28 de fevereiro de 2014

Pimpão e a requalificação

Em 2009 regozijei-me pelo facto do Eg. Narciso Mota ter estabelecido como prioridade do seu mandato a reivindicação,  junto do governo, de obras de requalificação do IC2. Aquela que era uma reivindicação antiga da CDU de Pombal parecia, finalmente, interessar ao poder. Ingenuidade... 

Agora, o nosso deputado Pedro Pimpão, membro do grupo de trabalho da Segurança Rodoviária na Assembleia da República, "defende requalificação urgente do IC2, IC8 e EN109". Regozijo-me de novo. Imagino que, daqui a 5 anos, estarei, mais uma vez, a regozijar quando Diogo Mateus eleger a requalificação do IC2 como objectivo central para o seu segundo mandato à frente dos destinos da Autarquia. 

O problema é que o meu regozijo pontual não resiste à mágoa permanente de saber que esta via continua a ser sinónimo de morte. E é neste registo bipolar que temo continuar se os nossos eleitos não tiverem a coragem de defender, com garra, aquilo que tão pomposamente anunciam. 

27 de fevereiro de 2014

LEMBRAIS-VOS DO “AREIAS” DA CANÇÃO? ou (re)CLAMAR NO DESERTO


Às onze horas da manhã de sexta-feira, 7 de Fevereiro de 2014, o meu (e Vosso) Amigo Gonçalo Santos, do alto da Rádio Cardal onde há tantos anos trabalha tão bem, tirou uma fotografia que vale por todo um depoimento palavroso. Tal imagem vale bem e justifica bem as mil palavras que possa suscitar. Não se vê humana mosca na Avenida. Ninguém. Às onze da manhã de um dia útil, nem uma alma. Uns carros estacionados. Alguns lugares disponíveis para mais. Árvores magras sem uma sombra de folha. Nuvens carregadas a Oriente sublimando a invernia corrente. É uma gravura tremenda: porque dela ressuma o deserto, a desertificação, o despovoamento, a aridez – e a solidão gravosa de toda a província que se deixou comer pela soda cáustica da famigerada globalização. É preciso ter coração de pedra para não ficar com um nó na garganta e outro no peito. Onde está a humanidade desta nossa charneira? Que é feito do vulgar cidadão que ia ali às Finanças tratar do problema dele? Que é feito da senhora que à montra do Mário “Pneu” estudava uma mobília de quarto para a filha que se vai casar, em Agosto naturalmente, com um rapaz ali do Barrocal que se fez engenheiro em Coimbra? Que é feito do polícia em tranquila ronda? O David “Jornaleiro” tinha mesmo de ir para Abiul? Não há ninguém que aceite companhia para uma bica no Esquina? Por que não passa nenhum táxi? Caramba, é esta sexta-feira – e a vida sempre foi melhor às sextas, que me lembre.
Não se vê um cão público com suas pulgas privadas. Não se vê o bom Diogo Mateus acompanhadíssimo de investidores sul-americanos como os que nos foram prometidos nas abébias de campanha. Não se vê o bom Adelino Mendes a resgatar o PS de um buraco maior do que aquele que o senhor Carrilho anda a abrir há duzentos e trinta e sete anos na Sicó. Não se vê o furtivo António Jorge Calvete a abrir (mais) um colégio como quem escancara portas a (mais) um bazar chinês. Não se vê o sempre magnífico Adelino Leitão a refundar a Internacional Moscovita entre o Ramiro do Shopping e o Tó Mota da Viúva. Não se sente sequer a torrente oratória do civilizado doutor Armindo Carolino suspeitando (com razão) de que o buraco da Sicó não é local decente para a sede do PS. Nem sombra há do impecavelmente trajado doutor Luís Garcia a caminho do Arlindo da 2000 para ali usufruir da sempre perigosa proximidade de cavalheiros como o bom Alfredo Faustino e o engenheiro Francisco Faro. Não se vê nadinha, a ponto de eu me perguntar se isto não é, afinal, a terra de nascimento do José Feliciano, do Andrea Bocelli e do Stevie Wonder.
Podereis pensar que me estou a rir enquanto escrevo isto. Não estou. Muito pelo contrário. A fotografia do Gonçalo tirou-me as ganas de gozão. Ainda me aparece o Alegria-2 às canelas e/ou o Tarantola às lapelas – e depois é que são elas. Ando assim (sorumbático, encolhido, mirrado, enxovalhado quase) desde que o ti’ Ilídio fechou a Cardigo. Eu ia lá às sextas. Antes e depois de lá ir, era uma alegria. O Cardal ainda tinha gente. O João Faria ainda não pensava na Associação de Pais do Agrupamento da Secundária. O David ainda não tinha ido para Abiul. O Pedro “Chita” ainda tinha o Matrix e nem por sombras pensava em atacar os cordões à mochila e emigrar. E o Alfredo já era o “27” porque com facilidade havia mais 26 na rua.
As coisas estão a mudar para muito pior. Afinal o futuro era isto. Sempre quero ver o que é que a anunciada Pombal TV vai filmar. Se for filmar a pedreira, que se despache, que a serra é capaz de não chegar ao Natal. Se for filmar assuntos aqui mesmo farpeados, compromete a sua própria “credibilidade”, que é uma coisa que preocupa muito um jota veterano da nossa (triste) praça. Se calhar, o melhor mesmo é esse novo projecto (que aqui saúdo como boa-nova que é) se dedicar tão-só a registar as reuniões mensais da Assembleia Municipal. Com as devidas excepções, sempre seria dar coerência ao vazio: nem que seja pela cabal amostragem, salvaguardadíssimas as justas e honrosas excepções, deste ou daquele camelo, que é alimária que nunca falta em deserto que se preze. Ou a si mesmo se despreze, coisa que a fotografia do Gonçalo faz ver até ao Feliciano, até ao Bocelli e até ao Stevie Wonder.

