19 de dezembro de 2025

Sobre a reunião da “junta”, da passada semana (II)

O vereador não-eleito (doutor Coelho) monopolizou a reunião da “junta”, tanto no período-antes-da-ordem-do-dia como no seguinte, com assuntos e intervenções de todo o tipo, relevantes e irrelevantes, oportunas e inoportunas, atrevidas e azoinadas. Atreveu-se, até, por ignorância ou insensatez (política), a usar o surrealista tema da garantia da qualidade da água dos fontanários dispersos pelo concelho, em desuso para fornecimento de água para consumo humano há décadas, para abespinhar o presidente. 



Quando o PS local teve um programa político estruturado, consistente e coerente, coisa rara, colocou em causa a qualidade da água do sistema de abastecimento público, e defendeu uma solução segura que felizmente foi implementada com sucesso. Mas nem nessa altura via nos fontanários arcaicos uma alternativa necessária ou adequada para fornecimento de água para consumo humano – coisa rara, irracional e totalmente desincentivada pela autoridade de Saúde Pública. 

Qualquer pessoa minimamente esclarecida sabe que não é possível garantir a qualidade e a segurança da água nos fontanários, pela simples razão de a Natureza não ser controlável. Mas há criaturas, de cariz antropocêntrico, que julgam que sim! O doutor Coelho é uma delas. Pegou na ideia tonta do controlo da água dos fontanários por duas razões, uma oportunística, outra intrínseca. Oportunística porque tudo lhe servirá para abespinhar o presidente. Intrínseca porque tudo igualmente lhe servirá para passar a imagem do cândido romântico muito sensível aos sonhos revivalistas de algumas pessoas. Os fontanários caem-lhe, aqui, como sopa no mel. Deus lhe perdoe.

18 de dezembro de 2025

Sobre a reunião da “junta”, da passada semana (I)

 A “junta” reuniu na passada semana com uma vasta agenda (mais de setenta pontos) e pontos relevantes para a comunidade, cidadãos e empresas; nomeadamente o orçamento municipal e os inerentes impostos municipais.



(Só agora damos nota da dita reunião porque só há pouco tivemos acesso ao áudio da reunião; e porque confiamos cada vez menos em relatos feitos pelos actores da trama…).

A reunião foi animada, e picada, tanto no período-antes-da-ordem-do-dia como no seguinte, com o vereador não-eleito – doutor Coelho – a monopolizar o debate, imbuído do seu propósito supremo: abespinhar o presidente - intento que tem conseguido atingir com alguma mestria.

Mas vamos ao que realmente importa: os impostos municipais. O orçamento traz boas notícias: não aumenta os impostos municipais – ficam pelas taxas mínimas, excepto na derrama. O resto também se mantém: vai derreter muito dinheiro onde não devia. Mas do mal, o menos.

8 de dezembro de 2025

Sobre a propaganda e a infeliz realidade

Todos (os que nos lêem) ainda devem estar recordados do arrojado projecto de requalificação e restruturação da Central de Camionagem, orçado em mais de 4 milhões de euros, que colocaria Pombal nos píncaros do futurismo e da mobilidade suave e inclusiva, e proporcionaria conforto, ócio e bem estar a quem viaja ou simplesmente se distrai. 




O projecto incluía uma Gare Intermodal de Transportes que uniria tudo e todos, as duas margens, com uma passagem subterrânea e outra aérea através de um pórtico monumental de entrada na cidade, que seria o orgulho dos pombalenses (mas logo contestada); uma plataforma que ligaria os diferentes meios de transporte, públicos e privados, com novas bolsas de espera; um segundo piso na Gare subdividido em espaços hoteleiros e restaurantes e/ou bares; e novas zonas verdes (sempre a promessa verde), com espaços de estar, lazer e parque infantil. Eis aqui, levemente resumido, o leque do que nos foi prometido. 

E, agora, o que temos? O que nos ofereceram e oferecem? Temos uma Central de Camionagem retocada, meio abandonada e encerrada ao fim de semana, sem um simples barraco, no local ou próximo, para os passageiros de fim-de-semana esperarem os autocarros minimamente abrigados da chuva e do vento frio ou do sol escaldante. E uma mini-praça, rodeada de lixo, que usaram para meter uma estatueta de mau-gosto de uma criatura viva que não diz nada à terra.

