Depois de várias tentativas envergonhadas (e nalguns casos vergonhosas) a Câmara vai finalmente homenagear com alguma dignidade Carlos Alberto da Mota Pinto. Lá para Maio, quando se assinalarem 25 anos do desaparecimento de um filho desta terra que foi Primeiro-Ministro, será lançada uma medalha evocativa e apresentado um projecto que parece interessante: um Centro de Estudos com o nome do político. Aí será possível estudar e investigar sobre a vida e a obra de Mota Pinto. Fica apenas a dúvida sobre a localização, perante a dúbia nota de imprensa da autarquia, que se por um lado diz que a boa-nova "permite atribuir uma nova dimensão e valorização à Casa onde nasceu e viveu Carlos Alberto da Mota Pinto", por outro conclui sobre "a impossibilidade de reconstruir e restaurar a Casa onde nasceu e viveu durante a sua infância e juventude". Sendo assim, nao sabemos exactamente em que é que ficamos. Mas vamos dar o benefício da dúvida à boa-vontade do engenheiro antes de sair de cena, sobretudo por ter dado ouvidos à ideia.
Quando aqui escrevi isto, vai para dois anos, ainda cá estava o Manuel Carteiro, esse pombalense de mão cheia que era verdadeiro amigo de Mota Pinto, que lhe cedeu a mesa da sala para que o professor pudesse escrever o discurso de tomada de posse. Era um pedaço importante da memória de Pombal. Desapareceu há alguns meses. Uma das medalhas deveria ser dele, por direito.
Quando aqui escrevi isto, vai para dois anos, ainda cá estava o Manuel Carteiro, esse pombalense de mão cheia que era verdadeiro amigo de Mota Pinto, que lhe cedeu a mesa da sala para que o professor pudesse escrever o discurso de tomada de posse. Era um pedaço importante da memória de Pombal. Desapareceu há alguns meses. Uma das medalhas deveria ser dele, por direito.
Um dos problemas é que quando o Eng. anunciou publicamente que iria instalar um Museu na Casa onde viveu Mota Pinto, esqueceu-se que a mesma era propriedade privada.
ResponderEliminarAinda por cima, propriedade de um empresário do concelho que, há alguns anos, está de relações cortadas com a Câmara Municipal de Pombal.
E aí reside o problema. As negociações têm sido dificeis. Presumo, até, impossíveis. Pelo menos, enquanto o Eng. estiver sentado à mesma mesa onde decorrem as negociações.
É preciso educação, paciência, saber ouvir, propor e dialogar.
Factores que não abonam muito para os lados do Eng.
A ver vamos se alguma vez o agora anunciado Centro de Estudos Mota Pinto irá funcionar, como, com quem, e onde.
Realmente, além de Salgueiro Maia, o Professor Mota Pinto é, das figuras públicas do Sec. XX Pombalense, a de maior relevo na vida pública e académica. Mal se compreende que não lhe seja dada importância como exemplo de pessoa que usou a inteligência e qualidades de trabalho para ser dos melhores entre os melhores e, ainda que numa perspectiva conservadora, quis servir, e serviu, o país de forma honrada e generosa, ao contrário de muitos que se lhe seguiram e que hoje estão a dirigir os nossos destinos.
ResponderEliminarO que interessa é memória viva da obra e do exemplo do Prof. Mota Pinto, e não, os mausoléus ou museus de cera e de curiosidades, mais ao menos “kitsch”, que se possam criar para arrumar algum do seu espólio pessoal. Nesta medida, não me parece que a casa onde ele nasceu seja relevante para a questão. É manifesto, que o perfil e panorama urbanístico da rua, bem como o estado de degradação a que a casa chegou, levam a que não haja nenhuma mais-valia histórica, arquitectónica ou estética que milite a favor da sua preservação e que justifique a realização de um investimento público significativo.
O Professor Mota Pinto, tanto quanto sei, distinguiu-se, sempre, pelo facto de ser um aluno brilhante. Em razão disso, possivelmente, o melhor investimento público que se pode fazer para honrar e fazer perdurar a sua memória, será a criação de um fundo generoso para atribuição de bolsas de estudo aos melhores alunos de Pombal, desde o ensino básico ao superior. Premiar a aprendizagem, o saber, e apostar nas qualificações pessoais e profissionais, é dar valor ao que mais conta no desenvolvimento sustentável de qualquer sociedade. Estabelecer, por exemplo, uma semana com o seu nome como patrono, dedicada as várias vertentes da cultura, das artes e do saber ( conferências, palestras, exposições, etc.) seria outra forma de honrar uma memória do passado, de melhorar o presente e de construir um outro futuro para Pombal
Pelo menos pelo número de comentários ao post, não parece que a figura do Professor Mota Pinto desperte grandes atenções e afectos dos Pombalenses. Daí, talvez, que tudo continue a passar-se como habitualmente, ou seja, a dar-se mais importância à fortuna do que à Obra; mais importância ao Ter do que ao Ser.
