Após o 25 de Abril, tudo parecia fácil:
- as melhores empresas foram nacionalizadas “a bem do povo”;
- consagraram-se direitos adquiridos e cada vez mais direitos e menos deveres.
Depois da 1ª festa, alguns tentaram organizar e racionalizar o funcionamento da economia:
- passou-se à privatização de parte das empresas antes nacionalizadas, apesar da actuação das “forças de bloqueio”;
- tentou-se alterar as leis do trabalho, tornando-as mais flexíveis e semelhantes às de outros países evoluídos e competitivos.
O máximo que se conseguiu foi a sistematização da abundante e extravagante legislação laboral num código do trabalho.
Entretanto as empresas estrangeiras, desiludias, deslocalizaram-se para os países de leste.
Ao longo da duração das várias “festas”, a cultura do facilitismo e da desresponsabilização instalou-se:
- os cidadãos pretendiam cada vez mais direitos e cada vez menos deveres;
- a cultura do hedonismo levou a valorizar-se (muito) mais o tempo passado na ociosidade do que o passado a trabalhar;
- os cidadãos foram-se se endividando cada vez mais;
- o estado era o pai e a mãe protectores, o que tudo deveria dar aos cidadãos, e foi assumindo cada vez mais funções e admitindo cada vez mais funcionários;
- os empresários e os trabalhadores do sector privado foram diminuindo de número;
- consequentemente, foi sendo reduzido o número de contribuintes fiscais efectivos e aumentando o número de cidadãos a consumir o produto dos impostos;
- a despesa pública foi aumentado e o estado foi-se endividando para pagar aos seus cidadãos;
- a economia do país tornou-se cada vez menos competitiva e consumir produtos importados tornou-se cada vez mais fácil e, aparentemente, mais barato.
Finalmente tocou a campainha de alarme. Mas alguns fazem de conta que não ouvem e continuam a falar de direitos e a omitir os deveres e fechando os olhos à evolução do mundo:
- o nosso nível de vida foi baixando, enquanto nalguns países com economias ditas “emergentes”, como na China, o nível de vida e os custos de produção foram subindo;
- algumas empresas, que se deslocalizaram do ocidente para a China, estão a regressar dando a aparência de que os pratos da balança se estão a equilibrar;
- mas a Índia parece querer substituir a China na mão-de-obra barata e em qualificação.
Ao ocidente e a Portugal só resta baixar o nível de vida e os custos de produção, inclusive do trabalho, e esperar não atingir a “falência” a curto prazo e que os custos de produção subam nas economias emergentes para equilíbrio dos “pratos da balança”.
Depois das festas, há que trabalhar mais, muito mais, e gastar menos, muito menos e esperar sobreviver.
Amigo e Companheiro JGF, como comunhamos dos mesmos ideiais de sociedade verifico que compartilho em quase todas as tuas opiniões sobre a situação do País. Agora não podemos é tirar mais do bolso do Zé, senão a recessão agrava-se e mais falencias vão estoirar e depois quem paga os Impostos, sem Empresas? Sem consumo não ha produção meu caro amigo. E sem consumo nem os Advogados tem de fazer. só se dedicarem aos casos de divórcios. Pois casa em que não ha pão todos ralham sem razão.
ResponderEliminarCaro amigo Roque
ResponderEliminarCompreendo que entendas que é necessário consumir (comprar) para fazer funcionar a economia.
Mas deixa que te diga que penso que esse foi o argumento que levou à ruína económica do país e que ainda hoje é utilizado pelos demagogos da "esquerda do caviar" e pelos que não querem pagar as suas dívidas.
Em contrapartida, também deves compreender que "quem não tem dinheiro não tem vícios" e que quem se endivida e sabe que não pode pagar entra em insolvência (culposa). Insolvência, talvez seja já a triste realidade que irá trazer muitos sofrimentos...
