foto: Junta de Freguesia de Pombal
Ontem à noite, no Café Concerto, enquanto debatíamos
a igualdade de género, em pleno Dia Internacional da Mulher, lembrei-me muito
do que dizia a D. Lucy (minha eterna directora) sobre essa divisão do mundo que se faz entre as pessoas
medíocres e as outras. Foi de um espantoso arrojo o convite da Junta de
Freguesia de Pombal e da APEPI. Lá estivemos eu, a Dina Sebastião e o José
Zaluar a esmiuçar sub-temas desse anátema que é o papel da Mulher nos vários
eixos, os três à esquerda do que é convencional aqui na terra. Para espanto de
uns quantos, aconteceu aquilo de que eu já estava à espera: ninguém da Câmara. E ninguém com responsabilidades em qualquer partido político. Uma ausência notória e notada, se pensarmos que ainda no início do mandato os
senhores presidente, vereadores e demais agentes teciam loas à eleição da
primeira mulher para presidente da Assembleia Municipal. E que nos anos
recentes, quanto tudo corria bem dentro de um partido único, e as comemorações
do 8 de Março eram um dois-em-um entre a APEPI e as mulheres social-democratas,
era uma correria de bem-parecer. A Câmara tem duas vereadoras a tempo inteiro,
com pelouros tão importantes como a Educação e a Cultura. Fica-lhes mal, até
como mulheres, esta demarcação. Fica mal ao Município embarcar no sectarismo,
quando gosta tanto de encher a boca com a terra das oportunidades e da
igualdade para todos.
Falei ontem do papel da Mulher nos Media, do que me ficou
nos anos em que aqui dirigi um jornal, dos números tristes que retratam a
presença feminina nas páginas e nas peças, e da esperança no meu Sindicato dos
Jornalistas, cuja direcção contraria a desigualdade de género e se empenhou num
projecto de Literacia Mediática que há-de levar os jornalistas às escolas e
construir uma outra educação para os media com os mais novos. Para memória
futura, rendi a minha homenagem a duas mulheres de Pombal, nem sempre compreendidas
mas cujo papel foi marcante na história dos media locais: a Teresa Estanislau
(primeira mulher com carteira profissional de jornalista em Pombal) e Maria
Luís Roldãobritesbustorff, a cronista que mais escreveu e falou de nós nas
páginas dos jornais.
Razão tinha mesmo a Simone de Beauvoir: "não se nasce
mulher, torna-se mulher". Só que isso não está ao alcance de todas e de todos.
Amiga e companheira Paula Sofia, eu sei que tu sabes que eu sou um par, de entre pares, entre as mulheres.
ResponderEliminarPermite-me fazer uma homenagem às mulheres e aos homens (coitadinhos) através do poema Truca-truca escrito e recitado, na hora, por Natália Correia, na Assembleia de República, em 1982, quando estava em Deputada da Nação, na Bancada do PSD:
Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.
Saúde e Fraternidade