Desporto, música e uma palestra marcam as comemorações do 37º aniversário da Revolução dos Cravos em Pombal. Numa altura onde se assiste, perigosamente, ao aumento do saudosismo Salazarista e ao reflorescimento de ideais totalitários, esta iniciativa da Câmara Municipal assume particular relevância.
Em sintonia caro Adérito.
ResponderEliminarO nosso municipio também tem coisa boas e de se louvar.
Assim sendo pode ser que se entenda que a oposição não é só dizer mal mas também reconhcer o que de bem se faz.
Por mim e com as responsabilidades que tenho perante os pombalenses, lá estarei a tenatr dignificar a data para que não se torne num feriado mais.
Explicando a génese do início da organização e movimentação dos capitães de Abril, como sendo por “razões corporativistas”, Otelo Saraiva de Carvalho declarou, em entrevista à agência Lusa: «os militares de carreira viram-se de repente ultrapassados nas suas promoções por antigos milicianos que, através de um decreto-lei de um governo desesperado por não ter mais capitães para mandar para a guerra colonial, permite a entrada desses antigos milicianos».
ResponderEliminarComo premissa da sua conclusão, acrescentou: «Esses capitães são rapidamente promovidos a majores e ultrapassam os capitães que estavam a dar no duro e tinham quatro anos de curso».
Em Portugal, falta escrever a história verdadeira do 25 de Abril. Escrever e contar a história com todos os factos, sem manipulações e sem omissões; contar a sua génese e os seus efeitos, os aspectos positivos e os negativos, a liberdade, a evolução económica e social, os saneamentos, as expropriações, as empresas, o progresso, a descolonização, etc...
Falta aceitar a opinião daqueles que, para além dos aspectos positivos, também vêm aspectos negativos. Refiro-me, por exemplo, à opinião de alguns oradores intervenientes nas comemorações do 25 de Abril ocorridas no passado recente no Município de Pombal.
Gosto pouco de ver comemorações de “datas”, as quais mais não servem do que para alguns mostrarem as suas carantonhas, exibirem os seus discursos ocos, fazerem “campanhas”, paparem mais uns almoços à custa dos contribuintes e participarem em “eventos”, caros e ditos “culturais”, numa perspectiva de lazer e não de conhecimento, formação e informação.
Gosto pouco de ver o esbanjamento e a ostentação nas comemorações e inaugurações, onde os governantes, assessores e outros se exibem despudoradamente para as notícias, como se estivessem a fazer algo necessário, como se a comemoração ou a obra paga com o dinheiro dos contribuintes lhes pertencesse e estivessem a conceder uma mercê.
Proponho que, nas próximas comemorações do 25 de Abril, os políticos trabalhem ou paguem do seu bolso todos os custos da “festa”…
Amigo, companheiro e Dr. José, boa tarde.
ResponderEliminarGaita!
Da meia dúzia de argumentos com os quais não concordas só tens uma proposta a fazer?
Pagar quem vai à festa!
Como tu sabes eu tenho pago sempre que vou à festa.
Mas a questão de fundo não é essa.
A questão de fundo é a de saber se vale a pena fazer a festa.
E nisso tu és omisso.
E agora que não há dinheiro para festas proponho que não se faça a festa.
Mas a minha opinião vale o que vale.
Vamos para a festa.
E como diz o povo:
Para onde vais?
Vou para a FESTA!
E de onde vens?
Pesarosamente, o Zé Povinho diz:
Venho da festa.
Choremos.
Terceira vez
ResponderEliminarBom dia
ResponderEliminarIlustre professor de números diz: assiste-se, perigosamente, ao aumento do saudosismos de Salazar".
- Temos razão para isso porque os nossos políticos não tiverem arte nem engenho para nos governar, apenas se governaram a eles.
- Salazar proibia a emigração porque a mais valia da nossa mão obra ficava em países Terceiros. Karl Marx, no livro o Capital relata com clareza científica esta teoria de Salazar.
- No tempo deste Senhor a culpa nunca morria solteira. Vejam só que no tempo deste senhor, durante a construção da estação do Cais do Sodré, morreu um trabalhador e de imediato Ele mandou instaurar um inquérito. Conclusão: morreu por negligência do Engº. Decretada prisão imediata do Sr. Engº
- No País onde vivemos, com ordenados baixos, pagamos a água, a electricidade, o gáz natural e o petróleo mais caros que nos EUA 80%, 60%, 38% e 30% respectivamente. De notar os aumentos sucessivos da água, produto que generosamente a natureza nos dá.
- Temos empresas públicas ou smi-públicas a dar prejuízos sucessivos, ano após ano, e os seus gestores aumentam os seus vencimentos sem ninguém lhes dizer nada.
- Todos os políticos, ao abandonarem a política, ficam com uma boa reforma e são colocados em conselhos de administração de empresas públicas ou smi públicas com remunerações douradas, pagamos todos nós.
- Os políticos quanto maior for a asneira melhor é o cargo que lhe oferecem. ( Victor Constância). Vara , Jorge Coelho, Ferreira do Amaral e Ângelo Correia são exemplos entre centenas.
- Sempre acreditei no SR. Presidente da República. Começo a ficar desiludido.
- Num País a sério O Sr. presidente há já muito tempo devia ter comunicar aos portugueses a fraude que foi este governo, revelar o estado do País e demitir o Sr. primeiro ministro. Dissolvia o parlamento para de formar um governo de iniciativa presidencial para nos governar até atingir a estabilidade económica.
- Afinal vamos comemorar o quê? a Mentira? a miséria? a fome que graça neste País? os ordenados e reformas douradas dos nossos gestores públicos?
Tenham vergonha!
Continuação:
ResponderEliminarVi as entrevistas dos Srs. 1º ministre, Ricardo Salgado do BES e Fernando Ulric do BPI.
Senti náuseas vergonha especialmente dos 2 primeiros pelas sua contradições e mentiras mais do que evidentes. Se têm dúvidas do que afirmo peçam um gravação e analisem.
Mandaram a Eta embora
Neste momento são 15H42. Um pouco por todo o país, já se repetiram os discursos do regime e já se paparam os almoços habituais, enquanto do país agoniza…
ResponderEliminarDisse Júlio Pomar que, antes do 25 de Abril, “o país vivia numa nuvem de merda com algodão em rama por fora. O que dava arranjo a certos que hoje ainda choram de saudades desse tempo". Hoje não temos o algodão e, em certos sentidos, poderemos até ter mais merda. A questão é que isso, agora, a todos nos responsabiliza . A mim, a si, caro José, e a si também, caro DBOSS, por muito que os seus comentários possam dar a entender o contrário.
ResponderEliminarCom Salazar, as mulheres não tinha o mesmo estatuto de cidadania que os homens. É disso que têm saudades? É engraçado, mas quem eu vejo mais saudoso dos tempos da ditadura são, normalmente, os homens.