Dou-lhe toda a razão amigo jorge, aqui na Cidade só dão valor ás pessoas popularuchas, basta ver como o nosso povo vota. Não sei se aí para baixo é igual, mas aqui no Pombal ( como dizem os Alfacinhas) o valor da pessoa é relativo
ResponderEliminarComo não é possível "reconstruir e restaurar", faz-se uma construção nova, mas mantendo a fachada.
ResponderEliminarNão sei se o número de comentários se prende com o facto de não ser reconhecida a obra do Prof. Mota Pinto, ou se é alguma mágoa por ser conhecido que ele não gostava muito de estar associado a Pombal.
Por este facto, talvez não se sentisse muito homenageado, mas o que interessa é que Pombal saia beneficiado e haja realmente um centro de estudos, e muitas iniciativas em prol do conhecimento.
Aqui no canil andamos a tentar obter elementos que nos levem a justificar tal importância de Carlos Alberto da Mota Pinto para com o Município de Pombal.
ResponderEliminarAs únicas referências é que, tanto como outras personalidades ilustres, Mota Pinto nasceu em Pombal. O seu pai era ourives e tinha um estabelecimento no Largo do Cardal.
Carlos Mota Pinto estudou o básico em Pombal e rumou para Coimbra, onde viria a licenciar-se em Direito e aí prosseguiu a sua vida académica, profissional e familiar.
Em Pombal manteve alguns colegas de infância, com quem se esforçava para conviver, tendo em conta o seu pouco tempo disponível.
Prosseguiu uma vida política sempre fiel ao PPD/PSD, partido de que foi também presidente.
Foi deputado, ministro e primeiro-ministro, numa altura em que os mandatos não duravam mais que alguns meses.
Faleceu há 25 anos com menos de meio século de existência.
Pombal homenageou-o colocando o seu nome na toponímia da cidade e com uma lápide (referencial) na casa onde nasceu e viveu (na infância).
Naquela mesma casa que a família de Mota Pinto se desfez, vendendo-a e que chegou agora a um estado de degradação e abandono que só visto.
A mesma casa que o Município quer agora, teimosamente, adquirir para instalar um Museu sobre a vida de Mota Pinto.
Uma pequena casa modesta, sem qualquer valor arquitectónico ou patrimonial.
Porquê este agora súbito interesse por parte do Executivo de maioria PPD/PSD para homenagear o seu antigo companheiro de Partido? Só mesmo os PPD/PSD de agora saibam justificar.
Que fundamentos estão na base para a criação de um Centro de Estudos Mota Pinto? Que objectivos? Com que Estatutos? Quem liderá?
Espero que não as mesmas pessoas que quiseram lançar a liga dos amigos do museu Marquês de Pombal..., nem aquelas que durante um mediático congresso internacional realizado na Cidade agarraram o compromisso de criar um Centro de Estudos Marquês de Pombal.
Porque não criar um Museu (haverá aí sim um espólio interessante) sobre Dr Jorge Ulisses, Dr Paiva, Dr Mora, médicos que durante anos e anos ajudaram e apoiaram muitas famílias, durante dia e noite, à chuva ou ao sol, nas suas doenças sem cobrarem um único tostão.
Porque não reconstruir e restaurar a Casa João de Barros?
Porque não fazer uma réplica do dinossauro dos Andrés, exemplar único no Continente, e com valioso valor científico?
Porque não restaurar o património abandonado na cidade, como por exemplo, aquela Igreja ali à entrada da Rua Custódio Freire, degradada e a servir de armazém de uma mercearia?
Vamos ter calma. Vamos reflectir.
Não basta ficar bonito na fotografia.
Há vida para além do PPD/PSD.
Bom dia!
ResponderEliminarConservar uma casa velha sem qualquer valor arquitectónico ou cultural com o simples argumento de que foi o local de nascimento de um professor e político brilhante é um acto que classifico de provincianismo bacoco.
A família do Sr Dr, vendeu a casa sem dar preferência à Câmara Municipal, legalmente não tinha que o fazer, numa pura manifestação de desapego à suas origens ancestrais. Como os familiares demonstram este desapego e afecto para com a história como podem os residentes ter esse carinho pelo local?
Comungo da opinião do Sr. Rafeiro no Pombal no que respeita à organização de um museu da história local onde constem todas as figuras publicas Concelho.
Boa Tarde,
ResponderEliminarComo já aqui foi referido (pela JA), o mais importante é que seja efectivamente criado um centro de estudos em Pombal. E muito sinceramente, não me faz qualquer
impressão que o tal centro de estudos se chame Prof.Carlos Mota Pinto ou outro nome, porque quer queiramos quer não, foi vontade do Professor Mota Pinto não ser
associado a Pombal, tendo ele mesmo chegado a dizer, como é sabido, que a sua terra era Coimbra.
Logo não faz sentido criar um centro de estudos chamado Prof.Mota Pinto, devido apenas ao facto do Professor ter nascido em Pombal, quando ele próprio não quis ter grandes ligações a Pombal
Que seja homenageado pelo seu incálculável contributo para o Direito, pela sua brilhante carreira académica e política, isso concordo. Mas não apenas por ter nascido em Pombal.