8 de dezembro de 2025

Sobre a propaganda e a infeliz realidade

Todos (os que nos lêem) ainda devem estar recordados do arrojado projecto de requalificação e restruturação da Central de Camionagem, orçado em mais de 4 milhões de euros, que colocaria Pombal nos píncaros do futurismo e da mobilidade suave e inclusiva, e proporcionaria conforto, ócio e bem estar a quem viaja ou simplesmente se distrai. 




O projecto incluía uma Gare Intermodal de Transportes que uniria tudo e todos, as duas margens, com uma passagem subterrânea e outra aérea através de um pórtico monumental de entrada na cidade, que seria o orgulho dos pombalenses (mas logo contestada); uma plataforma que ligaria os diferentes meios de transporte, públicos e privados, com novas bolsas de espera; um segundo piso na Gare subdividido em espaços hoteleiros e restaurantes e/ou bares; e novas zonas verdes (sempre a promessa verde), com espaços de estar, lazer e parque infantil. Eis aqui, levemente resumido, o leque do que nos foi prometido. 

E, agora, o que temos? O que nos ofereceram e oferecem? Temos uma Central de Camionagem retocada, meio abandonada e encerrada ao fim de semana, sem um simples barraco, no local ou próximo, para os passageiros de fim-de-semana esperarem os autocarros minimamente abrigados da chuva e do vento frio ou do sol escaldante. E uma mini-praça, rodeada de lixo, que usaram para meter uma estatueta de mau-gosto de uma criatura viva que não diz nada à terra.

Mas palavras, para quê?! É Pombal no seu melhor...


3 de dezembro de 2025

Retrato de família abrigado da chuva




Na semana passada a Câmara promoveu um daqueles momentos em que as fotos falam. Foi a assinatura dos "contratos-programa de desenvolvimento desportivo" que "representam um esforço municipal de 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗱𝗲 𝟰𝟲𝟬 𝗺𝗶𝗹 𝗲𝘂𝗿𝗼𝘀, que serão canalizados para o apoio da atividade e 𝗽𝗿𝗮́𝘁𝗶𝗰𝗮 𝗱𝗲𝘀𝗽𝗼𝗿𝘁𝗶𝘃𝗮 𝗱𝗲 𝟯𝟰𝟬𝟴 𝗮𝘁𝗹𝗲𝘁𝗮𝘀 𝗱𝗲 𝟭𝟴 𝗺𝗼𝗱𝗮𝗹𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲𝘀, 𝗱𝗼𝘀 𝗾𝘂𝗮𝗶𝘀 𝟮𝟳𝟬𝟮 𝘀𝗮̃𝗼 𝗮𝘁𝗹𝗲𝘁𝗮𝘀 𝗲𝗺 𝗳𝗼𝗿𝗺𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼", segundo a autarquia.
Poucos momentos explicam tão bem o tipo de associativismo que temos nesta terra, liderado por quem, para fazer o quê, e como o poder autárquico se alimenta de tudo isto. Está ali plasmado neste "retrato de família", tirado ao mesmo tempo em que, para tapar a cabeça, a manta de retalhos que cobre as infraestruturas desportivas de Pombal deixa os pés à mostra. À mesma hora, a tão saudada vinda da selecção feminina alemã de sub-23 era o espelho disso mesmo: as raparigas não puderam equipar-se no Estádio Municipal onde treinavam porque os balneários não reúnem o mínimo de condições. Fizeram-no no pavilhão Eduardo Gomes, o único que temos na cidade, também ele apenas adaptado a dias sem chuva, tal como acontece de resto nos pavilhões da Redinha e Louriçal. Está tudo bem. Para voarmos mais alto não podemos ligar a estas minudências. Ou então cortamos logo o mal pela raíz: há poucos dias, um camarada radialista queixou-se aos representantes do poder de que na cabine de imprensa do pavilhão chovia como na rua. Um nem sequer sabia que "aquilo era um espaço para a imprensa", outro atravessou-se logo a resolver com prontidão, avisando que, se era assim, proibia o relato e pronto. 
Esta é a cidade que escancara as portas a tudo o que é associação do sector, depois do poder ter acabado com a imprensa livre. Desafio os leitores a pesquisarem no site da Associação Nacional de Imprensa Regional o que disseram aqui os oradores - não há-de ser muito diferente do que aqui vão dizer os que vierem, a 18 de Dezembro, comemorar o Dia Nacional da Imprensa. Por isso a piada faz-se sozinha.
O retrato é que não. 

29 de novembro de 2025

Montenegro coloca Pimpão na ANMP

Corre pelo espaço midiático que o doutor Pimpão vai para presidente da Associação Nacional de Municípios (ANMP). Seria uma benção para Pombal se ele fosse mesmo. Mas não vai; ou melhor dito: vai e fica. 

A notícia – do nosso conhecimento há muito tempo - foi metida a correr com um intuito claro: fazer crer aos papalvos que há mérito na coisa, na designação e no designado. Mas é exactamente ao contrário… A escolha - de Luís Montenegro, não dos autarcas - tem todo o racional: se é para não fazer nada, nem sequer lobbying/pressão junto do governo, quem melhor que doutor Pimpão?



Isto é o regime no seu melhor. Um regime que se desenvolveu da forma que se conhece, através da multiplicação de cargos e mordomias pelos próprios protagonistas políticos, para seu prórpio benefício. O método segue inevitavelmente a mesma lógica: há um cargo (por exemplo, presidente de câmara), desempenhado por vários titulares; se há vários titulares pode-se criar uma associação que os represente, os auto-promova e faça lobbying em seu benefício. As coisas funcionam sempre assim, e neste caso em concreto (ANMP) ficaram-me claras, há muito tempo, quando dava os primeiros passos na política local, e um(a) então influente figura do PSD local me explicou para que servia a ANMP. Numa das muitas conversas sobre política, expunha-lhe o meu espanto pela rápida transformação política e pessoal do recente presidente da câmara Narciso Mota, que de criatura politicamente imberbe, naif até,  rapidamente se transformara num cacique controlador de tudo e de todos. Explicou-me ele(a), então, que tudo se devia à “escola” de dirigismo/caciquismo que era a ANMP, onde as reuniões serviam essencialmente para os presidentes de câmara conviverem e partilharem as dificuldades/objecções que os adversários e forças vivas locais lhes colocavam, que os mais rodados e astutos já tinham vivido e, com gozo, partilhavam com os novatos os estratagemas que, se fossem aplicados com eficácia (pulso), anulariam os opositores e os meios de fazer oposição. 

O doutor Pimpão vai com o mandato de não fazer nada, até porque é o que mais gosta de fazer, mas a ANMP continuará a cumprir o seu secreto desígnio.

27 de novembro de 2025

Sobre a reunião da “junta”

A nova “junta” - agora mais no formato e no espírito de comissão de festas e melhoramentos - reuniu hoje com o novo elenco. Aos iniciais juntou-se, para completar o esfrangalhado elenco, o vereador não-eleito: doutor Coelho. 



A agenda listava os habituais assuntos correntes da actividade camarária. Mas tanto no período-antes-da-ordem-do-dia como nos da ordem-do-dia a reunião decorreu com grande informalidade e cordialidade, com os assuntos da agenda a serem tratados com o habitual simplismo e falta de rigor pelo executivo e alguma parcimónia pela dita oposição. 

O vereador não-eleito foi o mais interventivo. Consta (e ele também assim crê) que pode participar, falar e fazer política à-vontade! Fala bem, pausadamente, e com alguma propriedade nos assuntos tratados e não-tratados, no tom meloso e escandido que os burgueses gostam de ostentar, mas isso não chega...