Vivíamos num pais no masculino. A administração dos bens do casal, incluindo os próprios da mulher e os bens dotais, pertencia ao marido, como chefe de família. Esse conceito de “chefe de família” era relembrado em todas as escolas do país, onde a mulher era apresentada como criada do seu marido. A ditadura tudo fazia para que a mulher sentisse a sua inferioridade como um privilégio. A elas, ricas ou pobres, inteligentes ou estúpidas, era apenas confiada uma única função: ser “a ânfora maravilhosa onde a vida se renova”.
Também o código penal era discriminatório. O adultério na mulher era punido com prisão de dois a oito anos. Já o homem casado que tivesse “manceba teúda e manteúda”, e apenas “na casa conjugal”, era “condenado a multa de três meses a três anos". É disso que os homens do nosso país têm saudades?
É bom que não tenhamos memória curta. Reloembro, por isso, o que Jorge Ferreira escreveu aqui no Farpas em 2009: http://farpaspombalinas.blogspot.com/2009/04/salazar-e-o-estado-novo.html
O 25 DE ABRIL E OS TRÊS "D"
ResponderEliminarTRINTA SETE ANOS DEPOIS
Estou a escrever este texto depois de ter assistido ao triste espectáculo da evocação da Revolução do Povo, fora da casa do povo (Assembleia da Republica) e com a Troika a controlar os nossos destinos.
Claro que só posso estar apreensivo e azedo.
Todavia, se nas mentes dos revolucionários de Abril – englobo aqui todos aqueles que subscreveram algo de novo, durante a Revolução dos Cravos – esteve a força das suas convicções e a fé no sucesso das mudanças a realizar, quem não se lembra da célebre trilogia dos três «D» : descolonizar, democratizar e desenvolver ? – que deram lugar ao surgimento de interesses oportunistas de todos os quadrantes de minorias pseudo-iluminadas que, pouco a pouco, se foram infiltrando nas mais variadas estruturas do tecido social. Daí que o terceiro dos «D» tenha sido aquele que pela sua natureza esteja menos visível.
Daí que, passadas que foram já três décadas, temos a sensação de que já nada acontece de novo na nossa sociedade e no nosso quotidiano. Ao mesmo tempo as novas gerações, entretanto advindas, já demonstram desconhecer a verdadeira mensagem de Abril. Depois de Abril muitas e divergentes foram as expectativas geradas.
A Descolonização aconteceu – bem ou mal ..., não quero ter a presunção de elaborar demagogicamente juízos éticos – mas, uma coisa é certa, no espírito de muitos ficou a nostálgica decepção da ignóbil distribuição dos lucros a haver. Nós Portugueses só agora passados mais de 30 anos estamos a admitir o erro de deixar os povos de África sem auto-controlo e perdemos gerações e gerações de esforços e trabalhos de Portugueses valorosos que trabalharam no engrandecimento dessas terras longínquas.
Democratização é, ninguém o pode negar, um facto consumado. Todavia parece-me , por vezes, que a força das leis não é suficientemente eficaz nem contundente para gerar no íntimo de todos a consciência de que a justiça social e as oportunidades são já igualitárias. muito se fala... mas pouco se confirma.
Portugal é governado pelos mesmos a 30 anos. Ainda hoje assisti a prosápia dos donos do País ( Mário Soares, Ramalho Eanes, Sampaio e Cavaco) que são o rosto visível de quem manda nisto tudo: Os grande grupos económicos e os Banqueiros, rodeados pelos especuladores e pelos gestores pagos a peso d´Ouro. E o pobre contribuinte cada vez mais afogado em impostos de pesadelos.
O Desenvolvimento do País e da sua população se, num dado momento, se chegou a criar uma expectativa de certeza e de confiança, na transição e mudança do nosso “estatuto atlântico” para o “rumo da Europa” – vulgo Comunidade Europeia – Chegamos á conclusão que nós na Europa não passamos de uns tristes coitados, paus mandados dos alemães e agora como nem gerir o que é nosso conseguimos, vamos ser governados por outros (FMI). E ao povo vai sair a fava, depois de os nosso políticos em geral terem dado cabo dos brindes.
O discurso do sr Branco que o sr. José agora refere implicitamente, foi claramente papagueado. E eu acho que sei por quem foi ele ditado...
ResponderEliminarObviamente, não concordo minimamente com o tom do discurso de então, e muito menos com a clara intenção de desacreditar a revolução de Abril que se lhe cola. Embora possa aceitar que argumentos ao nível de interesses corporativos possam ter facilitado o movimento. Mas em que momento da história isso não aconteceu? Acham que D. Afonso Henriques gritou pela independência e veio a dar tauladas na mourama por simples devoção à fé cristã e fervor nacionalista? Ninguém terá essa inocência...
Caro Rodrigues Marques,
ResponderEliminarNão há dinheiro para fazer a festa? A questão não é de deinheiro, é de prioridades. Para uns, a Srª do Cardal é de uma importância do caraças! Para outros, é o centenário de uma praça de toiros. Para outros ainda (imagine-se!), é o 25 de Abril.
O que provavelmente quereria ter dito é que "isso de 25 de Abril, e democracia, e tal... não é assim muito importante, nem vale a pena fazer festa!", mas aí a questão é outra.
Dentro do espirito de tolerância que Abril nos trouxe, o que lhe posso recomendar (como ao José, ao dboss e a outros...) é por exemplo que arranjem uma comissão de festas para comemorar o 28 de Maio! :)
DESCOLONIZAÇÃO. Vou tentar ser breve:
ResponderEliminar- Não havia "lucros" a distribuir. Nada daquilo era nosso. Nada nos era legítimo. Depois de 400 anos de exploração, em que lhes roubámos riquezas e possibiliodade de desenvolvimento (e acima de tudo, autonomia e autodeterminação), saír "sem trazer nada" era o minimo de dignidade que poderíamos ter tido.
DBOSS,
ResponderEliminarNão foram os capitães de Abril que elegeram o sr. Sócrates. o sr. Cavaco ou os outros políticos que refere. Por seu lado, os capitães de Abril permitiram-nos que os castiguemos (alguns)no próximo mês de Junho, e que os mandemos embora das funções que ocupam. E só não castigamos mais, porque temos neste país um povo que demora a perceber que está a ser abusado. Demora tanto, que alguns ainda querem o Salazar, que (coitado!), já está a fazer farinha há uma porrada de anos.
Caro DBOSS, desconheço a história do tal engenheiro condenado, mas parece-me pouco para sustentar um regime. Fujo a juízos valorativos, repare! MAs olhe que decretar-se prisão imediata mostra uma perspectiva "curiosa" dos direitos dos cidadãos, presumivelmente inocentes até prova em contrário. Mas ao tempo, não se compreendia bem isso, e hoje há quem continue a não compreender!