26 de fevereiro de 2014

Daniel Abrunheiro, um homem a tempo inteiro

A frase é dele, há muitos anos, quando se apresenta.
Aqui na casa não precisa de apresentações, em Pombal muito menos.
O que temos para vos dizer é que a partir desta semana o nosso "cronista" de quinta(s)-feira(s) passa a integrar a equipa do blogue, juntando-se aos da casa.
Bem-vindo outra vez!

Pombal: capital do Caulino

Regozijem-se! Pombal – o tal concelho charneira – será, nas próximas décadas, a capital do caulino.
Muito por ação e omissão dos políticos locais, que silenciosamente, sonegando informação, encomendando pareceres “técnicos” ardilosos; procuram, maquiavelicamente, desresponsabilizar-se, ludibriar as populações e dar cobertura a decisões erradas que condenarão as populações limítrofes das grandes áreas de exploração a graves prejuízos e a um longo martírio.

Sai mais uma avença para o Teófilo & C.ª

No valor de 33.317,50 euros, por um período de 10 meses.
A oposição diz discordar mas abstêm-se.
Mudam as moscas… 

24 de fevereiro de 2014

Alegrem-se os céus e a terra/cantemos com alegria!


Quando esta noite passavam na tv umas imagens do congresso do PSD no coliseu, paredes meias com o espectáculo do La Feria (o culpado disto, afinal, pois bem que podia ter aproveitado PPC para a comédia em vez de o colocar a fazer papéis sérios), do outro lado da rua, pareceu-me aquela fase final de Sócrates em que ele aparecia a falar de um país que só existia na sua cabeça e para os seus mais próximos.
Santana Lopes chamou-lhe festa. Na verdade, foi um espectáculo, sim. Esta gente ri-se a bom rir, provavelmente da piada do Montenegro, que há dias copiou Narciso Mota e pôs o coração ao pé da boca: "a vida dos portugueses não está melhor mas o país está melhor".
Além disso o Pedro Pimpão foi eleito para o Conselho Nacional e é um júbilo por esse Facebook fora. Como ele próprio anunciou, as notícias vão saindo...


23 de fevereiro de 2014

Uma desilusão

A lista do “nosso” digníssimo deputado Pedro Pimpão, para o congresso nacional do PSD, conseguiu perder contra o Miguel Relvas!

Boa entrada

Realizou-se hoje a I Maratona de BTT dos Bombeiros Voluntários de Pombal. Quatrocentos participantes desfrutaram das belas paisagens e dos sinuosos trilhos da Sicó. Foi uma boa entrada dos Bombeiros neste tipo de eventos: organização, percurso, marcações, reforços e almoço. O retorno para os bombeiros, tangível (mais de 5000 € de inscrições para material de proteção individual) e intangível, e para a comunidade é significativo. 
Era indesculpável que uma terra que tem condições únicas para os desportos de montanha não tivesse uma grande prova de BTT. Ainda não o foi (nem era expectável que o fosse), mas a entrada promete.