O Conde do Oeste representou-se bem - esteve, como é da sua natureza, cordial e indulgente.

Os restantes membros da "junta" – a doutora Marto, o mestre-escola Marco, a nossa familiar menina-JA (Carol para os amigos) e a enfermeira Patrícia marcaram presença.

22 de novembro de 2025

Pombal e o Poder de Compra dos pombalenses

O Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio, referente a 2023, recentemente publicado pelo INE, disponibiliza três indicadores de síntese que traduzem o poder de compra manifestado em cada região e por concelho. O Indicador per Capita do poder de compra (IpC) é o mais relevante porque traduz o poder de compra manifestado quotidianamente, em termos per capita, tendo por referência o valor nacional.

Para nós, interessa-nos perceber como se comportou o nosso Pombal, no último ano e no último quadriénio, em termos absolutos e comparativamente aos concelhos da sua região. A Região de Leiria (NUTS III) obteve um IpC (92,73) abaixo da média nacional, com Leiria (103,52) a superar a média nacional. Os restantes concelhos ficaram abaixo da média nacional; mas Pombal, com IpC de 84,18, ficou não só abaixo da média nacional como bem abaixo da média da sua região (92,73). E mais preocupante que o baixo valor de IpC é o fraco ritmo de aproximação do concelho aos valores médios. No último quadriénio, Pombal cresceu unicamente 1,46 pp, ao rimo de 0,37 pp/ano. Decididamente os números confirmam aquilo que já sabíamos há muito: as festarolas e a diversão podem distrair momentaneamente, mas não trazem riqueza e bem-estar.  

Mas interessa igualmente dar nota do crescimento significativo dos concelhos de Figueiró dos Vinhos (6,39 pp), Alvaiázere (5,81 pp), Castanheira de Pêra (4,93 pp) e Ansião (3,90 pp) no último quadriénio; e Ourém, um concelho vizinho e já meio do interior, com IpC de 87,63, afastou-se definitivamente de Pombal. 

Siga a festa.



NR: As descidas dos valores da Marinha Grande devem estar associadas a uma causa especial, provavelmente metodológica, que não consegui apurar.

20 de novembro de 2025

Ao PSD não basta ganhar e esmagar. Precisa de brincar na lama


 


Mal se soube que o lugar de vereador do PS na Câmara de Pombal iria ser ocupado por João Coelho, o PSD não perdeu tempo a pôr as unhas de fora. Ontem à noite disparou um comunicado vil, completamente desmedido, travestido de nota à imprensa. Diz o PSD que "lamenta que o PS Pombal tenha enganado os pombalenses" e que "a renúncia de Fernando Matos demonstra estratégia socialista premeditada". Quanto à primeira, já lá vamos. Quanto à segunda, era bom, era. Significava que no PS Pombal havia estratégia. 

Lendo atentamente o laudo timbrado pelo PSD, percebe-se bem o desconforto: que bom seria se ali continuasse para todo o sempre doutora Odete, mas não podendo ser, que fosse o doutor Fernando Matos, "o meu amigo Fernando Matos" - como a ele se referiu nos debates o todo-poderoso Pedro Pimpão. Ora, quer dizer que isto de o PS só ter um vereador foi uma grande vitória, mas isto de ter João Coelho ali a incomodar é uma chatice. E sim, até poderia ter sido premeditado, mas estou em crer que Coelho só não foi candidato porque não quis. É passível de crítica? É. Pode o PSD vir dizer que foi premeditado? Não. 

Ora vamos então fazer um exercício de memória, coisa que - já se percebeu - rareia no PSD local. Poderíamos começar pelo topo, quando essa reserva moral do partido que é Durão Barroso decidiu dar de frosques do lugar de maior responsabilidade - o de Primeiro Ministro - para a Comissão Europeia. Bem sei que nessa altura o presidente da concelhia do PSD, João Antunes dos Santos, à época adolescente, o mais alto que via era a presidência da associação de estudantes da Secundária de Pombal. Mas aconteceu, e isso sim, foi enganar os portugueses, colocando Santana Lopes no poder. Mas vamos descer na hierarquia do país, para ser mais fácil: 2009, Leiria. A medalhada deste ano no 11 de Novembro, Isabel Damasceno, agora intocável presidente da CCDR, perdeu as eleições para a Câmara de Leiria, quando se preparava para um terceiro mandato. Renunciou ao mandato do PSD, deixando o partido tão esfrangalhado em Leiria como o PS em Pombal desde 1993. Claro que dessas autárquicas que colocaram o PSD neste pedestal em que hoje senta, JAS não tem memória. Ainda não era nascido. Mas fazemos o obséquio de lhe contar: nesse ano em que veio ao mundo, muita coisa aconteceu. Por exemplo, o executivo com que Narciso Mota ganhou a Armindo Carolino, foi logo estraçalhado nos primeiros meses, quando a promessa do vereador para as Finanças da Câmara, César Correia, bateu com a porta e renunciou ao mandato. Mas outros se haveriam de seguir (o próprio João Coucelo, agora essa espécie de senador do PSD que até sabe de cor a letra dos Vampiros), ao longo do reinado de 20 anos. Quem havia de dizer que o PSD local chegaria a este estado de dar tiros nos próprios pés, armando-se em arauto da moral, fazendo letra morta da lei - que prevê isso tudo, no universo das suspensões e renúncias, num impulso infantil.

Por fim, vamos descer à terra de de Joãozinho, Vila Cã. Há dois mandatos consecutivos que a população elege um presidente da junta que passa a maior parte do tempo ausente. Conta-se pelos dedos da mão (e sobram) as assembleias municipais em que se foi ele próprio, ao invés de se fazer representar pela substituta.

Pensando bem, percebe-se que pelo menos há estratégia. O PSD atirou ontem ao inofensivo PS porque era preciso anular um outro escrito: a carta aberta do movimento Pombal Independentes à presidente dos Bombeiros, Ana Cabral, que é também secretária da AM. O episódio (que deveria ter vindo a público logo na hora, durante a campanha, até para se perceber que, dos 9 membros da direcção, 6 iam nas listas do PSD em lugares de destaque) mostra bem como o PSD controla, à descarada, as associações e instituições do concelho. De resto, o dia terminou em cheio, com a eleição da mais nova das irmãs Longo para a presidência da Associação de Pais da escola Gualdim Pais. Ah, também lá está o comandante dos bombeiros. 


14 de novembro de 2025

Sobre a primeira sessão da nova AM

A agenda remetia unicamente para formalidades destituídas de qualquer conteúdo ou relevância política: eleição dos representantes da AM numa dezena de instituições, onde nunca fazem nada nem dão conta (à assembleia) do nada que lá fazem. A política transformou-se nisto, formalidades e rituais destituídos de valor.

Mas adiante, que alguns episódios ocorridos são reveladores do que aí vem: impreparação, desiquilíbrios de vária ordem, pedantice e ordinarice aguda (brejeira).

Ora vejam…

A breve vida do doutor como vereador




A comissão política concelhia do PS emitiu ontem um comunicado em que dá conta da renúncia de Fernando Matos ao cargo de vereador. Por ironia, o comunicado está datado de 13 de Outubro, um lapsus calami a fazer sentido, por se tratar do dia seguinte às eleições. 
Na verdade, o médico Fernando Matos foi (ao contrário que aqui escrevi, e do que parecia) o maior erro de casting da história do PS local. Percebeu-se, desde cedo, que não tinha qualquer apetência - tão pouco jeito - para a política. O que até hoje me interroga, qual quarto segredo de Fátima, é isto: porque é que este homem aceitou candidatar-se?
Quando esta semana faltou à cerimónia do Dia do Município, depois de ter abandonado a cerimónia da tomada de posse, a meio, senti vergonha alheia. Por ele, pelo partido, pelos mais de 3.500 eleitores que votaram nele. 
Ao contrário do que pensam e dizem alguns socialistas da praça, não me parece que a renúncia de Fernando Matos fragilize o partido. Acredito mesmo que pode ser a tábua de salvação, nomeadamente se o lugar for ocupado pela promessa de João Coelho. 

