29 de dezembro de 2018

O bom cristão e as luzes de Natal



A decoração de Natal deste ano - a iluminação das ruas, entenda-se - é qualquer coisa de deprimente, concordamos todos. O poder autárquico trata-nos assim como uma espécie de parentes afastados, a quem recebe em casa sem empenho nem agrado, literalmente a cumprir os mínimos, porque tem de ser. 
Pelas justificações que Diogo Mateus deu aos deputados municipais do PS (que o questionaram na Assembleia Municipal) o registo é ao estilo "para quem é bacalhau basta". Ficámos todos sem perceber qual foi a razão, afinal, para tamanha pobreza. O presidente - sempre politicamente hábil e com a sorte de defrontar uma oposição frouxa - não responde, não justifica, e opta pelo ataque como forma de defesa, perguntando os deputados qual é que acham que seria o valor razoável para gastar em luzes de natal. Para quem se arroga tão bom gestor, fica-lhe mal ir por aí. 
O problema, senhor presidente, é de forma e de conteúdo. Não é só a quantidade de luzes que Pombal (não) teve este ano. É o refugo que pagamos como tal. É uma questão de gosto, de brio na cidade. Mas lá voltamos ao mesmo: quem não vive a terra está-se marimbando para isso. Quem pega nos filhos e vai a outras cidades passear e fazer compras, mostrar-lhes outras coisas, deve achar que isto está bom assim. Depois embrulhamos isso tudo com um discurso de "calor humano" com as actividades na tenda do jardim, e está feita a quadra.
D. Diogo - que nos últimos anos está feito um beato - atirou então com o argumento da religião. Como se não soubesse que o Natal começou por ser uma festa pagã, como se os valores apregoados pela (sua) Igreja não fossem de acolher os outros, ou como se quem não vai à missa bater com a mão no peito não tivesse direito a circular nas ruas, a entrar no comércio, a comprar presentes,  participar do Natal. 
Mas nestas alturas há uma razão que lhe assiste: se os elementos da oposição participassem nas actividades, no programa que tanto podia ser feito agora como na Páscoa ou noutra época qualquer, mas que serviu para o Natal na Cidade - poderiam responder-lhe à letra, e dizer-lhe que merecíamos mais. Ou não. Se calhar cada povo tem aquilo que merece. 

Ir à lã (III)

… e vir de lá tosquiado!
Narciso Mota começou por exaltar a sua governação; e daí partiu para a crítica. Começou pelo abandono da Quinta de Sant`Ana…  
Ora oiçam o troco…!
Durante duas malfadadas décadas, foi este o modelo de governação que tivemos: bom para os nossos, discriminatório para os outros. O actual é diferente, mas não é melhor…
Oposição eficaz exige legitimidade, e legitimidade exige credibilidade.


26 de dezembro de 2018

Alerta suicídio

Na última reunião do executivo, Narciso Mota discorreu longamente (19 minutos) sobre a sua vida e a sua carreira política, sobre tudo e sobre nada, pela enésima vez, no seu registo característico. Uma parte da lenga-lenga foi sobre boa (a sua) e má (actual) governação. Nesse encadeamento afirmou: “há pessoas a suicidarem-se”, devido às perseguições.
Esta acusação é gravíssima e alarmante… Será que já se chegou a este limite?


Ir à lã (II)

… e vir de lá bem tosquiado!
Michael António acusou a empresa municipal PMUGEST de prestar serviços de plantação de eucaliptos, a particulares, em locais que violam o Plano Director Municipal; e de ocorrerem plantações em área urbana.
Diogo Mateus sentiu o toque, enrolou a resposta, e partiu para o ataque. Ora oiçam…
Oposição eficaz exige legitimidade, e legitimidade exige credibilidade.


