29 de setembro de 2017

O primeiro vencedor

Ainda não se realizaram as eleições e já se pode apontar o primeiro vencedor deste processo: Rádio Clube de Pombal. Fez uma boa cobertura da campanha eleitoral (debates, entrevistas, crónicas), fez serviço público e serviu a Democracia, projectou-se com a penetração atingida através do facebook, e projectou a política e muitos candidatos com potencial que passariam despercebidos, nomeadamente os que concorrem às juntas.

Deve melhorar algumas coisas, nomeadamente ao nível da preparação e condução dos debates.

Então, Fernanda?


A Rádio Clube de Pombal emite amanhã à noite o último dos debates, mas nem por isso menos importante: o dos candidatos à Assembleia Municipal, gravado esta noite, nos estúdios da rádio. Ora acontece que o debate ficou coxo, pois que a cabeça de lista do PSD não apareceu. Tanta expectativa que tínhamos em saber como é que a potencial vencedora lida com o debate político, e afinal ficamos na mesma. Já sabíamos, porém, que Fernanda Guardado lida mal com os rivais em campanha... mas era esperado que, no único debate entre os oito candidatos àquele órgão máximo do município - metade dos quais são mulheres - mostrasse algumas das capacidades exigidas a quem o pretende liderar. Das duas, três: ou Fernanda não quis ir ou o partido não deixou. Ou aquilo em Vila Cã está mesmo tremido, de modo que todos são poucos para vestir a camisola e fazer número...

28 de setembro de 2017

O céu é o limite


A dois dias do final da campanha, eis que chegou hoje à estrada mais um camião - o de Narciso Mota. Afinal, é a ele que se deve esse símbolo maior das Meirinhas, que entrou pela primeira vez em acção nas eleições de 1993, quando um desconhecido aqui chegou e ganhou a Câmara para o PSD. Custa a crer que nessa altura o PS reinava com maioria folgada (de 5-2); que a sede de campanha de Armindo Carolino ocupava um andar no edifício dos Arcos, que havia brindes diversos, caravanas a fazer lembrar as que hoje conhecemos como "onda laranja". Tudo isso foi há muito tempo. Depois, o PS definhou e Narciso deu cinco maiorias absolutas ao PSD, pintando de laranja todo o concelho. Até que ficou azul, como agora se apresenta ao eleitorado, numa campanha que vive dele e para ele. Que não tinha necessidade nenhuma de fazer estes números deprimentes, de entrar no jogo infantil de contar cabeças e espingardas. Para isso já basta o regabofe de outdoors, as lonas que crescem de dia para dia, os carros a reproduzirem-se por toda a parte. Não haja dúvidas: há aqui dinheiro que nunca mais acaba. 
Talvez no meio da obsessão pela maioria absoluta - que tomou conta do exército laranja - não haja espaço para ver a linha que separa a comunicação da poluição, de como se revela obscena a quantidade de propaganda que todos os dias cresce e se multiplica. E depois há os manjares de Pedro Pimpão, as festarolas nas aldeias com febras e pinga, abrilhantadas não por Graciano Ricardo (o artista é um verdadeiro artista...) mas por outro ícone da cultura show business - Vânia Marisa.
Pobre povo o nosso, que em 2017 se sujeita a isto, embalado por duas cantigas.
Pobre povo o nosso, que veste a camisola conforme a situação, todo contente por ser figurante deste espectáculo. 
Daqui por uns anos, quando a história contar como se gastaram milhares nesta campanha, em que Pombal tem uma fatia curiosa, ficará o registo: não aprenderam nada com o Marcelo. E por isso, o resultado será outro...