12 de novembro de 2025

Almoço e festa, paga o pagode

Ontem, o doutor Pimpão ofereceu grande almoço e festa aos funcionários da câmara e equiparados, aos políticos e às outras figuras do ramalhete, e às respectivas famílias. No mês que vem, repete a façanha… 



Estes desmandos, obscenos, praticados com o nosso dinheiro sem o nosso consentimento, ascendem a muitas dezenas de milhares de euros - porventura centena! 

Isto já não é só a fanfarronice das festas e bolos; isto é gozar com o pagode, com o que é nosso e deveria ser usado para o que é essencial e justo. 

E o que faz a dita oposição? Enche a mula e cala-se.


10 de novembro de 2025

Dia do Município: O regresso dos que nunca foram




 


Em vésperas da celebração do Dia do Município, ficámos a saber pelo Pombal Jornal* que a Câmara vai distinguir três figuras com medalha de Ouro. Muitos de nós somos do tempo em que a medalha de ouro constituía uma excepção, em si, precisamente para não se banalizar. E por isso nunca estranhámos os anos em que não foi entregue nenhuma desse grau. Mas agora que Pombal voa por cima da carne seca, como explicar às redes sociais (o que importa, afinal) que a maltosa da 'Comissão de Melhoramentos' não encontrou ninguém por aqui que tenha desempenhado feito suficiente para tal? Vai daí, ocorreu-lhes pendurar a medalha ao peito de três figuras que fazem a sua vida bem longe daqui. Mal podemos esperar pelas justificações de Pedro Pimpão & sua tropa para entender as razões. 

Comecemos por Paulo Mota Pinto. Nos últimos anos desempenhou (bem, como era seu dever) o papel de presidente da Assembleia Municipal. Além de ser filho do malogrado Primeiro-Ministro Mota Pinto (cuja ligação a Pombal sempre foi sempre esbatida), e de ter feito essa paragem na AM, que razões encontramos para o medalhar? Depois, Isabel Damasceno. Tenho ainda mais dificuldade em compreender qual é o fundamento. Depois de perder a Câmara de Leiria, em 2009 (deixando o PSD local quase como o PS daqui, sem margem para voltar ao poder), tem administrado a CCDR Centro. Faz bem o seu trabalho? Ainda bem. É para isso que todos pagamos. A não ser que a ligação familiar (o marido é natural de Pombal) já sirva de justificação para as medalhas. Por fim, Ana Paula Duarte. Quem?! É natural que o leitor não saiba quem é. A actual reitora da Universidade da Beira Interior, na Covilhã (onde mora há décadas) nunca manteve qualquer ligação a Pombal que não fosse estritamente pessoal e familiar.

Uma pessoa olha para a lista dos galardoados (o jornal divulgou-a também) e não se espanta com nada. Mas não deixa de se espantar com a lata do poder: Nenhum dos três distinguidos a ouro mora em Pombal, nenhum escolheu esta terra para viver ou trabalhar, o que indicia bem o nosso nível de desfalecimento. 

*o jornal tornou-se oficialmente o portal de informação autárquica. No dia em que o depauperado gabinete de comunicação remetia para mais tarde a divulgação do programa do 11 de Novembro, já ela se passeava em meia página de publicidade, ao detalhe, na edição. Ao lado, no editorial, um queixume a propósito de uma queixa sobre um alegado "artigo de opinião" do presidente-candidato-amigo Pimpão. Qualquer pessoa com dois dedos de testa conclui o óbvio: há coisas que não são ilegais, mas são imorais. Pensando bem, por que precisa o Pedro de um gabinete de comunicação? Não admira, por isso, que neste mandato tenha dispensado dois terços dos que o compunham. 


5 de novembro de 2025

Distribuição de tarefas na 'Comissão de Melhoramentos'

Esta manhã reuniu pela primeira vez a Comissão de Melhoramentos - sucedânea da 'junta' - sem grandes novidades. A craveira de cada um dos titulares já deixava adivinhar que tanto fazia Pedro como Paulo à frente das obras ou das licenças, mas vale a pena partilharmos como os nossos leitores o essencial desta salganhada. Há, neste elenco, uma super-vereadora identificada, uma velha conhecida do Farpas; Ana Carolina Jesus assume então o pelouro das Obras Particulares e Fiscalização Municipal, do Urbanismo e Habitação, mas também a Gestão, Administração e Financiamento, Recursos Humanos e Gestão Organizacional, Freguesias, Associativismo e Cidadania, Proteção Civil e Segurança, e ainda uma competência antiga em que terá adquirido experiência nos últimos anos: Gestão de Cemitérios.

Isabel Marto, a única que transitou do executivo anterior, prepara-se para um mandato mais levezinho: Ambiente e Ecologia, Inovação e Empreendedorismo, Águas e Saneamento Básico,Transportes e Mobilidade,Smart Cities e Transição Digital, e ainda Património e Equipamentos Públicos.

A enfermeira Patrícia Rolo assume, claro, o pelouro da Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento Ativo. Calhou-lhe também o Turismo e Promoção Territorial; Desenvolvimento Rural, Agricultura e Florestas, Espaços Verdes e Jardins, Proteção e Bem-estar Animal. E por último, dois inusitados pelouros: a Cultura (um workshop no TAP vale sempre alguma coisa) e outro novo - Rede Social, Interculturalidade e Inclusão. Recuperando as intervenções que teve, ao tempo da assembleia de freguesia do Oeste, a propósito dos imigrantes que viriam trabalhar para a Lusiaves...a coisa promete.

Por último, Marco Ferreira. Sem surpresas, Pimpão entregou (finalmente e oficialmente) ao ex-companheiro da bola o Desporto e Juventude; Educação e Formação Profissional; Ensino Superior, Ciência e Conhecimento (por via das dúvidas, se vier o Politécnico, o desaire terá um rosto); Rede Viária e Conservação do Espaço Público; Mercados e Feiras; Comércio Tradicional; Defesa do Consumidor e Direitos dos Munícipes. Eu voto na contratação do Caló como adjunto. 

E Pimpão, tem pelouros? Tem. Planeamento Estratégico e Desenvolvimento Territorial; Economia, Atração de Investimento e Empreendedorismo; Obras Públicas; Assuntos Jurídicos, Transparência e Integridade; Felicidade e Desenvolvimento Sustentável (what else?), e por últimos, duas escolhas que lhe assentam que nem uma luva: Comunicação, Protocolo e Relações Externas. E Diáspora e Internacionalização. Que se é para voar, que seja daqui para fora. 

Nota de rodapé: Manuel Serra (CH) e Fernando Matos (PS)

*fotografia publicada pelo Pombal Jornal





Sobre a triste realidade do ps local

Os partidos políticos não são – não podem ser - seitas ou associações mais ou menos secretas fechadas sobre si e imbuídas nos seus interesses mais ou menos legítimos; são – ou foram – um alicerce do regime democrático, com obrigações de transparência e prestação de contas aos seus militantes, simpatizantes, eleitores e cidadãos em geral.



