31 de dezembro de 2022

Depois vai-se a ver e...nada


 

No Dia de Natal o Pedro teve aquela prenda por que andava à espera desde que chegou à Câmara: um encontro entre a criatura e o criador, com a visita de Marcelo, o omnipresente Marcelo. Desaconselhado pelas entidades competentes a intrometer-se no teatro das operações - quando deflagram os incêndios - escolheu aquele dia em que toda a gente está com as famílias para visitar um território ardido: parte da freguesia de Abiul. Pouco se importou se arrastava consigo aqueles que iriam abdicar do dia com a família, porque para ele, um homem só, não há melhor do que a vida pública para matar a solidão e buscar conforto. 

Chegou a Abiul antes da hora e não encontrou vivalma. Mas o Pedro tinha arregimentado todas as tropas: as da Câmara e as do PSD, e claro, já que era Natal, fez-se acompanhar de um dos rebentos. As criancinhas ficam sempre bem nestas coisas. E tiram selfies com o professor. E foi bonito de ver o à-vontade geral, abrilhantado pelo animador de serviço, outrora traidor do partido, agora regressado, mas sempre declamador de poemas Rodrigues Marques. E o entusiasmo puril da presidente da Junta, secundado pelo do presidente da Câmara, enquanto resguardavam Marcelo dos pingos da chuva, como se acreditassem que sim, que a vinda dele vai mudar alguma coisa nos apoios que Pombal que não tem, por não atingir a área ardida que a lei prevê. 

No dia de Natal, as televisões mostraram aquelas imagens várias vezes, para gáudio do nosso Pedro & seus amanuenses. Marcelo fez o número. Ter-lhe-ia ficado melhor talvez fazer uma visita à mulher que ficou tão gravemente ferida naquele incêndio - já que tanto queria ocupar o tempo. Longe das câmaras, dos autarcas e dos jornalistas - que a 25 de Dezembro (na sua maioria) deveriam estar à mesa com pais e filhos, em vez de darem cobertura a números de circo mediático. 

Porque depois vai-se a ver...e nada. 

Natal em Pombal, hoje à tarde

 





28 de dezembro de 2022

A política, o poder e a oposição (II)

O estado do reino é a resultante da acção conjugada da política, das forças vivas e dos cidadãos. Em Pombal - minha terra Natal - nada me desgosta mais que a política que por cá se faz, tanto pelo poder como pela oposição. Julgo que este sentimento é evidente nos meus escritos, mas já o era quando, há duas décadas, entrei tardiamente na política local, imbuído da ilusão que era possível inverter a situação: o desfalecimento da terra e a decadência da política. Não o era; e continua não o ser. Quer isto dizer que não há esperança? Que nos deveremos conformar? Não. Há esperança, mas não é para nós (os da minha geração), como dizia o Kafka.



A política que por cá se faz é de cariz personalista, unitário (todos por Pombal) e apartidária, inspirada no modelo da União Nacional, do consenso e da concórdia. Surgiu no pós-Guilherme Santos (1989) mas foi definitivamente instituída por Narciso Mota, um tipo de política que exauriu, em seu próprio benefício, o concelho, as instituições, o sentido de comunidade e até as frágeis estruturas partidárias - actualmente antros de intriga entre uma dúzia de indivíduos e respectivas famílias. 

Este caldo de cultura - pobre em vitalidade - e este tipo de política gerou um concelho anémico, com uma economia fraca que não gera riqueza nem emprego atractivo, e uma comunidade descrente, sem sentido de colectividade e de representação, onde meia dúzia de oportunistas se serve da coisa pública. 

Mas se o passado foi o que foi, o futuro não será brilhante…Com um poder inepto, associado à própria ignorância (sim, há poder na ignorância), e pueril, carregado de desejo e de vontade excessiva pelo que é festivo e acessório, quais Ícaros e borboletas desta vida, voando felizes dentro da espuma dos dias e das festas, desligados da realidade e do essencial, e uma oposição frouxa e dividida, impreparada e inconsistente, possuída também pela positividade (propostas balofas e distribuição de apoios/esmolas), onde há fé mas falta vontade, onde a vitimização abafou a afirmação (a contestação), nada de virtuoso se pode esperar.

Sigamos juntos! Para mais uma década de desfalecimento.

27 de dezembro de 2022

Marcha do pequeno autarca

Numa altura do ano em que abundam os jantares das colectividades e instituições, deixo uma pequena marcha para ser cantada pelos nossos jovens autarcas que, coitados, não têm tido parança.

Marcha do pequeno Autarca

Somos pequenos Autarcas
Mas já fortes e leais
Amamos e respeitamos 
Nossas farras e arraiais.
Queremos espalhar amor
E a plebe seduzir
Desejamos já ser grandes
Pra muitas festas curtir.

Cabeça erguida, sereno olhar
Seguindo em frente a marchar
Somos pequenos mas amanhã
Juntos  iremos petiscar.
E se algum dia preciso for
Passar o dia a apertar a mão
Iremos com a fé em Deus
E com Pombal no coração.

22 de dezembro de 2022

A política, o poder e a oposição (I)

O regime que vigora na generalidade do mundo Ocidental deriva, em grande parte, do modelo do Estado Racional (de Direito), republicano e democrático, idealizado por Hegel, como caminho para a realização da liberdade e prosperidade da humanidade.

O modelo foi inspirado no iluminismo francês, que desencadeou a Revolução Francesa (1789-1799), mas ganhou corpo, adesão à realidade e à natureza humana por encerrar dentro de si o princípio do contraditório, essencial para a evolução do conhecimento e da realidade. Hegel rejeitava a ideia, ainda hoje disseminada na política e na sociedade, de que a contradição é vazia de conteúdo, não acrescenta nada. Segundo ele, a evolução do conhecimento e da realidade faz-se por um processo dialéctico contínuo de choque entre tese e antítese, do qual surge uma síntese, que, por sua vez, será a tese da nova etapa do processo evolutivo.



Hegel percebeu aquilo que os actuais pseudo-democratas - apologistas do positivismo inócuo e ignaro - ainda hoje não percebem: que as pessoas se posicionam e fazem as suas escolhas políticas e outras por padrões e raciocínios lógicos muito antigos, de escolha entre contrários, muito bem retratados na tragédia grega.  

A Democracia, sendo um regime naturalmente fraco, encontra na sua essência, no choque entre contrários, a sua força motriz. Numa verdadeira Democracia é a oposição que afirma o poder. Mas para isso, poder e oposição devem submeter-se ao regular exame público - das suas ideias, dos seus actos, dos seus comportamentos e das suas atitudes.

O poder entregue, indefesamente, à positividade não possui qualquer marca de soberania nem força criadora. Actualmente vive-se no “modernismo psicológico” do politicamente correcto, que abafa a reflexão e a dialéctica política, onde é difícil distinguir o imbecil do inteligente.

Segundo Hegel, é a negatividade que garante a vitalidade da existência e a vivacidade do viver. E na verdade, é assim nas coisas da vida e da natureza.  Por exemplo, a corrente elétrica produz-se na diferença de potencial entre os pólos positivo e negativo. E curiosamente, o pólo de maior potencial é o (realmente) negativo. O contraditório – a negatividade - é em si criativo e essencial à vitalidade. Em política nunca deve ser sanado.