A pergunta que lhe faço é a seguinte: gostando tanto do regime ditatorial, quem é que elegeria (no momento actual) para ditador de Portugal? Porque, como sabe, Salazar já morreu, e não é opção! Felizmente, digo eu!
Boa noite, tinha muito orgulho em ser Português, mas tenho muita pena que os nossos actuais politicos tenham colocado o país como chacota do mundo (veja-se a noticia do dia 1 de Abril que correu em Inglaterra, isto é apenas um pequeníssimo exemplo). É triste muito triste, não tenho saudades do Salazar, nem sequer o conheci, mas a ordem era ordem, e quem ia em sua presença e se sentava na cadeirinha e punha a manta por cima dos joelhos já sabia o que o esperava. Liberdade exige responsabilidade. Não temos homens á frente do país capazes de zelar por nenhuma das duas. Meu pobre país, meu pobre povo a quem te entregas-te. Falta-nos Homens, faltam-nos Estadistas, falta-nos o respeito e não podemos ter orgulho.
ResponderEliminarCaro Adérito.
ResponderEliminarFalar de merda é um refúgio para quem já perdeu a razão dos argumentos ou para quem já não vê solução para o problema. Opto por acreditar na segunda situação…
Então o meu caro Adérito estrutura a sua aversão ao regime de Salazar na desigualdade de direitos entre homens e mulheres… Por acaso sabe o que fizeram os antecessores republicanos para não transmitirem essa desigualdade para o estado novo? Qual foi a evolução histórica dos direitos da mulher desde a fundação de Portugal e sobretudo na época republicana.
Vou contar uma história do tempo de Salazar: No final da década de 30, numa determinada aldeia do concelho de Pombal, um agricultor, para poder fazer faltar a sua filha (menina) mais velha às aulas da escola primária e poder ocupá-la nos trabalhos domésticos e agrícolas, ofereceu um cabrito (corrupção) à professora da aldeia para esta não comunicar as faltas às autoridades policiais e evitar a multa. Conheci o agricultor e ainda conheço a antiga menina.
O meu caro Adérito não sabia que Salazar pretendia que todas as crianças tivessem acesso à instrução escolar e que fazia punir os infractores pela violação daquele direito?
Talvez também não saiba que na França das liberdades a mulher só obteve direitos iguais aos do homem muito depois de Portugal (pós Abril) e que num Cantão da Suíça as mulheres só tiveram direito de voto na década de 90. Ainda hoje nesses e noutros países ocidentais, a mulher perde os seus apelidos de solteira e ou recebe automaticamente os do marido.
E já agora, qual a Vossa posição sobre os direitos da mulher nos países árabes?
Os nossos revolucionários de papel são muito corajosos e agressivos na defesa dos direitos humanos nas democracias ocidentais, participando mesmo em manifestações violentas anarquistas, mas são muito silenciosos e compreensivos na apreciação dos direitos das mulheres nos países árabes, justificando cobardemente estes regimes com as diferenças culturais…
E para o meu caro Gabriel: eu não defendo o regime de Salazar, mas começo a compreendê-lo, face aos proxenetas que teve de combater e dos quais temos tido muitos clones a sugar este país...
Não seja demasiado dogmático porque a verdade dos factos só dói a quem vê que perdeu a razão…
Voltarei na próxima segunda feira.
Para quem defendia tão estoicamente o acesso generalizado ao ensino, convenhamos que o "professor Oliveira" foi de uma ineficácia comovente!
ResponderEliminarDe resto, os "bandalhos políticos" que vamos vendo por aí (se interpretei bem as suas palavras, José) não me parecem uma consequência inevitável do sistema politico implantado no dia 25 de Abril de 1974. E a fantasia de um "tirano iluminado", embora teoricamente defensável, não me parece minimamente exequível. Para além de não resolver outras questões. Porque a legitimidade conferida pelo voto marca muito mais do que "um método para escolher os melhores governantes" (algo que poderá, efectivamente, ter falhado), mas sim para concretizar uma dimensão de dignidade - trazida pela liberdade e verdadeira autodeterminação - que o poder absoluto e ditatorial (e "monocromático", já agora) nunca poderão assegurar. Embora mau, este é o NOSSO caminho. Não o de um déspota, por muito respeitável que alguns o considerem!
Caro José,
ResponderEliminarCitei o pintor Júlio Pomar por achar que a imagem era eficaz. Já vi que não concorda. Mas, por favor, não reduza a minha argumentação a essa imagem.
O seu comentário evendencia porque estamos nos antípodas do espectro político e, em certos aspectos, faz-me lembrar a argumentação de Bernardino Soares a justificar o regime norte coreano. Não me revejo em nenhuma das posições.
Detesto ditadores. Tenho um colega (e amigo) que demonstrou matematicamente que o melhor sistema polítco é a ditadura, desde que o ditador seja bom. Ora, como não há ditadores bons, temos que nos contentar com sistemas imperfeitos como a democracia.
Vi que não foi sensível aos argumentos que apresentei. Mas olhe que tenho muitos mais! Mas, melhor do que eu, quem o diz são os excelentes ensaios de Vitorino Magalhães Godinho (faleceu, na terça-feira, aos 93 anos; grande perda para a cultura portuguesa). Se a política do Farpas não fosse a da contenção na dimensão dos textos, atrever-me-ia a avançar um pouco mais nessa direcção.
Caro José, comparar o Portugal dos anos 70 com França ou com a Suiça da mesma altura, é como comparar uma parte mais íntima com a feira de Borba! Não são comparáveis! Quer que lhe fale na mortalidade infantil? No analfabetismo? Na iliteraricia? Aliás, após 37 anos de democracia (ainda nos faltam 11 anos para ter o mesmo tempo da ditadura), a iliteracia ainda hoje é o nosso grande problema.
Não percebi a pergunta "qual a Vossa posição sobre os direitos da mulher nos países árabes?". Nossa quem? Minha e a dos meus irmãos? Minha e dos meus colegas matemáticos? O que me intriga mais ainda é o maiúscula no "Vossas"! Se, por acaso, se estiver a referir a mim enquanto militante de algum partido, lembro-lhe que nunca fui filiado. Não posso responder por mais ninguém a não ser por mim e a minha resposta, pelo que já escrevi, é óbvia. Mas o sistema político nos países árabes, sendo ditaduras, ser-lhe-ão mais caros a si do que a mim.
Já agora, nunca me verá afinar a minha argumentação pelo diapasão do politicamente correcto, seja relativamente à questão árabe, seja na questão dos emigrantes ou das minorias étnicas, como os ciganos, por exemplo. Muitos dos problemas sociais que temos que enfrentar actualmete exigem a maior clarividência e espírito científico e não ideias feitas e preconceitos de qualquer espécie.
Um abraço,
Adérito
José,
ResponderEliminarDo meu ponto de vista a aparente verdade e a irrefutabilidade dos seus argumentos poderia ser desmontada com estatisticas e dados comparativos, mas não vou por esse caminho.