24 de dezembro de 2018

Um post em tom natalício

Em resposta ao pedido de algumas famílias, que pedem coisas mais “construtivas”, aqui vai…
Despertada com o tinha ouvido na AM, a doutora Odete interpelou o nosso presidente, de forma muito cordata, na reunião do executivo do dia seguinte.
A doutora Odete afirmou que gostaria de saber, e de perceber, o estado de um conjunto de obras adiadas sucessivamente: CIMO-SICÓ, Quinta de Sant`Ana, Casa Varela, Casa Mota Pinto, Casa da Guarda Norte, Quinta do Casarelo.
O senhor presidente percebeu todas as dúvidas da doutora Odete e prestou, prontamente, todas as informações à distinta vereadora do nosso distinto concelho, durante vinte e três minutos, de forma muito atenciosa, no seu registo artificioso com muito talento retórico.
A doutora Odete ouviu atentamente as explicações do nosso presidente, anotou as informações prestadas, e parece ter ficado em condições de esclarecer os nossos munícipes sobre tão importantes empreitadas para a nossa terra.

23 de dezembro de 2018

Conversas surdas (II)

Há por aqui quem me acuse de exagerar no tom das críticas.
Ora repararem na auto-avaliação feita pelo actor principal.
Não ia tão longe, mas se ele o diz…

Sai um presente para a Sandra

Este senhor, tal como o outro, usa o dinheiro da câmara como se fosse dele; e ainda goza com o pagode.

E falam em transparência...

22 de dezembro de 2018

A velha história de ir à procura de lã

…e vir de lá tosquiado. Foi isso precisamente que aconteceu à doutora Ofélia. Criticou duramente a excessiva concentração de poder no presidente da câmara e a sua postura anti-democrática nas reuniões do executivo, mas – e o mas aqui tem muita força -, falta-lhe legitimidade para o fazer (tal como à esmagadora maioria dos membros do movimento). O presidente deu-lhe... E ainda aproveitou a ocasião para verguestar o colega do lado; que, dorido ou com sede, saiu mais cedo.

Conversa de surdos

As sessões da assembleia municipal (AM) são longuíssimas conversas de surdos, onde uns falam para se ouvir e outros nem isso – vociferam simplesmente. Que os apoiantes do poder não queiram discutir os problemas do concelho, percebe-se; o que não se percebe é que a oposição também não o queira fazer (bem sabemos que não basta querer!), que não aproveite os poucos palcos de que dispõe para se diferenciar e afirmar.
Que a maioria provoque a discussão de questões de âmbito nacional, com moções e recomendações inócuas, com o intuito de encobrir a realidade local, aceita-se; faz o seu papel: sabe que está a ganhar, limita-se a atirar a bola para a bancada. Mas que a oposição entre no jogo, com a mesma táctica e artifícios, roça a insanidade.
Politicamente, as sessões da AM resumem-se ao período de antes-da-ordem-do-dia. O resto, que deveria ser o essencial, são formalismos e votações. O regimento atribui uma hora para período de antes-da-ordem-do-dia, mas na última sessão prolongou-se por quatro horas (!), por via das tais moções e recomendações inócuas e da sempre presente chicana política. Depois, cansados e desnudados de ideias e argumentos, os membros da assembleia aprovam de rajada os vinte e tal pontos da agenda – as verdadeiras matérias da governação da câmara e da vida do concelho – sem análise, sem discussão, sem contraditório ou reparos significativos. Irresponsabilidade. Reafirmo: percebe-se que a bancada da maioria aja assim (confia no executivo, no seu trabalho); não se percebe (ou percebe!) que a oposição se demita de fiscalizar a governação, que passe cheques-em-branco a (quase) tudo. É uma irresponsabilidade que pagam com língua-de-palmo, mais tarde, quando tentam criticar uma ou outra medida do executivo, e este lhes relembra que foi aprovada por unanimidade.
Na reunião de Dezembro - a mais importante - são discutidas e votadas as GOP e o Orçamento. A oposição votou contra - apesar de tudo uma evolução! -; mas não acrescentou nada ao debate. O NMPH e o PS limitaram-se a justificar a opção com uma intervenção retórica, sem qualquer substância; o CDS e o BE nem isso – confrangedor.
Assim, a oposição não se credibiliza; nunca será alternativa.