25 de setembro de 2017

Onde se dá conta da jornada do Príncipe por terras de Abiúl

A jornada por terras de Abiúl deixou o Príncipe ainda mais desacorçoado e irritado com a direcção da campanha, agora entregue ao Pança e à empresa que trabalha para uns e ouros. Tinha acabado de externar a cólera sobre o Pança, antes de entrar em casa.
- Que vos aconteceu; Alteza? – perguntou a Princesa.
- Nem me fale. E desculpai-me o mau humor, Vos peço. Sinto as costas carregadas de escorpiões e o espírito povoado de traições – desabafou o Príncipe.
- Sois um mártir da ingratidão. Que se passou agora; contai-me? – Perguntou a Princesa.
- O maior dos desaforos... Para a jornada de Abiúl atroparam unicamente dois ou três jotas e o Juba. Outras vezes junta-se o Zappa, o Manelito e um ou outro descamisado – afirmou o Príncipe.
- Credo! Que é feito do Pança? E os mandatários; não o acompanharam? – Perguntou a Princesa.
- O Pança já anda a trabalhar mais para o irmão…, e os mandatários há muito que saltaram fora, se alguma vez estiveram dentro – lembrou o Príncipe.
- Oh, três traidores. Você tem que ser duro com os traidores, a negligência favorece a conspiração – sentenciou a Princesa.
- Se ganhar, todos me pagarão caro – sentenciou o Príncipe. E acrescentou: - não me fale mais ninguém em paz e conforto.
- Depois, será tarde…Lembrai-vos dos ensinamentos do grande César: é preciso ser cruel para ser bom.
- Agora não é tempo para sangrias…- recordou o Príncipe.
- Continuais a perder apoios e a consentir traições. Vossa Graça tem dado vantagens para o mais fraco. Ele tem um enorme exército de barbas-brancas e cabeças calvas; e Vossa Majestade um pelotão de meninos de vozinha efeminada que repartirdes, ficando a perder, com o Pimposo.
- As coisas estão complicadas, e complicaram-se mais com o afundanço do Sombrio. Se o homem assegurasse a sua fatia no escrutínio…- afirmou o Príncipe.
- Não vale a pena esperar nada do cara-de-enforcado…- afiançou a Princesa.
- Tendes razão – anuiu o Príncipe. Persisti no enforcamento dele, mas a corda do seu destino não é o nosso cabo.
- As cosias escureceram muito para nós…- afirmou a Princesa.
- Não me anunciais senão tristezas, nada mais. Dize, pois: perdi a coroa? - Perguntou o Príncipe.
- Ainda não. Mas só nos resta usar o medo religioso e o santo poder da salvação.
Vamos rezar! Vamos rezar! 
                                                                                                                     Miguel Saavedra

22 de setembro de 2017

A propósito da sondagem do JL/IPOM

As sondagens são ferramentas necessárias à acção política e essenciais para a condução das campanhas eleitorais; sem elas, navega-se sem instrumentos. Mas não são inócuas: não influenciam todos da mesma forma e no mesmo sentido - mesmo as verdadeiras.
A sondagem do JL/IPOM parece uma sondagem bem-feita, feita por quem sabe fazê-las. Coloca o PSD próximo do Olimpo (maioria absoluta) o que permite a criação de uma dinâmica de vitória, que não existe, nem nascerá; coloca o desafiador – NMPH - a uma distância que, a poucos dias das eleições, o afasta da discussão pela vitória (como Diogo Mateus já refere na campanha), e por isso, desanima; “mata” o CDS, partido que, pela direita, mais votos pode retirar ao PSD.
Alguém acredita que o CDS, que apresenta listas a todas os órgãos autárquicos, só terá 1,5% (cerca de 380 votos) como lhe é atribuído na sondagem? Ou seja: alguém acredita que só metade dos candidatos do CDS, ou um quarto dos candidatos e respectivo cônjuge, vota na própria lista?
Há ainda outro dado que reforça a desconfiança na sondagem: 43% de indecisos ou que não responderam – um truque ilibador.

PS: No Porto, o Jornal de Notícias/UC dá Rui Moreira e o PS empatados, com 34% e 33% respectivamente. O Jornal de Negócios/Aximate dá Rui Moreira próximo da maioria absoluta com 39,9% e o PS com 20,8% - 19,1 pts percentuais de diferença. Esta diferença abissal, entre duas sondagens, sobre o mesmo universo e na mesma altura, não é justificável tecnicamente.

