25 de abril de 2012

Quatro anos depois

O Farpas faz hoje quatro anos. Em 2008, escrevíamos assim:


"E depois de Abril? Viemos nós, os que nos habituámos a pouco valorizar a liberdade, porque nela crescemos. Os que fomos, aos poucos, cedendo tanto, sem, às vezes, disso nos apercebermos. Os que aceitámos a premeditada censura, ou a auto-censura, como se fosse uma necessária moderação feita à medida e fomos abdicando de falar, de escrever, de pensar, de estar. Mas é tempo de assumir outra atitude. É tempo de afirmar a liberdade, a diferença, a cidadania. É tempo de reflectir, de criticar e de denunciar “progresso da decadência”.
Passados 30 anos, o nosso mundo divide-se – outra vez – por uma cortina de liberdade: entre os que têm a coragem de afirmar a liberdade e os outros, que se escondem atrás do ecrã, no anonimato, à espera da benesse.
Nesta esquina colectiva em que nos juntámos, só há lugar para os primeiros.
Viva a liberdade!"
Viva.

23 de abril de 2012

Inundações na Câmara Municipal.

Há uns meses, uma munícipe apresentou um requerimento na Câmara Municipal a solicitar “cópia das peças desenhadas do projecto de arquitectura que deu lugar à emissão da licença de construção nº” …
Passadas várias semanas sem resposta da Câmara, a munícipe insistiu verbalmente pela emissão da certidão.
Alguns dias depois, uma funcionária da Câmara Municipal, com cargo de chefia, telefonou à munícipe perguntando para que efeito pretendia a certidão e de que forma sabia que o processo camarário existia. Respondeu a munícipe dizendo que pretendia a certidão para instruir documento de constituição de propriedade horizontal e que tinha cópias de parte do projecto com carimbo de entrada na Câmara Municipal.
Alguns dias depois, um advogado da Câmara telefonou à munícipe a colocar as mesmas questões, ao que obteve as mesmas respostas.
Dois meses e uma semana após a entrega do requerimento, foi passada uma certidão donde constava: “não sendo possível, porém, localizar o processo físico nos arquivos municipais, não permitindo tal situação que sejam facultadas cópias das peças desenhadas do projecto de arquitectura aprovado”.
Na mesma época, soubemos de fonte anónima que teria ocorrido uma inundação na cave do edifico da secção de obras da Câmara Municipal e que os muitos processos de licenciamento de obras lá existentes teriam ficado destruídos.
Percebemos, por isso, que a Câmara Municipal agiu de má-fé, pretendendo saber se a requerente não tinha provas da existência do processo para poder recusar a certidão a fim de ocultar os acontecimentos.
Recentemente, aquando das esperadas chuvas de Abril, ciclistas que passaram junto ao Arunca, a jusante da ETAR, verificaram que a água do rio se encontrava suja de cor cinza escura, como se apenas tivessem retirados os elementos sólidos dos efluentes. Contaram que algumas vezes viram mesmo dejectos sólidos no rio. Coincidência com as primeiras chuvas a sério…
Se a estas “inundações”, ocultadas aos munícipes, juntarmos a recusa da Câmara em assumir qualquer responsabilidade por acidentes automóveis de cidadãos ocorridos em estradas municipais, devido a obras não sinalizadas, e a recusa em fazer cumprir a gestão de combustível pelos particulares, temos uma cultura de desresponsabilização bem enraizada no poder autárquico…

É Pombal...

A crise, a verdadeira crise, aquela que trás sofrimento e desgraça está, finalmente, instalada e sem data de retirada. Os gemidos chegam-nos de todo o lado, menos de Pombal. Por aqui reina a calmaria: tudo continua sossegado, adormecido ou anestesiado. O poder vive sossegado como nunca e, sabendo que o tempo lhe corre a feição, aguarda, tranquilo, a sucessão. A oposição ergueu a bandeira branca e foi fazer a guerra para outros terrenos (aqueles onde se ganham eleições sem eleitores). Os media não têm notícias nem as procuram porque têm medo de acordar alguém que pode ficar indisposto. O povo? O povo resignado sofre calado ou, como sempre fez, foge para melhores paragens. Coitado do Povo, Pá!

