"E na epiderme de cada facto contemporâneo cravaremos uma farpa: apenas a porção de ferro estritamente indispensável para deixar pendente um sinal."
29 de setembro de 2015
Vestir ou não vestir a camisola
Em momentos como este, lembro-me sempre das palavras de um velho camarada, que me dizia, na Redacção: "nunca devemos vestir demasiado uma camisola. Porque se algum dia ela encolhe na lavagem, depois fica-nos um bocado ridícula". Os jovens em causa são alunos de um curso profissional da Escola Secundária de Pombal, recrutados à pressa (e devidamente remunerados, pois claro) pela Quinta da Concha, que serviu o repasto na Expocentro.
Do jantar: Quase duas mil cabeças para contar e para as tv's mostrarem. É muito? É. É surpreendente? Não. Primeiro porque estamos em Pombal. Depois, só quem ainda acredita no Pai Natal não sabe como é que se mobilizam pessoas para jantares, em qualquer partido. E foi por saber disso, certamente, que o par da coligação mandou retirar a entusiasta faixa "Em Pombal começa a luta pela maioria absoluta". Não vá o diabo tecê-las.
E lá foi a faixa para o lixo. O que também não é problema, porque dinheiro para estoirar é coisa que não falta à Coligação PáF, como bem lembra neste artigo o clarividente Pacheco Pereira.
Bad News
Entre 2009 e 2014 a cobrança de Derrama – Taxa de Imposto sobre os Lucros das Empresas – caiu 57%.
Mas, em contrapartida, no mesmo período, as famílias pagaram mais 35% de IMI.28 de setembro de 2015
Good News
A CMP vai devolver 5% do IRS, em 2016, aos contribuintes com domicílio fiscal no concelho.
Pombal à Frente
Foi um corropio, esta noite, na Expocentro, para varrer dali rapidamente a Feira de Artesanato e Tasquinhas. Os funcionários municipais trabalharam afincadamente para a coligação Câmara, noite dentro, de forma a deixar pronta a sala onde, logo à noite, Passos e Portas renovam votos. São esperadas duas mil almas vindas de todo o distrito - e como está bem de ver, dificilmente caberiam na Quinta da Concha, local inicialmente escolhido para a boda. Sendo assim, é melhor não arriscar.
Pombal é um ninho de vitória tradicional para o PSD, por isso faz todo o sentido que seja daqui que as televisões mostrem ao país o entusiasmo com a coligação. Imagino também que o Município tenha quantificado o que valem os directos - a única justificação possível para, desta vez, haver dinheiro para pagar horas extraordinárias aos funcionários.
Dinheiro é coisa que não falta nesta campanha, como está à vista de todos. Por isso, devem estar descansados os alunos do curso de restauração da Secundária de Pombal, que vão ajudar a servir o repasto: alguém lhes há-de pagar alguma coisa. E siga a campanha - que desde manhã traz pelo distrito os líderes da PàF, acompanhados até do reaparecido Marco António Costa, como mostram as fotos do facebook. Todos juntos para comprovar aquilo que escreveu, em livro, aqui há uns anos, o número dois da lista da coligação, Feliciano Barreiras Duarte.
O Farpas no Facebook
Por imperativo da rede social, o perfil deste blog no facebook foi convertido em página. Quem nos acompanha por lá pode continuar a fazê-lo através deste endereço.
ETAP ainda insegura
A Pombalprof já tem capital.
As aulas já começaram.
Os novos equipamentos ainda não chegaram.
As regras e a organização não existem logo à entrada da
escola.
Os quadros administrativos ainda estão em excesso.
Os quadros docentes ainda parecem deficitários.
Alguns professores foram até obrigados dar aulas de apoio a
alguns alunos e não puderam dar as aulas do horário.
Afinal o que é que falta? Relações humanas?
26 de setembro de 2015
Lixo
Faço copy-paste de um post que escrevi a 6 de Julho de 2011, com a diferença que, desta vez, o link da imagem aponta para uma notícia actual: "Ainda há quem acredite que os nossos carrascos nos irão salvar?"
25 de setembro de 2015
O PS não apanhou a onda
O PS corre sérios riscos de perder as eleições, quando deveria estar, nesta altura, perto da maioria absoluta. Tudo por culpa dos erros cometidos por António Costa e pela direcção do partido. Mas com o Seguro seria pior: a coligação de Direita estaria próxima da maioria absoluta.
