30 de novembro de 2018

O casamento de fachada para este Natal


Há uma (bela) tenda instalada no Jardim do Cardal, há iluminação montada nas ruas há mais de um mês, e há toda a propaganda espalhada para anunciar "O Natal na Cidade", cujo programa integral pode ser consultado aqui.
Mas as explicações da vereadora Ana Gonçalves, na última reunião de Câmara - quando oportunamente questionada pela socialista Odete Alves - são uma uma pérola digna de pendurar na nossa árvore. 
Toda a gente sabe que o desfalecimento económico do concelho se traduz no comércio, também. Que,  aos poucos, o fluxo de lojas foi afunilando para o Largo do Cardal e para a Avenida, deixando vazios os espaços que noutro tempo moravam nas ruas da zona histórica. É um caminho ao contrário, o que fazemos em Pombal. Por isso não é de estranhar que a Associação Comercial e de Serviços de Pombal não tenha fôlego para mais. O que é lamentável é que seja a vereadora do pelouro a tratá-la com este misto de desdém e condescendência, como se a Câmara estivesse aqui a ajudar os pobrezinhos da ACSP. Como é que disse? É a Associação que deveria dinamizar o Natal na cidade? 
Oi? 

28 de novembro de 2018

Quem cair, que (a)tire a primeira pedra


Era moderno, era a regeneração urbana que ia revolucionar a zona história e potenciar o comércio, era a negação da calçada portuguesa e era, sobretudo, a surdez do poder político aos avisos lançados por aqui. Falámos do projecto a primeira vez há 8 anos, neste post do João Melo Alvim. E há seis também.  E muitas outras vezes depois disso. Sobre o tipo de piso, são muitos os posts em arquivo a propósito das "cardaleiras", como ficaram conhecidas.
Agora desafiamos os nossos leitores a encontrarem designação para as ratoeiras que todos os dias fazem cair cidadãos, sobretudo na Rua Capitão Tavares Dias. Voltamos ao mesmo: se os nossos autarcas caminhassem pela cidade, já tinham percebido o estado em que está. Se vissem para lá da passadeira entre a Câmara e o Nicola, não enchiam a boca com termos ao estilo "regeneração urbana". E se batessem com os joelhos no chão, como ainda ontem aconteceu a duas pessoas, nestas pedras partidas, levantadas ou soltas, talvez tivessem noção do perigo que ali está.
Até lá, continuem a passear-se no Cardal.

27 de novembro de 2018

Dois pinotes anunciados

Discutia-se o auto de doação à ACSP, para o Natal na Cidade - esmolas. Inesperadamente, e a desproposito, Narciso Mota puxou de uma recomendação, ao senhor presidente, que meteu orgânica da câmara e vida profissional e pessoal de funcionários. Reparem bem no registo caridoso e misericordioso dos dois “actores” – todo ele temperado com harmonia, cooperação e reforço mutuo.
O mundo dá cada cambalhota! Nada que o Farpas não tivesse já detectado e anunciado…
Confirma-se o que se prognosticava: o movimento NMPH é uma bolha de ar, nascida de um arrufo, sem substância e sem qualquer orientação. É tropa fandanga, que na assembleia municipal já começou a debandar; e na câmara dá tiros para o ar, cada um para seu lado, pelo gozo de ouvir tiros.

PS: Pedro Brilhante; põe-te em guarda - deixaste de ser necessário.

26 de novembro de 2018

Democracia à D. Diogo (II)

Democracia à D. Diogo

Em Pombal, grande parte do tempo das longuíssimas reuniões do executivo é consumido com picardias e afrontas, na sequência do corte da palavra à oposição, pelo presidente, por este considerar que aquela abusa do tempo (de uso da palavra).
Ora veja, e tire as suas conclusões.