21 de dezembro de 2022

Reunião da “junta”, com nova cenografia

Anteontem, a “junta” reuniu outra vez. Mais uma vez. Mas dali não saiu nada de relevante, nem de irrelevante. Para o doutor Pimpão aquilo já é um fastio que convém despachar sem muita conversa. Ele gosta é da rua e dos eventos, não de perguntas e daquela conversa. Quem olha para aquilo percebe que só o doutor Pimpão sabe ao que anda, e sabe andar por onde anda. O doutor Simões sabe falar sobre gatos e cadelas abandonadas! O resto faz conversa…

Naquela reunião, de novidade só a mudança de cenografia… Alguém deve ter dito ao doutor Pimpão que aquela coisa, em redor da mesa não era boa coisa, não o favorecia, era coisa de “junta” ou de associação de estudantes. Mas a cenografia só ajuda quem sabe interpretar…


20 de dezembro de 2022

Obras-tortas

A degradação acentuada da Zona Industrial da Formiga requeria, há muito tempo, requalificação urgente. Depois de muitas hesitações e adiamentos, a empreitada foi adjudicada em agosto. Mas as obras não arrancaram! E não arrancarm porquê? Porque o projecto (esquema básico) apresentava erros significativos que forçaram o empreiteiro a requerer o adiamento das obras.

Poucos metros ao lado, as obras de asfaltagem da rua junto à linha férrea foram igualmente suspensas, e também por erros no projecto (cotas).


O Obras-tortas foi-se, mas as obras-tortas ficaram… Quando a politiquice - as festas e a diversão - se sobrepõe à política concreta (Obras, por exemplo) os erros e as omissões são recorrentes.    

Diversão e servilismo

Ramalho Ortigão escreveu, nas Farpas, que a Política, outrora nobre actividade, transformou-se numa actividade reles porque assenta no servilismo inato e ignaro; às vezes até desinteressado, mesmo sem esperar recompensa imediata, apostando no prémio de reserva, a crédito.

Subscrevo.


19 de dezembro de 2022

Numa casa pobrezinha, mas toda cheia de luz


Na última reunião da Assembleia Municipal, o eterno jovem social democrata João Antunes dos Santos decidiu perorar sobre Cultura. No meio do laudatório ao desempenho do companheiro Pimpão & seus amigos, em matéria de festas e eventos diversos, levantou-se o rapaz, cheio de pose, para arrasar a intervenção da bancada da oposição - que questionava o prejuízo com as festas do Bodo -  e queria saber onde e, já agora,  em que é que vão ser gastos os 250 mil euros nas festividades de Natal.

Como João Antunes dos Santos confunde cultura com recreio, baralhou-se todo. Naquele dia fez ali falta Manuel Barros - o último a pô-lo no devido lugar. De certeza que lhe explicaria, com prosódia, a diferença entre o que é uma autarquia com política cultural e com agenda de eventos.

Mas ao cabo de tanto saltitar pelo país à boleia da JSD e do partido, JAS tinha obrigação de saber que ver não é só olhar. Concordamos que

“a cultura não é aquilo que muitas vezes cada um de nós acha que é. A cultura é muito mais do que isso”, sim. É mais do que as comédias que enfiamos nos salões das associações, é mais do enfiar um barrete de pai natal e encetar um passeio dos tristes pelas ruas de comércio fechado e lojas abandonadas, é mais do que o baile de verão em noite de inverno.

A pérola que foi a intervenção de JAS na AM sobre a Cultura diz muito da sua cultura, mas diz sobretudo da forma como olha para a Cultura. E não, não é preciso invocar os livros que lemos, os concertos onde vamos ou as viagens que fazemos. Basta não confundir a beira da estrada com a estrada da beira.

Diz ele que trabalha no centro da cidade e tem visto a dinâmica que as iniciativas de natal [lhe] têm trazido. Que bom para ele, que se satisfaz com o movimento de “autocarros e carrinhas” de transporte escolar nos dias de semana, e pelos vistos mora noutra cidade que não a minha, ou então fala com comerciantes tão selecionados, que devem ser considerados no próximo estudo da Câmara. Muito estranho que os comerciantes com quem fala não lhe tenham apontado a desilusão pelo facto de terem passado os dois feriados de Dezembro sem a programação de natal em funcionamento, quando nas cidades à volta já bombava. Ou que lhe apontem o lamento de verem a cidade encolher cada vez mais para a avenida, transformando em ruas-fantasma as do centro histórico. Ah, quis ele fazer comparações! E logo com a capital de distrito, onde as instituições disputam os dias para participar na Aldeia de Natal, porque sabem que dali advirá uma receita importante. Mais ou menos como o que se passa no Cardal, com aquelas barraquinhas, não é JAS? É só passar por lá. A decoração, o espírito, a iniciativa (estou a lembrar-me do Centro Social e Paroquial dos Pousos, que há anos vende vinho quente, o que tem sido um sucesso...fica a ideia para Vila Cã, ou para os Bombeiros. De nada).

“Quantas cidades aqui à volta é que têm a dinâmica cultural que ao dia de hoje o concelho de Pombal tem?”, atirou, por fim, o nosso jovem conservador de direita. Estranhamente, ninguém se atirou para o chão a rir.

Na verdade, Pombal deixou há muito de ombrear com as cidades com que se comparava noutros tempos, como Marinha Grande, Alcobaça ou Caldas da Rainha. Se nos quisermos comparar com o interior - o que faz todo o sentido, em função dos indicadores de perda de população, por exemplo, e por isso talvez se perceba por que razão já nem sequer precisamos de semáforos, estamos outra vez em 1990 - estamos um degrau acima, sim. Devemo-lo às associações (como o TAP, que já conseguiu criar público no teatro), mas falta-nos política cultural. Que os espaços não sejam meras barrigas de aluguer. É comparações que queremos? Mesmo com os mais pequenos? Vamos ali a Ourém? Pois, tem um programador cultural.

Não precisamos todos de ser “arautos de alguma intelectualidade”, não.  Basta não nivelarmos tão por baixo. 

16 de dezembro de 2022

Histórias de vida, e da terra

Trabalhei vários anos com um Senhor muito especial - austero e acessível, antipático e cordial - com uma solidez de conceitos e princípios e um raciocínio lógico invulgares – um verdadeiro cartesiano (como ainda não conheci...). 

Era um Gestor* que estava sempre focado na eficiência e na modernização da organização, a quem era muito difícil, e ao mesmo tempo estimulante, vender uma ideia ou um projecto novo. Mas era frustrante enfrentá-lo unicamente com uma boa-intenção, sem uma rigorosa quantificação dos custos e do retorno esperado (ao longo de toda a vida do projecto, lembrava ele sistematicamente). 