O concelho de Pombal sofreu bem os efeitos da politica Salazarista.Fala o senhor da suposta universalidade do ensino. Salazar rezava que todos os portugueses deveriam saber "ler, escrever e contar", todavia só nos anos 60 (centenarios)se generalizou o acesso ao ensino primário. Fala da penalisação dos pais que não mandavam os filhos à escola. Perguntou-se qual a razão que levava a tirar as crianças dos 7/10 anos da escola para trabalhar em casa ou a "servir" nas casas das famílias mais ricas. Porque seria? A abundância a formação ou a miséria generalisada? Não falo dos outros níveis de ensino.
Sabe porque razão os pombalenses eram conhecidos em todo o pais por "ratinhos", que em muitos lugares os estigmatizam como o povo mais bruto e mais atrasado do pais? Sabe porque razão Pombal perdeu mais de metade da sua população jovem nos anos 60?
Sabe que o condicionannto industrial e um mercado colonial protegido permitiram criar 5 ou 6 grandes grupos economicos, mas impediram a livre iniciativa e a inovação que ainda hoje são as maiores razões do nosso insucesso, nem que seja por os bons negócios continuarem a ser os que se fazem a sombra do estado?
Fala na história do cabrito. O demonstra que a corrupção era um problema já desse tempo. Salazar também gostava de colocar os seus amigos e serventuários em lugares de destaque fosse no Estado, fosse em empresas privadas.
No fim de contas o grave problema porque passamos resulta da falta de transparência nos negócios do estado e das empresas,um problema que estes 37 anos ainda não resolveram. Ainda assim, com todos os defeitos apontados, Portugal de hoje é, a quase todos os níveis, incomparávelmente melhor do que na ditadura.
Podia dizer-lhe que Salazar conduziu um regime que perseguia e matava os opositores e esse seria um motivo suficiente para o seu opróbio e condenação, mas digo-lhe mais,Salazar e a ditadura conduziram este pais a uma situação sem solução.
Em democracia não se matam nem se perseguem opositores. Em democracia pode dar-se a cara pelo que se pensa, na ditadura não se podia. Na democracia, um pais pode precisar dos nossos sacrificios, mas tem sempre solução, porque é um sacrificio que se pede aos seus cidadãos, dignificando-os.
Outra coisa, o Adérito, e eu proprio, sempre fomos bem claros no que respeita a ditaduras, às mulheres e ao nucleo fundamental dos direitos humanos. Connosco não há compreensão por quaisquer ditadores ou discriminações de seres humanos. O que eu posso dizer é que não podemos impor os nossos habitos e culturas aos outros povos. Depois existe outra coisa que me parece aceitável e até faz parte da carta das nações unidas que é o principio da não ingerência nos assuntos internos dos outros países. Não se pode ser amigo e aliado dos ditadores num dia e no dia seguinte considerálos bandidos e invadir os seus paises. O estatuto das mulheres é mau em muitos países,mas a mudança não se impõe de fora e à força ou quando nos convém.
Sabe uma coisa José, salvo erro, apesar da clareza das suas posições, ainda não me apercebi que se identicasse de modo bastante para se lhe conhecer o rosto. Por isso, se não houvesse outra razão, essa já seria o bastante para lhe dizer que o Salazar que o senhor começa a compreender, continua a fazer muito mal a este país, pois uma pessoa do seu nível e intelectual ainda parece temer dar a cara pelas ideias que defende.
Deixe o Salazar em paz, que a terra lhe faça proveito.
Caro Adérito e J. Ferreira,
ResponderEliminarsubscrevo sem reservas os vossos comentários sobre o "Botas".
José, o Jorge Ferreira, nosso comum amigo, tem toda a razão. Devias identificar-te, pois assim não vale.
Boa Noite
ResponderEliminarEu ou Pc estamos velhos, 3ª tentativa
Boa noite!
ResponderEliminarCaros Srs.: todos sabemos que o desenvolvimento económico e cultural é alicerçado em experiências e saberes acumulados. As gerações vindouras procuram não cometer os erros do passado.
É certo que não há sistemas perfeitos.
Salazar foi convidado a assumir o poder em 1928 e, um mês depois de tomar posse, demitiu-se afirmando que só assumiria o cargo se fosse pedida ajuda externa. Como não havia FMI foi pedida ajuda externa ao Reino Unido.
Após o pedido de ajuda assumiu o cargo com os cofres do Estado vazios e no País não tinha-mos escolas, estradas, saneamento nem água, etc.
Governar com dinheiro é fácil.
Salazar criou uma rede de escolas, aumentou as exportações, equilibrou o féfict e chegou a ter superavit nos finais da década de 60, vejam a Vickipédia, ( não me dei ao trabalho de ver a Vickipédia seria mais preciso).
Todos nós sabemos que a maioria das mulheres se afasta da política e que ainda hoje há meninas que são proibidas de ir à escola porque começam a ter o período.
No tempo deste senhor saiamos à rua, não tinha-mos medo e para uma população de cerca de 8 milhões estavam nas prisões cerca de 2000 presos sendo que a maioria eram presos políticos. Hoje, para cerca de 10 milhões de habitantes, temos uma população prisional de cerca de 11.000 e não são presos políticos.
Condena-se um regime só porque é acusado de não proteger as mulheres?
No regime actual vejo a destruição da classe média e a prosperidade de uma classe: A classe Política.
A propósito saiu mais um prémio a um Político de nome Armando Vara, foi colocado na administração de Cabora Bassa, depois de indemnizado pelas asneiras que fez. Palavras para quê? os factos falam por si.
Gabriel não fale do que não sabe ou porque lho disseram!
por exemplo: Moçambique têm em linha recta cerca de 2500 Km, do Rovuma ao Maputo e, em Abril de 1974, a estrada principal estava asfaltada até cerca de 300 Km do rio Rovuma, fronteira com a Tanzânia, deixámos construída a maior central hidroeléctrica do mundo naquela época, construímos escolas, hospitais, pontes e entre muitas outras coisas. Sabia que a Universidade de LM, hoje Maputo, era uma escola piloto do País? Sou um homem de Paz não podemos é apagar o que de bom foi feito por nós; se pensa que fomos corridos está enganado eu fui convidado para adjunto do Sr. Joaquim Chissano e muitos outros militares Portugueses foram convidados para outros cargos.
Não ofenda quem defendeu a Pátria com honra e dignidade; quanto aos fundamentos da nossa deslocação para as ex colónias isso é outro assunto.
Grave, muito grave.
ResponderEliminarMedina Carreira, tb diz que é nestas alturas que os regimes não democráticos ganham poder.
Salazar pode ter feito muito, mas, desculpem-me não quereria ver (é somente um exemplo), nem aceitaria nunca que o SR Prof Adérito (somente exemplo), em Caxias por pensar diferente de mim, e naquele regime seria o que aconteceria.