Fui ao plenário do ps local com duas simples e óbvias curiosidades: que balanço se faria do processo e dos resultados eleitorais? Que consequências políticas seriam retiradas pelos responsáveis pelo sucedido? Conclusão (minha): tudo na mesma, como a lesma. Aqui o grande problema já não é a doença do doente, mas o doente da doença.

Logo de início, aquele que está e que tratam por presidente da concelhia esclareceu os pouquíssimos presentes (onde não marcou presença a maioria dos supostos dirigentes, ninguém do ps1 ou dos não-alinhados) que os responsáveis pelo sucedido não renunciariam ao mandato (não tomariam a única decisão óbvia, face ao desastre eleitoral - com o obrigatório pedido de desculpa aos militantes, acrescento eu). Perdeu-se totalmente o sentido do decoro, mas anacronicamente talvez seja a decisão apropriada para aquela enfermidade fatal, talvez seja preferível não tratar/amputar a gangrena, porque, na verdade, o que não tem remédio remediado está. 

Depois veio a avaliação dos resultados e as suas causas. E aqui saúda-se a grande diversidade de opiniões sobre os resultados (coisa rara e muito mal vista naquela casa) que ficaram “aquém do esperado”, para uns; foram “bons, pelo desempenho dos dirigentes e candidatos”, para outros; e, pasme-se, “muito bons, atendendo ao contexto”, para alguns. Sobre as causas e as explicações não vale a pena dar grandes notas - senti alguma náusea, mas resisti estoicamente em silêncio àquilo tudo.

Estamos perante criaturas que rebolam descontroladamente por um desfiladeiro, sem se darem conta das forças que as movem. Deixai-os ir que vão por Deus. 

1 de novembro de 2025

Sobre a rísivel política pombalense

Ontem assisti de enfiada a dois ajuntamentos políticos: tomada de posse dos titulares dos órgãos municipais e plenário de militantes do partido socialista. Às vezes fazemos coisas por fazer - por mera curiosidade ou pela simples necessidade de ocupar o tempo. Do primeiro evento ainda vieram dois croquetes e um copo de espumante mole; do segundo só náusea*. As coisas são o que aparentam. E o nada é uma existência como outra qualquer. 


A pompa colocada pelos figurões locais na instalação dos órgãos municipais já ultrapassa em muito a da tomada de posse dos órgãos da República. Mas isto vai em crescendo. E não se admirem que a próxima seja na Expocentro com festa rija, antes e depois. O paroquialismo tem destas coisas - enche de artificialidade a vacuidade reinante.

O doutor Pimpão recitou um belo sermão, onde prometeu “trabalho” (os convidados e o público presente comportaram-se com muita dignidade, não se riram), humildade e esperança. Quem não tem nada para oferecer faz bem prometer esperança – o mais “belo” e mais triste sentimento cristão. 

O doutor Matos formalizou a posse, …, e pôs-se a andar… 

E o doutor Coucelo (presidente da AM) ainda teve tempo para cometer uma “gaffe” imperdoável em figura tão experiente na matéria: na eleição de listas, nomeadamente quando há lista única (o habitual por aqui) não há “votos a favor”, “votos contra” e “abstenção”. 

O doutor Matos formalizou a posse, …, e pôs-se a andar… 

• NR: sobre o plenário do partido socialista talvez diga mais alguma coisa…

31 de outubro de 2025

Até sempre, Rocha Quaresma


Da esquerda para a direita: Vaz de Morais, A. Rocha Quaresma, Manuel Pimentel, Álvaro da Silva, Orlando Cordeiro e Jorge Dinis, durante a inauguração ao monumento aos heróis do Ultramar.


Houve um tempo em que sonhámos muito, neste país, e neste concelho. Um tempo em que a luta política era a sério, em que cada um sabia bem os valores que defendia, o lado a que pertencia, sem que isso beliscasse o essencial: a construção de uma terra melhor para todos, mais justa e solidária.

António Rocha Quaresma fez parte desse tempo. Atravessou a ditadura a caminho da revolução, ajudou a fazê-la, e até a documentá-la, nos dias claros de Abril.

Quando o conheci, no início da década de 90, ainda se emocionava, amiúde, quando se aproximava o aniversário da Revolução. Naqueles idos de 92/93, coube-lhe a responsabilidade de voltar a presidir à Assembleia Municipal (já acontecera antes), quando Menezes Falcão bateu com a porta, no mandato de Armindo Carolino. 


É a ele que os jornalistas desta terra devem um dos poucos passos que o poder político deu em prol da valorização do trabalho da imprensa. Naquele tempo éramos quase sempre uma meia dúzia a assistir às reuniões da Assembleia (duas rádios, dois ou três jornais, por vezes camaradas de Leiria ou Coimbra), num salão nobre novo. Lá do alto, da mesa, Rocha Quaresma percebeu a falta de condições em que trabalhávamos. E foi por sua iniciativa que a sala passou a contar com duas bancadas laterais, destinadas à comunicação social. Devemos-lhe isso, os dos da minha geração. Mais tarde aboliram-nas, de forma condizente com o que sucedeu à imprensa.


Percebi que se foi afastando, progressivamente, nos anos que se seguiram à derrota do PS. Como tantos, num misto de desencanto e aceitação.  


Partiu esta sexta-feira, 31 de Outubro, sem nos avisar. Que a terra lhe seja leve. 

23 de outubro de 2025

“Junta” reuniu pela última vez

 A “Junta” reuniu hoje pela última vez. Aleluia. Aleluia. Aleluia.

O lado positivo deste ansiado final, que é também um reinício, é que daquelas sete criaturas cinco vão-se … - e só uma por vontade própria (Pedro Navega).  O que diz tudo sobre o seus desempenhos… O lado negativo, é que ainda temos que gramar com duas delas (Pedro Pimpão e Isabel Marto) por mais quatro anos.



Mas o ridículo maior, das longas enfiadas de auto-elogios e enaltecimentos, a que todas aquelas criaturas se prestaram, veio, como não poderia deixar de vir, das duas criaturas que supostamente faziam parte da oposição (Odete Alves e Luís Simões); sempre no registo de donzelas de belos sentimentos, incompreendidas, mas sempre colaborantes e cheias de razão. Se alguma dúvida ainda houvesse sobre a falta de tino e de preparação daquelas belas-almas, as suas últimas palavras confirmaram que saíram sem consciência das exigências do cargo que ocuparam, do papel que representaram, da sua circunstância, do seu desempenho e de como tudo o que fizeram contribuiu decisivamente para o desastre eleitoral do partido que representam e onde militam.

Deus lhes perdoe.

21 de outubro de 2025

Do Oeste ao Faroeste: como repor a "normalidade" democrática na Guia

Se houve freguesia onde a população nunca engoliu a agregação, foi a Guia. Para sermos rigorosos, não foi bem a população da freguesia, mas antes um nicho dela, oriundo da vila. Acresce que, nos últimos dois mandatos, a ferida ficou em carne viva à conta de polémicas várias, e sobretudo porque o PSD perdeu ali (na União de Freguesias) as eleições duas vezes. 

Ora, nas eleições do dia 12, cumpriu-se a máxima da "Guia aos Guienses", devolvendo a freguesia aos aguerridos, e voltando a colocar todas as peças no seu lugar, o que inclui, claro está, o PSD no poder. E estava tudo pronto para essa nova vida da terra quando uma sucessão de episódios caricatos nos veio mostrar que às vezes é ténue e a linha que separa o Oeste do Faroeste. O que nos fez soar campainhas foi um comunicado do PSD Freguesia da Guia (assinado pela futura presidente da Junta, Sandra Mendes), demasiado "explicativo". Pois que, afinal, ao contrário do que anunciavam os cartazes, Carlos Mota Carvalho não vai ser o Secretário da Junta de Freguesia, mas antes o Presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia. É certo que esse é um papel que lhe assenta muito melhor, doutorado que é em presidências de clubes e associações. Porém, o que teria sido honesto de todas as partes era assumir-se, perante o eleitorado, que esta sempre foi a jogada.