Meirinhas: O verdadeiro debate

Ontem à noite pudemos assistir a um verdadeiro debate - pode ver e ouvir aqui - , o dos quatro candidatos à Junta de Meirinhas. Todas as freguesias deveriam ter a sorte de escolher assim, entre gente bem preparada e conhecedora da freguesia. Talvez o PS tenha ali um dos seus melhores candidatos (senão o melhor, pelo concelho) a uma junta de freguesia: Fernando Parreira, enfermeiro de profissão, é reincidente. Há quatro anos disputou a junta contra Avelino António, perdeu por pouco mais de 100 votos, e ontem mostrou aquilo que falta à maioria dos candidatos derrotados noutras freguesias: determinação. Em contraponto, o PSD  revelou ter ali um dos seus piores candidatos. De todos, era o menos preparado. Não vai ser fácil para os 1500 eleitores de Meirinhas escolher o futuro presidente, pois que tanto Artur Brás (CDS) como Daniel Mota (Narciso Mota/PH) estão igualmente aptos para desempenhar o cargo. 
Duas notas finais para desmitificar alguns preconceitos: 
1. o eleitorado de Meirinhas sabe escolher. Há quatro anos uma percentagem considerável de eleitores votou no candidato do PSD para a Câmara e no do PS para a Junta, caindo por terra a ideia da partidirite aguda. 
2. O que a Rádio Clube de Pombal está a fazer é verdadeiro serviço público, numas circunstâncias também diferentes, nestas eleições: os cidadãos estão mais politizados, mais esclarecidos, e mais disponíveis para participar na acção política, como se comprova. Estes debates estão a ser transmitidos no facebook e assim são vistos por milhares de pessoas, num processo de democratização louvável. É verdade que isso tanto pode desaguar numa maior participação nas urnas como num aumento da abstenção. Quero acreditar na primeira hipótese.
E hoje o debate é com os candidatos à Junta do Louriçal. Promete.

21 de setembro de 2017

Sondagem do JL/IPOM dá vitória a Diogo Mateus

Adenda:
Não acredito que a sondagem do JL/IPOM se confirme nas urnas. O PSD (Diogo Mateus) pode ganhar as eleições, mas não pela diferença que a sondagem aponta. Por outro lado, a sondagem varre os pequenos partidos da AM, com resultados que os coloca muito longe de elegerem alguém – não acredito.
Sempre afirmei que, numas eleições muito disputadas, como estas, os pequenos partidos teriam muita dificuldade em crescer, mas não acredito que sejam reduzidos a cinza.
Se se confirmasse a sondagem do JL/IPOM os mandatos na CM ficariam distribuídos assim:
PSD: 4 mandatos
NMPH: 4 mandatos
PS: 1 mandato

E na AM, se a votação fosse idêntica à da CM, os mandatos ficariam distribuídos assim:
PSD: 12 mandatos
NMPH: 11 mandatos
PS: 4 mandatos

20 de setembro de 2017

Hoje, palpito eu

Hoje, bafejado por dons especiais, arrisco previsão sobre o vencedor das próximas eleições autárquicas: NARCISO MOTA.
E arrisco, também, previsão sobre o número de mandatos na CM:
NMPH: 4 mandatos.
PSD: - 3 mandatos
PS: 2 mandatos
O 9.º mandato tanto pode cair para o PS (o mais provável) como para o PSD. Se cair para o PSD teríamos: NMPH: 4 mandatos; PSD: 4 mandatos e PS 1 mandato.

E para a AM:
NMPH: 10 mandatos
PSD: 9 mandatos
PS: 5 mandatos
CDS: 1 mandato
BE: 1 mandato
CDU: 1 mandato

Era um debate?



