A presunção é ofensiva, e torna-se repugnante quando é maquilhada com falsa humildade. No político, em Democracia, onde o poder advém do povo, ofende ainda mais.
Nietzsche caracterizou muito bem a presunção: “O que mais devemos prevenir é o crescimento dessa erva daninha que se chama presunção, que arruína toda boa colheita dentro de nós; pois há presunção na cordialidade, na demonstração de respeito, na intimidade benévola, no carinho, no conselho amigo, na confissão de erros, na compaixão por outros, e todas essas belas coisas provocam repugnância, quando tal erva cresce entre elas. O presunçoso, ou seja, aquele que quer significar mais do que é ou aquilo por que é tido, faz sempre um cálculo errado. É certo que ele tem um êxito momentâneo, na medida em que as pessoas diante das quais é presunçoso normalmente lhe tributam, por medo ou comodidade, a medida de respeito que ele solicita; mas elas se vingam asperamente, subtraindo, do valor que até então lhe deram, tanto quanto ele solicitou além da medida. Não há nada que os homens façam pagar mais caro que a humilhação. O presunçoso pode tornar o seu mérito real tão suspeito e pequenino aos olhos dos outros, que é pisoteado por eles com pés sujos. — Mesmo uma atitude orgulhosa devemos nos permitir somente quando podemos estar seguros de não ser incompreendidos e vistos como presunçosos, diante de amigos e esposas, por exemplo. Pois nas relações humanas não há tolice maior do que granjear a fama de presunção; é ainda pior do que não ter aprendido a mentir por delicadeza”.
Infelizmente cá no nosso Pombal estamos constantemente a conviver com alguns políticos desse tipo, o que incomoda não é a sua presunção mas o facto de o povo gostar deles assim. Só temos os políticos que merecemos e nada mais. O povo de Pombal está habituado a andar de chapéu na mão a pedir esmola aos Srs. do Largo do Cardal que de outra forma não suportariam viver.
ResponderEliminarAmigo e camarada Adelino Malho cá com o meu fraco pensar, pensei onde é que querias chegar com a tua dissertação?
ResponderEliminarE não percebi. Deficiência minha, está visto.
Mas percebi o lado negro da coisa.
Esta comédia faz-me lembrar aquela mãe extremosa que vendo o filho marchar, numa formatura, exclama:
- Só o meu filho é que vai com o passo certo. Todos os outros vão com o passo trocado.
Por isso penso que não é racional alguém apoiar-se em escritos de quem afirma, no último quartel do século XIX, mesmo sendo Nietzsche, que o homem moderno é um doente de espírito, doente de valores e doente da vida, estando, assim, numa vida decadente.
Fico triste por ti por pensar que tu pensas que estás à frente de um espelho.
É que presunção e água benta cada um toma a que quer.
E tu não tomas, nem uma, nem outra.
Prefiro recuar no tempo, para o século XVIII, e apoiar-me em Voltaire e no seu Tratado sobre a Tolerância, passando por Locke, de que já te falei.
Estou a falar de um libelo contra a intolerância e a superstição, contra a estupidez e a barbárie, contra todos os absolutismos, de religião ou de Estado, contra todos os fanatismos teológico-políticos, como muito bem escreve o Filósofo Sousa Dias.
Não sei que mais dizer, neste obscurantismo que norteia os seres racionais que estão por detrás do Farpas.
Saúde e Fraternidade
A propósito de Nietzsche
ResponderEliminarNietzsche viveu no séc. XIX (1844 -1900), mas a sua obra só foi estudada e divulgada no séc. XX. Produziu no pouco tempo de vida útil (ficou muito doente nos últimos 11 anos) uma obra grandiosa, que marcou uma ruptura com o pensamento filosófico de muitos seculos. É considerado entrepares o filósofo mais influente do séc. XX, porque sua obra, e dos seus seguidores (Foucault, Derrida, Jung, Sartre, Heidegger, Freud,…), foi percursora do Modernismo (da Contemporaneidade) nas Letras (Pessoa, Borges, Camus,…) nas Artes (Picasso, Mattisse, Miró, …) e nas Ciências (Freud,…).
O retrato do Homem decadente (doente de espírito, doente de valores e doente de vida), do final da Idade Moderna, mostra a enorme capacidade de análise de Nietzsche, mais tarde captada pelos artistas do Modernismo - muito bem retratada no por Picasso no Guernica -, e confirmada pela sociedade, mais tarde ainda, com a queda para o abismo, na primeira guerra mundial, e depois na segunda.
Há maiores provas de decadência do que estas?
Não há nenhum livro para comentadores e analistas presunçosos?
ResponderEliminarTemos que o escrever, João.
EliminarEu estou como o Rodrigues Marques, e como "Jojo": vou por Voltaire.
Parece-me uma coisa inteligente, não sei...
https://m.youtube.com/watch?v=dCHi5apc1lQ
A leitura do post e dos comentários é uma delícia de incertezas. Sobretudo uma incerteza sobre a certeza do(s) destinatário(s) do post, à semelhança da atmosfera que todos respiramos, e incerteza sobre certeza de uma psicanálise experimental. Mas o que mais gostei foi mesmo da música de Jacques Brel...
EliminarAmigos e camaradas João Coelho e Nuno Oliveira, a minha sorte é eu ser um rural assumido.
ResponderEliminarSe não fosse…
Transcrevo (em português) o refrão do poema de Jacques Brel, os Burgueses:
“Os burgueses são como os porcos
Mais se tornam velhos mais se tornam idiotas
Os burgueses são como os porcos
Mais se tornam velhos mais se tornam...”
Saúde e Fraternidade
Sim. É lindo!
ResponderEliminarSubscrevo cada palavra.
Mas sem citar Voltaire, ou Casanova, ou Nietzsche. Vá lá, Brel. E béu...
Essa dos burgueses... Não acredito em classes sociais, nem em luta de classes, por isso não sei do que fala.
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