Meu caro José Gomes Fernandes,
ResponderEliminarVou tentar responder ao teu (interessante) post de forma resumida, apesar de estas questões de fundo ideológico, naturalmente, se estenderem bastante.
Aos demais comentadores, peço desde já que não desvirtuem o assunto com maniqueismos faceis, ou trazendo a discussão para as pessoas (não se fala aqui num louvor ou recriminação a Salazar, por exemplo.
1 - Referes que "as melhores empresas foram nacionalizadas". Ora, mas são as melhores empresas em que perspectiva? Na minha leitura, uma boa empresa é aquela que cumpre um importante papel social: paga ordenados justos, promove crescimento económico à região, e permite, pela sua acção, que no país se viva melhor.Não tenho a certeza que antes do 25 de Abril isso se passasse.
2) "Consagraram-se direitos adquiridos e cada vez mais direitos e menos deveres" - Quanto aos direitos adquiridos, foi uma conquista inatacável, e a situação pré-25/04/74 não se deseja. Posso aceitar que tenha havido excessos na forma como se "desresponsabilizaram" as pessoas em relação ao sucesso produtivo da sua unidade. Lá chegaremos... mas concordo que aí há um problema inegável. Mas discordo que resulte da obtenção de direitos afectos ao trabalho.
3 - "Depois da 1ª festa, alguns tentaram organizar e racionalizar [... ] privatização de parte das empresas nacionalizadas..." - Ora, parece-me que aqui é que houve "festa". E retomo a tua expressão inicial: privatizaram-se as "boas", mas aqui, "boas" com outros parâmetros: as que permitiam lucros fáceis, numa actividade "encostada" ao estado. E na minha opinião, a grande perversão está aí: não na actividade feita "no seio do estado", mas naquela que se desenrola "à sombra do estado". Chamemos-lhe "as privatizações para os amigos"? Ou privatizar "porcos que foram previamente engordados" com livre acesso à "bolota pública"? Olha o caso da Lusoponte ou da Brisa, por exemplo... dos inúmeros que por aí grassam! Olha os bancos, por exemplo, que são "privados" quando dão lucros, e "quase públicos" quando dão prejuízos. E atenta nas relações entre "quem privatizou" e "quem comprou"! A verdade, meu caro, é que a situação actual nem é socialista (estatisante) nem liberal (de iniciativa privada). É uma outra coisa obtusa, uma zona cinzenta que escapa aos rótulos ideológicos!
(Continua o comentário, para já não me alongo mais).
Uma sugestão:
ResponderEliminarhttp://ww1.rtp.pt/noticias/?t=Quando-uma-outra-%93troika%94-elogiava-a-economia-portuguesa.rtp&article=496890&visual=3&layout=10&tm=6
4 - Legislação Laboral: concordo que é complexa, demasiado abundante. Se é mais garantista que os outros países desenvolvidos? Aí já não sei. Recentemente tive que estudar a lei espanhola, e cheguei à conclusão que para uma empresa espanhola, é mais caro despedir um funcionário. E que um funcionário com 13 meses numa empresa, dê-se as voltas que se derem, está efectivo. Contudo, é mais fácil despedi-lo... embora mais caro. Concordo mais com este conceito, mas não tenho a certeza que seja menos garantista que o nosso. Não posso concordar é que a "flexibilidade" seja mero eufemismo para um desnivelamento unilateral (no sentido do empregador) das relações de poder, na relação laboral. Isso é, de facto, voltar a antes do 25 de Abril, num aspecto que não me agrada.