Quando lhe diziam, “mas isto (projecto) tem muitas vantagens, e vai gerar muito retorno no futuro”, ele adoptava o estilo ainda mais austero, e perguntava: “Você(s) conhece(m) a história do vendedor de pentes da baixa de Lisboa?" - (história dos anos 60-70 do século passado). O campeão do projecto – e os outros - franzia logo a testa, e murmurava por dentro, “Mas o que é que isso tem a ver com o nosso projecto?”; e só depois respondia, “Não, Engenheiro!”

Perante tão estranha afirmação e resposta, ele recostava-se na cadeira, puxava mais um cigarro – fumava 4 maços de tabaco por dia! -, batia com ele meia dúzia de vezes na secretária, acendia-o, dava duas longas “passas”, pousava-o no grande cinzeiro, e começava a contar curta, seca e instrutiva história. E assim terminava, geralmente, a boa-intenção. Só não terminava para aqueles que insistiam, e replicavam “Mas, …”. Nesse momento, o Engenheiro comutava para o modo antipático, e respondia, de forma seca, “Ponha-se na rua” (do seu gabinete, claro).



Quando ouvia as desculpas do Renato, do Antunes e do Pimpão sobre o avultadíssimo prejuízo das Festas do Bodo, na assembleia municipal, lembrei-me da figura do Engenheiro, das suas histórias, e do quanto pagava para ver os Renatos, os Antunes dos Santos e os Pimpões desta vida perante ele, a tentarem explicar a "bela" realização que foi as Festas do Bodo. E podiam levar, também, a Gina - só para assistir.

PS: * A figura contribuiu muito para trazer uma empresa em pré-falência para o top europeu na sua àrea de negócio, com alta rentabilidade).

15 de dezembro de 2022

DAR PÉROLAS...

Numa assembleia onde a retórica opinativa oca, a falsa linguagem e o palavrório subjugam o argumento sério, o raciocínio lógico e a boa frase, vale a pena realçar a intervenção do outsider Luís Couto sobre o protocolo de delegação de competências, nos domínios da educação e ação social escolar, entre a câmara e as juntas de freguesia. Não porque seja uma bela peça de retórica política ou uma ideia brilhante, mas simplesmente porque destoa da mediocridade ali reinante - analisa um problema em profundidade – o subfinanciamento das actividades delegadas -, com base em números; desmonta a política do faz-de-conta e propõe uma solução para o subsequente empobrecimento e subsídio-dependência das juntas.

Esta intervenção deveria ser o padrão do trabalho fiscalizador que os membros da assembleia se comprometeram a fazer, mas que (quase) ninguém faz; uns porque não sabem, coitados; outros porque simplesmente não querem.
Perante este relevante problema, ninguém – presidentes de junta, membros do executivo e da assembleia - ligou ao assunto. Os presidentes de junta João Pimpão e Carla Longo ainda tiveram o topete de contestar as conclusões do Luís Couto! E aberração das aberrações, todos votaram favoravelmente o protocolo!

Já o sabíamos mas prova-se mais uma vez: cabeças de junta não servem para exigências de câmara. 



PS: há um rapaz discreto, André Tasqueiro, por quem não dava nada (na política) tem vindo a surpreender-me favoravelmente. Ontem fez uma boa intervenção sobre as ARU`s nas freguesias.
 

AM – da boa e da má moeda

Reuniu ontem, tarde e noite dentro, a Assembleia Municipal de Pombal – o caleidoscópio que apresenta imagens variadas, simétricas e progressivas do melhor e do pior desta malfadada terra.

Comecemos pelo melhor: o Professor, o presidente da dita assembleia, aquele que mais dignidade lhe empresta - pelo saber, pela sensatez, pelo trato, pelo rigor e pela reserva.



Depois temos uma assembleia já em debandada, que tem de tudo e a que falta tudo; tem muitos figurantes e poucos pensantes, mas fosse esse o pior mal – não é. Tem uma maioria esfrangalhada, e desorientada, já sem líder - porventura cansado daquele circo e da diversão que é a política local. Tem uma minoria cada vez menor, e mais minorada, já com extrema dificuldade em preencher os lugares e adoptar rumo. E tem um outsider com legitimidade comprometida.   

E depois temos ainda o João Pimpão: um joão-ninguém-que-julga-que-é-alguém (político), uma criatura caricatural que quando se levanta faz estremecer o soalho e quando fala faz barulho. Mas o problema maior nem é (ele) fazer barulho; é fazê-lo muitas vezes; é não haver quem o cale.

Os economistas afirmam que, se nada de sistémico for feito, a má moeda expulsa a boa moeda.  Esta terra caiu nas mãos dos pimpões. Que mais nos irá acontecer?!

14 de dezembro de 2022

Sobre rios e ribeiras (secas)

No passado dia 3 de dezembro, o município promoveu as I Jornadas do Rio Arunca. O evento pretendia “melhorar o conhecimento, a articulação e a acção dos diversos intervenientes”. 



Acreditando no relato de alguns participantes, a coisa parece ter tido êxito.  Os vereadores da “oposição” vieram de lá deslumbrados: “ficaram a saber” - vejam bem – “que o rio não é só água”.  E nós ficámos a saber que a doutora Odete e o doutor Simões aprendem coisas simples - o que, apesar de tudo, é um pequeno alívio.

Logo de seguida, na mesma reunião, as Contas do Bodo (?) foram apresentadas - um dito Resultado Financeiro; um dito cômputo geral de 351.963 euros! Perante isto, a dita “oposição”, que tinha andado quase seis meses a pedir as contas, não quis ou não soube dizer uma única palavra! Eu acredito mais na primeira hipótese – a mais preocupante.

O estado do Rio Arunca é preocupante, porque durante meio ano já não é rio. Mas o estado da política pombalense ainda é mais preocupante…

MEIO RISO - ORÇAMENTO MUNICIPAL

 


9 de dezembro de 2022

350.000 EUROS DE PREJUÍZO NAS FESTAS DO BODO

Finalmente o doutor Pimpão apresentou as contas das Festas do Bodo, na reunião da “junta” de 6 de dezembro. Tentou esconder, até ao limite do insuportável, a sua irresponsabilidade extrema: prejuízo acima de 350.000 euros - provavelmente superior, se todas as despesas,  directas e indirectas, forem contabilizadas.


Por muito menos, Narciso Mota teve que correr com o seu amigo Vila Verde e encerrar a empresa municipal Pombal Viva, organizadora das festas e outros eventos do género. Infelizmente, o doutor Pimpão e a doutora Gina - supostamente mordomo das festas - não terão o mesmo destino, mas mereciam-no. Numa empresa privada, ou mesmo numa comissão de festas de estudantes destinada a organizar convívios, seriam imediatamente postos no olho-da-rua. Por cá, neste pátio de comédia que é a política pombalense, continuarão a cometer todo o tipo de dislates e prejuízos avultadíssimos para o erário público.

Um prejuízo desta dimensão não se deve a ocorrências especiais, por exemplo eventos naturais que afastam as pessoas e penalizam a receita; deve-se unicamente à irresponsabilidade natural de quem gasta sem olhar a meios nem a critérios.