António Costa deveria ter ouvido mais o Pacheco Pereira e menos os tecnocratas da economia. O combate deveria ser político e não económico. Ao aceitar as premissas da EU e, por conseguinte, da Direita, ficou politicamente manietado. O PS quis fazer as coisas correctamente - cenário macroeconómico (visão redutora da política), programa eleitoral e medidas do programa de governo – quando deveria fazer as coisas correctas. Em política, nomeadamente na oposição, não é necessário fazer as coisas bonitas, mas fazer as coisas certas, não perder tempo (cartuchos) com os meios, mas centrar o discurso político nos fins, fazer o desgaste do governo antes da pré-campanha e um discurso afirmativo, pela positiva, durante a campanha.
Infelizmente, o PS tem feito as coisas ao contrário. Perdeu muito tempo a acusar a coligação de Direita de não ter programa, quando ninguém se importa com isso, porque toda a gente, apoiantes e opositores, sabe com o que conta da Direita: a mesma política. A Direita tem uma coisa mais forte do que um programa eleitoral: uma praxis política e uma agenda política consistente, aplicada sem grandes hesitações (se exceptuarmos a falhada redução da TSU) e nenhuma inflexão. O PS deveria ter combatido, empenhadamente, a praxis governamental – e havia muito por onde o fazer - em vez de esperar o seu desgaste. Não o fez e, pior do que isso, desgastou-se no debate público das propostas emblemáticas do seu programa eleitoral – Redução da TSU, Financiamento da Segurança Social, Impostos (Iva da Restauração), Contrato Trabalho Único, etc. – que se mostraram ininteligíveis pelo cidadão de instrução média e/ou de duvidosa eficácia política, económica ou orçamental.
Sendo expectável que as sondagens não estão a captar a realidade submersa, pode haver surpresas, mas não resta tempo para o PS apanhar a onda.
24 de setembro de 2015
Desmazelo
Numa via
às portas da cidade, faz anos que foram arrancadas as Barreiras Metálicas
destinadas à protecção de pessoas e bens. E continuam por lá os prumos metálicos
que representam um perigo (muito) maior do que aquele que deveriam minimizar.
Que não minimizem
os riscos de segurança rodoviária ainda se compreende, mas aumentá-los é
criminoso.
22 de setembro de 2015
Falta de Educação
Nas últimas duas décadas, a maioria dos investimentos realizados pela
CMP não obedeceram a nenhum estudo baseado nas necessidades das populações, serviram
para apresentar "obra", proporcionar inaugurações e descerrar placas.
A área da educação é paradigmática: andaram uma década a negar a
necessidade de investimentos na educação, defendendo a velha escola de
proximidade, humilde e arranjadinha; e na última década inverteram a orientação
e desataram a construir Centros Escolares sem qualquer planeamento.
O resultado está aí para quem o quiser observar: construíram Centros
Escolares onde não há alunos e faltam salas de aula e escolas dignas onde
há alunos. Em todo o concelho existem 700 lugares por ocupar - faltam de
alunos ou sobram salas de aula - com tendência para piorar, e na cidade faltam salas de aula.
Era difícil fazer pior, mas fizeram!
21 de setembro de 2015
Morra o regulamento! Morra...pim!
Um regulamento de apoio às associações culturais,
desportivas, recreativas, solidárias e outras, digno desse nome, deve
especificar de forma precisa, clara, inteligível e sem recurso a critérios muito indeterminados os pressupostos que devem
presidir à concessão de subsídios. Tal deve ser feito em nome da
transparência, da equidade no tratamento devido a todos os fregueses e
instituições, do direito à informação - já que os mesmos têm o direito de saber com que “linhas se cosem” - e da responsabilização, que todas as
instituições e em especial as públicas têm o dever de observar. Ora, nada
disto está presente neste documento, que a Junta de Freguesia de Pombal fez
aprovar (com a maioria que tem).
Senão, vejamos, por exemplo:
1-
A (de uma forma algo original) denominada como "nota justificativa" não reúne as condições para poder consubstanciar o preâmbulo
ou enquandramento, por mínimo que seja, de um regulamento com estas características. Trata-se, tão somente, de uma redacção
pouco elaborada e pouco conectada ao fim que se pretende.
2-
No artº 2º - Objecto – pretende-se a fixação das
regras a que deve obedecer a atribuição de subsídios só que – pasme-se! – não
se elencam quaisquer critérios que informem e corporizem este objecto!...