22 de fevereiro de 2014

Praxado

Definitivamente, a praxe está a tornar-se um vírus. Evito vir aqui para não ser praxado com a praxe. Procuro desenfastiar-me com uma palestra sobre “o poder da comunicação” – do presidente da ERC – e sou praxado com 310 diapositivos de fotos de grafitis.

Um fastio, regado com muito bafio.

20 de fevereiro de 2014

SE NÃO CONTAREM COM O JOÃO, ENTÃO COMIGO TAMBÉM NÃO Ou CRÓNICA SOBRE A BALBÚRDIA QUE ANDA A SER AQUILO DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS

Eu já fui professor do então denominado 8.º Grupo B do ensino secundário. Aconteceu noutro século. Nesses já remotos anos, a minha Escola era o louriçalense Instituto D. João V. E a vida era boa como cerejas frescas. E dava para pôr um “V” antes do segundo “E” de “cerejas”. Adiante.
Entre 1989 e 1993, a minha Escola era, como disse, o louriçalense Instituto D. João V, estabelecimento então muito menos famoso do que agora, mas por boas razões: os professores davam aulas, os alunos tinham-nas e a Associação de Pais local era uma remota eventualidade mais do foro da ficção científica do que da pragmática quotidiana do regular funcionamento lectivo. Mas adiante de novo.
Aconteceu que, em 1990 primeiro e logo depois em 1991, este V. cronista foi convidado pelo Conselho Directivo da Escola Secundária de Pombal a vir à estimada e prestigiosa instituição que tantos bons frutos deu já à Pátria e até a Vermoil. Aceitei. Motivo do convite: palestrar e aconselhar os então décimo-segundo-anistas relativamente à famigerada PGA (Prova Geral de Acesso, espécie de funil artificioso com que o ME de então queria justificar o numerus clausus do acesso ao Superior). Disse que sim e vim. Fui muito bem recebido, tanto em 90 como em 91. Tenho até dois certificados carimbados e tudo que atestam que V. não aldrabo. Acho que os miúdos aproveitaram alguma coisa. Eu também. E pronto: num fósforo, já lá vai um quarto de século quase. Pelos meus 30 anos, deixei o ensino como ganha-pão e ingressei no jornalismo. Asneiras da juventude, que hoje amargo com língua-de-palmo. Ou não. Mas adiante ainda, que o bingo ainda não é aqui.
Estabelecido o contexto nos primeiros parágrafos, ataco agora o assunto que deveras aqui me trouxe. E o assunto que deveras aqui me trouxe – é o da balbúrdia que pela mesma Secundária pombalense parece andar (e anda) grassando e desgraçando quase tudo e quase todos, do mais ínfimo bicho-careta ao mais autoproclamado senhor-doutor-da-mula-ruça-dá-lhe-o-xarope-para-que-ela-não-tussa.
Garanto-vos que em 1990 não era nada disto: professores eram professores, pais eram pais, directores eram directores, alunos eram alunos – e a mais, ninguém se sentia obrigado. Agora, nada disso. Agora há professores que querem ser pais e professores ao mesmo tempo e na mesma Escola. Praticamente, moram lá, só devem ir a casa escovar os dentes e mudar a areia ao gato. Parece-me que secundária, para eles, é a missão educativa, porque primária é a tentação de mandar alguma coisita, já que se calhar em casa não mandam nada. Ou então, se calhar, esta zaragata de vespas, por assim dizer, nasceu da mesma confusão originada pelo abate/fusão de freguesias. De freguesias e de agrupamentos. Puseram, por exemplo, o agrupamento da Marquês a chuchar – e agora é o que se vê: uma cacofonia de tachos vazios tão grande, que ele é alumínio amolgado por tudo quanto é sítio. Alumínio e até casais casados tão bem habituadinhos a mandar naquilo que, até por lei, nem é deles.