Percebeu-se pela discussão da coisa que, nem para um evento desta dimensão, com despesa muito acima de meio milhão de euros, existia um orçamento ou qualquer tipo de controlo. Já se sabia que o doutor Pimpão não sabe administrar uma junta, nem um evento da dimensão das Festas do Bodo, nem porventura uma simples quermesse de uma qualquer festarola de aldeia, quanto mais uma câmara como a de Pombal. Por isso, nos próximos anos não se lhe pode dar rédea larga. É indispensável obrigá-lo a apresentar um orçamento ao executivo, submetê-lo à aprovação e a designar um responsável pelo controlo do orçamento das festas. Só assim se poderá controlar os desvarios do doutor Pimpão e da sua trupe, num evento desta dimensão.

Talvez agora muitos percebam porque considero o doutor Pimpão, para além de incompetente, inepto (para o cargo que ocupa). A inépcia inclui a incompetência, mas vai muito para além dela; abrange a insensatez e a irresponsabilidade. Pior: a incompetência corrige-se; a inépcia não - é profundamente intrínseca. O doutor Pimpão não é um inepto indolente - o mais tolerável; é um inepto perigoso, porque é impulsivo, sofre da embriaguez da festa.

Já a doutora Gina não é responsável nem irresponsável. Nem perigosa.  É simplesmente nada (neste papel). E o nada não comporta inferioridade nem superioridade, nem sequer comparação. 

Somos claramente filhos da terra que não se governa nem se deixa governar. Siga a festa.

3 de dezembro de 2022

No adeus (definitivo) a Infante da Costa



António Infante da Costa morreu ontem, ao cabo de vários anos doente, e afastado da vida pública. Pombal e o ensino profissional devem-lhe a instalação (e direcção, durante 17 anos, fazendo fé no comunicado divulgado pela ETAP) da primeira Escola Tecnológica e Profisional do País. E por isso fez sentido instalar aqui também a sede nacional da ANESPO, a associação nacional de escolas profissionais. Houve um tempo assim, aqui na terra, em que ganhávamos importância paulatinamente. E o nome de Infante da Costa fica para sempre ligado a ele. Depois veio outro tempo. A par da doença, que já o debilitava - mas não o incapacitava - a fase final do dr. Infante na ETAP não é de boa memória, sobretudo pela forma como foi tratado pelo poder político. 


Embora fosse natural de Tábua, foi a Pombal que entregou a maior parte das suas quase oito décadas de vida. 

Descanse em paz, dr. Infante.



29 de novembro de 2022

O profeta anda embevecido

O Pedro prometeu o céu: apresentou-se aos pombalenses como o profeta da felicidade – da boa-vontade, do amor e da felicidade (ou seja: da excitação, do optimismo vazio e do esgotamento fisiológico (da fraqueza)). Como tem pavor ao insucesso pediu – comprou – logo um “estudo” que atestasse a felicidade da malta. E teve-o à medida dos seus desejos. O “estudo” diz - dito pelos que cá vivem; os que partiram terão, com certeza, opinião diferente - que Pombal está entre os melhores concelhos para viver, de entre os que pagaram para entrar no “estudo”. 



O Pedro é um escravo da aparência, sempre àvido a surfar ondas, que acredita que o céu estrelado gira em torno do destino do Homem. Anda, agora, embevecido com o dito “estudo”, e apregoa-o até à náusea. Desconhece - ou quer enganar os pacóvios – que a haver algum mérito, nesta suposta “felicidade”, é de D. Diogo e não dele. Logo, impunha-se algum decoro - até porque conspirou para afastar D. Diogo. Mas o Pedro não é capaz de se conter, precisa de gozar as suas pequenas glórias como as crianças saboreiam as suas guloseimas, vive sempre no exaltado estado febril pelo sucesso, crente na fantasia que faz coisas, tem ideias e vai ter sucesso.

No que este Pedro acredita!

27 de novembro de 2022

A democracia é uma chatice, fregueses




 Depois da famigerada "auscultação" aos eleitores das duas Uniões de Freguesias do concelho, aconteceu o inesperado: enquanto no Oeste - que viveu o processo a ferro e fogo - a votação acabou por ser por unanimidade (!), em sede da assembleia de freguesia, já na Alitém o caldo entornou. Primeiro foram as ausências de vários membros da bancada do PSD, que assim se escusaram à votação, depois ela lá acabou por acontecer, arrancada a ferros, por maioria, com um voto contra e uma abstenção, e perante a notória azia da maioria do executivo. 

Vale a pena recordar aqui que num e noutro caso a participação do eleitorado foi baixíssima, mas quem se dignou ir às urnas foi lá dizer que quer a desagregação. Quer voltar a ser freguês de Albergaria, de São Simão, de Santiago de Litém, da Guia, da Ilha e da Mata Mourisca. Mesmo que nada volte a ser como dantes: que o Centro de Saúde não reabra, nem a farmácia, nem a escola...

Até 5 de Dezembro o processo tem de estar concluído e entregue à Assembleia Municipal de Pombal, que há-de então pronunciar-se. Venha de lá essa sentença. 

26 de novembro de 2022

Sobre a novela do Director Municipal

Decorreram ontem as entrevistas aos cinco candidatos ao cargo de Director Municipal da Câmara Municipal de Pombal. Entre eles estão dois nossos conhecidos: o doutor Agostinho e o doutor Ribeirinho – até rimam -; apontados como favoritos, por razões diferentes. O concelho e a câmara são tão atractivos que para o cargo melhor remunerado da administração autárquica só atrai cinco candidatos!  



Já muito aqui dissemos sobre este malfadado concurso e cargo, que não pára de nos surpreender; mas convém guarnecer a coisa com a sábia “sentença” de um prestigiado empresário e gestor da terrra, que à pergunta “que acha da contração de um Dir. Municipal”, feita na sequência da divulgação da “boa-nova” pelo Farpas, respondeu, perante um grupo de amigos que almoça regularmente, que “a câmara, como está, nem com CINCO Directores Municipais lá vai”!

Coincidência das coincidências concorreram cinco candidatos à espinhosa missão. Mas como diz outro nem com os cinco a coisa lá vai – o que não tem remédio remediado está. Já o despique entre os dois candidatos favoritos promete, porque perfaz mais uma etapa de uma longa novela, ora na forma de farsa ora na forma de comédia ora na forma de melodrama, já em parte aqui contada mas a prometer um folhetim com vários capítulos. 

Da novela faz também parte - com papel principal - João Pimpão, agora alcandorado a político executivo e a político fiscalizador. Marcou presença na entrevista do doutor Ribeirinho - seu inimigo de estimação. Este Pimpão não dá ponto sem nó…

Decididamente, a política pombalense é uma novela contínua, ora na forma de farsa ora de melodrama. 

Siga a novela.   


25 de novembro de 2022

Uma estreia a não perder

Não me canso de elogiar o percurso artístico do Teatro Amador de Pombal (TAP). Gosto da  coragem que tem em se desafiar permanentemente, procurando sempre novas e estimulantes parcerias. Desta vez, o convite foi feito ao encenador Miguel Sopas, ilustre pombalense e antigo elemento do grupo, e o resultado dessa parceria poderá ser visto no próximo sábado, dia 26 de Novembro, no Teatro-Cine de Pombal.