No entanto receio que se caminhe para aí.Veja-se Otelo, que no fundo até se calhar tem alguma razão(contradição :() para 20% de pobres, para 12% de desemprego, para a total perda de soberania, para perda de rendimento, se calhar não valeu a pena.
Já nem sei o que pensar, a unica coisa que sei é que não aceito de maneira alguma é que alguem vá preso por não pensar como eu.
Obviamente que sim Alegria. Por isso é que os discursos do José, do Dboss e outros saudosistas do Salazar, me assustam. O estado novo também começou por ser uma suspensão da Democracia para endireitar o país, depois deu no que deu. Sobrevivemos como país, porque tínhamos uma economia fechada, um mercado colonial protegido e uma avalanche de transferências dos emigrantes.
ResponderEliminarHoje temos uma economia em que os grandes negócios, como nesse tempo, prosperam, em grande medida, usurpando recursos do Estado, seja sob a forma de parcerias, seja sob forma de derrapagens nos concursos públicos, seja sob a forma de garantias e comissões de intermediação, seja sob a forma de benefícios fiscais, seja - a mais perniciosa de todas, por ser onde há mais corrupção - sob a forma de alteração do estatuto dos solos levando à degradação ambiental e urbanística de todo o país, matando, a pouco e pouco, a paisagem e séculos de cultura urbana, que tem sido uma galinha dos ovos de ouro para as finanças deste pais verde, com céu, sol e mar azul.
Hoje somos um país aberto, que uma globalização absolutamente desregrada e injusta, transformará num país precário, se não soubermos mudar de rumo, certamente com sacrifícios, mas distribuídos por todos, assegurando a coesão e solidariedade social.
Acredito, como disse, que em Democracia há sempre solução. Somos um povo com mais VIII séculos de história, nenhum deles sem problemas e sem sacrifícios, mas sempre saímos melhores de todas as crises por que passámos. Haja verdade e transparência, que este Povo, como sempre, com trabalho e dignidade, vencerá mais este Fado.
Caro Dboss,
ResponderEliminarNão partilho desse sentimento profético. Não acho que a colonização tenha sido boa para os povos colonizados. Não acho que as obras que os colonizadores lá fizeram legitimem o facto de termos decidido por eles sobre o seu próprio futuro. Para não falar no facto de os termos escravizado, morto e roubado.
Não vou comentar os méritos ou deméritos dos nossos militares. Mas já agora lhe digo que a honra e dignidade dos militares não é indissociável da honra e dignidade das suas acções. Um assunto mais complexo, mas pense-se, por exemplo, "na honra e dignidade dos bravos soldados alemães que queimaram as crianças judias", durante o holocausto. Exemplo extremo, só para nos ajudar a pensar...
Bom dia!
ResponderEliminarCaro Jorge Ferreira: não esteja preocupado com a minha forma de pensar eu sou um homem de diálogo. Não posso é aceitar certas afirmações que em nada são parecidas com a verdade.
As receitas dos imigrantes começaram a aparecer nos finais dos anos 60 e em grande as quantias nos anos 70.
Gostei do seu último parágrafo, quando afirma que o povo vai vencer este fado.
Alegria: estou de acordo consigo, também não gostaria de ver o meu amigo "Ilustre professor de números preso"-
Caro Gabriel:
ResponderEliminarOs factos falam por si, veja.se: convites aos ex militares portugueses para ficarem a trabalhar com a Frelimo.
Um estudo Belga afirma que Portugal, com estatuto de colonizador, não se pode ser considerado como tal porque as suas tropas eram muito humanistas.
Guerra é guerra e houve excessos dos dois lados daí a falar em escravatura e roubo, sinceramente é uma afirmação patética e absurda.
Tenha paciência mas só um ignorante pode comparar o holocausto com a guerra colonial aliás essa afirmação demonstra simplesmente falta de respeito para com os ex militares e para com os sentimentos humanistas do seu País.
Mário, bom dia.
ResponderEliminarNa última Assembleia Municipal uma nossa amiga e companheira afirmou que eu andava distraído.
Entendi que utilizou uma fórmula pejorativa, pelo que pedi a palavra para defender a minha honra ofendida.
Agora não sei o que diga à falta dos nossos administradores de não colocarem um post, mesmo que pequenino, sobre o Dia do Trabalho, que se comemora hoje.
Distraídos não vou utilizar, mas, digo eu, se não se deveria aproveitar o dia para se discutir para onde foram os postos de trabalho de tal forma que se transformou o Dia do Trabalhador em Dia do Trabalho.
Mas sei, também, que os sindicatos só se preocupam com quem tem trabalho, para defender os seus direitos.
Quem não tem trabalho, que tivesse.
Abraço.
Caros DBOSS,
ResponderEliminarMuito obrigado pela generosidade. Fico muito sensibilizado. Pena que o saudoso professor de Coimbra não tivesse sido tão magnânimo.
Abraço,
Adérito
Podemos continuar a viver em dois mundos paralelos, o da realidade e o da idealização, mas a verdade imporá sempre que esses dois mundos se encontrem. Sobre Moçambique, posso dizer, que sou casado com uma Moçambicana, nascida em Nampula, cidade fulcral na estratégia da guerra colonial, neta e filha de colonos. Posso dizer, que tal como se passa com o Salazarismo, a propaganda sobrepõe-se à realidade, mas esta, passando pela malha fina da verdade, leva a que ao esplendor e vã glória, se sobreponha a humildade e, tantas vezes, a miséria que também é parte da condição humana. Igualmente esta minha família vive na saudade desse esplendor e grandezas da vida colonial que, de um momento para o outro, se desmoronou mais rapidamente do que um castelo de cartas. Por comparação, aos saloios rudes da metrópole, eram eles a elite da Coca-Cola, dos “chás das cinco” nos exclusivos clubes coloniais, com criados de libré e de luva branca, quase uma “british society” formada nos melhores colégios da África do Sul, que até conduzia à esquerda como na velha Albion e tinha toda uma linhagem de “mainatos” serviçais, amavelmente disponíveis. Do ponto de vista romanesco, uma verdadeira África Minha, da aristocrática Blixen. Esta é a história de encantar com que tornamos menos duras as nossas vidas e as nossas experiências no enfrentamento do mundo, dando-nos a resiliência para sermos capazes de vencer algumas vezes, e a espaços, ser felizes. Algumas vezes, mesmo, muito felizes.
ResponderEliminarTal como este lado afim da minha família, sobre uma malha de dificuldades, de reconhecidas injustiças e de dramas, com que conseguem dourar esta nostalgia do passado, colocar essa saudade nas suas vidas, a que, em encontros mais alargados, acrescentam a festa da partilha dessas recordações de uma imensa gratidão por essa África fundadora e maternal que os acolheu e lhes permitiu ir para longe do quotidiano pequeno e avaro do barrocal e costa algarvia, tal como os de Pombal foram, pelas mesmas razões, para o Brasil e para a França, também o Dboss, do meu ponto de vista, é usa desse paradigma: consegue fazer das imensas dificuldades e misérias do quotidiano triste e cinzento da ditadura, bem como de uma dramática guerra colonial na bastidão africana do Indico, uma experiência bem sucedida, feliz e, porventura, pontuada de epifanias.