Mas palavras, para quê?! É Pombal no seu melhor...


3 de dezembro de 2025

Retrato de família abrigado da chuva




Na semana passada a Câmara promoveu um daqueles momentos em que as fotos falam. Foi a assinatura dos "contratos-programa de desenvolvimento desportivo" que "representam um esforço municipal de 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗱𝗲 𝟰𝟲𝟬 𝗺𝗶𝗹 𝗲𝘂𝗿𝗼𝘀, que serão canalizados para o apoio da atividade e 𝗽𝗿𝗮́𝘁𝗶𝗰𝗮 𝗱𝗲𝘀𝗽𝗼𝗿𝘁𝗶𝘃𝗮 𝗱𝗲 𝟯𝟰𝟬𝟴 𝗮𝘁𝗹𝗲𝘁𝗮𝘀 𝗱𝗲 𝟭𝟴 𝗺𝗼𝗱𝗮𝗹𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲𝘀, 𝗱𝗼𝘀 𝗾𝘂𝗮𝗶𝘀 𝟮𝟳𝟬𝟮 𝘀𝗮̃𝗼 𝗮𝘁𝗹𝗲𝘁𝗮𝘀 𝗲𝗺 𝗳𝗼𝗿𝗺𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼", segundo a autarquia.
Poucos momentos explicam tão bem o tipo de associativismo que temos nesta terra, liderado por quem, para fazer o quê, e como o poder autárquico se alimenta de tudo isto. Está ali plasmado neste "retrato de família", tirado ao mesmo tempo em que, para tapar a cabeça, a manta de retalhos que cobre as infraestruturas desportivas de Pombal deixa os pés à mostra. À mesma hora, a tão saudada vinda da selecção feminina alemã de sub-23 era o espelho disso mesmo: as raparigas não puderam equipar-se no Estádio Municipal onde treinavam porque os balneários não reúnem o mínimo de condições. Fizeram-no no pavilhão Eduardo Gomes, o único que temos na cidade, também ele apenas adaptado a dias sem chuva, tal como acontece de resto nos pavilhões da Redinha e Louriçal. Está tudo bem. Para voarmos mais alto não podemos ligar a estas minudências. Ou então cortamos logo o mal pela raíz: há poucos dias, um camarada radialista queixou-se aos representantes do poder de que na cabine de imprensa do pavilhão chovia como na rua. Um nem sequer sabia que "aquilo era um espaço para a imprensa", outro atravessou-se logo a resolver com prontidão, avisando que, se era assim, proibia o relato e pronto. 
Esta é a cidade que escancara as portas a tudo o que é associação do sector, depois do poder ter acabado com a imprensa livre. Desafio os leitores a pesquisarem no site da Associação Nacional de Imprensa Regional o que disseram aqui os oradores - não há-de ser muito diferente do que aqui vão dizer os que vierem, a 18 de Dezembro, comemorar o Dia Nacional da Imprensa. Por isso a piada faz-se sozinha.
O retrato é que não. 

29 de novembro de 2025

Montenegro coloca Pimpão na ANMP

Corre pelo espaço midiático que o doutor Pimpão vai para presidente da Associação Nacional de Municípios (ANMP). Seria uma benção para Pombal se ele fosse mesmo. Mas não vai; ou melhor dito: vai e fica. 

A notícia – do nosso conhecimento há muito tempo - foi metida a correr com um intuito claro: fazer crer aos papalvos que há mérito na coisa, na designação e no designado. Mas é exactamente ao contrário… A escolha - de Luís Montenegro, não dos autarcas - tem todo o racional: se é para não fazer nada, nem sequer lobbying/pressão junto do governo, quem melhor que doutor Pimpão?