A Farsa do Juiz da Beira é a primeira incursão do TAP na obra de Gil Vicente. Parabéns! O processo criativo passou, em larga medida, pela Casa Varela, o que também merece o meu aplauso. Aliás, a Casa Varela está intimamente ligada à génese do Prisma Quintet, o original quinteto de palhetas (clarinete baixo, clarinete soprano, fagote, saxofone alto e oboé) que irá interpretar a música que José Peixoto escreveu para a peça. Se faltassem motivos para, no sábado, encher o Teatro-Cine, fica a nota de que a cenografia e os figurinos estão a cargo da experiente e talentosa Ana Limpinho

Uma palavra para a importância da Casa Varela no processo de profissionalização da actividade artística em Pombal. O trabalho iniciado por Filipe Eusébio, no mandato de Diogo Mateus, e a continuidade que tem sido dada ao projecto no mandato de Pedro Pimpão está, há que reconhecer, a dar frutos. O testemunho do Prisma Quintet, relatado aqui pelos elementos do grupo, é só um exemplo do potencial que a Casa Varela tem como centro de experimentação artística. Mas - e não fossemos nós o Farpas -, o sucesso não pode deixar sem resposta as legítimas dúvidas que muitos têm em relação a este equipamento municipal. Nomeadamente: Qual o seu modelo de gestão? Quem é o responsável pelo projecto artístico? Qual o orçamento anual previsto para o seu financiamento? Todos temos a ganhar com uma Casa Varela pujante, mas gostaríamos de a ver com uma gestão autónoma e transparente, capaz de definir o seu próprio percurso.  


20 de novembro de 2022

Em defesa do não

No passado dia 7 de Novembro, no Café-Concerto, o Farpas promoveu o debate “Ensino Superior em Pombal: sim ou não?”. A defesa do sim esteve a cargo de Ricardo Vieira (os seus argumentos podem ser vistos aqui). Eu defendo que a instalação de uma escola de ensino superior em Pombal não é, de maneira nenhuma, uma prioridade para o desenvolvimento do nosso concelho. Passo a explicar.

No final do século XX, o ensino superior em Portugal registou um período de enorme expansão. Entre 1990 e 2020, o número de alunos a frequentar o ensino superior público aumentou 137%, sendo que nos institutos politécnicos a percentagem foi ainda maior: 276%. Como era previsível, o crescimento abrandou substancialmente nos anos seguintes e, durante as primeiras duas décadas do século XXI, o número de alunos a estudar nas nossas universidades e politécnicos praticamente estabilizou. 

As instituições do ensino superior perceberam rapidamente que tinham que inverter a política expansionista que vinham a praticar. No final da primeira década do século XXI, a tónica do seu discurso e o enfoque dos seus planos estratégicos passou a incidir na consolidação da rede existente e na melhoria da qualidade do ensino e da investigação praticados. A sistemática diminuição do número de alunos a frequentar o básico e secundário, aliada ao forte desinvestimento do estado no ensino superior público, obrigou as instituições a uma lógica de sobrevivência de curto prazo, baseada na procura de receitas próprias, nas propinas dos alunos e na prestação de serviços diversos. Muitas optaram por criar cursos a granel, de péssima qualidade, captando alunos com fraquíssimas competências académicas. As mais dinâmicas, também criaram centros de desenvolvimento tecnológico com vista a captar dinheiro das empresas e, sobretudo, de projetos europeus.

Com a criação dos Cursos de Especialização Tecnológica (CET) e, posteriormente, dos Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP), cujo interesse, em teoria, reconheço, os institutos politécnicos descobriram uma forma fácil e barata de captar alunos e de os fidelizar às suas licenciaturas, sobretudo aquelas que vinham a perder atractividade. Para isso, contaram com dois aliados de peso. Por um lado, o governo, que encontrou uma forma de se vangloriar do cumprimento das metas de jovens a estudar no ensino superior sem que, para isso, faça um grande investimento. Por outro, a vaidade bacoca de muitos autarcas, que estão dispostos a pagar para ter uma chafarica na sua terra onde possam colocar uma placa a com o seu nome por baixo de uma referência ao ensino superior. No meio disto tudo, os alunos vão sendo enganados com discursos redondos e promessas de uma formação de qualidade que nunca vão ter.

É precisamente isso que escolhemos para Pombal. O protocolo de cooperação entre o Instituto Politécnico de Leiria (IPL) e o Município de Pombal conduziu à criação de um Núcleo de Formação para ministrar seis cursos TeSP, que são ofertas formativas não conferentes de grau académico, cuja conclusão, com aproveitamento, conduz à atribuição do diploma de técnico superior profissional. Mas será isto o que realmente queremos para Pombal? 

Numa entrevista recente, Pedro Pimpão disse estar convicto de que Pombal virá a ser “um pólo diferenciador de inovação ao nível do conhecimento”. Este discurso vazio, muito ao gosto do nosso edil, apenas deixa transparecer que o é apregoado não tem qualquer relação com o que existe na realidade. 

Os seus antecessores, apesar de tudo, eram mais esclarecidos. Narciso Mota, quando estava bem-disposto, defendia para Pombal uma Escola de Superior de Ciências Agrárias e Florestais, baseando a sua argumentação num estudo da autoria do Centro de Estudos Inovação e Dinâmicas Empresariais e Territoriais do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro, de Abril de 2000 (ver aqui). A criação dessa escola era também defendida pelo IPL, tendo a proposta chegado à Assembleia da República, a 29 de Abril de 2000, pela voz das deputadas Ofélia Moleiro (do PSD) e Celeste Cardona (do CDS-PP). A verdade é que a escola nunca chegou a ver a luz do dia. O IPL deixou cair a ideia e, em 2007, admitiu de redefinir “as competências centrais de cada uma das suas Escolas para nelas incluir novas ofertas formativas de que a região e o país comprovadamente careciam, em vez de criar novas unidades orgânicas. (...) da mesma forma que os cursos da “Escola Superior de Ciências Agrárias e Florestais”, de Pombal, foram incluídos na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche”. Foi o ponto final do IPL nesta discussão.

Mas Pombal nunca deixou de sonhar e os autarcas locais continuaram iludidos e a iludir os pombalenses. A sua obsessão pelo ensino superior, a sua incapacidade para pensar fora desse espartilho, fez com que Pombal passasse totalmente ao lado da dinâmica dos Laboratórios Colaborativos, onde muitas instituições de ensino superior, empresas e autarquias viram uma possibilidade de colaborar e gerar o tal “polo diferenciador de inovação ao nível do conhecimento”. Em 2018, onze anos depois do IPL ter desistido da ideia, Diogo Mateus afirmou que tinha a “intenção política” de “desenvolver um novo estudo para a criação da Escola Superior de Ciências Agroindustriais e Florestais no concelho” e que a criação dessa escola vinha no seguimento de “um trabalho alargado” em Pombal, com “mais de uma década”, que propunha a olhar para a importância da floresta. Não sei se é este o projecto diferenciador de Pedro Pimpão (nem ele sabe, coitado) mas, segundo Diogo Mateus, esse seria “um projecto moderno, versátil, aberto a alunos de todo o mundo, exigente, jovem, ambicioso e com uma participação activa das empresas e dos investidores agroindustriais e florestais, da madeira, resina e investigação”. Devia ter em mente o curso TeSP em Inovação e Tecnologia Alimentar que captou para Pombal três anos depois. 