O 25 de Novembro que importa(va) assinalar

Foto António Cotrim/Agência Lusa

Assinalou-se ontem por toda a parte o Dia Internacional para a eliminação da violência contra as Mulheres, mas em Pombal o poder autárquico prefere comemorar outro 25 de Novembro. Era domingo, uma excelente ocasião para fazermos alguma coisa com gente,  alguma coisa que não fosse a palestra-do-costume, com as pessoas do costume, que cumprem calendário e/ou obrigações.
A data vai ser assinalada amanhã, terça-feira, no Café Concerto, como é hábito. Aqui ao lado, em Ansião, foi ontem. Na data certa.
O que vale é que temos aqui o projecto BASTA. E fazemos parte da REAL - Rede Estruturas Atendimento Violência Doméstica Distrito de Leiria. E o Município de Pombal dá o seu tradicional apoio. Está tudo bem, graças a Deus. 

25 de novembro de 2018

Não em meu nome

O Município de Pombal promove, mais uma vez, a evocação do 25 de Novembro de 1975. Alguém me sabe responder se esta - como qualificar? - farsa foi aprovada pela vereação ou pela na Assembleia Municipal? Ou é apenas mais um devaneio de Diogo Mateus e seus lacaios? Como pombalense, recuso-me a ficar nesta fotografia mas, para não me acusarem de não fazer uma crítica construtiva, deixo uma proposta (em vídeo) que pode agradar ao nosso bento edil.

24 de novembro de 2018

Luta de galináceos

As reuniões do executivo são demasiado longas – mais de 4 horas -; não porque os seus membros discutam os assuntos e problemas com clareza e profundidade, na busca das melhores soluções para o concelho, mas porque usam aquele palco para a troca de bicadas em directo.
Ali, dois (ás vezes três) pobres diabos, de coração exaltado e ódios à flor da pele, perdem com frequência a cabeça e resvalam para a grosseria, num registo que extravasa a náusea e provoca o vómito, sempre com as mesmas questiúnculas, os mesmos apartes, as mesmas baixezas.

23 de novembro de 2018

Alienados

A reunião da câmara, de hoje, começou logo com o presidente a catalogar os vereadores da oposição de alienados. O provo tem um rifão estupendo para isto (chama-lhe…antes que ela…). Mas numa coisa D. Diogo tem razão: há por aqui muita alienação. A maior, porventura, advém de como é que o povo permite isto.

22 de novembro de 2018

Na primeira quem quer cai, na segunda cai quem quer


A Junta de Freguesia de Pombal vai promover, na próxima sexta-feira, mais um evento que só a envergonha. Diz o povo que "na primeira quem quer cai, na segunda cai quem quer" e é bem verdade. Se a palestra do Coach, Master Trainer, Facilitador de Cursos de PNL, Top Trainers e Quantum Mind Training, Pedro Vieira, promovida no passado mês de Fevereiro, se poderia explicar pelo querer de Pedro Pimpão, pelo seu espírito empreendedor e voluntarioso que muitas vezes lhe tolhe a clarividência, o Talk About de sexta-feira não tem qualquer explicação. 

Atente-se ao cartaz que promove a iniciativa. Apesar de ser bastante explícito quando ao horário (19h29), ele omite completamente os nomes dos intervenientes da sessão. Minto! Se tomarmos atenção, podemos ler, bem no fundo: "criado pelo médico Dr. Neil Negrelli Jr". Já é uma pista.

Quem é Dr. Neil Negrelli Jr? O que é o DL, Desenvolvimento e Liderança? Foi muito fácil descobrir na internet que o Dr. Neil Negrelli Jr é Master Practitioner e Trainer em PNL (poderia lá ser de outra forma), e também o presidente do obscuro Instituto Nacional de Excelência Humana (INEXH). Fantástico, Melga! Quando ao DL, percebi que é um Treino (o verdadeiro Treino das Emoções, segundo os seus promotores) com objectivos muito similares aos das consultas do Prof. Karambamas a preço muito superior (984€ a pronto pagamento). Fiquei esclarecido: o Dr. Negrelli é o Prof. Karamba do meninos ricos e o seu Treino a mais genuína banha da cobra.