O que deveria ter sido um debate entre os candidatos à Câmara, ontem à noite, foi um sofrimento. O mais fácil seria discorrer sobre a prestação dos oito candidatos e concluir que, quem cá mora, tem razões sérias para ficar preocupado com o futuro, ganhe quem ganhar. O óbvio seria apontar  a pose arrogante de Diogo Mateus (PSD), a inabilidade crónica de Narciso Mota (agora independente), a insegurança de Gonçalo Pessa (BE), a assertividade de Sidónio Santos (CDS), a insistência de Fernando Domingues (CDU) a vontade de Pascoal Oliveira (MPT), a desadequação de Amilcar Malho (independente), a condescendência de Jorge Claro(PS). Para mal dos nossos pecados, a iniciativa (louvável, nos tempos que correm, perante a debilidade em que vivem as rádios e os media, em geral) não chegou lá. E é doloroso constatar a forma como regredimos, tão bem espelhada no Teatro-Cine, ontem à noite, a começar pelo palco e a a acabar na assistência: os mesmos, com as mesmas camisolas, que durante 20 anos aplaudiram aquele mesmo discurso de Narciso e seu concelho-charneira, são agora os que o apupam, que se riem do que diz. É bom que Diogo ponha as barbas de molho. Se eu não tivesse assistido aos últimos 24 anos da vida política local, nunca acreditaria nisto. 
Sendo assim, o que sobra? um concelho envelhecido, sem qualquer estratégia de renascimento, refém do caciquismo, agora dividido entre aqueles que querem segurar (ou alcançar) qualquer interesse e os anseiam recuperar o que perderam, seja isso poder ou emprego. 
Não houve um único momento de debate ao longo da fastidiosa noite. Diogo Mateus sentiu-lhe especialmente a falta. Tanto que abriu o microfone as vezes que lhe apeteceu (sem nunca ser advertido por isso).
Por último, mas nem por isso menos importante,  uma nota para os milhares que assistiram, partilharam e comentaram o debate, organizado pela 97FM Rádio Clube de Pombal e transmitido em directo pela Pombaltv. Isso diz bem do interesse que estas eleições - especialmente o duelo entre Narciso Mota e Diogo Mateus - despertaram no eleitorado. Temo que, depois de ontem, a maioria se remeta ao desprezo pela acção política. Para nós, aqui na terra, é como dizia o poeta Manuel António Pina: "Ainda não é o fim nem o princípio do mundo. Calma, é apenas um pouco tarde".

O que mostraram os candidatos à junta de Pombal

Os debates – melhor dito, os monólogos - entre os candidatos à junta de freguesia de Pombal (só) serviram para mostrar o desajuste entre o perfil dos candidatos e as atribuições do cargo. Uma parte do desajuste advém da discutível utilidade das juntas de freguesia, nomeadamente da junta sede do concelho; outra provém do perfil e das motivações dos candidatos. Há candidatos impreparados para o cargo, e há outros que preferem ignorar as atribuições do cargo porque se consideram bons demais para ele. Perante o desajuste congénito, os candidatos adoptaram um registo muito tuga: falam do que não são responsáveis - do que é da competência da câmara e (até) do governo - e não falam do que é da responsabilidade do cargo a que se candidatam. Era conveniente que descessem ao concreto, ao campo de acção da junta; ajudavam-se e poderiam ajudar.
O Pedro Pimpão (PSD) disse-se apaixonado pela terra e afirmou que (em) Pombal (tudo) é extraordinário. Como ainda não se descobriu como melhorar o notável e o extraordinário, manda a prudência que não o deixem estragar isto, que o mantenham como deputado da Nação.
O Anibal Cardona está como candidato à junta mas tem a cabeça na câmara. Por isso, quando lhe pediram que falasse sobre as atribuições e competências da junta, discorreu dez minutos seguidos sobre estratégia, proposta de valor, processos, liderança; e nada sobre a questão. É bom demais para a junta.
O Eduardo Carrasqueira mostrou que não sabe bem o que é junta. Limitou-se a debitar banalidades e histórias de vida; quando a memória o traiu leu as intenções do cardápio.
A Sílvia João ainda não percebeu o papel que representa. Respondeu sempre com superficialidades que não adiantam nem atrasam.
O António “Calvário” mostrou que sabe e conhece a realidade local das obras e saneamento. É o típico especialista que só conhece o martelo e, por isso, acha que todos os problemas se resolvem pregando pregos. Na câmara daria um bom encarregado ou ministro das obras e saneamento.

Desperdício duplo








Em Abiúl, a câmara, a junta e a comissão fabriqueira, não resistem à asneira: destroem património e dinheiro. Só lhes falta meter a igreja abaixo e fazer uma nova.