(Abro aqui parêntesis por necessidade de clareza, teatrice de àparte e injecção de piadola. A coisa vai em maiúsculas como se eu estivesse no palco do Teatro-Cine a mandar bojardas gilvicentinas para gáudio da geral plateia: ENTÃO E SE O JOÃO FARIA TIVESSE FEITO E TIDO E MANTIDO FILHOS? PODERIA O BOM JOÃO CONCORRER, ELE TAMBÉM, À ASSOCIAÇÃO DE PAIS DA SECUNDÁRIA? HUM? PODERIA OU NÃO PODERIA? OU TAMBÉM LHE DIRIAM QUE ELE NÃO TINHA LÁ CABIDELA PORQUE NÃO TEM CURSO SUPERIOR E PORTANTO NEM SABE FAZER ACTAS NEM PODE DAR RELIGIÃO E MORAL? HUM? Fim de parêntesis.)
Ora, como vos dizia, tudo isto me cheira ao mesmo esturro da politiquice baixa tão à moda e ao gosto da cena pombalense. Cheira-me, até, a cera fria de sacristia, um não-sei-quê de saiotes à Opus Dei fantasmando vigaricezitas em nome do é-tudo-por-Deus-mas-começa-por-mim. Cheira, cheira. E por me cheirar a essa ímpia e falsa piedade, dou-lhe de machado. Claro. (Até já estava a demorar o trocadilhozito, não estava? É mais ou menos por esta altura que por exemplo o Zé Gomes Fernandes se começa a rir, esse meu Amigo que tão calado tem andado em relação à ETAP desde que os maiorais de lá também foram mudados.) Mas o bingo é ali em frente e não há-de ser ele a vir a nós. Vamos pois nós a ele com esforço, dedicação e devoção, que a glória é certa, a acreditar no Sporting.
Eu não lhe chamo ilegal, mas chamo-lhe imoral, até regimentalmente. A quê? A quem? Ora, a ser prof. e pai e tudo ao mesmo tempo – nem que seja para que mais ninguém o possa ser. E acho perfeitamente tenebroso que a Educação deixe de ser efectiva e genuína causa comum para ser apenas a gamela onde refocilam lavagens uns quantos bacoritos ávidos de projecção social que nem sequer desconfiam que, lá ao fundo dos 40, 50, 60 anitos está a moléstia à espera de nos tornar a todos clientes da Guida da Funerária. E que a vida é curta. E que a vida é preciosa de mais para ser desperdiçada nestas questiúnculas de auto-afirmação sempre (MAS SEMPRE) em detrimento dos outros. E que nem nos próprios filhos pensam, ocupados que estão na ilusão de, em vez de um Opel Corsa a cair aos bocados como agora, virem a ter na garagem nem que seja uma terça parte dos calhambeques de luxo como os Madamas, esses campeões do sorteio das facturas, pois assim foi que juntaram tanto Ferrari, ó bom Deus!
Se eu posso dizer isto?
Posso – porque sei o que digo, sei do que falo – e porque, referindo-me afinal a toda a gente, particularizo ninguém. Não é assim, ó meu bom Amigo Manuel António, que em vez de andares sossegadinho lá pela nossa Guia ainda te dás ao triste luxo de ensinar a gente que estas coisas do poder são muito lindas mas têm de ser legítimas. Que para se ser bom docente, decente há que ser também. Que os Conselhos Gerais têm precisamente de ser isso – Gerais, não propriedade privada de meia-dúzia de malacuecos que fazem vista-grossa à incontornável obrigação de a barcarola da Educação ser remada por todos e na mesma direcção, de professores a alunos, de pessoal não docente a pais, com uns pós de Câmara (mas não muitos, caso contrário lá me cheira outra vez a sacristia politiqueira), de entidades locais e… do João Faria, que mesmo, ao que se saiba, não sendo pai, nem sabendo redigir actas à “doutor”, também no meu tempo ia ao Instituto do antigo Louriçal mostrar aqueles calhauzitos carregadinhos de sinais dinossáuricos.
Como dinossáurica também me parece, à pombalense moda, esta afinal ridícula trauliteirice de uns zés-marias-afinal-ninguéns que, sem ao menos uma associaçãozita de pais, nenhuma marca deixariam.
Nem pela tal PGA passariam com aproveitamento. Pela PGA ou por mim, que também fui professor, que também sou pai mas nunca me dei à triste sina de querer mentirosamente parecer o que o ser verdadeiramente me nunca deu.
Ite, missa est. Ide em paz.

19 de fevereiro de 2014

Beneméritos?