3-
No artº 6º - Critérios de atribuição -
Constitui-se a qualidade e o interesse artístico como critérios de
atribuição de subsídios sem os precisar minimamente. Ou seja, não se trata de
permitir alguma discricionariedade técnica na atribuição de subsídios, mas
antes possibilitar o total arbítrio na atribuição dos mesmos. Ao não definir
quaisquer critério ou limites (individuais ou por associação) o instrumento de
concessão de apoios/subsídios passa a estar integralmente nas mãos do executivo
com tudo o que isto significa de potenciação do proselitismo político-partidário
mais descarado e mais nefasto. E tudo isto não só é perigoso como igualmente
subalterniza totalmente o papel da Assembleia de Freguesia como órgão
deliberativo de uma autarquia local.
Em suma, este regulamento não só é perigoso pelo caminho que
abre ao compadrio, ao nepotismo…como é igualmente inútil porque não acrescenta
qualquer especificidade ao que já consta da lei geral.
O anterior regulamento já era mau. Este é, seguramente,
ainda pior. Por isso, à boa maneira de Almada Negreiros, no manifesto anti Dantas,
aos eleitos - que têm por obrigação zelar pelos interesses de todos e não
apenas de uns quantos, resta dizer: “Morra o regulamento. Morra…pim!”
É claro que o mesmo foi aprovado, por maioria e minuta, na
última reunião da Assembleia de Freguesia de Pombal. Os votos do PSD chegam
para isso. Ao senhor presidente da Junta incomodou a minha intervenção, em nome
da bancada do PS. Disse ele não perceber como é que se chumbava aquele
documento, feito com base no regulamento da Câmara, votado favoravelmente pelos
eleitos do PS. Duas notas:
1ª – É mau, para uma Junta como a de Pombal, não ter
capacidade de redigir, por si, um regulamento próprio (e este foi agora revisto
na sequência da denúncia, por parte da bancada do PS, de zonas cinzentas que
permitem quase tudo em matéria de subsídios)
2ª Sabemos que o PSD está habituado a essa catequização dos
seus eleitos, nos diversos órgãos, sem lhes dar margem para a liberdade de voto
e de pensamento. Felizmente, nem todos os partidos são assim.
Pedro Moreira
membro da bancada do PS na Assembleia de Freguesia de Pombal
17 de setembro de 2015
Esquerda? É a Natureza Humana
Em Portugal, apesar de a Direita ter submetido o País a um violento
programa de austeridade, com as consequências conhecidas – empobrecimento,
desemprego, pobreza e emigração – o PS corre sério risco de perder as eleições.
Na Europa, nos países mais afectados pela crise financeira e pelas
políticas de austeridade, a Esquerda raramente conseguiu capitalizar o
descontentamento; e nos países menos afectados pela crise, a direita conservou
tranquilamente o poder.
O padrão de comportamento dos eleitores no espaço europeu deveria
inquietar os políticos de Esquerda e os cidadãos com consciência de esquerda.
Os factos mostram que a Esquerda, apesar da sua policromia, não é atactiva, nomeadamente
quando o eleitorado (de esquerda) precisa mais dela. O assunto inquieta muita
gente e tem proporcionado muito debate, mas as explicações são geralmente pouco
consistentes e raramente vão além do perfil do líderes ou da pertinência de uma
ou outra proposta.
Mas a vida ensina-nos que a explicação para os enigmas sociais ou
políticos está nos clássicos da literatura ou nos filósofos que estudaram essas
matérias. Lendo-os, percebe-se que a explicação para determinados fenómenos que
nos parecem estranhos está nas profundezas da Natureza Humana, que nada ou
pouco mudou desde a Antiguidade; e, por conseguinte, continua a determinar o
curso da Humanidade, oscilante mas improgressiva, variável mas inaperfeiçoável.
Os traços mais marcantes da Natureza Humana são o egoísmo e o medo. São eles
que determinam a esmagadora maioria das nossas escolhas, tomadas com base em desejos
primários e crenças sem grande base racional, corrigidas esporadicamente quando
confrontados com a realidade dos factos. No outro lado da Natureza Humana
encontramos a fraternidade, mas sem a predominância do egoísmo e do medo.
Isto explica, em grande parte, a natureza das escolhas políticas nas duas
fases dos ciclos económicos. Na fase recessiva, as escolhas são determinadas
essencialmente pelo pior aspecto da natureza humana e
aquela que mais necessita ser modificado para que o mundo possa ser mais saudável:
o egoísmo. Na fase expansionista, onde a abundância atenua o egoísmo e o medo,
vem ao de cima o lado mais nobre do ser humano e as escolhas tendem a privilegiar
o interesse público, a justiça e a equidade.