18 de setembro de 2017

Daqui fala a mãe


O novo Centro Escolar de Pombal abriu hoje as portas, pela primeira vez. Entraram por ali adentro 194 crianças, que a partir de agora hão-de correr pelos corredores impregnados do cheiro a novo, ocupando então seis salas do primeiro ciclo e três do pré-escolar. Eram quatro, mas as inscrições não chegaram para tanto. Fui lá hoje pela primeira vez e trago uma sensação agridoce: não é tudo perfeito mas é melhor, muito melhor do que a escola Conde Castelo Melhor, onde outros tantos meninos continuam a brincar num recreio pobre, a almoçar num refeitório que ecoa e amplia os gritos de miúdos e graúdos, enfim, o verdadeiro "reformatório do século XIX", como tão bem lhe chamou (em tempos passados) o director do Agrupamento. E isso devia bastar para fazer corar de vergonha o nosso poder político, um município que escolheu para lema na educação o "sucesso escolar 100%". Como tão bem lembra Catarina Pires neste exercício de memória, "a escola deve ser o principal instrumento de criação de igualdade de oportunidades e justiça social."

Só que não é. Em Pombal, não é. Bem pode Diogo Mateus esgrimir argumentos e vantagens de "não ter uma escola com 400 alunos", para justificar a opção de requalificar a velhinha EB1 em vez de construir o Centro fora dali, que isso não apagará os factos deste ano lectivo: há meninos a chorar na Conde, tristes porque não tiveram a mesma sorte que os outros. Houve um sorteio, como é sabido, que ditou as turmas bafejadas. "Isso daqui a uns dias passa", hão-de dizer-me. Pois passa. "No meu tempo também não tinha melhores condições e ninguém reclamava". Pois não. Só que o tempo não anda para trás, o mundo é outro, e a nossa exigência na aplicação dos dinheiros públicos também o deveria ser. 
Descendo na cronologia, uma nota importante: a reunião no ginásio da escola secundária de Pombal, segunda-feira passada, entre o agrupamento, a Câmara, a Junta (afinal o presidente sempre se dignou a aparecer, depois de anunciar em edital que não fazia sentido reunir com os pais e falar de AEC's, almoços e ATL, por estar em fim de mandato...) e os pais. Demorei oito dias a digerir aquilo. Era um anfiteatro cheio de pais, a maioria mais ansiosos que os filhos, muitos que ali entravam pela primeira vez. Lembrei-me naquela hora da minha primeira reunião do género a que assisti, no velhinho ginásio da EB1, salva pelo entusiasmo da professora Trindade, então à beira da reforma. Falta entusiasmo e faltam sorrisos nestes encontros a que a Escola chama de acolhimento, efeito bálsamo para pais à rasca. Na segunda feira passada, o presidente da Câmara anunciou a todos aquilo que já se adivinhava quando passávamos perto da obra: o Centro Escolar não estava pronto, as aulas só poderiam começar na semana seguinte. E por mais que tenha apreciado a forma frontal como ali foi falar aos pais, isso não apaga o desrespeito da revelação tardia. Mais uma vez, tudo começa e acaba na comunicação, ou na falta dela. E num caso destes, bastava aos pais terem sido avisados atempadamente do adiamento da abertura, para que pudessem (re)organizar a sua vida. Mas os pais estão condenados ao papel de espectadores neste processo educativo, são encarados pela escola como figuras decorativas na estrutura, e quando assim não é...é uma chatice. Não vem mal ao mundo que uma obra se atrase, desde que estejamos todos preparados para isso. Porém, parece que esta nem se atrasou. Naquela reunião ficámos a saber que o caderno da encargos previa a entrega da obra até 15 de Outubro (!) Sendo assim, é tempo de embarcarmos naquele discurso fofinho do "em Pombal temos muita sorte, estamos muito bem, quem dera ao país estar como nós"? Não, não é. É tempo de sermos exigentes com o poder que nos governa e com a oposição que deveria perceber estas coisas antes de as assinar de cruz. Ou só agora repararam que os meninos não cabem todos na escola nova, aprovada por unanimidade, como é costume?
Sobre a obra da escola nova, falta dizer que ainda não houve bênção, embora precise. O piso do recreio não inspira confiança a um crente. As salas de aula são demasiado pequenas para turmas com 26 meninos. O resto é bom: espaço amplo no refeitório e na biblioteca. O ginásio ainda não está pronto mas promete. Temos metade do problema resolvido. Dentro de poucos anos talvez esteja todo ele sanado. E eu, que continuo a defender a escola pública e as lutas dos professores (mesmo que nem todos nem sempre o mereçam) acredito que os nossos filhos vão ser felizes ali. De resto, não podemos esperar que toda a gente nos compreenda, que quem opta pelo privado para a educação dos filhos saiba colocar-se no nosso lugar. Essa deveria ser a primeira condição para um titular de cargo público, seja ele qual for. 