Porém, a esse mundo sobrepõe-se o outro, uma outra realidade e uma outra verdade ainda nos fere, mas que nós próprios e “os irmãos africanos” que a língua portuguesa continua a unir, vamos sarando, saboreando o caju com vinho que nos uniu, fazendo por esquecer essa outra realidade em que a a guerra, a escravatura e o trabalho forçado foram Filosofias e Leis do Estado.
Falando de Moçambique, não se pode deixar de falar de estadistas como “Mouzinho de Albuquerque”, o que submeteu os povos Vátuas, a custa do massacre de Chaimite, e só depois de aprisionar Gungunhana, o seu Rei mais carismático, que acabou por morrer em Angra do Heroísmo, em 1905. Não se pode, igualmente, deixar de falar de António Enes, que publicou, em 1899, o seu Código de Trabalho Indígena defendendo as seguintes teses, traçando as linhas mestras da «acção colo¬nial», ou seja, da política económica portuguesa nas Colónias:
- devido às condições adversas ao colono dada a inclemência do clima, a aridez do solo e a proliferação de doenças do branco, «a nossa África tropical não se cultiva senão com africanos, e neste sentido;
- «não há que ter escrúpulos em obrigar e sendo preciso forçar estes rudes negros da África, estes ignaros párias da Ásia, esses meios selvagens da Oceânia, a trabalhar, a civilizarem-se a si mesmos através do trabalho», pois «precisamos dele (do indígena) para a economia da Europa e para o pro¬gresso de África»;
- «todos os nativos das províncias ultramarinas estão sujeitos à obrigação legal e moral de tra¬balharem, podendo escolher o meio de cumprirem esta obrigação» (Decreto do Código de Trabalho de 1899, Artigo 1° do Regulamento)
(...)
(...)
ResponderEliminar- «Apenas conferirá à autoridade pública, e não a qualquer particular, a prerrogativa de coagir à observância de uma lei social quem espontanea¬mente lhe não acatar os preceitos, de coagir os negros a trabalharem, como um pai pode compelir os filhos a aprenderem a exercer um mister»;
- «Abolidos os crimes e horrores da escravidão, os interesses económicos recomendaram ao legislador que diligenciasse aproveitar e conservar os hábitos de trabalho que ela impunha aos negros, embora proibisse, para os conservar e aproveitar, o emprego dos meios por que tais hábitos haviam sido impostos. Converter um escravo em homem livre era um benefício para ele e para a sociedade, mas deixar transformar um trabalhador em vadio depreciava esse benefício.
- “Assim, a educação dos «negros» era para Oliveira Martins a) «absurda, não só perante a história, como tam¬bém perante a capacidade mental dessas raças inferiores»; b) uma «ilusão» pensar «em civilizar os negros com a bíblia, educação e panos de algodão», pois, «toda a História provava, (...) que só pela força se educam povos bárbaros»;
- “Foi de tal maneira determinante a «acção colonial» traçada por aqueles expe¬dicionários que ela orientou a política e o espírito do próprio Estado Novo. Como Ministro das Colónias, Oliveira Salazar mandou publicar o «Acto Colo¬nial» pelo decreto n° 18.570, de 8 de Julho de 1930. O colonialismo salazarista admitia, «expressamente, o trabalho obrigatório em condições de obras públicas de 'interesse geral e colectivo', por motivos penais, estradas locais, assistência em caso de desastre, em condições animais perigosas, cultivo das terras 'reser¬vadas' a africanos, etc.». O artigo 146° da Constituição de 1933 manteve a lega¬lidade do trabalho forçado colonial. Foi ligeiramente alterado em 1935 e 1945, mas de novo incorporado na Constituição de 1951. Somente em 1971, três anos antes do fim da guerra de libertação, foi revogada toda a legislação do trabalho obrigatório.”
Dizia Salazar:
-« O colonialismo exige essencialmente o desnível das raças e das cultu¬ras, um objectivo de exploração económica pela dominação política, a qual geralmente se exprime pela diferenciação entre cidadão e súbdito. Não há colonialismo onde nenhum benefício estrangeiro ou financeiro se tira (...) Não é possível conceber este estatuto ou condição de colónia quando é semelhante o nível de vida, idêntica a cultura, indiferenciado o direito pú¬blico, igual a posição dos indivíduos perante as instituições e as leis. Não pode haver colonialismo onde o povo faz parte integrante da Nação, onde os cidadãos colaboram activamente na formação do Estado, em termos de igualdade com todos os de mais, onde os indivíduos exercem funções públi¬cas e se movem e trabalham no conjunto dos territórios. E tudo isto não de agora, estabelecido ou legislado à pressa, mas cimentado pêlos séculos, quase podemos dizer desde sempre»
- «O colonialismo é um regime económico e político susceptível de exame objectivo. Passa-se na ordem real; pode dizer-se que é redutível a números concretos, a estatutos legais. Tem-se admitido que subentende um poder soberano estranho ao território submetido, uma exploração económica em benefício maior ou menor do colonizador, uma vantagem política ou militar, uma distinção entre cidadãos e súbditos, com sua diferenciação de direitos, e sobretudo a inexistência de direitos políticos dos povos coloniais e a impos¬sibilidade de interferência nos negócios metropolitanos».
(...)
(...)
ResponderEliminarDe facto, com guerra colonial, para tentar legitimar colonialismo aos olhos do mundo, as leis que instituíam o Estatuto do Indígena foram sendo abolidas, incluindo a própria constituição e assistiu-se, por um lado, ao intensificar da exploração dos recursos naturais e matérias primas das colónias para abastecer os grupos industriais da metrópole e, algumas companhias coloniais majestáticas deram origem, elas próprias a grupos económicos de grande dimensão, com foi o caso do grupo Entreposto.
As guerras e a dominação de povos por outros povos é uma realidade que se impõe ao longo da história. No entanto, ver a colonização e a guerra colonial como uma missão absolutamente benigna e civilizadora é escamotear os horrores e sofrimentos que fazem parte da vida e construção de todas as nações, sem excepção. Os Portugueses, a seu modo, como todos os povos, não deixaram de ser umas vezes algozes e outras vezes carrascos, ou, como sucedeu com a guerra colonial, ambas as realidades em simultâneo.
Matou-se e massacraram-se populações indígenas, destruíram-se modos de vida deslocando-se populações inteiras para territórios e terras que lhe eram estranhos, impuseram-se-lhes modos de vida que não eram os seus e que não queriam. Também se morreu, se descobriram e criaram mundos novos e novas relações entre os povos em que uma mesma língua se foi construindo e tornando elo de união.