18 de abril de 2012

Estatuas

O Monumento ao 25 de Abril, situado no Largo dos Correios, está a ser desmontado. É para desmantelar ou para reparar? O desmantelamento justificar-se-ia e há na medida alguma coerência: a extinção do legado da Revolução de Abril de 74 deveria corresponder ao desmantelamento dos seus símbolos. A reparação, geral, não se justifica: o preço pago deveria corresponder a alguma qualidade de construção.

12 de abril de 2012

Ora aí está uma boa medida

Com critérios claros e adequados. Encerrar as empresas municipais que durante três anos apresentem resultados operacionais negativos, cujo capital próprio seja igual ou inferior a metade do capital social e ainda aquelas cujas vendas e prestações de serviços ao longo de três anos não cubram 50% dos gastos efectivos.
Se for efectivamente implementada, em Pombal será a razia total.

11 de abril de 2012

Viva o teatro!

Começa, este fim-de-semana, mais um Festival de Teatro de Pombal, promovido pelo TAP e pela Câmara Municipal. Parabéns aos promotores pela capacidade de manter um evento com esta consistência ao longo de anos.

Em tempos de crise, o festival aposta num cartaz equilibrado, tanto em termos de qualidade como a nível orçamental. Confesso, no entanto, que esperava um pouco mais de arrojo e imaginação. Conhecendo as pessoas do TAP, não previa algumas escolhas tão óbvias.

Mas, sejamos justos: o facto do espectáculo inaugural já estar esgotado (eu já não tenho paciência para os Commedia a la Carte…) mostra que esta aposta consolida um público local. Pena é que a mesma aposta impede o festival de se afirmar como um evento de relevância regional.

5 de abril de 2012

Ainda há sumo na laranja

Depois de ter perdido a esperança na salvação da democracia municipal, eis que leio no Notícias do Centro: «a fiscalização da câmara municipal e do presidente da câmara deve ser feita na câmara municipal»; «os meus vereadores da oposição fizeram sempre um bom trabalho». Quem o diz é o social-democrata Fernando Costa, presidente da câmara municipal das Caldas da Rainha, contrariando a aflitiva unanimidade entre PS e PSD na defesa dos executivos monocolores. Pena que, em Pombal, a laranja seja bem mais azeda.

4 de abril de 2012

Estacionamentos e ciclovias

Na cidade de Pombal não existem estacionamentos para motociclos e ciclomotores. É uma realidade...
Quem quiser deslocar-se para a cidade de Pombal, de motociclo ou de ciclomotor, terá de estacionar nos lugares reservados às viaturas ligeiras ou sobre as raias marcadas no pavimento (nos espaços inúteis onde não foi possível desenhar um lugar para viaturas ligeiras).
Estacionando sobre as raias, será punido com coima, como já ocorreu na zona do mercado municipal. Estacionando nos lugares marcados para viaturas ligeiras, ocupa um lugar (grande) e não saberá como pagar o estacionamento e manter a vinheta visível, para também não ser punido com coima.
Os “teóricos” (não práticos) que definiram a política de trânsito de Pombal parecem ter pensado mais nas receitas dos estacionamentos do que em evitar o congestionamento do trânsito e a poluição do ar.
A notícia da ligação da ciclovia de Pombal entre o viaduto e o açude foi bem recebida pelos comentadores, embora alguns tenham divergido sobre a relação entre a utilidade e os custos.
No passado fim-de-semana fui confirmar a execução da obra. Parti a pé da zona da ponte D. Maria para a montante, encontrei logo um estrangulamento junto à ponte pedonal, seguiram-se duas elipses que me parecem ter sido desenhadas por pessoas “teóricas” (não práticas) e cheguei demasiado rapidamente ao fim, junto ao pavilhão das exposições. Fiquei confuso e fiz uma investigação à procura da continuação para montante. Procurei uma passagem na margem sul e na margem norte, mas não encontrei. Consegui esgueirar-me por um portão que encontrei aberto na margem norte junto, passei por um labirinto de muros e, mesmo sem as asas de Ícaro, consegui encontrar mais além outro troço da ciclovia que conduzia até ao açude.
Depois percorri a cidade de Pombal à procura de estacionamento para bicicletas e também para motociclos e ciclomotores: não encontrei.
Estando em discussão a utilidade da ciclovia como meio de comunicação, face aos elevados custos, ou pelo menos como infra-estrutura para fins lúdicos, conclui que ainda só tem utilidade estética…