16 de setembro de 2017

Olé, Sandra, Olé!

Foi uma cena de faca e alguidar como não há memória na Assembleia Municipal. Sandra Barros, a seráfica presidente da Junta de Abiul que se fez eleger pelo CDS mas que acaba de se mudar para o PSD, soltou a língua na última reunião do mandato, proporcionando uma cena trágico-cómica. Desafiada pelo astuto Ricardo Ferreira, confundiu o salão nobre com uma tertúlia das lides e...rodou a baiana.
O que falta de tacto político à presidente de Abiul sobra a Ricardo Ferreira, mentor do renascimento do CDS em Pombal, verdadeiro peão de brega de todo o processo autárquico. Sandra achou-se "com as costas quentes", escoltada pelo PSD,  mas apostamos centavo contra vintém em como aquela cena fez corar de vergonha Diogo Mateus, pouco dado a este baixo-nível. Quatro anos na Assembleia não lhe bastaram para aprender que o jogo político se faz de algumas regras básicas...
Mas, para além da forma, há o conteúdo das suas acusações. A provarem-se, estamos perante um crime. E sendo assim, das duas uma: ou os membros do CDS em Abiul são uns arruaceiros destruidores de propaganda, ou há aqui trabalho para os tribunais. 

A provocação:

A resposta:

15 de setembro de 2017

Tempo de balanços

Realizou-se ontem a última sessão da Assembleia Municipal (AM) deste mandato. Foi uma sessão política, aproveitada pelos políticos que por lá ainda restam para balanço e campanha eleitoral.
O presidente da assembleia – Narciso Mota – despediu-se do cargo com mais desculpas que brilho. Não conseguiu compatibilizar o exercício do cargo com o de candidato opositor. Deveria ter renunciado ao cargo após o anúncio da candidatura.
O presidente da câmara – Diogo Mateus – foi o que mais política fez na sessão e ao longo de todo mandato; mal, vezes demais, para ele e para os outros. Conseguiu transformar um passeio triunfal num calvário com final imprevisível. Mas fez correctamente o balanço dos outros: uma oposição preguiçosa e cómoda, quando deveria ser mais estudiosa, mais assertiva, mais rigorosa e trabalhadora.
A bancada do PS, por comodismo e por não gostar de incomodar, por preguiça e falta de capacidade de trabalho, nunca fez política - desperdiçou até factos políticos que provavelmente não surgirão na próxima década. Foi uma bancada de gente em serviços mínimos e de corpos presentes.
No CDS nunca existiu bancada, só dois atiradores: Ricardo Ferreira e Henrique Falcão. O primeiro foi uma surpresa: Jovem, astuto, preparado e com intento político em tudo que faz; o segundo foi uma desilusão: acomodado e colaboracionista (os favores pagam-se), limitou-se a dar uns tiros de pólvora seca. No entanto, na última intervenção mostrou que, se quisesse, poderia ter feito um bom mandato: desmascarou as figuras que se pavoneiam pelos cargos públicos, pedindo-lhes que reportassem à assembleia as actividades e os resultados atingidos nas entidades/comissões para onde tinham sido eleitas como representantes da AM. Não se ouviu uma única informação substantiva; mas ficou a saber-se que algumas só tomaram posse…
Do representante da CDU não vale a pena falar.
A bancada do PSD não quis ou não conseguiu fazer política. Muito corpo presente e pouco discernimento político. O Pedro Brilhante foi o único que cresceu ao longo do mandato – melhorou a retórica e a substância, falta-lhe abandonar o que resta de paleio jota.

PS1: a maioria dos membros da AM terminou o mandato sem nunca ter lido o regimento, e o democrata Pedro Pimpão tentou aproveitar essa fragilidade para silenciar a oposição mas não deu carta-branca à sua malta para violar o dito regimento.
PS2: A oposição (e os desalinhados) pouco rigorosa e pouco estudiosa vai ao tapete sempre que levanta a garimpa porque esquece-se que aprovou uma medida e mais tarde faz oposição à medida. 