Isto é o regime no seu melhor. Um regime que se desenvolveu da forma que se conhece, através da multiplicação de cargos e mordomias pelos próprios protagonistas políticos, para seu prórpio benefício. O método segue inevitavelmente a mesma lógica: há um cargo (por exemplo, presidente de câmara), desempenhado por vários titulares; se há vários titulares pode-se criar uma associação que os represente, os auto-promova e faça lobbying em seu benefício. As coisas funcionam sempre assim, e neste caso em concreto (ANMP) ficaram-me claras, há muito tempo, quando dava os primeiros passos na política local, e um(a) então influente figura do PSD local me explicou para que servia a ANMP. Numa das muitas conversas sobre política, expunha-lhe o meu espanto pela rápida transformação política e pessoal do recente presidente da câmara Narciso Mota, que de criatura politicamente imberbe, naif até,  rapidamente se transformara num cacique controlador de tudo e de todos. Explicou-me ele(a), então, que tudo se devia à “escola” de dirigismo/caciquismo que era a ANMP, onde as reuniões serviam essencialmente para os presidentes de câmara conviverem e partilharem as dificuldades/objecções que os adversários e forças vivas locais lhes colocavam, que os mais rodados e astutos já tinham vivido e, com gozo, partilhavam com os novatos os estratagemas que, se fossem aplicados com eficácia (pulso), anulariam os opositores e os meios de fazer oposição. 

O doutor Pimpão vai com o mandato de não fazer nada, até porque é o que mais gosta de fazer, mas a ANMP continuará a cumprir o seu secreto desígnio.

27 de novembro de 2025

Sobre a reunião da “junta”

A nova “junta” - agora mais no formato e no espírito de comissão de festas e melhoramentos - reuniu hoje com o novo elenco. Aos iniciais juntou-se, para completar o esfrangalhado elenco, o vereador não-eleito: doutor Coelho. 



A agenda listava os habituais assuntos correntes da actividade camarária. Mas tanto no período-antes-da-ordem-do-dia como nos da ordem-do-dia a reunião decorreu com grande informalidade e cordialidade, com os assuntos da agenda a serem tratados com o habitual simplismo e falta de rigor pelo executivo e alguma parcimónia pela dita oposição. 

O vereador não-eleito foi o mais interventivo. Consta (e ele também assim crê) que pode participar, falar e fazer política à-vontade! Fala bem, pausadamente, e com alguma propriedade nos assuntos tratados e não-tratados, no tom meloso e escandido que os burgueses gostam de ostentar, mas isso não chega...

O Conde do Oeste representou-se bem - esteve, como é da sua natureza, cordial e indulgente.

Os restantes membros da "junta" – a doutora Marto, o mestre-escola Marco, a nossa familiar menina-JA (Carol para os amigos) e a enfermeira Patrícia marcaram presença.

22 de novembro de 2025

Pombal e o Poder de Compra dos pombalenses

O Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio, referente a 2023, recentemente publicado pelo INE, disponibiliza três indicadores de síntese que traduzem o poder de compra manifestado em cada região e por concelho. O Indicador per Capita do poder de compra (IpC) é o mais relevante porque traduz o poder de compra manifestado quotidianamente, em termos per capita, tendo por referência o valor nacional.

Para nós, interessa-nos perceber como se comportou o nosso Pombal, no último ano e no último quadriénio, em termos absolutos e comparativamente aos concelhos da sua região. A Região de Leiria (NUTS III) obteve um IpC (92,73) abaixo da média nacional, com Leiria (103,52) a superar a média nacional. Os restantes concelhos ficaram abaixo da média nacional; mas Pombal, com IpC de 84,18, ficou não só abaixo da média nacional como bem abaixo da média da sua região (92,73). E mais preocupante que o baixo valor de IpC é o fraco ritmo de aproximação do concelho aos valores médios. No último quadriénio, Pombal cresceu unicamente 1,46 pp, ao rimo de 0,37 pp/ano. Decididamente os números confirmam aquilo que já sabíamos há muito: as festarolas e a diversão podem distrair momentaneamente, mas não trazem riqueza e bem-estar.  

Mas interessa igualmente dar nota do crescimento significativo dos concelhos de Figueiró dos Vinhos (6,39 pp), Alvaiázere (5,81 pp), Castanheira de Pêra (4,93 pp) e Ansião (3,90 pp) no último quadriénio; e Ourém, um concelho vizinho e já meio do interior, com IpC de 87,63, afastou-se definitivamente de Pombal. 

Siga a festa.



NR: As descidas dos valores da Marinha Grande devem estar associadas a uma causa especial, provavelmente metodológica, que não consegui apurar.