Aqui temos que ser rigorosos. O estudo elaborado pela Universidade de Aveiro previa, para a viabilidade da Escola de Superior de Ciências Agrárias e Florestais, um número de 1600 alunos, 900 dos quais seriam de fora da nossa região. Olhando para a situação atual, onde na primeira fase do concurso de acesso ao ensino superior ficaram por ocupar 608 vagas em cursos relacionados com as ciências agrárias e alimentares, pergunto, tal como fez o Secretário de Estado José Reis no debate parlamentar de Abril de 2000: não será um excesso de optimismo imaginar que, com a oferta que temos, numa rede suficientemente desequilibrada e dispersa pelo país, existirá uma multidão de 900 estudantes a dirigirem-se para Pombal? A resposta é óbvia!

Termino da mesma forma que o fiz aqui, em 2021. Pombal é um concelho muito empreendedor, mas a sua vocação não é o ensino superior. Para além disso, os recursos não são ilimitados e, como tal, há que perceber quais as nossas potencialidades e estabelecer prioridades. O dinheiro que se gasta com este capricho dos TeSP poderia servir para a criação de uma incubadora de empresas de base tecnológica, de um cluster de indústrias criativas - etc, ideias não faltam -, que aproveitasse a proximidade com o Politécnico de Leiria, por um lado, e com a Universidade de Coimbra, por outro. Aí sim, estaríamos a potenciar a criatividade dos nossos jovens e poderíamos dizer que Pombal promove a criação de emprego científico. Caso contrário, são fake news. 

18 de novembro de 2022

Engana-me, que eu (Pimpão) quero…

O doutor Pimpão levou e fez aprovar, ontem, na reunião do executivo, um protocolo em que a câmara cede à Associação dos Industriais do Concelho de Pombal (AICP) salas de formação e de apoio, na ex-sede da AICP, para esta criar um Centro Qualifica, através de fundos comunitários.

Só um político inepto - e inepto (político) começa a ser pouco para qualificar o presidente da “junta” – se presta a este papel e envolve a câmara nesta trapaça, neste nível de baixeza e de imoralidade.  

Já várias vezes aqui apresentámos o que tem sido a AICP nos últimos anos: exemplo maior do falso associativismo. Mas temos que reconhecer o erro de avaliação - pecámos por defeito! Porque, na verdade, os últimos desenvolvimentos comprovaram que aquilo que por ali existiu foi a coisa mais negra que já se viu no associativismo desta malfadada terra: um cancro (ou vários) que se alojou e disseminou naquela barriga de aluguer, a consumiu até ao osso, a arruinou e a carregou de dívidas até o tribunal ter que proceder ao arresto e à liquidação do edifício na praça pública. Depois, a câmara foi em socorro daquele grupo de oportunistas e acionou um suposto direito de preferência, que, a ser concedido, obriga a câmara a enterrar mais 350.000 euros na compra de um edifício que financiou e de que não tirou pingo de valor. 

É neste enquadramento que o doutor Pimpão tem o descaramento e a indigência de fazer um protocolo onde cede o que não possui (a ex-sede da AICP) a quem não merece (devia estrar proscrita) - a uma entidade/estrutura totalmente desqualificada e descreditada, sem nada senão dívidas e mau rasto, que traiu e sempre prejudicou o município. 

Mas isto está tudo doido ou querem fazer de nós parvos?


PS1: a oposição voltou a perguntar pelas contas das Festas do Bodo. Mas nada…. A doutora Gina calou-se! E o doutor Pimpão assumiu mais uma promessa e deu mais uma desculpa. Ali, a doutora Gina já só faz (bem) o papel de jarra. Já houve alguém que também fez bem esse papel, mas sem remuneração.

PS2: a oposição voltou a questionar a doutora Catarina sobre os compromissos que assumiu nos pelouros da Habitação e da Igualdade. Ficámos a saber que não tinha feito nada. E voltou a desculpar-se! Desta vez, com o tempo (a chuva), as falhas de comunicação, as reuniões que não se realizaram, etc.   A doutora Catarina gosta de falar, e até acha que fala bem (e fala), mas às vezes - vezes demais - era melhor que não falasse.

PS3: mas desta oposição também não se pode esperar melhor…, criticam os excessos (de festas e arraiais, por exemplo) e, ao mesmo tempo, pedem mais!

14 de novembro de 2022

Onde se dá conta dos festejos do dia do reino

Sabíeis que ao décimo primeiro dia do mês de novembro se celebrava o dia do reino; mas este ano, com o profeta ao leme, ficastes sabendo que a efeméride se estende por uma semana. E mais: sabe este bem informado escriba, que o profeta deseja alargar a coisa até a ligar aos festejos do Natal, e depois aos do Ano Novo, e de seguida ao Carnaval.

Na véspera do dia do reino aconteceram coisas mui importantes e de grande interesse, que serão aqui ignoradas por troca com outras ainda mais importantes e grandiosas.



No dia do reino, o profeta, acompanhado pelo prelado, as mais altas autoridades civis e militares, o oficial-mor das cortes, os seus discípulos, senhores e outras pessoas mui principais, de sangue-azul, mui galantes e ricamente ataviados, recebeu, nos Paços do Concelho, logo pela manhã, os convidados, os servidores do reino e outra muita e limpa gente que se quis ajuntar à mais alta e mais pomposa celebração, que principiou com o muito solene Hastear das Bandeiras, ao toque da fanfarra, a seu tempo formada para o efeito.

De seguida, caminharam todos para Igreja da Nossa Senhora do Cardal, já de vésperas mui bem ornamentada, com velas, tochas, mirra e incenso, e vastos ornamentos florais, tudo em muito boa ordem e perfeição, para assistirem à Eucaristia em Honra de São Martinho, em boa hora introduzida no programa antes da Sessão Solene, para que a glorificação dos homenageados se fizesse na Graça do Senhor, como manda a doutrina.

O cura Vaz presidiu à Eucaristia, mui bem acompanhado por dois missionários africanos que deram cor e sentido ecuménico à celebração, com grande perfeição, ordem e solenidade, com orações e preces a Deus e ao nosso santo padroeiro, ora na língua do povo ora no latim dos senhores mui principais, sempre mui bem acompanhado pelo Coro, pelo Grupo de Louvor e pelo devoto povo, nos cânticos e nas preces, numa comunhão, fé e entusiasmo cristão como nunca se havia visto, que até parecia coisa milagrosa.

Tomada a comunhão, o profeta e o seu séquito seguiram para o Teatro do Reino, onde cada qual foi arrumado conforme a sua precedência. Como é da praxe, o profeta proferiu um sermão mui laudatório, tanto ao povo como os senhores principais. Depois, desfilou a catrefa de medalhados: gentis-homens, gentis-senhoras, mui importantes entidades e servidores do reino, e até alguns pecadores, hereges e maus cristãos, mas idem… - tudo com muita pompa mundana.

