O fim é triste. O fim em política é sempre triste,
nomeadamente quando se teve uma carreira longa e cheia de sucessos, que não se
soube terminar a tempo. Mas não tem que ser indigno.
O fim político de Narciso Mota atingiu aquilo que muitos
prognosticaram: o patamar do indigno. Neste destino há muita culpa do próprio (à
cabeça as pessoas de que se foi rodeando) e de todos que o rodeiam. Sim, de todos:
apoiantes e adversários, amigos e inimigos, os que o afrontam e os que se escondem…
O patamar de baixeza que se atingiu na última reunião do
executivo não expõe somente as fraquezas de Narciso Mota e de Diogo Mateus, expõe
todos – os que falaram e os/as que se calaram. Expõe, também, uma classe
política indigna, sem princípios nem valores - velhaca. Direi mais: o palavrório
descontrolado, inconsciente, choca tanto como os silêncios comprometidos, cobardes,
manhosos. Porque aquilo não foi um descontrole momentâneo, um baixeza, que
qualquer um pode cometer no calor da luta política; aquilo foi indignidade
completa e em crescendo. Aquilo foi o grau zero da política, da decência, da
dignidade. Como é que aquela dezena de criaturas não se indignou com o que
estava a acontecer?
Naquela malfadada reunião, Narciso Mota desbaratou o resto
da respeitabilidade que granjeou, e Diogo Mateus perdeu a autoridade moral e
política que necessita para exercer o cargo. Os outros são figuras
menores que nunca serão maiores, figurantes que se calam e se divertem com a indignidade.