Não se ignorem as tragédias do Planalto dos Macondes, Wiryamu, Mueda, estes em Moçambique, os massacres dos musseques de Luanda na sequência da “Revolta de 4 de Fevereiro”, massacres dos camponeses na baixa de Cassange e no Norte de Angola. O uso indiscriminado do “napalm”, o hábito de recolha de troféus de guerra como orelhas, dedos, escalpes, e pratica de sevicias sexuais sobre as indígenas.
Não foi um holocausto, certamente que não, mas não me parece ser uma gesta em que tenhamos sido particularmente felizes e de que nos devamos vangloriar, fazendo porém parte da nossa história como pais e como povo, que temos de integrar no nosso continuo processo de construção, como mais uma experiência com que se alinhava o nosso futuro e nos relacionamos de uma forma tão especial com esse mundo por onde passámos e fomos deixando mestiços que é marca distintiva da presença de Portugal.
É isso mesmo, Jorge!
ResponderEliminarCaro Dboss, eu definitivamente não me faço entender. Ou então, o meu caro amigo é que vive longe da realidade e acredita que os portugueses, desde os idos 1500 D.C., nunca escravizaram os africanos. Nem os roubaram.
Quanto ao holocausto, não foi de facto a mesma coisa. Como adverti, queria apenas levar o argumento da "honra e dignidade dos militares" aoo extremo, para lhe explicar que esta (honra e dignidade) não pode ser aferida esquecendo os actos concretos que praticaram. Era isto que queria dizer, mas fui demasiado ambicioso...
Nova ilustração de hipotético monólogo de um ex-combatente, a ver se desta me faço entender:
"Eu matava o preto porque os meus oficiais me mandavam matar o preto. Mas não sinto honra ou orgulho de o ter morto, ou de ter incendiado aldeias inteiras. Nem acho que isso me dignifique".
Abraço,
Caros amigos Adérito Araújo, Adelino Leitão, Jorge Ferreira e Gabriel Oliveira.
ResponderEliminarTendo estado ausente, não dei réplica às Vossas respeitáveis opiniões.
Voltando às “farpas”, verifico que Vossas Exªs. analisam a actividade política de Salazar como se o tempo dele fosse o de hoje e omitem “dolosamente” parte da história, pelo menos a realidade social deixada pelos republicanos, transmitindo uma posição sobre Salazar mais dogmática do que matemática (isenta). Um dia destes ainda vão censurar o poder de Afonso Henriques como se ainda estivesse a reinar…
Caro Gabriel, a tolerância pelas outras culturas, que Vª.EXª. advoga, é a cumplicidade para com actos cruéis praticados contra as mulheres pelo mundo fora, de que são exemplos a limitação da liberdade de aprender e de movimentação e a excisão e a lapidação. A internacional socialista e comunista não é tão tolerante com ditaduras de direita doutros países!
Na Vossa ânsia de diabolisarem Salazar, omitem os factos positivos da sua governação, mencionando apenas os negativos, censurando todos os que ousem pensar diferente de Vª.sExª.s. Já Vos disse anteriormente (o que Vªs.Exªs não conseguiram ver)que não sou apreciador de Salazar, por ele ter suprimido a liberdade de expressão política dos cidadãos. Porém, sei ver que hoje em dia existem muitos políticos eleitos ou a governar que são verdadeiros crápulas ou “proxenetas” a sugarem os recursos dos contribuintes em nome da defesa dos interesses dos mais “desprotegidos”…
Caro José,
ResponderEliminarEu não diabolizo o homem. Apenas chamo os bois pelos nomes: Salazar foi um ditador.
Quanto aos méritos da sua governação, também os sei reconhecer e, se me conhecesse, saberia que já os defendi em alguns fóruns de discussão pública. O problema é que, quando temos um cancro, não nos dá alegria saber que não temos caspa.
Abraço,
Adérito
PS As minhas desculpas por não ter ainda reparado que não era um apreciador de Salazar.
José,
ResponderEliminarNão censuro ninguém que tenha opiniões diferentes das minhas, pelo contrário, reconheci-lhe o nível intelectual e o respeito por uma discussão entre iguais, sem reconhecer quem é, apesar de me conhecer a mim e, acredito, ser meu amigo. Apenas questionei, se teria algum temor em se identificar na defesa do que defende, como sucedia na ditadura.
Não julgo Salazar pelos critérios de hoje, ou sem reconhecer a situação insustentável do fim da Republica, nomeadamente o caciquismo arruaceiro do Afonso Costa e seus sicários. Já que falou dos direitos das mulheres (caso Carolina Beatriz Ângelo) e do voto, não ignoro que esse caciquismo tivesse reduzido o universo eleitoral em relação há monarquia, impedindo os analfabetos de votar. Agora, o que lhe digo é que Salazar sempre se soube rodear da melhor propaganda (Ex. SNI e António Ferro).
Ao contrário do que diz, as situações de contexto, permitem comparar que, na europa existiam países em pior situação e com menores condições ou recursos (Ex. Suiça, países nórdicos, mesmo Espanha) que eram comparativamente paupérrimos e sem recursos, mas apostaram na educação, na democracia, no mercado (plano Marshal) saindo, alguns deles de economias destruídas pela guerra, mas venceram a batalha do desenvolvimento.
Salazar, para preservar o seu poder, apostou nos pobres e honrados e orgulhosamente sós. E também recorreu à divida para se financiar, e também usava expedientes contabilísticos e orçamentais para apresentar, aparentes, saldos positivos nas contas do Estado. Era a regra de que as despesas extraordinárias correspondiam receitas extraordinárias. O recurso à divida externa para as grandes obras dos planos de fomento, não contavam para essas contas. Ainda hoje pagamos dívidas dessas (Cabora Bassa).
“Lembro-lhe”, que durante a guerra havia muita fome, mas confiscavam-se alimentos ("manifesto") e recursos, que se exportavam para os beligerantes. Seja, passava-se muita fome e muita miséria aqui, mas vendia-se para fora, porque rendia a preço economia de guerra. Ainda me lembro bem disso e de Salazar a governar e da passagem do caixão para Santa Comba.
Havia condicionamento industrial e o sistema das corporações que limitava a concorrência, apostava na mão-de-obra semi-analfabeta e barata, o que impedia a inovação. Pombal, por exemplo, dominava na da resina (Manuel Henriques), uma fileira da químico - industrial, que poderia ter sido inovadora, mas quase morreu.
Existem pessoas vivas que veneram Salazar, mas se lhes falar da sua vida real, verá que essas pessoas falam da miséria que foi essa parte das suas vidas e da pouca saudade que lhes deixaram. Classificar pessoas de "Ratinhos", expressa tudo o que se teima em negar, mas existiu e marcou muitas gerações, não há como negá-lo.