É certo que as eleições acabaram na noite de 12 de Outubro, mas o processo eleitoral só fica concluído com a instalação dos órgãos autárquicos. Na maioria das Freguesias o acto acontece nos próximos dias, e talvez o caso da Guia possa servir de exemplo às restantes, onde uma horda de novos autarcas nem sempre conhece as linhas com que se cosem os processos legais (e naturais) da democracia. Lembremos por isso os senhores e senhoras presidentes que são os únicos automaticamente eleitos. Os executivos não são indicados, nem nomeados. São eleitos, em assembleia própria, tal como está bem explico na lei. Que é a mesma para todos, e não consta que a Guia seja um cenário de Western.



15 de outubro de 2025

O dia seguinte aqui no aeródromo

 



As eleições passaram e ganharam os do costume. Talvez bastasse esta frase para resumir o que se passa em Pombal, só que não. O que tentamos fazer aqui no Farpas é deixar uma marca, para quem vier depois, e por isso é importante juntar a esse repositório algumas notas sobre este momento que parece inédito. 

1. O PODER.  O PSD continua a fazer bem o seu trabalho,  e a fazê-lo sem oposição. A ideia de "vitória histórica", aplicada às 17 freguesias do concelho, pode colar bem nos que chegaram há pouco, nas redes sociais e no discurso global, mas é preciso ser-se rigoroso: não é a primeira vez que o PSD domina tudo, com as suas pessoas (Carnide, 2001, com um movimento supostamente independente, liderado por Eusébio Rodrigues). A única excepção, nalguns actos eleitorais dos últimos 32 anos (desde que o PS perdeu a Câmara) terá sido o Louriçal, freguesia que ficou aliás conhecida como "a aldeia gaulesa", em duas ocasiões. E mesmo assim, numa delas, aconteceu com um candidato que vinha do PSD. Não haja ilusões: terá sempre bons resultados o poder que se perpetua, tem as suas peças bem distribuídas no xadrez (desafio-vos a olhar para a composição de associações e instituições), enquanto põe a mão no ombro dos que ousam levantar a cabeça.

2. A 'OPOSIÇÃO'. a)O PS continuará a somar derrotas enquanto não tiver coragem de se assumir como oposição. O comunicado divulgado ontem, a prometer "oposição construtiva" (música para os ouvidos de Pedro Pimpão, que logo o aproveitou) mostra bem que ali não há vontade nenhuma de tirar ilacções sobre escolhas e resultados, causas e consequências. Resta saber o que vai fazer com o único lugar na vereação, para o qual Fernando Matos não tem o mínimo de apetência.

b) O movimento Pombal Independentes - criado a reboque do efeito bem sucedido no Oeste, nos últimos anos, deu em quase nada. Apesar de Luís Couto ser eleito há muito como adversário preferencial de PSD e PS (o que indiciava bem o potencial), faltou-lhe coragem - para confrontar, denunciar (o episódio com a direcção da AHBVP, a propósito da cedência de um espaço, é épico) e mensagem. Pode ter o condão de trazer de novo para o espaço público um homem como António Moderno, cujo papel foi relevante na construção do poder local democrático neste concelho.

c) o Chega. Manuel Serra foi eleito sem fazer um único dia de campanha, sem programa, mas também não era preciso. Não é por acaso que André Ventura usou a sua cara em todos os cartazes de todos os concelhos deste país. O antigo presidente da União de Freguesias do Oeste, que até há meses era militante e dirigente do PSD, apanhou boleia do partido que mais rapidamente o levaria ao destino: a cadeira de vereador na Câmara Municipal. Alcança a maior percentagem de votação nas freguesias onde, aposto, nem sequer o conhecem. 

Perante este estado da arte, e sabendo nós que ninguém consegue parar o vento com as mãos, este post é especialmente dirigido àqueles que, vivendo aqui, têm a honestidade de perceber que esta hegemonia não é boa para ninguém. Faz mal à democracia, dissipa a massa crítica, asfixia o ambiente. Mas isso só percebe quem está fora da bolha laranja, que é gigante, e onde cabe sempre mais um. O único caminho é levantar a cabeça e ser cidadão. Na rua, no bairro, na colectividade, num colectivo qualquer. Ir às Assembleias de Freguesia, à Assembleia Municipal, participar nas reuniões da escola e do clube dos filhos. E abrigar-se do vento. 


14 de outubro de 2025

PS de Pombal

Ontem, depois do desastre, o PS de Pombal sussurrou qualquer coisa - sinal de que ainda está vivo! Alguém o ouviu dizer que “felicita o vencedor autárquico e promete oposição construtiva”. 

Se tivesse dito só a primeira frase, e, logo de seguida, se apagasse, mostrava autoconsciência e alguma sensatez. Assim, mostrou que continua a penar, a fazer o que não sabe nem deve tentar fazer - oposição construtiva. 


12 de outubro de 2025

Autárquicas 2025 em Pombal – tudo na mesma

O PSD voltou a ganhar; e os outros a perder. Por conseguinte, o doutor Pimpão continuará a presidir à “junta” e às juntas, acompanhado por criaturas ainda mais imberbes que ele. E os outros continuarão a assistir, ou a desistir. E assim tudo continuará na mesma, devagar e devagarinho, como a lesma. É uma vitória que tem tanto de plena – arrebanhou todos os “tachos” - como de pequena, que não traz nada de novo, só estragos no dia seguinte. 

O resto é só derrotados. Todos iguais (na fatalidade), e todos diferentes (no estado de espírito momentâneo:  uns felizes, com pequenos nadas; outros desiludidos, com o estilhaço das ilusões ocas; e outros simplesmente aliviados do martírio a que inutilmente se submeteram).  

A “história” eleitoral repete-se demasiado por aqui. A repetição, como diz a psicanálise, protege da agitação da vida individual, impõe a paz mortal de uma cultura que bane a surpresa, é “morte”. Os resultados mostram o declínio da confiança dos cidadãos nos políticos locais, nos partidos e no poder local, uma orfandade colectiva e uma falta de sentido de colectividade e de comunidade assente numa representatividade justa e plural. 

Em Democracia é a oposição que determina o exercício do poder. Deixaremos de ter oposição, papel reservado simbolicamente a um ou outro ramo de enfeite. Na verdade, já não a tínhamos; e daí vem, com certeza, uma das explicações para este desastre da dita oposição. 

O PS não conseguiu nada (relevante), nem poderia conseguir, míngua para o mínimo absoluto. Só mentes muito etéreas poderam crer em coisa diferente… Nas coisas dos humanos, a essência precede sempre a existência. E como diz o povo, o que nasce torto tarde ou nunca se endireita. É um resultado que deixa marcas no partido e em quem deu a cara pela aventura. Mas sejamos justos: a responsabilidade maior não deve ser assacada aos que deram a cara pela desventura, mas a quem traçou todo o guião e, depois, perante o evidente desastre, se escondeu na toca.

O Chega participou e mostrou o que é... Pelo meio e no final, proporcionou o cumprimento do desejo de Manuel Serra: chegar a vereador.  