Caro Pedro, eu até percebo o teu frenesi e necessidade que tens de estar permanentemente na ribalta. Mas não abuses! Ao colares a imagem da Junta aos devaneios de Negrellis e Vieiras não só te envergonhas a ti próprio como a muitos pombalenses. 

20 de novembro de 2018

A Jota é quem mais ordena?



Desde segunda-feira que o jota Nuno Carrasqueira já não é secretário dos vereadores Pedro Brilhante e Ana Cabral, passando a integrar o Gabinete de Apoio ao Presidente. E o que à partida pode parecer uma promoção, é outra coisa. O despacho foi assinado pelo presidente, Diogo Mateus, na sexta-feira passada, com efeitos logo na semana seguinte.
Carrasqueira, que fora lacaio do jota Brilhante no executivo, tinha o destino traçado desde que recuou no golpe palaciano que pretendia derrubar a líder da JSD local, Nicolle Lourenço, uma das "revoltosas" com a liderança de Pedro na JSD distrital. Ou melhor, desde que entrou e saiu - chegou a demitir-se mas voltou atrás. 
Ora acontece que entretanto findou-se aquela bolsa de emprego que era o projecto CLDS+Rosa dos Ventos, e era preciso arranjar lugar para a deputada municipal Cláudia Duarte. De maneira que é ela a feliz contemplada em secretariar o jota Brilhante e a vereadora Ana Cabral. 
É sempre interessante observar como Diogo Mateus joga este xadrez, antes de fazer xeque-mate.

19 de novembro de 2018

Olha o Arunca tão limpinho

Na última reunião da Assembleia Municipal, uma deputada do NMPH questionou a Câmara sobre a poluição no rio Arunca e foi prontamente ridicularizada por Diogo Mateus. Como a realidade é uma maluca, esta semana havia uns montes de espuma pelo rio acima.
Isto só pode ser do detergente para lavar as margens. 

15 de novembro de 2018

Oposição colaborativa


Narciso Mota nasceu e cresceu no regime da União Nacional. Não surpreende, portanto, que sempre tenha abominado a crítica política e defendido que a oposição deve ser colaborativa (convém acrescentar que para Narciso Mota colaborar é estar de acordo com ele).
Como vereador da oposição, Narciso Mota tem continuado a reafirmar que quer fazer a tal “oposição colaborativa”. Logicamente, sem quaisquer resultados e com muita conflitualidade à mistura. Porquê? Porque a vontade que manda não é a dele.
No entanto, Narciso Mota deve ter saído feliz da última reunião do executivo. Conseguiu, finalmente, fazer a sua “oposição colaborativa”: (diz-se que) foi o autor da proposta de atribuição da Medalha de Prestigio e Carreira ao Pe. Américo Ferreira. A proposta não era do conhecimento dos outros membros do executivo (descontando o presidente) -  quebrando as regras acordadas - mas, mesmo assim, foi aprovada por unanimidade, como convém.
Neste processo, uma coisa merece realce: Narciso Mota conseguiu o seu primeiro troféu com a tal oposição colaborativa. E duas dúvidas persistem: primeira, Narciso Mota, foi o verdadeiro autor da proposta ou um simples veículo? Segunda; tendo feito um “favor” a D. Diogo, qual foi/será a “recompensa”?

13 de novembro de 2018

A propósito da educação altruísta

Desde que o bom-cristão Guterres enunciou a sua paixão pela Educação, e fez dela o seu grande desígnio político, qualquer aprendiz de político encontrou ali caminho para percorrer, e assunto para poder debitar banalidades. A praça, por cá, está cheia deles. Esgadanham-se para dizer a banalidade maior, com os termos que melhor a emproem.
Um bom-cristão local, em tirocínio para político, veio-nos apregoar a educação altruísta – suponho que ele queria dizer educação cristã, mas teve receio do dizer.
A moral altruística não peca somente contra o bom gosto e a elevação, é um incitamento aos pecados da omissão e do amadorismo, uma sedução a mais sob a máscara da generosidade(zinha).

