Pombal é uma terra de gente boa - boa até demais – constituída por Homens
“bons”, meia dúzia de desalinhados - Homens “maus” – e uma grande franja de
adormecidos.
Mas será que o Homem “bom” faz, em média, mais bem do que o Homem “mau”?
É uma questão que vários filósofos colocaram, e que convém abordar numa terra
de gente cada vez mais obediente ao poder e mais temente a Deus. Russel, um
Lord de quinta geração, procurou responder a esta dúvida, caracterizando primeiro
o Homem “bom” e o Homem “mau”, e, depois, os seus contributos para o bem comum.
Segundo ele, “o Homem “bom” não fuma nem bebe, evita linguagem de baixo calão,
conversa na presença de homens exactamente o que falaria se houvesse mulheres
presentes, vai à igreja com regularidade e tem opiniões correctas sobre todos
os assuntos. Tem verdadeiro horror ao mau procedimento e está ciente que é
nosso doloroso dever punir o Pecado. Tem horror ainda maior aos pensamentos
errados e considera ser responsabilidade das autoridades proteger os jovens
contra os que questionam a sabedoria das opiniões aceites, de modo geral, pelos
cidadãos de meia-idade bem-sucedidos. Além dos deveres profissionais, aos quais
é assíduo, ele dedica muito tempo a trabalhos que visam o bem. Acima de tudo, é
claro, a sua “moral”, em sentido limitado, deve ser irrepreensível”. Em síntese:
“um Homem “Bom” é aquele cujas opiniões e actividades são agradáveis aos que
detêm o poder” e o Homem “mau” é o oposto da descrição anterior.
Para Russel, uma das principais utilidades de ter Homens “bons” nos
cargos políticos “é fornecer uma cortina de fumaça para que os outros possam
dar continuidade às suas actividades de modo insuspeito” porque a moral
estabelecida dita que “um Homem “bom” nunca será suspeito de usar a sua
“bondade” para esconder vilões”. Só que, um dos principais problemas é que “os
padrões de “bondade” reconhecidos em geral pela opinião pública não são aqueles
calculados para fazer o mundo um lugar melhor”. E Pombal não o é seguramente.