O problema é que a política, em vez de procurar atenuar o que há de pior
na Natureza Humana, aproveita-se disso.
16 de setembro de 2015
Guia para a visita do ministro Nuno Crato
Quanta honra. O ministro da Educação, Nuno Crato, visita hoje, dia 16, o concelho de Pombal. O programa de visita tardou a ser divulgado, mas sabe-se que prevê quatro paragens, em tempos de abundança.
- Centro Escolar de Almagreira (9h45)
- ETAP (10h50)
- Escola Marquês de PombaL (12H00)
- Escola Secundária de Pombal (12h25)
Uma manhã em cheio para Crato. Como é a primeira vez que vem a Pombal, nesta legislatura, vamos fazer a gentileza de lhe preparar um guião para a visita.
Na ETAP está tudo bem.
Em Almagreira também deve estar.
Chegou a estar prevista uma deslocação à Guia, mas certamente não se justifica. Basta que a Câmara tome posse do edifício do antigo externato. E é uma pena a Câmara não o levar ao novo pólo escolar da Mata Mourisca, que vai abrir com metade da capacidade. Aquela gente é arredia, e não segue com fervor os conselhos da sua cara colega Maria Luís. De modo que há poucas crianças para tanto espaço. Ainda por cima a Escola do Seixo vai manter-se em funcionamento. Se fosse à Guia, sempre poderia dar uma vista de olhos ao terreno que a Câmara comprou, no final do mandato de Narciso Mota, para aí construir um Centro Escolar, como deve ser).
Finalmente, em Pombal, que fiquem registados os parabéns à organização da visita (cuidadosa q.b. para que a vinda de V. Exª não seja perturbada por perigosos sindicalistas ou cartas fora do baralho). Assim se explica o secretismo mantido até esta tarde em torno do programa, que acabou por incluir a escola Marquês de Pombal. A cantina da escola secundária é uma boa escolha para o almoço de V. Exª. Saibam que nunca serviu tantos almoços, como nos tempos que correm. É verdade que estará sentado na herança de Sócrates e da Parque Escolar. Mas não se pode ter tudo...e ali o sr. ministro tem muito com que se entreter. Por exemplo: é o terceiro ano consecutivo que o Agrupamento tem uma Comissão Administrativa Provisória, graças à inépcia do seu Ministério, que até hoje não foi capaz de resolver o imbróglio do famigerado Conselho Geral. Talvez possa perguntar ao presidente da Câmara ou à (certamente presente) presidente da Associação de Pais. Estamos em crer que o almoço marcado para as 12h30 com a srª directora do Centro da Dgeste, directores de agrupamento, vereadores e membros da assembleia municipal servirá para isso
Tenho pena que o senhor ministro não dê um saltinho à escola Conde Castelo Melhor. Ou que lá almoce, para ver como é que cerca de 150 meninos vão dividir um espaço onde cabem, apertadinhos, pouco mais de metade. É que a EB1 parece que vai entrar em obras (a obra do Centro Escolar continua por lançar) e foi preciso deslocalizar para lá o 1º e 2º anos, juntando-o ao 3º. Já o 4º vai adaptar-se à Escola Marquês de Pombal, como Vª Exª terá oportunidade de constatar, num remake das EBI's - um modelo que o Ministério abandonou, em bom tempo.
Também é pena que não visite as instalações da Filarmónica Artística Pombalense. Não se trata de nenhuma emboscada por causa do ensino artístico. É que ali vão viver (durante o tempo que durarem as obras do centro) os meninos do pré-escolar.
De resto, está tudo bem. Caminhamos para 2020.
13 de setembro de 2015
Opacidade municipal
Há nove meses que não publicam uma única acta de reunião do executivo. É obra!
E falam eles em transparência municipal. Não haja dúvida: quando falta uma coisa, é
preciso representá-la. Nomeadamente na política.