ResponderEliminar5 - Deslocalização para os países de leste (e acrescento: India e Sudeste asiático. E até para o Magrebe, imagina!). Pois... esta questão relaciona-se com o modelo de desenvolvimento a que aspiramos. Algumas das que deslocalizaram, sinceramente, não as acho importantes. As empresas que só estão num país enquanto puderem explorar livremente os trabalhadores, ou poluir sem pagar, ou ter lucros sem serem tributadas, etc..., não são "empresas boas", como argumentei inicialmente. E muitas deslocalizam-se por isso mesmo. Em linguagem corrente, "vão-se embora quando acaba a mama". Mas admito que noutros casos, não se passa isso, e elas se vão embora por falta de qualificação da mão de obra disponivel, ou por demasiada complexidade administrativa, ou por ineficiência da justiça... isso sim, é mais preocupante, e merece outro tipo de reflexão.
6 - Hedonismo e ociosidade; endividamento das familias - Aqui, são problemas sociais do tempo da "Maria Cachucha"... é certo, são problemas mesmo. Já era verdade no tempo dos descobrimentos, não era? Sempre fomos, enquanto povo, vaidosos e pouco produtivos. Desenrascados mas desorganizados. Endividados e inconsequentes. Não creio que o 25 de Abril tenha contribuido tanto assim para este satus quo.
(continua)
7 - Excesso de número de funcionários públicos - concordo. A "festa" começou uns 10 anos depois do 25 de Abril. Para se compreender a questão, basta olhar para Pombal. O resto do país, na administração local e central, ao que consta, funciona da mesma maneira.
ResponderEliminar8 - Menos funcionários privados e empresas privadas - resulta não tanto da "transferência" para o "público" (por o público deixou de produzir coisas, com as privatizações), mas sim por simples decréscimo da actividade produtiva. Ou seja, não é um problema de "estado-patrão", mas um problema de produção nacional. Penso que o problema, aí, começou verdadeiramente (ou agravou-se) a partir de 1986, com a então CEE e os seus fundos, que deram a sensação de "dinheiro fácil" e criaram a noção de que não era preciso produzir nada para se ganhar dinheiro. Culpa própria. Mas também culpa do "directório". Os grandes países da Europa central, ao darem dinheiro aos periféricos, fizeram-no não por altruismo, mas para "comprar mercados". Deram-nos peixe, mas nuca quiseram, verdadeiramente, dar-nos a cana. E, verdade seja dita, nós tb não fizemos muita força para pedir a cana.
9 - "A despesa pública foi aumentado". Foi sim senhor. Com despesa "boa", e com despesa "supérflua". Termos um país hoje em que a taxa de mortalidade infantil é das mais baixas do mundo, é bom. Houve seguramente "despesa boa" aí envolvida. Toda a gente hoje em dia tem reforma e assistência médica - despesa pública boa. Haver malta ligada à produção e distribuição de medicamentos que enriqueceu de forma obscena, resulta de "despesa pública má". Receber reformas "douradas" aos 40 anos, e quando ainda se está no activo, porque se foi qq-coisa-politica, é despesa pública má! Ou seja, é importante separar o trigo do joio. A despesa pública não se mede só por "aumentos" ou "diminuições", mas sim pelo seu contributo para uma sociedade mais justa, humanizada, solidária e digna. Em suma: para que toda a população viva melhor (e não apenas os que já eram bafejadas pela boa ventura).
10 - "Nivel de vida" - Os chineses ainda precisam "patinar muito" para terem um nível de vida sequer parecido ao nosso. O chinês de classe média/baixa vive muitissimo pior do que o português de classe média/baixa. E não me parece que as nossas cedências devam ser na qualidade de vida. Em resumo, nós trabalhamos e procuramos evoluir, para isso mesmo: para termos mais garantias, mais saúde, mais educação, mais protecção social, menos desigualdade. A questão deverá ser: como podemos manter este nível, ou melhorá-lo? Como poderemos ser mais produtivos? Gerar mais riqueza? Distribui-la melhor?
