinadas àreas. Se bem que, com este presidente, a simples palavra "presidencialismo" causa-me arrepios.
Quanto à regionalização como uma "classe de órgãos intermédios"... eh pá, eu não tenho tanto anti-corpos. Conquanto que se tratasse de uma transferência efectiva de poderes, e não da sua duplicação. Mas percebo as tuas preocupações face à questão, que são muito pertinentes. Mas poderia ser um indicio para o tal sistema misto de que já falaste, não te parece?
Gabriel
ResponderEliminarNota que a questão não é naquilo que os deputados "de cá" conseguem. Nesse sentido, nunca me mostrei convencido desses "poderes". O problema continua sempre a ser o mesmo: o país é doentiamente centralista e listas nacionais apenas reforçam essa realidade. O sistema misto - com primárias - permitiria contrariar esse centralismo e aumentar a fiscalização que, admita-se, já com 10 é uma coisa perfeitamente desgraçada.
Quanto ao regionalismo, quando falo em classe intermédia, falo claramente num parlamento "regional" e numa "junta" regional, porque são esses os órgãos que não quero ver, nem por sombras a existir (não digo nunca, porque num país com um parlamento mais pequeno e uma reorganização administrativa conseguida e um Estado a gastar de forma criteriosa), até admitia esse escalão - sempre com órgãos pequenos. Uma vez que descrevi um cenário tão provável como Portugal ser Campeão do Mundo em 2010, qualquer discussão que por aqui vá é sempre teórica). Entendo sim que deve haver uma regionalização da Administração Pública.
Caro Jorge Ferreira, fico muito agradecida por me comparar a Cavaco, Santana, e outros mais! Nunca disse que a nova de geração de políticos é a melhor, considerando muito importante que haja políticos de diversas gerações e com as mais variadas experiências de vida. Quando me referi a esta nova geração de políticos, estava implicitamente a demonstrar o meu apreço pelo camarada João de Melo Alvim, porque considero que ele é uma das pessoas que procura uma "política limpa", em prol dos interesses de todos nós.
ResponderEliminarAgora indo de encontro às questões formuladas.
a) Independentemente do sistema político que tenhamos, essa questão é muito interessante, porque sinceramente não conheço nem consigo encontrar referência aos critérios usados para escolha de candidatos. Poderá esclarecer-me?
b)Tendo em conta a dimensão do país, é assim tão fundamental a representação das comunidades locais, principalmente tendo em conta que segundo a Constitução da República "os ddeputados representam o país e não os circulos por onde são eleitos"?
c)Quais as questões de instabilidade e de governabilidade que a aplicação de um sistema eleitoral baseado num circulo unico implicaria?
Este é, efectivamente um tema muito controverso...compreendo as razões de um lado e as razões de outro, e tenho perfeita noção que há aspectos positivos e negativos em qualquer uma das posições.
Caros,
ResponderEliminarDepois de uma ausência prolongada, espero ter agora mais tempo para participar no "nosso" blog. E, para começar, achei que deveria deixar um comentário num post do Leitão, esse sim, muitas vezes, um ilustre ausente.
De forma muito sumária:
Adelino Malho
Eu devo ser muito estúpido mas quando voto em Coimbra na CDU pretendo mesmo eleger o Manuel Rocha e não o Jerónimo de Sousa. Estou mesmo convencido que se o Manel fosse eleito daria um grande contributo para fortalecer a nossa democracia parlamentar.
Também quero dizer que a Ana Rita Carvalhais, bem como todos os portugueses que lutam pelos interesses das suas classes profissionais (mesmo não tendo razão), merecem toda a minha consideração. Admiro muito mais quem tem convicções e luta por elas do que aqueles que, de forma encapotada e mesquinha, subvertem o sistema para ter benefícios próprios
Jorge
Concordo com tudo o que disseste.
Gabriel, Alvim e JA,
Concordo com tudo o que o Jorge disse e discordo de vocês nessa exata medida.
Adérito,
ResponderEliminarVou pegar na tua resposta ao Malho para argumentar em assunto diferente (o que me move, dos círculos uninominais Vs Listas nacionais). Esta descontextualização é uma desonestidade intelectual, mas que se dane, acho que não te vais importar! ;)
Eu tb gostava de votar no Manel Rocha. Como tu, tb acho que será uma voz importante na AR. Lamentavelmente, não voto em Coimbra, pelo que não poderei contribuir para a sua eleição. Se fosse uma lista nacional, poderia. Por outro lado, diz-me, o teu voto no Manel Rocha é motivado pelos méritos pessoais dele, ou pela sua ligação a Coimbra? Ou seja, se votasses em Santarém, e ele fosse nas listas de Santarém, não encontrarias os mesmo motivos para votar nele?
Não pretendo puxar para aqui a questão da "disciplina de voto", mas o facto é que os partidos (e com particular incidência o PCP) apresentam uma grande coerência/sintonia entre os seus deputados, pelo que não é descabido falar-se na acção DO PARTIDO, que se sobrepõe muitas vezes à acção individual dos deputados. O que não retira a necessidade de aí vermos gente cujos méritos reconheçamos.
Eu concordo com a ligação à terra, com a aproximação eleitor/eleito, com a catalogação como "negativas" das politicas centralistas. Coloco reticências é quanto aos circulos uninominais enquanto método para tal. Não seria mais eficaz ter um eleitorado esclarecido que premiasse essas características?
Gabriel,
ResponderEliminarO Manuel Rocha é um rapaz de Coimbra, director do Conservatório de Música de Coimbra e que, desde sempre, foi uma pessoa importante na dinâmica cultural de cidade. Se ele concorresse por Santarém, terra onde não tem qualquer afinidade, seria o que nós costumamos apelidar de "bidão".
Existem "bidões" nas listas de todos os partidos. Nas da CDU também. Apesar de não achar graça nenhuma a esse facto, irrita-me particularmente quando o cabeça-de-lista é um "bidão", como é o caso da cabeça-de-lista do PS por Coimbra, a ministra da saúde Ana Jorge (eu nunca vi a mulher por estas bandas!) ou o cabeça-de-lista da CDU por Santarém, o deputado António Filipe. Com o tempo, vamos acabar como no futebol. Há que ir buscar os craques ao estrangeiro para poder melhorar o score eleitoral. Como sportinguista, prefiro a malta da "cantera".
Não acho que os deputados devam defender apenas a região pela qual foram eleitos. Se assim fosse, as regiões menos populosas seriam completamente abafadas. Agora te garanto: quem vive nos grandes centros e, em particular em Lisboa, tem tendência a desconhecer ou a desvalorizar a periferia. Costumo dizer a muitos lisboetas que eles vivem num campo de baixo potencial: têm que gastar muita energia para conhecer o se vai passando no resto do país.
A crescente centralização nos órgãos de decisão, tal como a deficiente representatividade de certas classes sociais (ao nível político somos um país de doutores e engenheiros), contribui fortemente para o agravar das assimetrias no nosso país. Por isso, se o Manel concorresse por Santarém não votava nele. Quanto mais não fosse pelo facto de eu estar recenseado em Coimbra.