11 de novembro de 2018

Olha a pala (II)



Passados pouco tempo de aqui ter sido postado o miserável estado da pala da praça do Cardal, a câmara mandou retirá-la.
Conclusão: eles até sabem o que deve ser feito; andam é muito distraídos - são muito desleixados.

Olha os camiões



De manhã, a EM 237, entre o cruzamento para o Barrocal e o Alto do Cabaço, parece um comboio humanitário das Nações Unidas, mas com camiões carregados de pedra.
Diogo Mateus gaba-se, sistematicamente, que a rotunda do Alto do Cabaço veio facilitar a vida aos automobilistas. É verdade para uma (pequena) parte deles. Mas veio facilitar muito mais a vida aos seus amigos da pedreira, que agora entram directamente no IC2 sem parar. Por isso, a via, na prática, não foi requalificada para ser devolvida aos peões, foi para facilitar a vida aos camionistas da pedra (apesar de terem uma boa via sem passar por dentro da cidade).

10 de novembro de 2018

O que é que nos distingue, afinal?



Andei dias para escrever um post sobre uma intervenção de um jota na última Assembleia Municipal, que tecia loas à fabulosa aposta da Câmara em matéria cultural. Acabei por não escrever, com aquela sensação que não devíamos ter, de bater em mortos. Bem sei que a culpa é nossa, dos que não acompanhamos a extraordinária actividade municipal em matéria cultural: não vislumbramos uma programação no Teatro-Cine, não apreciamos a qualidade das exposições que passam pela galeria do mesmo edifício  (a última, de escultura, era demasiado para nós...), ou dos espectáculos que animam o Café Concerto. Não compreendemos que o público vai ali para rir alto e falar muito, que tanto faz ser um duo como os Terylene, ou um organista qualquer.
A culpa é nossa, pois, que não damos o devido valor ao investimento municipal na cultura, à programação que o pelouro organiza e desenvolve, nem nos comovemos com a afirmação "Pombal é Cultura", que perpassa pelo facebook de cada vez que acontece algum entretenimento. Como naquela tarde de sábado em que um grupo de gaiteiros desfilava pela cidade, com o director da Biblioteca à frente e o fotógrafo municipal atrás, mais uma funcionária que entregava panfletos. Eram os 20 anos da Biblioteca Municipal e aqueles que "são do contra", os mal-agradecidos, portanto, não foram lá "marcar presença". Porque - para o caso de não saberem - é isso que distingue um pombalense de gema, interessado e que ama a sua terra: fazer número.
É nossa, a culpa. Não sabemos de cor a letra do "ai meu Pombal", não valorizamos esse espaço ao serviço da cultura que é a Casa Varela, ou o Auditório Municipal, ou o Centro Cultural (ainda se chama assim) instalado no Celeiro do Marquês. Não sabemos aproveitar as oportunidades que a terra nos dá, e por isso é só curioso que dois dos técnicos de sonoplastia do Teatro Miguel Franco, em Leiria, sejam pombalenses. Que ainda na semana passada  deram cartas num concerto de um grupo de Pombal - o projecto Jazz - que esgotou a sala. E que sentiu a diferença de tratamento entre a cidade-natal e a que os acolheu.
A culpa é nossa, que permitimos o alastrar da (subsidio)dependência da Câmara, nos 20 anos em que Narciso Mota reinou, e nos conformámos com a displicência de Diogo Mateus. Pior: resignámo-nos, quase todos, contentado-nos com o poucochinho, demitindo-nos de qualquer papel na sociedade civil. O sucesso do Farpas - visível e palpável nas visualizações e na interacção com os leitores, sobretudo nas redes sociais, no último ano - resulta dessa consciência que temos vindo a tomar, no colectivo. Até há um ano, nas últimas eleições, por exemplo, o cidadão comum não se manifestava, lia tudo mas não comentava nada. 
