A decoração de Natal deste ano - a iluminação das ruas, entenda-se - é qualquer coisa de deprimente, concordamos todos. O poder autárquico trata-nos assim como uma espécie de parentes afastados, a quem recebe em casa sem empenho nem agrado, literalmente a cumprir os mínimos, porque tem de ser.
Pelas justificações que Diogo Mateus deu aos deputados municipais do PS (que o questionaram na Assembleia Municipal) o registo é ao estilo "para quem é bacalhau basta". Ficámos todos sem perceber qual foi a razão, afinal, para tamanha pobreza. O presidente - sempre politicamente hábil e com a sorte de defrontar uma oposição frouxa - não responde, não justifica, e opta pelo ataque como forma de defesa, perguntando os deputados qual é que acham que seria o valor razoável para gastar em luzes de natal. Para quem se arroga tão bom gestor, fica-lhe mal ir por aí.
O problema, senhor presidente, é de forma e de conteúdo. Não é só a quantidade de luzes que Pombal (não) teve este ano. É o refugo que pagamos como tal. É uma questão de gosto, de brio na cidade. Mas lá voltamos ao mesmo: quem não vive a terra está-se marimbando para isso. Quem pega nos filhos e vai a outras cidades passear e fazer compras, mostrar-lhes outras coisas, deve achar que isto está bom assim. Depois embrulhamos isso tudo com um discurso de "calor humano" com as actividades na tenda do jardim, e está feita a quadra.
D. Diogo - que nos últimos anos está feito um beato - atirou então com o argumento da religião. Como se não soubesse que o Natal começou por ser uma festa pagã, como se os valores apregoados pela (sua) Igreja não fossem de acolher os outros, ou como se quem não vai à missa bater com a mão no peito não tivesse direito a circular nas ruas, a entrar no comércio, a comprar presentes, participar do Natal.
Mas nestas alturas há uma razão que lhe assiste: se os elementos da oposição participassem nas actividades, no programa que tanto podia ser feito agora como na Páscoa ou noutra época qualquer, mas que serviu para o Natal na Cidade - poderiam responder-lhe à letra, e dizer-lhe que merecíamos mais. Ou não. Se calhar cada povo tem aquilo que merece.