Salazar favorecia o clientelismo e mesmo a corrupção. Não se falava era dela. Os Ministros permutavam entre as grandes empresas da banca e dos seguros e era conhecida a apetência deles pela Sacor. Há muitos corruptos hoje? Há! A democracia tem culpa disso? Temos todos, quando a toleramos, particularmente quando votamos em governantes que não a combatem, antes a consentem.
No fim da sua prolongada governação, venceu uma corrente mais liberal e, na sequência da adesão há EFTA e da guerra colonial, houve um surto desenvolvimentista que terminou com a crise do petróleo 72/73. O mesmo sucedendo nas colónias, fizeram-se grandes obras e introduziram-se políticas de algum apoio às populações indígenas (“acção psico-social”) numa tentativa tardia de legitimar uma presença "civilizadora" que nunca tinha existido, até porque a emigração para esses territórios era muito condicionada. Tudo aquilo que disse é verdade. Os colonos, mesmo analfabetos, tinham privilégios, de facto e legais, que lhes permitiam ter um nível de vida a que, só os mais privilegiados da metrópole podiam aceder, nomeadamente, em serviçais e criadagem. Não penalizo ninguém por isso. Era assim, pronto! Salazar era um ditador sem escrúpulos, pronto!
Meu Caro Amigo Jorge.
ResponderEliminarVossa Exª está a ser repetente numa análise política com recurso às fontes históricas comprometidas com uma visão maniqueísta, socialista e legitimadora dos lideres políticos do pós 25 de Abril, segundo a qual a governação do Estado Novo era feita por pessoas más, que só fizeram coisas más, enquanto que o 25 de Abril só trouxe progresso e bem estar e a politica passou a ser feita pessoas boas, que só fizeram coisa boas. No percurso argumentativo, omite (mais uma vez e sempre) o estado da economia e o papel dos políticos do período republicano e até do período do final da monarquia.
Não saciado com as vergastadas aplicadas ao morto Salazar, passa para a análise do colonialismo, segundo as mesmas perspectivas, como se tivesse sido Salazar a descobrir e a colonizar Angola, Moçambique, Guiné, S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Macau, Madeira, Açores… Também neste particular, omite qualquer referência à cultua transmitida aos povos colonizados e à forma como se fez a descolonização. A seguir por esse caminho, o meu amigo ainda vai censurar o papel dos povos que colonizaram a península Ibérica, como por exemplo os romanos, e eliminar qualquer vocábulo com origem nas línguas faladas por esses povos.
Da minha parte, dou por encerrada a referência a Salazar, cuja governação teve coisas más mas também teve coisas boas. Aceito a história do meu país, com todos os seus factos e segundo as diversas interpretações, mas já não aceito as “religiões”, sejam elas quais forem…
Caro amigo José,
ResponderEliminarHavemos de falar pessoalmente.
Mais uma vez fez uma má interpretação do meu texto e não apresentou fontes a contrariar o que eu disse, apontando que o prestígio de Salazar é um mito sábiamente construido, desde início, pelo mesmo. Aproveitando as ideologias dominantes no tempo e usando a propaganda da chamada "política do espirito" para ser visto como um D. Sebastão renascido, ou um S. Salazar.
Era o que faltava, em mais de 40 anos não haver nada de bom na governação Salazarista. O povo português podera ter sido mantido na igonorância, mas não se mantinha,nem se mantem um regime que, em mais de 40 anos não,fizesse nasa de bom. Das duas uma, ou o regime cairia ou o país sossobraria. Limitei-me a negar crenças com factos que surgiram nos comentários, particularmente os seus e os do amigo Dboss. Reconhecendo a crise da república, o seu caciquismo e arruaceirismo, as praticas coloniais, e suas más e boas consequências. Não culpei os Portugueses e a sua História de nada. Bem pelo contrário, disse sobre a guerra colonial: "Não foi um holocausto, certamente que não, mas não me parece ser uma gesta em que tenhamos sido particularmente felizes e de que nos devamos vangloriar, fazendo porém parte da nossa história como pais e como povo, que temos de integrar no nosso continuo processo de construção, como mais uma experiência com que se alinhava o nosso futuro e nos relacionamos de uma forma tão especial com esse mundo por onde passámos e fomos deixando mestiços que é marca distintiva da presença de Portugal." De resto, a lingua comum, e o respeito mútuo entre os povos e países, aí estão para o demonstrar.
Encerro pois, este assunto, citando-o: Aceito a história do meu país, com todos os seus factos e segundo as diversas interpretações, mas já não aceito as “religiões”, sejam elas quais forem…
Ps.: Se não aceita religioões, sejam elas quais forem, isso siginifica que comunga da mesma prespectiva do mundo do Adérito, que também é ateu, diz ele, graças a Deus.
Abraço até um futuro encontro, mas do mesmo lado da barricada.
Amigos, companheiros e camaradas José (GF) e Jorge Ferreira, boa noite.
ResponderEliminarIsto de discussões entre causídicos causa-me pele de galinha.
E faz-me sempre lembrar aquela história do médico pai e do médico filho.
O médico pai andava a acompanhar um paciente que estava muito doente.
Num belo dia o médico pai não estava e quem viu o paciente foi o médico filho.
Este analisou o paciente e diagnosticou que o que estava a provocar a maleita era uma carraça.
Sem mais delongas, arrancou a carraça e disse ao paciente que iria ficar bom.
O médico pai ao saber o que o médico filho tinha feito perguntou-lhe:
- Agora como é que vais viver sem a carraça?
Abraço.
Pele de Galinha? Pensei que as as discussões entre dois vultos da ciência juridica lhe provocasse alguma luz. Bem sei que o Dr. Jorge Ferreira e Dr. José estão ( por ora ) em campos ideológicos opostos: Mas, caraças, ó Engenheiro, diga lá o que pensa do regime salazarista. Não me diga que é um arrenpendido por o não ter compreendido, na sua época e seu tempo. Diga, mas não responda com uma história.
ResponderEliminarAmigo e camarada Dr. Adelino Leitão, boa noite.
ResponderEliminarAgora é que eu acertei na ferida dos causídicos.
Reconheço que as corporações têm que se defender. É humano e corporativo.
Tal como fazia o Dr. António de Oliveira Salazar.
Defendia as corporações e tinha medo do operariado.
Mas deixou o Banco de Portugal cheio de ouro, do tangível mesmo. Não do escriturado.
E a seguir ao 24 A os camaradas Vasco, Mário, Álvaro, e tantos mais malbarataram as poupanças deixadas.
Seguiram-se tempos áureos, no tempo do Aníbal, para voltarmos para o abismo com o “pântano” do Guterres e, agora com o vendedor José.
Valha-me Deus.
As corporações andam por aí
ResponderEliminarExemplo: A troika no seu programa de governo para o rectângulo advoga o acesso mais fácil ás profissões (corporativismo??)
O condicionamento (não industrial, mas parecido) anda por aí, exemplos:
Aguas de Portugal
EDP, etc.