11 - "Depois das festas, há que trabalhar mais" - Concordo em absoluto. "...e gastar menos, muito menos" - substituia por "e gastar melhor, muito melhor". Quanto ao nosso nível de vida, ele já é muito mais baixo que nos outros países da União Europeia. Não creio que seja essa a nossa bitola. Alteremos antes as "outras condições" que uma Alemanha, Holanda, Suécia, etc, apresentam. Eles têm um nível de vida muito superior ao nosso. E sobrevivem. Vamos lá ver onde é que estamos diferentes, e adaptemo-nos. Eu quero viver como os suecos ou os holandeses, e não como os chineses ou os indianos.
Abraço, e parabéns pelo post e pela possibilidade de discussão, Zé!
Caro amigo Gabriel
ResponderEliminarCaramba, o “aparo da tua caneta” estava mesmo enferrujado…
A tua crítica é sempre positiva: ajuda a reflectir. Porém, entendo que, à tua visão idealista do funcionamento da sociedade, é necessário contrapor o pragmatismo da vida: viver dentro das possibilidades e com os meios disponíveis ao serviço das pessoas que temos.
Meu caro, a “sociedade mais justa, humanizada e digna”, que faz “despesa boa” e que sabe “gastar melhor, muito melhor”, não existe. Não existe porque não tem recursos bons ou maus ilimitados para gastar na “despesa boa”. E não existe porque, numa sociedade onde todos deveriam ser iguais, “alguns são mais iguais que outros” e sublimam-se sempre com “triunfo dos porcos”.
Quanto aos direitos adquiridos, já aqui deixei a minha posição em comentários anteriores. Resumidamente, direi que não pode haver direitos adquiridos, sobretudo quando representam privilégios para os “porcos” e desigualdades e “deveres adquiridos” para os “cavalos”, estes também chamados contribuintes “escravos”.
Quanto às dificuldades financeiras dos bancos, as mesmas devem-se sobretudo às dívidas do estado que, através dos partidos políticos, corrompe os eleitores e lhes compra o voto com promessas de mais despesa e mais dívida.
Quanto ao amento do número de funcionários públicos e à consequente redução do número de empregados no sector privado, direi que é a dura realidade que poderás verificar nas estatísticas de todos os países da Europa, de toda esta Europa moribunda…
Volta sempre.
Bom dia!
ResponderEliminarCaros Amigos JGF e Gabriel felicito os dois pela brilhante discussão deste tema.
Gostaria de acrescentar apenas isto:
- Com o 25 de Abril foram destruídas todas todas as células económicas onde havia economia de escala e, com as nacionalizações, não foram criadas alternativas.
- Actualmente apenas podemos exportar sindicatos para China e Índia para melhorar as condições de vida daquelas gentes.
- O grande mal do nosso País foi permitir que os subsídios servissem para comprar vacas e porcos de raça com cinco rodas.
- Ainda, os políticos esqueceram que , com a abertura de fronteiras, o final da festa, acabaram os proteccionismos de mercado tornado a transferência de no how e tecnologia para outros países muito mais fácil e mais barata.
- Finalmente uma máxima dos economistas clássicos do mundo ocidentais: numa economia de mercado não há economia saudável se não houver comércio saudável e, efectivamente, não temos um comércio saudável capaz de pagar os impostos a tempo e horas de forma a sustentar a pesada máquina social do ESTADO.
"Exportar sindicatos para a China e India" é uma boa ideia e uma metáfora feliz. De facto, parece-me que devem os países ocidentais, na medida das suas possibilidades, competir com esses países precisamente dessa forma: fazendo um esforço para que, também lá, as pessoas (os trabalhadores) tenham condições de trabalho e de nível de vida melhoradas. E aí, meus amigos, não há respeito por diferenças culturais que nos impeçam de defender, por exemplo, a não exploração do trabalho infantil, o trabalho sem retribuição capaz de garantir o sustento da familia do trabalhador (o nosso conceito de "salário mínimo"), os períodos de descanso que façam diminuir os acidentes de trabalho, etc...
ResponderEliminarPassar a culpa da crise que se vive no pais para as costas dos trabalhadores , dizendo que se endividaram e que viveram na ostentação não é sério e roça até o ridiculo.