Se há algum caminho que vale a pena ter percorrido é este, o de acordar consciências. Mas não basta. De que nos serve isso tudo se não houver uma alternativa ao poder em exercício? Falta-nos a bolha, não raras vezes. E aproveitarmos essa onda para valorizar o pouco que vai aparecendo, fora da caixa municipal, fora da esfera comissão-de-eventos-freguesia-de-Pombal, que acena com jantares aos participantes em iniciativas (válidas, pois) como o Ó da Praça. Não é muito, mas há gente a fazer coisas, de Abiul a Vermoil. Da Charneca a Londres, com raízes aqui presas. Há a Ideias Ousadas, sempre menosprezada. A Orquestra Marquês de Pombal. É uma lista de gente a insistir na terra, a dar-lhe nome, e a receber indiferença. Às vezes chego a duvidar que 2014 tenha existido, que aquele Bodo tenha sido real. E custa a crer que tenhamos deitado tudo fora: a pintura, a música, a dança, os debates, a homenagem à emigração que trouxe até Gérald Bloncourt, há poucos dias desaparecido. 
Falo nisto agora porque amanhã é Dia do Município, com o qual o concelho se identifica muito pouco, para lá do feriado.
Falta-nos sentimento de pertença, identidade. Não admira por isso que a lista de homenageados com medalhas seja o que é, todos os anos: um item a cumprir, uma obrigação municipal, a arte de andar à pressa a convidar clubes, figuras, empresas. E desta vez não se arranjou nada na área cultural, para cúmulo.
Somos a soma dessa resignação, desse desalento, dessa "política do enfeite" que embandeira em arco com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma: autarcas em modo Pimpão que destilam adjectivos no facebook, onde é tudo "notável e extraordinário". E que por isso nunca precisará de ser melhorado, repensado, povoado de alguma coisa que nos acrescente em vez de nos enfeitar, só. 
A culpa é nossa, que os elegemos no exacto momento em que engordamos os números da abstenção (convém lembrar que metade dos eleitores de Pombal não vota), na medida em que nos demitimos de intervir. Porque não basta encher a boca a dizer que "o meu amor é Pombal", é preciso pô-lo em prática. Se os nossos autarcas o fizessem, importavam-se com o desmazelo a que está votada a cidade, e algumas freguesias. Mas para isso é preciso percorrê-la, andar a pé em vez de correr para a fotografia. Ver para além de olhar. É preciso morar aqui, de facto, ter os filhos na escola pública, ir ao Centro de Saúde, acompanhá-los nas actividades. E depois olhar à volta, e perceber as diferenças entre as cidades e vilas vizinhas, o empenho no espaço público.
Vivemos a cultura do bem-parecer, perpetrada pelas rádios e pelo jornal, que redunda nos dias iguais, porque está tudo bem, é tudo gratificante. Nunca equacionamos discutir a sério, debater de verdade, ouvir opiniões contrárias, porque não interessa. Quem ousa fazê-lo é uma espécie de belzebu da terra, com quem não nos devemos cruzar nem virtualmente! Só ver o que diz, enviar aos correlegionários, à socapa, em mensagem privada, evitar o contágio. 
Não é uma escolha fácil ficar em Pombal, viver para contá-la, como escreveu sobre a (sua) vida Gabriel Garcia Marques. Levantar o tapete e sacudir a poeira é uma forma de zelar por ela. Discuti-la também. 
Digam lá o que disserem, essa é a nossa medalha mais brilhante. Não nos pesa, não enferruja, e está ao alcance de todos. 
Façam muitos magustos por aí. É uma forma de tirar o bafio às salas das colectividades, e dinamizar as comunidades sem ser em épocas eleitorais. Se começarmos agora, ainda vemos a tempo.
Vivam Pombal. 