O Independente Luís Couto cumpriu com brio o desafio inglório de tentar chegar a vereador. Jogava nestas eleições a afirmação do seu movimento político e o seu destino político. Falhou. A política nunca é só um desafio pessoal. Falhou o objectivo. 

Do resto não vale a pena falar - o nada é nada. 


10 de outubro de 2025

Ao que a realidade obriga

 


Uma mão esfrega a outra e as duas pintam a cara.

Atenção aos próximos capítulos.

Debate entre os candidatos à câmara - remake

Decorreu ontem à noite o segundo debate entre os candidatos (participantes) à câmara, organizado e moderado pelos órgãos de “informação” locais (Pombal Jornal, Rádio Clube de Pombal e Rádio Cardal).



O debate foi melhor que o anterior - já teve laivos de debate - por três razões: (i) era muito difícil fazerem pior que no anterior; (ii) foi melhor preparado e moderado pelos moderadores; e (iii) alguns candidatos estiveram melhor. Só uma coisa piorou: a assistência – a rapaziada do PPD/PSD, juvenil e adulta, com o deputado da nação em particular realce. Mas a coisa continua pobre: continua-se a afunilar o debate para temas de política geral (Saúde, Educação, Habitação, Ambiente, Economia, Turismo, Segurança, etc.), onde só se debitam banalidades, e a passar-se ao lado da discussão das   competências, desempenho, insuficiências e organização da câmara.

De entre os candidatos com maior responsabilidade política-eleitoral – Pedro Pimpão (PSD) e Fernando Matos (PS) - ficou no ar uma dúvida porventura insolúvel: qual deles é o mais lunático: o que quer voar sobre Pombal ou o que quer(eria) subir de elevador para o castelo? Mas quem anda com os pés assentes na terra e se preocupa com coisas realmente importantes, como a liberdade individual e a privacidade, tem que ficar alarmado quando sete daquelas alminhas defendem a criação de uma política municipal e a colocação de câmaras de vigilância nos espaços públicos. Aqui, palmas para o candidato da IL (Ricardo Santos) que quebrou o unanimismo.

Uma nota final para os candidatos do CDS (Telmo Lopes) e dos Independentes (Luís Couto), que estiveram francamente melhor que os restantes e melhor que no debate anterior. 

8 de outubro de 2025

Breve história de um debate que era da Junta mas os candidatos não sabiam


 

Na foto, da esquerda para a direita: João Gonçalves (CDS), Carla Longo (PSD), António Costa (CDU), António Sintra (Pombal Independentes), Patrício Martins (Chega) e Clara Pascoal (PS)

Sou eleitora da Junta de Freguesia de Pombal há mais de 20 anos, já integrei uma lista que lhe queria dar outra vida mas não aconteceu, também fiz parte da Assembleia de Freguesia - um tempo que me permitiu, entre outras coisas, conhecer melhor como funciona (politicamente falando) o Pedro, actual presidente da Câmara. 

Ao contrário do que muitos pensam - e dizem, incluindo candidatos - a Junta de Pombal não é uma área de descanso na hierarquia municipal. É certo que ocupa um espaço privilegiado na sede de concelho, mas desengane-se quem pensa que tem tudo feito, à conta da Câmara. Primeiro porque é uma freguesia muito mais rural do que se imagina. Não apenas porque a cidade se ruralizou nos últimos anos, mas também porque os 700 km de estradas de que fala a presidente da Junta ligam aldeias e lugares que parecem ter ficado nos anos 60. Nunca recuperámos das diversas vagas de emigração, e não fora a imigração (que serve, nesta campanha, para mascarar o desfalecimento, nomeadamente a plena ocupação das escolas), muitas aldeias desta freguesia estavam já quase abandonadas. 

Ora, o debate de ontem - com seis candidatos e mais de duas horas e meia de duração - tinha muito terreno para palmilhar. Só que uma confusão generalizada (que começou nos temas propostos para discussão e acabou no equívoco de vários candidatos) não contribuiu em nada para o esclarecimento. Há candidatos , que não perceberam ao que se estão a candidatar. Há outros para quem afinal está tudo bem, e isto só precisava de mais um pózinhos, qual comissão de melhoramentos. O único momento que se assemelhou a um debate foi breve, entre a actual presidente da Junta, Carla Longo (PSD), e a candidata do PS, Clara Pascoal. 

Terminada a conversa, abri os desdobráveis que me deixaram na caixa do correio. Só tinha da Carla Longo e do António Sintra. São programas cheios de boas intenções, ao estilo "agora é que vai". E numa coisa ela já ganhou: calou uma certa oposição, arregimentando para a sua lista uma panóplia de gente que sempre combateu aquela forma de fazer política - até perceber que era melhor fazer parte do ramalhete. Juntaram-se vários presidentes de clubes, que assim sossegam. É mais ou menos como diz o seu mentor Pimpão: "até os comemos!"

6 de outubro de 2025

Breves notas sobre o debate (III)

Quem já passou por um processo de recrutamento minimamente estruturado sabe que há um momento que pode ser decisivo; é quando, no final da última entrevista, o recrutador faz a pergunta da praxe: “para terminar, num minuto, convença-me que é a pessoa indicada para a função?”

Perante este desafio, imaginem que um qualquer imberbe, sabendo que a pergunta lhe iria ser colocada, levava de casa um papelinho com a resposta preparada e, no momento certo, sacava-a do bolso, colocava-a em cima da mesa, ferrava os olhos nele e lia-o o melhor que sabia. Estão a ver a cena? E o resultado?

No famigerado “debate” entre os “candidatos/participantes” na eleição para a CM Pombal, o moderador deu a inevitável deixa final: um minuto para cada candidato fazer o apelo ao voto na sua candidatura. Os OITO candidatos limitaram-se a cumprir a formalidade. A maioria comportou-se como o imberbe candidato ao emprego: sacou da cábula que levava no bolso e leu-a com o jeito que Deus Nosso Senhor lhe deu!

Querem o melhor retrato da pobreza franciscana que nos colocaram na rifa? Ei-lo.   



5 de outubro de 2025

Breves notas sobre o debate (II)

O debate – se isso se pode chamar a banalidades debitadas sem jeito e sem qualquer contraditório - foi uma verdadeira enfiada de vulgaridades e sandices. Mas uma, pela clareza e respectiva quantificação, destacou-se e fica para posteridade. 

A emblemática proposta saiu, logo a abrir, da boca do candidato da CDU – Egídio Farinha: 1% do orçamento municipal para a Cultura, e a criação de uma Escola de Artes! Logo o alertaram que a câmara já gasta mais de 3% do orçamento nessa área. Mas ele manteve-se impávido – já tinha deixado o seu número.  

O nada não comporta superioridade, nem inferioridade, nem comparação. Caímos nisto.


4 de outubro de 2025

Breves notas sobre o debate (I)

O debate entre os candidatos (participantes) à CM Pombal, organizado pelo Jornal de Leiria, foi o evento político mais enfadonho e insipiente a que já assisti. Mas numa coisa estavam todos alinhados: enfastiar o assistente - o moderador deu o exemplo e os candidatos seguiram o mote. Foi um verdadeiro jogo perde-perde: os candidatos perderam algum eleitor ainda indeciso, o jornal perdeu leitores (ali e no após).



Durante o debate veio-me à cabeça uma dúvida que frequentemente me surge: será que a política emburrece as pessoas que a exercem? É uma dúvida legítima porque grande parte das pessoas que a exercitam já provaram que possuem alguma inteligência e sensatez.

Custa a aceitar que gente que supostamente sabe estar e pensar represente cenas que roçam o ridículo, se limite a debitar raciocínios que não valem um ovo quebrado e intenções irrealizáveis ou ruinosas se porventura alguém as tentasse implementar.