De seguida, o nosso profeta mandou servir mui abastado banquete, com infinitas e diversas iguarias, às principais pessoas do reino, aos homenageados e aos convidados; tendo faltado algumas pessoas secundárias do reino, mui desagradecidas.

A vasta ementa de festejos foi-se desenrolando p`la capital e por muitas vilas, praças e ruas, com diversas iniciativas, grandes novidades e muitas invenções, tudo com muita alegria e grande folia, para grande divertimento e distração do povo e dos nossos soberanos.

Para o último dia, o nosso profeta mimoseou o povo com a mui espampanante Floribela e o mui pimba Emanuel, que percorreram as vilas e as praças do reino cantarolando “Não tenho nada e tenho, tenho tudo / Sou rico em sonhos e pobre, pobre em ouro”, e “Nós pimba / nós pimba”, para delícia da criançada, dos crescidos e dos enfraquecidos.

Como é costume, tão extensos e extenuantes festejos deixaram o nosso profeta coxo dos sentidos, derreado do corpo e enfraquecido da moina, sem ânimo para retornar ao fadário que é para ele a governação, e a precisar de férias.

Viva o Reino.

Viva o Profeta.

                                                                          Miguel Saavedra 

10 de novembro de 2022

Tudo em família

A junta das Meirinhas mandou para a câmara as facturas de uns biscates, que afirma ter feito, e pediu um subsídio – procedimento regular.  



A câmara recebeu as facturas e aprovou o subsídio, com os votos contra e umas críticas acertadas dos vereadores do PS 

Com o João nunca se sabe se as facturas derivam dos biscates ou se os biscates derivam das facturas. Do Pedro sabemos que ele não sabe nem quer saber duma coisa nem da outra…

Há maior regabofe que este? Há! E continuarão enquanto houver dinheiro e falta de vergonha.

Chamem a polícia.


9 de novembro de 2022

Ensino Superior em Pombal? Sim ou não? Como?

Vai em três décadas o desejo do município de Pombal ter uma escola ou polo de ensino superior na sua capital. Legítimo. Como legítimas são todas as opiniões sobre este projeto que deverá continuar a ser discutido, por políticos, professores, estudantes, suas famílias, empresários, forças vivas... como foi, sem filtros, no “café concerto” do passado dia 7 de novembro de 2022, no último piso do cineteatro.



Que ensino superior? Uma réplica de cursos que o Instituto Politécnico de Leiria (IPL) tem já em funcionamento nas suas escolas que estão a menos de 30 km de distância? Não! Não pode ser essa a via. Urge buscar, construir, coletivamente, em rede, um diagnóstico socioeducativo para encontrar o tema gerador e focalizador da que poderá ser a nova escola do IPL, futura Universidade de Leiria e Oeste (ULO).

Dito isto, uma nova escola com a centralidade necessária ao desenvolvimento da cidade, mas, também, dos concelhos mais a norte do distrito (Alvaiázere, Castanheira de Pêra e Pedrógão Grande) que não deverão ficar fora desta equação de mediação comunitária para servir um território que deverá extravasar o do município.

Mas não num casulo; não num contentor, não de forma precária e a replicar outros cursos do IPL e de suas escolas que estão já devidamente apetrechadas para o efeito. É preciso pensar grande. Em termos de região e de país. É preciso criar, inovar e não repetir.

A resposta mais pessoal e local ao título desta minha “Farpa” é sim! Pombal precisa de se desenvolver e não apenas crescer. Precisa de fixar e de atrair estudantes que se venham a interessar pelos cursos a criar para o desenvolvimento do município e região envolvente e o ensino superior pode ser essa alavanca de rejuvenescimento e criação cultural, em parceria com as escolas secundária, tecnológica, empresas, organizações e instituições.

A minha resposta mais científica, mas não menos política, e mais centrada na região de Leria e Oeste, é que é o próprio IPL que precisa de uma escola em Pombal [como precisa duma em Torres Vedras] para poder afirmar-se no contexto nacional e internacional como a única grande região que não possui, ainda, uma Universidade. O IPL, e todo o país, que tem de proceder rapidamente à reorganização da sua rede de oferta de Ensino Superior, precisa dessa universidade multipolar; multicampi, entre Torres Vedras e Pombal (ULO).

Nesse contexto, Pombal seria um nó dessa rede universitária com a sua escola (não um polo) a desenvolver-se em torno do estudo potenciado por Luciano de Almeida (quando criou a escola de Peniche (ESTM), já no século passado) em torno das “Ciências Agrárias e Florestais de Pombal”. Em 2018, o anterior presidente da CMP, Diogo Mateus idealizou a criação uma “Escola Superior de Ciências Agro-Industriais e Florestais”. O atual presidente, Pedro Pimpão, tem sublinhado esta necessidade e lutado pelo ensino superior em Pombal. Mas creio que importa construir, conjuntamente, com escuta ativa da população e seus agentes culturais e socioeconómicos, e a mediação comunitária necessária, um projeto diferenciador das restantes escolas do IPL, assegurando a diversidade na unidade do IPL que assim ganharia ainda mais trunfos para conseguir o Estatuto de Universidade (“conhecimento universal”, com uma gama epistemológica que vai do mais global ao mais local e do mais teórico ao mais prático).

Termino deixando alguns exemplos de possibilidade de cursos/áreas para pensarmos (desde os CTeSP aos mestrados, passando pelas licenciaturas e pós-graduações): Sustentabilidade ambiental; Desenvolvimento sustentável; Inovação e sustentabilidade; Valorização do território e sustentabilidade; Ambiente, sustentabilidade e educação; Economia circular, com vista à utilização eficiente e sustentável dos recursos, integrando vários atores a trabalhar em rede, entre os quais município(s), empresas, associações, Escolas, Instituições Sociais... 

É tempo de passarmos do crescimento ao desenvolvimento (sustentável, integrado, endógeno, circular). Jogarmos pela antecipação e construirmos a diferença com a aposta numa nova escola para Pombal. Mas tudo isto tem de ser dialogado com toda a rede social e económica (mediação comunitária). Não pode, portanto, ser uma decisão imposta de cima para baixo.

Farpa Convidada

Ricardo Vieira - Professor no IPL  

Sai um subsídio para a UFGIMM contratar o advogado de Ovar

A junta do UFGIMM (Oeste) resolveu contratar um advogado de Ovar para – dizem - a assessorar no processo de desagregação, por não haver nenhum no concelho e na região confiável ou que o saiba fazer!



Em Pombal, a junta da UFGIMM é a que tem maior orçamento; mas, pelo visto, não tem dinheiro, sequer, para tratar do divórcio. É a típica família desestruturada que vive de esmolas e esquemas sem um mínimo de dignidade. 

A câmara – a “junta” – aprovou o subsídio, no valor de 2950 euros (com votos contra dos vereadores do PS)! Mas chega a ser comovente ouvir a doutora Catarina a tentar justificar o subsídio e a escolha do advogado de Ovar.