9 de novembro de 2018

Uma história de vida, que mete touros

Há duas décadas, estava instalada no país a polémica sobre os touros de morte, por causa da morte do touro pelos barranquenhos durante as festas anuais. Sempre fui contra os touros de morte e, como normalista que sempre fui (agora menos), não percebia porque é que o Estado continuava a tolerar aquela excepção - se, naquela altura, houvesse facebook teria desancado forte nos políticos “fracos” que permitiam aquela violação da lei.
No verão seguinte, resolvi fazer um desvio na viagem da semana de férias no Algarve, e aproveitar para conhecer alguma coisa de Barrancos (daquele povo bruto que matava o touro e desafiava a autoridade do Estado). Almocei em Monsaraz (nas viagens para o Algarve aproveito sempre para desfrutar da cozinha alentejana) e continuei por estadas estreitas e com mau piso até Barrancos. Chegado ao centro da vila, no alto, deparei-me com uma praça pequena, com piso de rocha natural irregular, circundada por casario terreno, de pedra e telhados com telha de canudo, pobre e degradado; uma taberna/café no lado este; velhotes sentados nas lajes em frente às casas, no lado com sombra, agarrados ao seu cajado; e dois ou três garotos a dar pontapés numa pequena bola de plástico. Fui á taberna beber uma bebida fresca; dei uma pequena volta à pequena vila e parei por uns momentos junto ao carro, na praça, antes de retomar a viagem. Lembro-me como se fosse hoje: senti um arrepio que me contraiu a face, desceu e contraiu barriga (uma espécie de murro no estômago), e soou-me este grito na cabeça: fxxx-se, Adelino; estás errado! E este povo está certo! Este povo, que não tem quase nada, tem a dignidade suficiente para não abrir mão da sua cultura, da sua história, das suas tradições, dos seus laços. Percebi naquele momento porque é que aquelas festas se continuavam a realizar daquela forma, com aquele esforço e galhardia, com aquele sentido comunitário, onde o touro é lidado, morto, esfolado, cozinhado e comido pela pobre comunidade. Aquela gente não celebra a morte, celebra a vida e a alegria (talvez a única do ano); aquela gente não é bruta, é fraterna; aquela gente não é baixa, é Grande.
Parti, voltei atrás - porque junto à fronteira não existia estrada que ligasse ao Algarve -, atravessei a fronteira, andei muito até Huelva, entrei ao fim da tarde pela fronteira de Vila Real de Santo António com a garota pequena chateada porque tinha perdido uma das poucos tardes de praia que tinha para gozar. Mas eu recebi uma grande lição de vida.