Uma espécie de debate, numa espécie de eleições



Pela primeira vez nestas eleições juntaram-se os oito candidatos à Câmara num debate, promovido - como vem sendo hábito - pelo Jornal de Leiria. Foram duas horas de angústia (como podem ler aqui), muito pior do que este, em 2017, que reunia o mesmo número de candidatos, ainda na era pré-Chega. Um retrato do nosso desfalecimento enquanto concelho - onde só as máquinas dos candidatos (cada uma à sua dimensão) parecem dar conta das eleições autárquicas. Estamos mesmo prontos para levantar voo e desaparecer no éter.

3 de outubro de 2025

Pedro - o entertainer

 A Política já foi uma coisa séria, respeitável e respeitadora dos representados. Agora é uma coisa fútil - uma diversão, um espectáculo, uma armadilha para captar atenções e apanhar vontades tolas. 

No início da desventura do Pedro, como presidente da câmara (da junta), escrevi por aqui que política está para o Pedro como o voar está para a mosca. Com o tempo percebemos que o Pedro é e encarnou a configuração da mosca voadora, predestinada ao ócio, ao vício e à voluptuosidade. Uma criança, alegre e frívola, que brinca à política, em campanha ou fora dela. 


25 de setembro de 2025

Pérolas Pombalinas - Autárquicas'25 #4 O PROFETA PEDRO




 A visão - apocalíptica - da hegemonia do PSD em todas as freguesias, em todos os órgãos, em todos os lugares, anda a tomar conta dos comícios do partido. Mas o discurso do Pedro no mega jantar da Expocentro, entre o fadinho tocado pelo Graciano e o Toy a mandá-los por a cerveja no congelador, fica esta imagem, ao estilo evangelizador, a fazer lembrar os bispos do Reino de Deus sempre ladeados por duas servas, foi épico. 

Nada temam: O Pedro diz que isto está garantido para os próximos 40 anos. O que é que interessa se a última grande empresa a instalar-se aqui já foi há mais de 30 anos? Temos hectares a perder de vista para as indústrias do além. Ah, espera, isto vai lá é com a escola superior de qualquer coisa.

23 de setembro de 2025

Pérolas Pombalinas – Autárquicas`25 #3 – Meirinhas Independentes

Talvez porque seguimos isto da política, caem-nos no regaço, todos os dias, pérolas da campanha autárquica. Daí que sentimos o dever de criar uma rubrica a que chamámos “PérolasPombalinas – Autárquicas`25”. 

Hoje (algum dia teria que ser), chegou-nos ás mãos não mais um desses pechibeques de campanha que andam por aí nas redes sociais, mas sim uma pérola das verdadeiras: um pequeno vídeo, realizado pelos candidatos à junta das Meirinhas pelo movimento “Meirinhas Independentes”, que expõe de forma crua e fria o que é a verdadeira acção política de João Pimpão – dos Pimpões, porque está ali exposto o seu verdadeiro ADN.

João Pimpão é um homem de acção, não de pensamento – na verdade, um homem de acão nunca é um homem de pensamento. Quando se confiam actividades complexas, que exigem reflexão e planeamento, a homens de acção o resultado é o que o vídeo mostra. Só por este vídeo, estes rapazes merecem ir para a junta.   



22 de setembro de 2025

E agora, doutor Mithá?

 


As notícias desta segunda-feira dão conta de que o deputado da Nação Gabriel Mithá Ribeiro renunciou ao mandato. Foi o partido que o anunciou, numa nota à imprensa. O caso ocorre precisamente um dia depois do lançamento do livro “Por dentro do Chega”, da autoria do jornalista Miguel Carvalho – e que conta com uma portentosa entrevista daquele que é um dos ideólogos da extrema direita em Portugal.

É claro que tudo isto nos passava ao lado, não fora o facto de Mithá Ribeiro ser candidato à Câmara de Pombal. E de repente, instala-se a dúvida: renunciará à candidatura? É o mais provável. Parece, afinal, que havia alguma premonição neste processo autárquico. O candidato do chega quase não deu às caras até agora, à excepção da tourada de Abiul e da tertúlia do Tirol. Chegou a ter anunciada uma apresentação mas cancelou-a. Apresentou uma lista à AM que o tribunal recusou, e nunca deu aos pombalenses uma palavra sobre isso.

Prevemos que esta trapalhada caia como sopa no mel para Pimpão & sua tropa. Bem podem acender as velinhas todas à Sra do Cardal: Deus escreve sempre direito por linhas tortas.

E agora? Sobra para o conde Manuel Serra? Assim como assim, é o único que aqui conhecemos.

* foto Jornal de Leiria

Ensino Superior em Pombal – uma ilusão do tamanho do CIMU-SICÓ

Todos sabemos – e os que não sabiam ficaram a saber nos últimos quatro anos – que o doutor Pimpão vive meio no reino da diversão meio no reino da fantasia. Seria porventura feliz - pelo menos à sua maneira -, e não viria mal nenhum ao mundo (a Pombal), se não estivesse como presidente da câmara. Como esteve e vai continuar a estar, convém ter cuidado com ele… 

Nos últimos quatro anos empenhou-se unicamente na roda-viva de festas&eventos e em trazer o Ensino Superior para Pombal. Nessa tola ideia contou com a colaboração dos doutores do Politécnico de Leiria e do principal partido da dita oposição (PS) – que provavelmente perderá esse estatuto formal no próximo dia 12 de Outubro.

Como sabemos, a tontice é uma coisa que se propaga a tal velocidade que não dá sequer tempo para a razão calçar os sapatos e pôr-se a caminho. Por conseguinte, instala-se facilmente e, depois, é muito difícil ou até impossível de remover. Foi assim com o CIMU-SICÓ, e, se nada de premente for feito, será assim com o fantasioso Pólo do Ensino Superior em Pombal, que passo a passo se vai instalando, vai ganhando raízes, vai sugando recursos e secando a terra.

Toda a criatura com dois neurónios a funcionar em série e dois pingos de sensatez sabe que uma Escola de Ensino Superior não é necessária nem viável em Pombal. Então, porque insistem? - perguntarão os leitores menos familiarizados com estas matérias. Simples: por tolice (vazio ilusório) ou interesses particulares.

Mas a realidade é o que é, e não soçobra perante ilusões ou estados de espírito. O Politécnico de Leiria preencheu unicamente 50,5 % das vagas; e quatro licenciaturas de três escolas não preencheram qualquer vaga.

Mais palavras, para quê? É a realidade, lunáticos!



20 de setembro de 2025

Última sessão da Assembleia Municipal

Realizou-se ontem a última sessão da AM (deste mandato) num ambiente de despedidas envergonhadas com várias ausências. A sessão serviu para o que estas sessões habitualmente servem: auto-elogios, um ou outro elogio e algumas notas de balanço.

O elogio da meritória dedicação à dita causa-pública, de que algumas daquelas risíveis figuras se acham imbuídas e empossadas, derrama um pedantismo bacoco, típico do provinciano com tiques aristocratas. Mas compreende-se: se não fosse assim, como é que a generalidade daquelas criaturas seria alguma vez tocada pelo elogio público? Já o unânime elogio ao desempenho do Professor, mesmo por aqueles que logo de início, de forma precipitada e tonta, o elegeram como adversário, nos parece justo e inevitável. Bastaram os primeiros acordes para percebermos que estávamos perante um regente de batuta recto e distinto. Não nos enganou. Mas ao contrário do que foi dito na sessão, não estamos nada convencidos que o seu exemplo perdure e frutifique nesta terra. 