As empresas municipais foram o instrumento utilizado pelas câmaras municipais para quebrar os mecanismos de controlo da administração pública, para criar empregos para os boys e para proporcionar retribuição adicional a muitos autarcas. Em Pombal serviram os dois primeiros desideratos.
Os abusos dos autarcas obrigaram o poder central a colocar alguns entraves, nomeadamente a não acumulação de remunerações e a remuneração de um só administrador. Compreendem-se as opções do legislador, porquanto as empresas municipais abarcam atividades da esfera de ação do executivo camarário. Parece claro que, tendo o legislador estabelecido que as empresas municipais teriam três administradores e só um remunerado, os cargos não remunerados deveriam ser exercidos pelo presidente/vereadores eleitos. E em Pombal foi essa a prática nos mandatos anteriores.
Atualmente a PMUGest é administrada por um conselho de administração com um presidente não remunerado, uma administradora não executiva não remunerada e um administrador executivo remunerado.
Administrar uma empresa municipal é, também, administrar dinheiros públicos (nosso). A função envolve exposição pública e responsabilidade politica, civil e criminal que, pelos vistos, o presidente da câmara e os vereadores não querem (mas deveriam) assumir.
O que leva, então, profissionais respeitados a assumir funções de tamanha responsabilidade sem retribuição?

Praxes de morte

“Faz parte”, era a expressão que desde há alguns anos tenho ouvido de algumas mães em resposta às minhas posições anti praxe académicas. Resposta que era, simultaneamente, uma concordância com os conteúdos das práticas e uma justificação dos seus passados estudantis na participação em tais práticas sem qualquer utilidade.
A falácia da integração dos estudantes caloiros esconde a realidade com que alguns pretendem retirar prazer da humilhação e do sofrimento de outros. Entendo que não são necessárias grandes reflexões para se compreender que mesmo as simples “brincadeiras” da praxe acabam sempre por evoluir para o abuso e para a violência física ou psicológica, organizada e dirigida por cábulas com o consentimento inicial das vítimas e a cumplicidade da sociedade e das Universidades.
As consequências trágicas recentes das praxes estudantis são apenas um exemplo extremo de tantos outros atos de violência não divulgados e que a sociedade tem encorajado, inclusive nas escolas secundárias do nosso concelho e da cidade de Pombal...
As mentalidades, os usos e as modas também se mudam. 