Chamem a polícia.

8 de novembro de 2022

Sobre a contratação da “directora” do CIMU-SICÓ

Depois de aqui termos divulgado a estranha contratação da doutora Ivânia Monteiro para “directora” do CIMU-SICÓ, a doutora Gina divulgou o caso na reunião do executivo, no período antes da ordem do dia (!) - ou mandaram-na fazê-lo! 



A doutora Odete proveitou bem a deixa para fazer três perguntas óbvias: primeira, a contração é só para esta fase de definição dos conteúdos ou é já, também, a pensar no futuro? Segunda, porquê a contratação pelo regime de avença e não por concurso público? Terceira, foi uma escolha pessoal ou foram avaliados outros currículos?

A doutora Gina calou-se, não quis ou não soube responder… Nas poucas vezes que fala, limata-se a dar umas informações... Parece andar a treinar para apresentadora - revela jeito. 

O doutor Pimpão falou, falou, do suposto bom currículo da contratada; mas sobre as perguntas nada... A doutora Odete insistiu, insistiu, …; e o doutor Pimpão irritou-se...; a gravação foi interrompida; mas, a custo e por meias palavras, o doutor Pimpão lá admitiu que foi uma escolha pessoal.

Chamem a “polícia”.

PS1: o prazo de entrega do mamarracho foi novamente adiado, e o orçamento acrescentado.

PS2: sobre as badaladas contas do bodo nada! Esta gente não é de contas nem de prestar contas; é só para gastar dinheiro.  

5 de novembro de 2022

Onde se dá conta da mui singela cerimónia que o Pança fez ao busto

Aos três dias do corrente mês, o Pança, governador do mui laborioso, endinheirado e imodesto condado das Meirinhas, cerimoniou a colocação, no mais mal-parecido espaço do seu condado, de um busto  a um ilustre meirinhense, ainda vivo, de muita valia e de muita renda, obtida na exploração e no açambarcamento de barro. 



Para a cerimónia, o Pança convidou a governadora da mui rica região da Estremadura e províncias adjacentes, mulher de boas letras e mui nobre geração, caída em desgraça pela sua fraca aceitação popular mas em mui boa hora recuperada para estas lides pelo Primeiro do Reino; convidou o profeta do Pedro, criatura da linhagem dos Panças, cordato, bom animador de festas mas de fraca presença; convidou, como era obrigatório, o homenageado, que assistiu desconsolado à cerimónia; e convidou, também, o mestre-de-artes que moldou o busto, e meia dúzia de outros senhores e outras pessoas mui principais que por amizade ou obrigação marcaram presença. 

O Pança foi mui descuidado e infeliz na solenidade, na ordem e no regimento da cerimónia, que, no lugar de homenagear, desmereceu a honra e os propósitos devidos a tão ilustre e grandessíssima figura. Deixou a todos admirados com cousa tão singela e tão mal ajambrada, sem mestre-de-cerimónias e sem mordomo que ordenasse as praxes da cortesia e do cerimonial. O nosso Reverendíssimo Bispo não esteve presente, nem outro capelão, no seu lugar, celebrou missa ou abençoou o busto; ninguém tocou "A Portuguesa" ou o "Hino da Carta"; a nossa Guarda não desfilou nem marcou presença; os nossos Bombeiros e os nossos Escuteiros foram ignorados; e até as altas figuras do protocolo (D. Diogo, o Comendador, os Procuradores, etc.) foram dispensadas. 

Houve discursos mas era melhor que não tivesse havido. O descomedido Pança discorreu, com a pompa que se lhe conhece, uma enfiada de preâmbulos, agradecimentos, sentenças e pedidos; engasgou-se nos verbos e derrapou nas vírgulas, mas acabou inchado. O profeta Pedro aproveitou o momento para estender e afinar a ladainha bajuladora – nem o busto lhe prestou atenção. Só a Governadora, pessoa de boas letras, boa condição e bom conselho, falou de forma serena e apropriada. 

A cerimónia terminou como começou: deslaçada; sem tocares e sem danças, nem cousa alguma que desse prazer. Consta que no final o busto derramou uma ou duas lágrimas ao sentir que ficava ali abandonado, às escuras, à chuva, ao pó e à farta poluição, sem uma campânula que o protegesse de tanta moléstia. O homenageado, homem de bom coração e de bem (se tal título se pode dar a um açambarcador), ainda pensou levá-lo consigo…

“mas em casa não me eterniza”, pensou e desistiu!

Miguel Saavedra

3 de novembro de 2022

Sai mais uma directora

O doutor Pimpão contratou por ajuste directo, e pelo montante de 32.400 euros, os serviços de Ivânia Patrícia Redinha Monteiro para directora do CIMU – SICÓ, por 18 meses! 



Mais um escândalo (duplo): descarada violação do espírito e da letra do código de contratação pública; e contratação de uma directora para um museu que ainda não existe nem se sabe quando existirá.

O CIMU-SICÓ é a verdadeira obra de Santa Engrácia; e o mais desastroso investimento público realizado em Pombal. Num concelho e num país a sério já tinha feito rolar cabeças. Mas por aqui a obra vai rolando..., aos trambolhões. Recentemente foi aprovado mais um alargamento do prazo de entrega (já não têm conta), mas logo de seguida a obra foi embargada devido à morte de um trabalhador.

Já deve estar a decorrer o obrigatório processo-crime para apurar as causas e as responsabilidades pelo fatal acidente. Mas também se justifica um inquérito à forma como a câmara está a contratar pessoal e serviços.

PS: *a forma como as criaturas que nos (des)governam usam os termos, tratam as funções e o enquadramento funcional roça o patético e o disfuncional.


31 de outubro de 2022

O débil sinal de vida do PS local

Quis o destino ou alguém por ele que o PS local desse sinal de vida na véspera do dia de finados – ele há cada coincidência! Veio afirmar - em comunicado! - que “respeita resultados para desanexação freguesias”. Estava tão bem mudo, que é o seu estado natural, à espera de uma primavera qualquer. Mas não: quis dizer o que não vale a pena ser dito. Eis tudo quanto se pode arrancar daqueles cérebros.


Verdade seja dita: o PS local já só existe para respeitar resultados. Mas, coitados, ainda acreditam que fazendo esta débil e sonsa figura granjeiam respeito.

Deus lhes perdoe.

29 de outubro de 2022



O Farpas regressa novamente aos debates no Café Concerto, retomando a iniciativa "Um Café e uma Farpa", já no próximo dia 7 de Novembro. O tema não poderia ser mais actual, a poucos dias do arranque oficial do ano lectivo.

A criação precepitada de um núcleo, nestes moldes, (não é um pólo nem uma escola superior) sempre dividiu opiniões em Pombal, nomeadamente quanto à sua necessidade e viabilidade. É hora de fazermos esse debate. Para tal convidamos os professores Ricardo Vieira, do IPL, e Adérito Araújo, da Universidade de Coimbra.
A discussão far-se-á com todos os que se juntarem a nós, dia 7, pelas 21 horas.