9 de setembro de 2015
O EPIS, a propaganda e as conversas sem pais
O convite era para uma "conversa com pais" e eu fui. Ao engano. O mini auditório estava cheio de professores, directores de agrupamento, presidentes de junta, e outros quadros de primeira linha que ocupam lugares em diversos organismos públicos e privados, alguns deles com a lição bem estudada e intervenções de bajulação na ponta da língua. No palco, aqueles senhores que vestem todos de igual (calça bege, camisa às riscas, blaser azul-escuro e botões de punho) propagandeavam as maravilhas do programa EPIS - que se propõe fazer de Pombal um caso de sucesso escolar ao ponto de rebentar a escala. Ora, como no ano passado a adesão de professores e famílias teve de ser arrancada a ferros, nalguns casos, nomeadamente nas escolas da cidade, este ano a Câmara começou cedo esse trabalho de "sensibilização", primeiro com a excursão dos professores a Lisboa, no final do ano lectivo, agora com esta acção.
Como um dos pressupostos deste projecto quase-piloto (os outros municípios que o aplicaram no primeiro ciclo são a Figueira da Foz e a Pampilhosa da Serra) é "rastrear" (palavra quase tão boa como "sinalizar") as crianças com necessidades educativas especiais, faz sentido a pergunta directa de uma mãe de Albergaria dos Doze: em que é que o programa EPIS pode ajudar a filha, com dislexia? Comunica o caso aos agentes de saúde locais, pois que o papel é de "mediador".
Não ponho em causa as boas intenções do presidente da Câmara em matéria de Educação. O que contesto é este registo, a cultura do empreendedor, do sucesso a qualquer preço. Para isso já temos cá a JSD (e as outras, que querem ser como ela quando forem grandes), que faz sessões nas escolas e até lhes chama acções de formação.
Retenho, para final de conversa, a intervenção do senhor professor universitário Carlos Fernandes - "cientista" ao serviço da EPIS - que escolheu o melhor exemplo para contar: o taxista de quem apanhou boleia para um congresso na Suécia era, afinal, licenciado em física nuclear. Por isso não percebe o espanto, quando em Portugal há licenciados e doutorados candidatos ao lugar de assistente operacional nas escolas, por exemplo. Perceba então o meu, no dia em que o vir ocupar o banco do taxista, e o magro salário não chegar sequer para os botões de punho.
Naquele fim de tarde, as pinceladas de realidade foram dadas pela Paula Cardoso, antiga chefe-de-gabinete de Narciso Mota, agora ao serviço da divisão de Educação. Escolheu as palavras com cuidado, mas não deixou de dizer algumas verdades, sobre o retrato que encontrou no concelho de Pombal, onde as crianças sentem na pele o drama da emigração e do desencanto dos pais.
Com os milhares que a Câmara gasta a contribuir para o sucesso destes Empresários para a Inclusão Social (num programa cujos questionários de rastreio entram na esfera privada das famílias), era fácil tornar as escolas em locais mais atractivos, sem tantas peneiras. Por exemplo: proporcionar aos mesmos meninos o acesso à música, às artes plásticas, à natação (tão importante), numa altura em que tantos deixaram de frequentar actividades nos clubes da terra porque os pais não as podem pagar. O Diogo Mateus que conheci em tempos e presidiu à Junta de Freguesia sabia disso. Tanto que chamou as colectividades para levarem esse mundo às escolas.
É desse que tenho saudades.
7 de setembro de 2015
Por que não fazem duas listas?
Normalmente, a agregação cria sinergias.
Mas há casos em que a separação aumenta o resultado das
partes.
É o caso da lista do PS no distrito de Leiria.
Perguntas sem resposta
Terminada a Silly Season é altura de retomar as questões (políticas)
importantes. As perguntas que os d`Casa aqui colocaram sobre a alienação
encapotada da ETAP e sobre o Centro Escolar de Pombal são merecedoras de
respostas claras do presidente da câmara. Nem tanto ao Farpas, mas à população.
O presidente da câmara não pode remeter-se ao silêncio, esperando que a onda
passe.
Alienou, sem mandato para isso, com a conivência de todo o executivo,
património que é dos pombalenses, não dele(s) e propõe-se a construir um Centro
Escolar que não responde às necessidades.
Tem a obrigação de responder a todas as perguntas - venham elas de onde
vierem - e de explicar convenientemente e publicamente as suas opções. Isto não
é uma monarquia (absolutista), onde o monarca está imbuído do poder divino,
incontestável.
De uma coisa podem estar certos: o Farpas não deixará cair estes
assuntos no esquecimento.
4 de setembro de 2015
Nova Rede do Pombus
Já aqui critiquei o facto de o PomBus não passar pela Urb. São
Cristóvão. Constato agora que, apesar do significativo aumento da rede do
PomBus, a Urb. São Cristóvão continua excluída.