17 de fevereiro de 2014

Anatomia de um órgão: a Associação, os pais e os amigos deles


Há precisamente um mês, no dia 17 de Janeiro, o hall da Escola Secundária de Pombal fervilhou de actividade. Decorreu ali a eleição dos representantes dos pais e encarregados de educação do agrupamento de escolas de Pombal (esse monstro criado pelos organismos ditos competentes, que abalou a vida e a organização das várias escolas) para o Conselho Geral Transitório, com uma impressionante e saudável afluência de pais. A eleição acontecia depois deste post do Adelino Malho, daquela reunião em que também estive, e de tentativas feitas pela Associação de Pais no sentido de "eleger" ao estilo nomeação os quatro representantes, em reuniões posteriores.
Com a chegada de uma convocatória a casa de todos os pais - enviada por correio, em nome dos mais de três mil alunos - pareceu-nos (a mim e a outros pais igualmente críticos daquele modus operandi de uma instituição que se auto-elege, entre si) ver ali alguma reposição de igualdade e justiça. Dizia a convocatória - assinada pelos presidente das assembleias-gerais das duas associações de pais do agrupamento (há outra associação, na Redinha) que "as listas deveriam ser entregues até às 17h30". Assim fizemos. Pairaram dúvidas durante quase duas horas sobre a aceitação de uma lista de pais que não emanava das Associações. A presidente da Associação de Pais do Agrupamento - que também encabeçava uma lista para os representantes dos pais no Conselho Geral - tinha aproveitado a ocasião para reunir, ali ao lado da mesa eleitoral, os pais representantes das diversas turmas, de todas as escolas e níveis de ensino. Manifestou-se desde logo contra a existência de qualquer outra lista. Mais tarde, haveríamos de perceber que aquela atitude era um mal menor, perante o que estava para vir.
Com a confusão instalada, muitos pais acabaram por abandonar a Secundária sem exercer o legítimo direito de voto. Os que ficaram, assistiram ao momento em que a presidente da mesa eleitoral decidiu aceitar a proposta em causa, e dividiram-se entre 66 votos a favor da lista A e 58 da lista B, mais cinco brancos e três nulos.
E assistiram também ao momento hilariante em que a presidente da Associação quis votar duas vezes, e depois à cena final, quando rasgou o boletim de voto, à frente de todos. Só não assistiram ao rol de peripécias que ocupou o último mês, em que houve lugar para tudo, tentando impedir a todo o custo que as duas mães eleitas pela lista B nunca chegassem ao conselho geral. Vou dispensar os leitores do Farpas dos pormenores mais sórdidos e lamentáveis, por ter chegado à triste conclusão de que não há limites para a ânsia de poder. Chegámos ao ponto do Conselho Geral cessante receber duas actas: uma legitimamente redigida e subscrita pela presidente da mesa eleitoral, e também da mesa da assembleia geral da Associação de Pais do Agrupamento, e outra presumivelmente feita pela própria presidente da direcção da Associação, com um conjunto de assinaturas que a própria recolheu juntos de diversos elementos.
Esta manhã, os diversos membros eleitos para o Conselho Geral Transitório foram finalmente convocados para tomar posse, ao lado dos representantes de alunos, professores, pessoal não-docente, Câmara Municipal e outras entidades locais. Perante a novela em que se transformou o caso, ficam-me algumas dúvidas:
1. Haverá petróleo, ouro, ou outra riqueza escondida nas reuniões do Conselho Geral?
2. O que leva uma Associação de Pais e mover céus e terra para impedir que pais e mães comuns participem da vida das escolas e do agrupamento, quando seria de esperar alguma satisfação pela participação que é quase sempre escassa?
3. Vale-se a Associação de pais de um regulamento interno - que nunca foi aprovado em assembleia geral de pais, para considerar "não válida" uma lista de pais comuns. E por isso, estava pronta a eliminar essa lista, deitando fora o voto de 58 pais. Por que razão todos os outros membros são eleitos pelo método de hondt, e insiste a Associação na regra de maioria para a representantividade?
4. Se é certo e constitucional que quem elege também pode ser eleito, qual é o problema, afinal?

Por estes dias, tenho-me lembrado mais do que nunca das palavras do padre Ulisses, quando chegou à paróquia do Louriçal, em finais dos anos 70:
- não queiras ser muito beata...
Haveriam de passar muitos anos até lhe perceber, em toda a dimensão, a grandeza das palavras. Pregar a moral, a religião e os bons costumes é fácil. Praticar é que é pior.

Original

Na entrevista (?) ao Região de Leiria, Diogo Mateus anunciou uma medida que classificou de original: a mudança das finanças para o (desocupado) Centro de Negócios. Tem razão, a medida é original. Poucos se lembravam de colocar a raposa junto das galinhas.
Quando se fazem obras por fazer, dá nisto: ficam desocupadas ou cedem-se a estranhos.

12 de fevereiro de 2014

Uma preocupação legítima


Faço eco a uma preocupação legítima:  a eventual expansão das duas pedreiras existentes no concelho de Pombal, previstas na proposta de revisão do Plano Director Municipal (PDM). Segundo o Grupo de Protecção Sicó (GPS), “a área que se prevê de aumento é extremamente exagerada e levantam-se muitas dúvidas quanto à sua possível recuperação. E como grupo não gosta de ficar pelas palavras ocas, elaborou um extenso relatório que submeteu à Câmara Municipal no âmbito da discussão pública do PDM que decorreu até 29 de Janeiro.

O impacto paisagístico das pedreiras do concelho de Pombal é uma evidência. Perante o crescente desinvestimento nas grandes obras públicas, será que se justifica continuar a destruir o nosso património natural de forma tão ostensiva? 

E se fosse uma tempestade a sério?