14 de setembro de 2017

Um comício para (lhes) tratar da saúde


Na noite passada caiu por terra a teoria de que o povo já não vai a comícios. Vai, se for levado com jeitinho. Foi o que aconteceu no Louriçal, onde uma praça de gente madura compareceu,obedientemente, a um evento criado pela designada "Comissão de Utentes do Pólo de Saúde do Louriçal da UCSP Vale do Arunca", sob a forma de debate, subordinado ao tema "Louriçal - o futuro terá saúde?". A organização - a cargo do responsável pela dita comissão, um farmacêutico que por coincidência acumula o cargo com o de secretário da actual Junta de Freguesia - deu uma lição de marketing político às melhores agências: usou a palavra "Futuro", convidou os diversos candidatos à Junta, mais o presidente da Câmara, e amplificou no palco o boato que circula há semanas por ali - esses malandros esquerdalhos querem fechar o centro de saúde do Louirçal. E levá-lo para a Pelariga, na melhor das hipóteses...
A mim não me espanta que a praça se encha de gente, em plena campanha eleitoral. Nem tão pouco que a desinformação seja moeda de troca no vale-tudo das eleições. E logo no Louriçal, onde o PSD nem sequer tem razões para se preocupar. Mas custa-me ver a manipulação. E como quem cala consente, é penoso ver o silêncio das entidades competentes, como a ARS. Já perceberam que as respostas por escrito não levam a lado nenhum, ou depois da noite passada é preciso fazer um desenho?

12 de setembro de 2017

Desmazelo

Em Pombal, constroem-se equipamentos desportivos (e não só) para mostrar obra feita e assim captar votos, não para responder às necessidades da população. Depois são deixados ao abandono. O da figura, na cidade, cedido à câmara como contrapartida de construção de urbanização, tem boa procura mas encontra-se no abandono total. Mostra (tal como muitos outros) o desmazelo, a incúria e a irresponsabilidade reinante.

11 de setembro de 2017

Falharam, disse ele.



Se o discurso da oposição se assemelhasse (em forma e conteúdo, incluindo o do próprio, nas reuniões de Câmara...) ao que Aníbal Cardona proferiu na tarde de sábado, na festa que a renascida Juventude Socialista organizou no Jardim, outro galo cantaria nas eleições de Outubro próximo.
O PS anda há anos demais como que a pisar ovos, como que a pedir desculpa por intervir, esquecendo que está em causa apenas ser aquilo que se espera de uma alternativa: diferente do poder, sem medo das palavras, muito menos de "espantar os passarinhos".
Quem vê a forma combativa como o candidato do PS à Junta de Pombal se dirige ao público nesta intervenção, facilmente conclui que sim, que falharam todos: o poder reinante (pelas razões enumeradas, entre outras) mas também a oposição, nas suas próprias escolhas. Sábado à noite há um debate no Café Concerto entre todos os candidatos à junta de Pombal: Pedro Pimpão (PSD), Aníbal Cardona (PS), Sílvia João (CDS-PP), Eduardo Carrasqueira (NMPH) e António Costa (CDU). E isso é que promete.

10 de setembro de 2017

Provar do próprio veneno


Narciso Mota dispensa palavras na hora de descrever como foi a sua governação. Betão, alcatrão e pouco mais é o que se pode dizer dos tempos deste ex autarca que está convencido que vai voltar às lides.