21 de dezembro de 2018

Boas Festas!


Terminámos mais um ano – o 11.º - com a sensação do dever cumprido. Farpeámos bastante, mais de 250 posts; mas essencialmente farpeámos melhor. Chegámos a mais leitores, arrancámos mais reacções e mais comentários. Foi um ano de pequenas e grandes conquistas. Não mudámos a aldeia mas ajudámos a ela respirasse melhor. Alegra-nos ver a urbe mais liberta, sem receio de opinar, de criticar, de confrontar decisores.
No próximo ano cá estaremos, para cravar uma farpa na epiderme de cada facto contemporâneo: apenas a porção de ferro estritamente indispensável para deixar pendente um sinal.
Contem connosco, contamos convosco.
Boas Festas e Bom Ano

A assembleia sem rei nem roque

Vamos com um ano disto, e não há meio disto encarreirar. A reunião da Assembleia Municipal foi a tourada do costume. Estou em crer que estamos perante uma estratégia premeditada de 'prender' os munícipes a cada sessão, à distância de um ecrã. Ou de os vencer pelo cansaço. 
Mas a figura do ano está encontrada: Aires da Ponte, o homem do movimento Narciso Mota Pombal Humano, que ali foi acordar aquele torpor.
Estava escrito nas estrelas que o clima ia andar tenso e os ânimos exaltados, desde a véspera, na assembleia de freguesia de Pombal. E aquele momento de Aires da Ponte - José Gomes Fernandes (igual a ele próprio, regressado) - Guilherme Domingues (quando não sabemos uma coisa o melhor é calarmo-nos...) foi impagável. A presidente da mesa permeável a este estado de coisas, sem ser capaz de impor respeito e dignidade ao órgão, a não ser quando o público se manifesta com...palmas. E um conjunto de politiqueiros que se representa a si próprio. 
E foi aquilo que se viu.
 

20 de dezembro de 2018

A segunda-feira sem carne uma vez por mês

A longa e pomposa iniciativa “Segunda sem Carne” foi rapidamente reduzida à iniciativazinha “Segunda sem Carne uma vez por mês”. Se o ridículo matasse muitos candidatos a políticos morreriam à nascença.
O problema - da coisa – não está na frequência, está no fim: educar pela imposição – e esse mantem-se, independentemente da frequência. Mais: por detrás desta forma de fazer política está a face oculta do moralismo cristão, que devagar, devagarinho, vai moldando, educando, impondo. Isto é o oposto da sociedade livre, da livre escolha.

14 de dezembro de 2018

Os D. Quixote deste tempo



Pombal não sai da cepa-torta, nem sairá, porque está entregue a políticos impreparados, ocos, lunáticos, escravos da vontade e da acção, que querem fazer coisas mas não sabem que fazer, aventureiros que tudo quanto pensam, vêm, ou imaginam, lhes parece real, factível, útil – estereótipos do D. Quixote. Se quando olham vissem alguma coisa, perceberiam que o concelho está cheio de monos, de equipamentos e malfeitorias inacabadas, ao abandono ou sem utilidade nenhuma; pensavam duas ou três vezes antes de falar ou propor alguma coisa; facilmente concluiriam que não basta fazer, que fazer coisas úteis exige análise e estudo, que os recursos são escassos, e, se mal usados destroem valor.
Vem esta conversa na sequência da reintrodução, pela enésima vez, da recuperação dos moinhos das Corujeiras, agora pelo PS. Como se aquilo tivesse recuperação possível, como se aquilo tivesse algum interesse económico, turístico, cultural, etc.
Existiram dezenas de moinhos de vento e azenhas em Abiúl (e nas outras freguesias), que desapareceram pela lei da vida; e nas redondezas existem moinhos de vento e azenhas, bem recuperados, que preservam a memória. Por quê esta obsessão lunática em recuperar o que é irrecuperável? O concelho precisa de vida, não de coisas mortas e ultrapassadas, não de nostalgias bacocas. E acima de tudo, precisa de políticos que saibam distinguir o essencial do acessório.