Uma injustiça inexplicável, criticada na sessão pública de apresentação
da reformulação da rede, como o Região de Leiria bem relata: “A sessão de
apresentação contou ainda com as palavras duras de moradores da Urb. São
Cristóvão, que se mostraram contra a não passagem do autocarro por aquele
local. “Não tivemos conhecimento do assunto”. “A Urbanização está esquecida
pela câmara”. “Isto é uma questão política”, protestaram os moradores, exigindo
que o questionário também tivesse sido entregue naquele local“. E eu não estive
lá, nem abordei o caso com qualquer morador.
Isto está a mudar!
3 de setembro de 2015
Para onde vai a “igreja velha” de Albergaria dos Doze (2)?
Noutras freguesias preserva-se a cultura material mais
simbólica de uma população. Em Caxarias, por exemplo, guardou-se o depósito das
águas que alimentavam as máquinas a vapor. Em Albergaria dos Doze, semelhante
depósito, símbolo da arqueologia industrial da nação portuguesa, foi posto ao
chão para se ganhar uma terceira linha férrea que nunca vê comboios.
Para Santiago de Litém está em execução o restauro do
coreto. Em Albergaria pôs-se o coreto ao chão e agora algumas almas querem
comprar a Igreja Velha para a demolir e poder estacionar o mesmo número de
carros que aí já se estacionam [ou menos, ainda]. Quem é o ideólogo desta
demolição? Falaram-me do vereador da cultura da CMP… Será? Temos de apurar!
Quem mandou o desenhador ou o arquiteto fazer este projeto que destrói o
monumento com mais raízes históricas em Albergaria?
Não serve atualmente? Vamos encetar a animação do Centro
Cultural Pe. Petronilho (CCPP), Senhor Vereador, Senhores Presidentes, Senhores
Membros da Comissão Fabriqueira e Senhores Membros das Associações Locais.
Bem quisemos, em 1995, depois de terminarmos o Restauro e
Reforma da “Igreja Velha” para CCPP, fazer uma Comissão de Gestão para
assegurar a manutenção, gestão e animação do Centro Cultural…
O Conselho Económico não quis! Portanto, não pode, agora,
desinteressar-se pelo imóvel e pensar só em liturgia. O projeto foi acompanhado
e aceite pelo então Rev.º Bispo de Leiria, D. Serafim Ferreira e Silva e,
parece-nos evidente, não pode a paróquia desligar-se quer
da manutenção quer da animação do imóvel. Muito menos vendê-lo à autarquia para
que seja derrubado e dê origem a 11 lugares de estacionamento.
Deus não quer e os albergarienses não deixarão!
Farpa convidada de Ricardo Vieira
1 de setembro de 2015
Ubi commoda ibi incomoda
Vamos ver se nos entendemos (não acredito):
- As avenças do Teófilo dos Santos com a câmara de Pombal - e com outras
câmaras do PSD na região - são um facto
político, não meros actos administrativos;
- Se o José Gomes Fernandes tiver uma avença ou uma prestação de
serviços pontual com a câmara de Pombal (nos próximos tempos, não acredito), é
um facto político, não um mero acto administrativo;
- Se o Carlos Gameiro Lopes tiver uma avença ou uma prestação de
serviços pontual com a câmara da Marinha Grande, é um facto político, não um
mero acto administrativo;
- Se a Marlene Matias tiver uma avença ou uma prestação de serviços
pontual com a câmara de Leiria, é um facto político, não um mero acto
administrativo;
- etc, etc, etc;
Já diziam os romanos: “Ubi commoda ibi incomoda”.
É difícil de entender? Não creio…
Pessoa dizia e eu reproduzo: “Os benefícios são coisas que se infligem;
por isso os abomino friamente”.
Chuvas para lavar Pombal
As chuvas já chegaram e levaram as poeiras da cidade, das vilas
e das aldeias do nosso concelho, refrescaram um pouco o clima e mataram a sede
das plantas e dos bichos.
Talvez as próximas chuvas possam esconder o lixo e a grade metálica depositados no
rio Arunca (traseira do Campo Municipal de Futebol), mas não irão arrancar os aloendros
(tóxicos) da cidade nem manipular melhor os produtos tóxicos (roundup supra) mal
acondicionados e em transição pelo armazém Municipal.
Poderão vir mais chuvas, mas não serão suficientes para “lavar”
tudo: vícios, esbanjamentos, desleixo, insultos…