ResponderEliminarNão sério parece-me o comentário do “Vasco”, pois ninguém disse que a culpa da crise era dos “trabalhadores”. Culpa é de todos os portugueses.
ResponderEliminarPor outro lado, direi que todos quantos trabalham, por conta própria ou por conta de outrem, são trabalhadores. Há quem, na falta de argumentos, utilize a palavra “trabalhador” como chavão…
O que me preocupa são todos aqueles que, podendo trabalhar e não trabalhando, recebem remunerações de empresas privadas ou do erário público, como por exemplo aqueles se arrogam representantes dos trabalhadores. Parecendo-me que o ilustre comentador “Vasco” é adepto do comunismo, dir-lhe-ei que, no código penal da antiga URSS, estava prevista pena de prisão para quem podia trabalhar e não trabalhava…
Meu caro JGF:
ResponderEliminarOs trabalhadores são uma espécie de costas largas, em vias de extinção. As empresas - aquelas que foram erguidas por empresários, administradores, gestores e directores gerais - tendem a deixar de ter trabalhadores para terem antes "colaboradores". E, como sabemos, colaborar quer dizer cooperar, contribuir, auxiliar. Quer dizer que, com sorte, essa cooperação passa a ser gratuita. Vendo bem as coisas, tudo se simplifica nessa... extravagante legislação laboral.
Nesta brilhante análise falta aqui um período importante da festa: os idos de 90 e picos, quando Portugal se convenceu de que era um país rico. O Cavaquismo em todo o seu esplendor.
O problema foi desabituar-se. Como sofremos desse atraso cultural sério, tudo leva muito tempo. Nisto, veio a moeda única. A portuguesice é sinónimo de xico-esperteza. Arredondam-se contas e vamos embora, que isto às moedas não custa nada. Já no pagar é que é pior...E foi isto: magotes a sairem das universidades, se querem trabalhar têm que saber o que custa a vida, paga-lhe 500 euros e já goza. E primeiro que fique à experiência, depois que faça o pino. Não pode ganhar mais do que isso porque senão a manta é curta para os salários de topo, que reúnem e viajam e reúnem e planeiam e cortam gorduras e reúnem e avaliam e reúnem.
A culpa é nossa? Claro que é.
Boa tarde!
ResponderEliminarCamaradas, companheiros ou talvez amigos alguém sabe do Sr. Salazar? procura-se!
Para se viver bem em Portugal são necessárias 5 condições:
- acabar com os ladrões de topo
- revogar todos os códigos legislativos e fazer novos para evitar o pagode que vai na justiça.
- diminuir o mercado paralelo em 50 %
- não incriminar os trabalhadores ou os patrões e responsabilizar os políticos, não se compreende nem se aceita que um político tenha um subsídio de alojamento equivalente ao dobro do salário de muitos funcionários públicos.
- acabar com correcções dos preços de empreitadas públicas cujos desvios chegam a atingir 200 % e mais.
Satisfeitas estas condições vemos a equidade a funcionar e obviamente a justiça social.
Permitam-me lembrar uma história da década de 60:
Um engenheiro de Aveiro, Mário Zagálo, ganhou o concurso para a construção da ponte da Arrábida, (Porto para quem não sabe).
Na construção da ponte houve problemas, a obra não correu ao Sr. Engº como ele queria e, este, apresentou a correcção de preços do caderno de encargos. As obras naquela época eram poucas e Salazar viu a correcção de preços ou foi alertado para o facto, chamou o Sr, Engº e disse-lhe: a obra foi feita como o pretendido e está de acordo com o caderno de encargos, foi dado o orçamento e é por esse valor que pagamos e, por não saber fazer contas, fica proibido de concorrer a obras do Estado durante 20 anos.
Caríssima Paula.