11 de dezembro de 2018

A última iniciativa da junta do Pedro


A junta de freguesia de Pombal, do nosso amigo Pedro Pimpão, lançou mais uma iniciativa: Segunda sem Carne. Com esta iniciativa o Pedro e os seus apóstolos pretendem “retirar da refeição escolar, pelo menos uma vez por semana, a carne”; e, desta forma, “consciencializar sobre o impacto que o uso de produtos animais tem sobre os animais, sociedade, saúde humana e planeta”. A junta do Pedro garante-nos que “é possível e relativamente simples adaptar os pratos típicos da gastronomia portuguesa à alimentação vegetariana”. Para o Pedro tudo é simples e extraordinário.
O Pedro é o típico político-profeta, que de escuteiro se fez profeta e de jota se fez político; que junta a fé à ilusão, e vontade à embriaguez pela acção; que se julga o educador e o salvador dos pecadores, convertendo-os à vida vegan.
O Pedro tem muita dificuldade em distinguir o acessório do essencial. Quando, ao longo dos últimos anos, os pais e os seus representantes fizeram queixa sobre as refeições escolares, o Pedro manteve-se impávido e sereno; nunca se indignou por a “sua” junta alimentar, vezes demais, crianças de tenra idade com arroz e salsicha ou arroz com atum. Bem sabemos que para o Pedro a ilusão é o seu elixir; mas evitava de o voltar a confirmar.

PS: O Farpas está em condições de anunciar as próximas iniciativas da junta do Pedro: “Sexta de jejum”; Sábado de abstinência”; “Fim-de-semana sem política”.

5 de dezembro de 2018

Afinal, não custa nada cumprir com as obrigações



Desde ontem que os serviços municipais estão a reparar as pedras levantadas na rua Capitão Tavares Dias, que têm provocado inúmeras quedas aos transeuntes, como aqui denunciámos na semana passada.
Vêem como afinal é tão simples acabar com o desmazelo? Agora só falta o resto.

4 de dezembro de 2018

CMP, a PME Excelência

Em Portugal há uma indústria que floresce: a Indústria do Galardão. As suas origens remontam aos famosos prémios da Farinha Amparo, e daí para diante foi sempre a crescer. Difícil, actualmente, é conseguir escapar ao galardão/Diploma.
No sector privado, o galardão mais atribuído e ostentado é o diploma PME Excelência - de excelência não tem nada, cheira até a mau prenuncio. Na última década foram atribuídos dezenas de milhares, uma boa parte a empresas entretanto desaparecidas. 
No sector publico, os galardões multiplicaram-se ainda mais. Chegar-lhes depende do gosto e da carteira - óbices despiciendos no sector publico. A CMP tem trabalhado afincadamente para os galardões, e as distinções têm caído: Bandeira Verde ECOXXI - 5.º Município Mais Sustentável; Autarquia Familiarmente + Responsável; 3.º no Anuário Financeiro dos Municípios ; 15.º Índice de Governação Local; etc. É bom ser distinguido, mas o que deveria contar é ser Distinto. Pombal viciou-se neste registo: pobrete e alegrete. Vive nisto, mas não vive disto. Não lhe acontecerá como aos milhares de PME Excelência que desapareceram, porque é Estado, mas desfalece a olho nu. E paradoxo dos paradoxos: quanto mais desfalece, mais galardoado é!
Era tempo dos políticos - e dos cidadãos que os elegem - perceberem uma coisa simples: quem trabalha para a aparência agrava a realidade. Era tempo do poder instalado (que não é verdadeiramente questionado) se questionar: deve trabalhar para a fotografia ou para resultados?