8 de novembro de 2018

Onde se dá conta da distribuição das comendas no dia do Principado

O esgotamento do Príncipe é tão evidente que até para distribuir as comendas do dia do Principado precisou dos alvitres do Pança. Chamou-o:
- Pança; vinde aqui.
- O que desejais, Alteza? – acudiu o Pança.
- Como sabeis; estamos em vésperas do dia do Principado, e ainda não sei quem agraciar…-principiou o Príncipe.
- Pois,…O Senhor sempre foi mui deslembrado para a ventura alheia…- atalhou o Pança.
- Já estais a desvairar, Pança; mas adiante, que tenho pressa. Indicai-me cinquenta justos que mereçam comenda.
- Justos segundo a medida divina ou segundo a medida humana? – perguntou o Pança.
- Boa pergunta - estais mui arguto! – notou o Príncipe.
- Foi bom haver sido eu por vós achado, senão o que seria deste pobre Principado – tufou o Pança.
- Não vos esticais, Pança – avisou o Príncipe; e prosseguiu a prosa: - segundo a primeira, que é a que mais interessa.
- Somente segundo a primeira é mui dificultoso inventar cinquenta justos num Principado onde a virtude não medra - afirmou o Pança -; a não ser que se junte um ou outro vidente, um ou outro adivinho e um ou outro charlatão.
- Fazei como achardes melhor – anuiu o Príncipe -; que adiante separarei.
- Estou pouco imaginoso, Alteza; trago a cabeça cheia com os meus muitos afazeres – afirmou o Pança. E prosseguiu: - devemos agraciar quem se distinguiu; o problema é que nesta terra ninguém se distingue (para cima – pensou, mas não disse).
- Deixai-vos de considerandos, Pança. Nomes, nomes… - insistiu o Príncipe.
- Vossa Mercê pode agraciar o Almirante, o padre do “Pão de Deus”, o estudante de números do oeste…- sugeriu o Pança.
- O Almirante já foi agraciado, e o padre do “Pão por Deus foi-nos roubado pelo beato Ilídio…- retorquiu o Príncipe -; mas, sim: o estudante de números serve…
- Já temos um…- assinalou o Pança. E acrescentou: - Vossa Mercê poderá também agraciar a associação dos esquecidos...
- Essa serve… Mas mais, Pança; mais…- suplicou o Príncipe - Estais pouco imaginativo. Falta-nos criaturas ilustres, que engrandeçam esta mui nobre cerimónia.
- Dai-me um entretanto, Alteza, para pensar alto, com os meus botões…
- Pensai, Pensai, Pança; mas despachai-vos, que não falta muito tempo para a cerimónia – avisou o Príncipe.
- Se me pedíeis que seja imaginoso, que também o sei ser, quando mo pedem ou mo deixam ser; pergunto a mim mesmo (e perdoai-me se for precipitação): por que não agraciar os farpeiros?
- Endoidaste, Pança; ou eles já te deram a volta?
- O Senhor é mesmo desagradecido…; eu só queria auxiliar Vossa Mercê, mas já vi que me precipitei.
- Assim, não ajudais nada, Pança; seria loucura tentar semelhante empresa! – afirmou o Príncipe.
- Eu sei que oferecer incenso a maldizentes, que se têm fartado de chasquear as nossas misérias - eu que o diga, que tenho sido um mártir nas mãos deles -, é fazer deles ídolos.
- Contava que me alimentásseis os desejos, não que me importunásseis com extravagantes toleimas – advertiu o Príncipe.
- Não sei se é toleima…- retorquiu o Pança -; se já agraciamos radialistas sem ouvintes e pasquim sem leitores, por que não agraciar estes que amiúde são indicados para as comendas por súbditos bem letrados … 
- Santo Deus! Que estais dizendo, Pança? Querereis que eu entronize três Judas, sem vergonha e sem temor, que nos têm infernizado a vida? - perguntou o Príncipe.
- Olhe que eles até têm andado comedidos! Se Vossa Mercê não lhes desse tanta mecha, nas reuniões difundidas, não nos davam tantos desgostos…- retorquiu o Pança.
- Seríeis um escudeiro mais confiável se me dissésseis que os deveria mandar excomungar e condenar ao fogo – afirmou o Príncipe.
- Desculpai-me, Alteza; que as minhas intenções sempre as dirijo para bons fins – retorquiu o Pança.
- Cala-te, Pança — tornou o Príncipe, com voz exaltada — cala-te, repito, e não digas blasfémias.
- Se Vossa Mercê se enfada — retorquiu o Pança — eu calo-me e deixo de dar os meus alvitres.
- Às vezes mais valeria cortar-te o pio - lembrou o Príncipe – mas não, agora; falai, mas falai com tino - com proposições conformes à ordem estabelecida.
- Pedir é fácil, difícil é ir ao agrado do Senhor. Mas, por minha fé, Deus e o Senhor me perdoem este outro alvitre: por que não agracia, Vossa Mercê, a oposição? – sugeriu perguntando o Pança.
- Endoidaste de vez, Pança – afirmou, exaltado, o Príncipe.
- Bem sei que não é gente justa – advertiu o Pança -, mas a comenda seria justa – tanto têm sofrido, sem gemer nem mugir, com as bordoadas que o Senhor lhes tem dado.
- À oposição não se dá comendas, Pança.
- Por que não?! Seria um prémio merecido: são uns verdadeiros mártires; e têm-nos ajudado tanto ou mais que os nossos. Se o Senhor fosse piedoso, uma vez na vida, dava-lhes esta alegria (que outra não terão – pensou só para si) - concluiu, rogando, o Pança.
- Pança; arrebita as orelhas e ouve-me bem ouvido: obedeces-me ou desterro-te definitivamente para o teu condado – ameaçou o Príncipe, com voz irritada.
                                                                                                          Miguel Saavedra