Sempre que se aproximavam as eleições eis que surgiam quase miraculosamente tapetes de alcatrão, já que essa é uma das mais belas formas de garantir votos. Alcatrão e manilhas e afins, é a fórmula pouco secreta de boa parte dos autarcas. E os cidadãos, diga-se, são pouco exigentes, já que ao invés de pugnarem pelo ordenamento do território, por um urbanismo pensado para a qualidade de vida, e outras “coisas” mais, importantes, "vendem-se" facilmente por umas canetas e um tapete de alcatrão à porta de casa.
Narciso Mota usufruiu desta fórmula mágica, fazendo um bom uso dela durante muitos anos, mas, e agora, que está numa posição desfavorável, queixa-se do Município de Pombal, que, imagine-se, fez precisamente o que ele fez enquanto esteve ao leme daquele município, tal como consta nos anais da história pombalense. Objectivamente fez queixa de quem foi o seu delfim, o qual seguiu à risca o que viu durante esse tempo vivido num segundo plano. É quase que como uma ironia suprema pombalense, o feitiço virar-se contra o próprio feiticeiro.
Como diz aquele velho ditado popular, Narciso Mota está a provar do próprio veneno, e parece que não está a gostar nada, dada as queixas da sua candidatura à CNE. Quem diria, quem mais promoveu a politica do alcatrão em Pombal faz agora queixinhas da... política do alcatrão.
Tem a sua graça... Numa notícia do Jornal Terras de Sicó, fala em imediatismo, nas decisões de curto prazo, pensando que a malta se esquece do que ele fez. Pensa que basta passar uma esponja no que não lhe interessa nesta fase e acredita que basta meter um slogan humanizado, diga-se muito contraditório e inconsequente, para a malta voltar a votar nele. É por estas e por outras que as palavras de muitos autarcas valem o que valem."

Farpas Convidadas: João Paulo Forte (Blogger: http://www.azinheiragate.blogspot.com/)

8 de setembro de 2017

Autárquicas 2017: a voz do povo


Existe um preconceito na nossa vida política: quem não tiver canudo não pode ser bom cabeça de lista. A prova disso é que, em Pombal, só a CDU fugiu à tentação de escolher os principais protagonistas fora do leque dos doutores & engenheiros. Se queremos órgãos autárquicos plurais, sensíveis aos diferentes problemas das populações, não podemos deixar de louvar esta opção.

Mas não foi só por isso que aceitei o convite para pertencer às listas da coligação liderada pelo Partido Comunista Português. O papel que esta força política tem desempenhado no concelho é bem mais relevante do que a sua expressão eleitoral. E, convenhamos: não há partido que tenha tarefa mais difícil que o PCP. Sobretudo em Pombal.

5 de setembro de 2017

E agora, rezamos?



O poder político encontrou neste ano eleitoral uma forma inédita de fazer inaugurações: agora designam-nas por "bênção" dos edifícios, chamam o padre da freguesia e a banda filarmónica, convidam (parte) da população a juntar-se à festa e depois exibem-se nas redes sociais as fotografias do momento. Foi assim em Vermoil e foi assim no Louriçal. Ora, como falta menos de uma semana para o novo centro escolar de Pombal abrir as portas às seis turmas contempladas com a novidade, e a obra continua em marcha (quando deveria ter sido entregue a 15 de Agosto) está na altura de começarmos uma novena... Será que Pombal ainda faz parte do Estado laico? Ou retrocedemos à monarquia da santa madre Igreja e ninguém nos avisou?

4 de setembro de 2017

A propósito das falsas indignações

O Homem doente (doente de espírito, doente de valores e doente de vida), do final da Idade Moderna, que Nietzsche caracterizou e os artistas do movimento Modernista retrataram, foi o que protagonizou, umas décadas depois, os maiores horrores e desgraças da história recente. O Homem contemporâneo (dos nossos dias) não é melhor, padece das mesmas doenças: fraca energia vital (potência), mais apreciador da boa reputação do que do sentimento de poder, dormente, fraco, fútil, covarde, sonhador débil desfocado da realidade ou negador de parte dela, portador do sentimento de culpa e de pecado, crente na redenção ou em amanhãs que cantam, profeta e justiceiro ao serviço da moral pitoresca ou de causas perdidas, mero reflexo da espécie humana, que não age, reage por estados de alma, coleccionador de desgostos e depressões, que se indigna com o marginal e despreza o essencial da vida: o prazer, os sentidos, a potência, a criação.
Vivemos um tempo em que o Homem doente – maioritário - quer impor o seu padrão de vida, um padrão que nivela por baixo, onde o comportamento medíocre é promovido e promove, onde se recrimina o prazer, a exaltação, a volúpia, o sexo, se abafam diferenças, tons, estilos, se procura igualar o inigualável: essências, pessoas, géneros, etc.