No que se refere às intervenções de fundo, só merece nota o risível “sermão” que o bom-cristão doutor Coelho deu aqueles peixes, sempre preocupado com os pecadores mas ignorando os seus pecados e realidade l, mostrando até à náusea uma confrangedora dissonância cognitiva consigo e com a realidade que o rodeia, de que ele é o principal artífice. 

Já a verdadeira síntese do mandato do doutor Pimpão saiu, em poucas palavras e quase a pedir desculpa, da boca do doutor Couto: prejuízo nunca visto, muitas actividades (festas) e poucas obras. E não é opinião, é Relatório de Gestão.  

17 de setembro de 2025

Diogo Mateus condenado

Saiu hoje a sentença sobre o processo que corria no Tribunal Criminal de Leiria contra o ex-presidente da câmara (Diogo Mateus) e o seu chefe de gabinete (João Pimpão), por uso indevido de recursos camarários (viatura e respectivas despesas) em benefício próprio – assunto que mereceu ampla divulgação por aqui, aqui,...



Diogo Mateus foi condenado a quatro anos de prisão, por um crime de peculato na forma continuada e por falsificação de documentos, com pena suspensa por igual período (quatro anos). João Pimpão saiu absolvido dos crimes de peculato e peculato de uso em co-autoria.

No Estado de Direito as pessoas (só) são condenadas pelo que vão acusadas e pelo que fica provado em julgamento…  Muita cumplicidade política; pouca cumplicidade criminal. Na verdade, para o Tribunal só conta o que está na acusação. Ainda bem.

14 de setembro de 2025

O sítio do Pimpas: como viver numa realidade paralela

A família social-democrata está hoje como gosta: à mesa, boa comida e boa bebida, baile com o Graciano e resto do espectáculo abrilhantado pelo Toy. A Expocentro tomada por eles, que são muitos, esmagando qualquer concorrência que se apresente a eleições. É assim há muitos anos, e desta vez promete ser (quase) assim, também. 

O tom festivo é de celebração. Nas redes, uns e outros mostram-se no registo David e Golias. Fazendo fé na máquina poderosa que montaram e exibem, seria escusado ir a eleições. Mas nada disso é novo, como bem sei o (e)leitor. Divido coma  directora do Pombal Jornal, Manuela Frias, a frase com que abre o último editorial do único jornal da terra: “não é novidade para ninguém”. 

O que é novo aqui, por estes dias, é a subversão total do género jornalístico “artigo de opinião”, que nessa mesma edição Pimpão assina, na página 4. Pensava eu que já não iria surpreender-me mais, nem com políticos nem com os media da terra (que há muitos anos entraram no registo de não levantar ondas, quanto menos notícias melhor, porque isso só dá chatices…), quando me deparei com um exercício de propaganda básico, mascarado de artigo de opinião. O título – “Pombal cresceu: resultados que falam por si” é uma versão resumida do infomail que Pedro Pimpão fez chegar às caixas de correio, há dias, com o balanço do mandato autárquico. Chama-lhe, em estrangeiro, “accountability”, prestação de contas, por assim dizer. Fazendo fé nos seus números, das 236 medidas que havia proposto para uma década, há quatro anos, estamos com 217 executadas ou em execução, o que corresponde a 92%. Se fosse assim, estávamos prontos a abrir telejornais a toda a hora. Como não é, enganamos o eleitorado com vídeos e “notícias” que o povo vai papando como se o fossem, de facto. “Diz que ela estava ali em baixo, ao fundo da ladeira, a dar uma entrevista”, disse-me o meu pai, nos seus 82 anos, para quem a internet e o digital são coisa de que ouve falar na rádio e na tv. Ele não se dá conta, mas a poderosa máquina de comunicação da campanha que voa mais alto usa desse artifício, sem que ninguém lhe peça prova dos factos.

O Pedro é um caso de estudo. Ele consegue visualizar um jardim num monte de entulho, e pior, acreditar que é real. No rol dessas medidas que elenca, detive-me, por exemplo, na “promoção de um envelhecimento activo, saudável e feliz”. 

A minha geração chegou àquela idade em que mal acabámos de cuidar dos filhos e temos agora de cuidar dos pais. E por isso cada um de nós sabe o que nos diz a realidade no concelho de Pombal: muitos velhos, a maioria com doença e/ou demência, sem respostas. 

Passaram mais quatro anos e continuamos sem parque verde. Há décadas que alimenta os programas eleitorais. Mas na requalificação urbana e quejandos, estamos quase a rebentar a escala. Com os tantos milhões que enterrámos no Explore Sicó (CIMU Sicó que Deus tem), já tínhamos feito pelo menos 10 parques verdes, com piscinas e tudo.

Passaram mais quatro anos e não há notícia de nenhuma grande empresa a querer instalar-se aqui. Toda a gente sabe que uma cidade só cresce e se desenvolve com trabalho, com emprego, que depois traz gente, leva à fixação, e assim promove um ciclo (não vicioso, mas de virtude). Toda a gente sabe? Não. Há quem acredite em unicórnios e smart cities e proximidades encenadas. 

Feitas as contas, o Pedro está a fazer tudo bem: o que lhe falta na Câmara em matéria de comunicação sobra-lhe na campanha. Há dinheiro, muito dinheiro, bons materiais e conteúdos. Mas como sabe que há uma franja (muito importante e vasta) que não vai às redes, é preciso lançar-lhe o isco à moda antiga, nessa coisa fora de moda que são os jornais. O pior é que – tenho disso a certeza – o Pedro sabe bem que aquilo não se faz. Nasceu numa família de jornalistas, cresceu no meio, tem um jornalista como mandatário. 

Não por acaso, o livrinho que mandou para as caixas do correio termina a agradecer à comunicação social. Pudera. Qual é o autarca que não quereria jornais e rádios amiguinhos, que nunca beliscam o poder?

O meu primeiro director, no primeiro jornal onde trabalhei (O Correio de Pombal) dizia sempre o mesmo: “se dizem bem de ti, desconfia. É porque não estás a fazer o teu trabalho”. Era o tempo em que os jornais ainda diziam “as verdades que incomodam em vez das mentiras que encantam”, uma frase tornada célebre por um ex-secretário de Estado da Comunicação Social: o social-democrata Feliciano Barreiras Duarte. 

Nos tempos que correm, parece que estamos condenados apenas a comer gelados com a testa. Ou já algum dos outros candidatos (existem mais 7, pasme-se) tem o seu artigo de opinião pronto a publicar?

* o sítio do Pimpas era o nome do Blogue de Pedro Pimpão e da coluna de opinião que assinava na imprensa local, ao tempo da Jota.



12 de setembro de 2025

Pérolas Pombalinas – Autárquicas`25 #2 – "Consigo". "Não Consigo"

Ontem à noite, aquela coisa a que chamam “Tertúlias do Marquês” - uma espécie de clube do charuto do antigamente que se junta regularmente para deglutir uns comes e bebes e se ouvirem - convidou para animar o repasto, sem critério que se enxergue, três candidatos à câmara municipal: Pedro Pimpão, Fernando Matos e Mithá Ribeiro!

Os croquetes apresentaram-se bem… A conversa, que se queria cavalheiresca, nem tanto: azedou quando a claque forasteira questionou a imparcialidade da moderadora e trouxe à liça arrufos antigos mal resolvidos com o candidato-presidente.  

Mas a "figura" da tertúlia coube - como estava predestinado - ao “Consigo”. Reconheceu o óbvio: “Não Consigo”. Não consigo fazer-me ouvir.