ResponderEliminarA utilização de palavras chavões, tais como “trabalhadores”, “crianças”, “velhos”, “desempregados”, “deficientes”, etc, não constitui argumentos. Argumentos são premissas e conclusões. Todos temos direitos e deveres.
Quanto aos “idos anos de 90”, devo recordar que os indicadores económicos apontavam para a aproximação da nossa economia à da Europa comunitária. Porém, alguns menos sérios, lembraram-se de inventar mais alguns chavões que utilizaram como argumentos: “os portugueses não são números, são pessoas” é necessário acabar com a “política de betão”. Com tais argumentos pretendiam aumentar a despesa pública. Um candidata a primeiro ministro, também da mesma área política dos “inventores”, entendeu que havia “folgas” orçamentais para prometer o “rendimento mínimo” e para, durante uma viagem de helicóptero sobre a zona da capital, prometer a abolição de portagens. Curiosamente história das “folgas” e da irresponsabilidade estão de volta por parte do mesmo sector político.
Quanto ao ensino, devo dizer que nem todos os estudantes são dedicados e “trabalhadores” e que o estado (os contribuintes) não pode pagar cursos superiores a todos, mas apenas aos melhores. Também a “concessão de diplomas” de formação fictícia pelas “novas oportunidades” deve terminar…
Meu Caro José Gomes Fernandes,
ResponderEliminarOlha que belo exemplo, o das portagens! A quem beneficia a "folga de Agosto" nas portagens? Aliás, a quem beneficia, em grande medida, as portagens na ponte 25 de Abril? Aos utentes, numa boa medida, é verdade. Esses "despesistas"... ;) mas também (e que bolo!) à Lusoponte. Com um negócio feito entre o estado e o privado, que todos sabemos ser absolutamente ruinoso para o estado. Que estado negociou? Que privado beneficiou?
Não entendas este argumento como uma questão "partidária", que não é. Poderia também dar outros casos por aí falados... Mota Engil, por exemplo. Infelizmente, esta questão não depende da "cor política", senão poderia ser facilmente resolvida. Isto é o "sistema instalado" entre quem tem dividido o poder. Como uma vez disse o saudoso Saldanha Sanchez, as guerras entre o PS e o PSD são apenas na televisão, porque estes partidos palmilham os mesmos corredores de poder, de braço dado. E regem esses corredores em comandita!
De resto, e não querendo vilipendiar a tua reflexão, parece-me que o "buraco" foi sendo cavado não tanto por falta de competência ou por opções ideológicas erradas, mas essencialmente por falta de seriedade. Falta essa que poderá ser denominada, usando a tua terminologia, de "festa".
Por fim, e para clarificar, deixa-me dizer-te que não tenho preconceitos ideológicos fundos. Todas as ideologias pretendem o mesmo: o bem estar geral da população. E todos os politicos bem intencionados, venham eles de que quadrante venham, visam isso mesmo. Quanto aos politicos mal intencionados (que os há em todos os cantos, também), esses não contam para este totobola. Só contam para o "buraco", infelizmente...
Quanto a Orwell (esqueci-me de o dizer aquando do teu primeiro comentário), meu caro... como bem te recordas, os porcos não triunfam verdadeiramente. Acabam diluidos nos traços humanos. O seu convívio com os demais agricultores faz notar essa confusão, quando os outros animais (como se chamava o cavalo velho e astuto?) começam a ver "figuras humanas" nos porcos que os comandavam.
ResponderEliminarVoltamos ao meu corolário do comentário anterior, pelos vistos partilhado também por Orwell: não é uma questão da gema das pessoas, mas sim do "ar putrefacto dos tais corredores do poder". Em Portugal, todos os que o percorrem, parecem ficar contaminados!
Bom dia!
ResponderEliminarGabriel os políticos mal intencionados são muitos, não precisam do totobola, já o têm nas mãos, não jogam, e têm uma visão do futuro para ajudar os pobres totalmente diferente das pessoas comuns.