Estrada do Casalinho, perto do Açude, ontem às 12 horas. Foto dos BVP

- perguntava-me alguém esta manhã, depois de ver algumas fotos que mostram o que aconteceu nos últimos dias neste triângulo do Litoral (como lhe chama a Maria Luís Brites) desenhado por Leiria, Marinha Grande e Pombal.
Pois. Se fosse a sério, com muitos estragos e desalojados como vemos noutros pontos da Europa e do mundo, seria um problema sério também. É que por cá temos dois problemas: o constante improviso por parte das autoridades (ainda um dia me vão explicar para que servem tantos planos municipais e nacionais de emergência) e a incúria por parte do cidadão comum, daquele que vai tirar a foto da onda ou do pinheiro mesmo a cair.
Por Pombal, temos sempre o açude como cartão de visita. A diferença entre Abril do ano passado e estes dias é a liderança e respectivos braços. Como agora o comandante dos Bombeiros Voluntários e o da Protecção Civil municipal são uma e a mesma pessoa, isso deve ajudar nas operações. Por outro lado, o gabinete de propaganda imprensa municipal tem sido exímio na divulgação de informações (depois não admira que haja por aí uma certa confusão entre o que é uma coisa e outra...
 E pronto, tudo está no seu lugar, graças a Deus. Até a água.

10 de fevereiro de 2014

Desbarate

A maioria do PSD na CMP continua a construir parques de estacionamento subterrâneo, mesmo sabendo que não tem clientes para eles (nem para os da superfície). Nos últimos tempos derreteu mais 1,8 milhões de euros no parque do Largo S. Sebastião.
Como não tem clientes para o parque resolveu cedê-lo, gratuitamente, aos moradores. Um luxo! Da maioria estamos falados.
E a oposição o que pensa? Que é pouco! Que a câmara deveria ter construído mais um piso!

No desbarate estão alinhados: a maioria diz mata, a oposição diz esfola!

Desfaz & desfaz

Os políticos deveriam saber que é fácil desfazer, mas é difícil e arriscado erguer. Se o soubessem, não obedeciam tanto ao instinto da ação, avaliavam melhor os custos e os benefícios das medidas e ponderavam melhor as decisões.
A decisão de retirar a feira do Largo do Arnado é um bom exemplo de insensatez política. Na altura, alegaram - contra a opinião das forças vivas locais - que a feira perturbava a vida do bairro e que o largo era pequeno para a feira. Esqueceram-se que o que mais perturba é o silêncio e que a feira era a última âncora do comércio tradicional e o único evento que atraía, regularmente, as populações rurais à cidade. Com a transferência da feira para a desfalecida zona industrial deram, de uma assentada, a estocada final no comércio tradicional e na feira.
Agora, ao anunciaram que a feira retornará ao Largo do Arnado – de onde nunca deveria ter saído – corrigem um erro que nunca deveriam ter cometido. Contudo, a feira que saiu do Largo do Arnado não é a que lá retornará. Entretanto, o largo é grande demais para a feira.

6 de fevereiro de 2014

A visitinha da praxe



Como aqui já foi dito e redito, nosso Diogo resolveu dar um saltinho a Barcelona “para observar as boas práticas internacionais no que toca à inclusão”. Nada contra. Mas não me sai da cabeça que foi precisamente depois de uma visita à mesma cidade que o grande Narciso Mota teve a brilhante ideia de construir um teleférico em Pombal. Se, como mandam as praxes, o pupilo seguir o mestre, podemos contar com a Igreja Matriz transformada em Sagrada Família. Mas com uma rampa para os deficientes motores, claro está.

5 de fevereiro de 2014

Centro de Interpretação e Museu Sicó

A Câmara Municipal de Pombal vai avançar com a construção de um edifício em Poios, Redinha, para pretenso apoio turístico ou estudo na Serra do Sicó, onde irá gastar entre 2.200,000,00 a 2.800.000,00 (conforme a fonte da informação publicada). Ou seja, cada pombalense vai pagar cerca de €50,00, incluindo velhos, crianças e os que emigraram recentemente, para além do que irá pagar em manutenção e funcionamento e para além do que irá pagar na construção dos museus de Santiago de Litem, de Mota Pinto, etc.
Ao contrário da justificação esfarrapada que li transcrita em ata, a utilidade é muito inferior aos sacrifícios dos contribuintes. Continuamos a assistir à construção de “elefantes brancos” à custa do empobrecimento e/ou insolvência dos contribuintes e a Câmara Municipal continua a adquirir ou construir edifícios, a fabricar espaços para novos empregos públicos e a substituir a iniciativa privada.
Faz muito mais Fernando Mota (e também Filipino) pelo desporto (BTT) e pelo turismo na Serra do Sicó, a abrir e a manter trilhos sem qualquer subsídio ou apoio público ou medalha, do que a Câmara Municipal a gastar milhões para a fotografia…