A tourada


Por estes dias, a tourada voltou a ser o tema fracturante da sociedade portuguesa - e também da comunidade local. A polémica foi desencadeada por a redução do IVA para os espectáculos culturais não englobar a tauromaquia e pela (infeliz) justificação da ministra da cultura – “tauromaquia não é uma questão de gosto, é de civilização”. A proibição da tourada é uma polémica recorrente, ao longo da história; tal como o são, mais recentemente, o aborto e a eutanásia.
O que me leva a entrar nesta polémica - de galos atiçados - não é a questão fiscal - não espero comprar bilhetes para touradas - nem a defesa da tauromaquia - deixo isso para os verdadeiros aficionados. São razões de imperativo de consciência: a defesa de princípios e valores em que acredito e deveriam ser um imperativo categórico de boa conduta: a liberdade individual (em todas as suas dimensões: estilos de vida, gostos e comportamentos).
Um verdadeiro democrata não impõe estilos de vida, gostos e comportamentos, nomeadamente quando estes não chocam frontalmente com o bem-comum. Vivemos tempos conturbados e de grande incerteza; convém não largar as verdadeiras âncoras da nossa civilização para embarcar em modas de maiorias conjunturais ou de minorias folclóricas. Como afirma o Manuel Alegre “é chegada a hora de enfrentar cultural e civicamente o fanatismo do politicamente correcto”, onde sobressai a humanização dos animais e o culto do amolecimento do Homem. Vivemos tempos de degeneração, onde uma certa esquerda, igualmente intolerante e avessa à diversidade, parece empenhada em puxar para baixo. Uma esquerda conduzida pela cultura de rebanho - na boa matriz cristã que tanto diz combater -; pelo sentimentalismo oco, idealista, contraditório, exótico, hermafrodita; e pela falsa compaixão com os animais. A mesma esquerda que tanto se bate pelo aborto e pela eutanásia escandaliza-se com tourada (diversão com um animal que vai ser abatido), com a caça, com o abate dos animais abandonados, com a esterilização de animais que são uma praga, etc.
Sim: a tourada é uma questão de gosto, e de civilização.

5 de novembro de 2018

Cidade desmazelada


SE o vereador responsável pela Manutenção Urbana e o presidente da junta de freguesia de Pombal dedicassem 10% do tempo que dedicam às festas, romarias e encontros partidários, para verificarem o estado da cidade, reportar as situações degradadas e exigirem aos serviços as reparações necessárias, a cidade estaria um mimo. Não acham?

4 de novembro de 2018

O elogio do mal


Em Abiul - que reclama para si a praça de touros mais antiga do país - há uma coisa chamada Tertúlia Berço da Tauromaquia, a que os nossos autarcas gostam de dar cobertura. E dinheiro nosso. Por estes dias os mentores publicaram orgulhosos a imagem que aqui se pode ver, agradecendo a" a todos quantos colaboraram neste projeto". Presumimos que se trate do acto de embalsamar o animal, morto naquela arena da terra, e cuja carcaça vai adornar a sala da Tertúlia. O horror em estado sólido.

Olha a pala



O desmazelo a que a cidade tem sido votada, confrange. Mas não cuidar da sala de visitas da cidade – Praça do Cardal – é demais.
A praça foi recentemente “requalificada”; mas o estado de degradação já exige nova requalificação.
Ora vejam o estado da pala (rota e cheia de bolor) que foi apresentada como principal elemento embelezador da praça.

2 de novembro de 2018

Michael e a pedagogia barata

Quem acompanha a vida política nas últimas duas décadas lembra-se bem de como Michael António ficou conhecido na Câmara como "o vereador da tarde". E apesar de dar sinais de algum amadurecimento, e de ser, por ora, o menos mau daquele conjunto na oposição, não deixa de ser um mimo este momento em que decidiu fazer pedagogia voltada para o jovem Brilhante. 
Mas bem mais surpreendente é o silêncio deste último, que ficou mudo perante as palavras do antigo companheiro de partido. O que diz bem da fragilidade em que se encontra no executivo - e na política.