27 de fevereiro de 2025

Sobre o nosso Conselheiro Acácio

Como qualquer terra portuguesa, Pombal também tem as suas figuras típicas, com as suas grandezas e miudezas - também tem o seu Conselheiro Acácio. 

Como não podia deixar de ser, o nosso conselheiro tem muitas parecenças com o do Eça: o formalismo discursivo cheio salamaleques, maneirismos e etiquetas antiquadas, uma pedanteria balofa e uma delicadeza excessiva que ofende todos os patamares da inteligência. Mas tem, também, algo que o distingue do seu semelhante. Falta-lhe a impressiva feição mental e a capacidade de representação da figura retratada pelo Eça.

O nosso conselheiro não impressiona, cansa; repete continuamente “Senhor Presidente” e “Sua Excelência”, numa postura corporal e numa entoação de voz em que não há como saber se pergunta, elogia ou censura. E por medo ou timidez, ferra os olhos no papel que o suporta e nunca olha para o mencionado. O outro, o célebre, “Sempre que dizia – El Rei! Erguia-se”.

 


NR: E abusou tanto nos salamaleques que deixou a sua correligionária apeada, sem tempo para usar da palavra. 

26 de fevereiro de 2025

Centro Natural da Propaganda

 

Não há nada pior que tomarem-nos por parvos. É mais ou menos o que anda a fazer Pedro Pimpão nestes primeiros meses do ano, em que alimenta uma espécie de tabu sobre a sua (obrigatória) recandidatura à Câmara, ao mesmo tempo que utiliza os meios públicos como forma de - descarada - propaganda, esbatendo as linhas vermelhas entre o que é partidário, pessoal, e público. 

Há dias os habitantes deste concelho foram surpreendidos por um panfleto na caixa de correio sob o título "Em Pombal, 2025 é sinónimo de investimento". O infomail é do PSD, Pimpão usa-o como slogan, coadjuvado por outro: "Pombal pela Positiva". Centro Natural da Felicidade, lá está, sem críticas nem farpas. 

O que aqui se condena é este registo de meias-tintas, que, como sabemos, é meio caminho andado para os troca-tintas. 

Para quem diz que ama Pombal, o mínimo que se esperava era a frontalidade. A hombridade de dizer "amigos, sou candidato outra vez, quero manter-me aqui neste lugar e só vocês me podem garantir isso". 

Mas Pimpão prefere dar uma no cravo e outra na ferradadura. Como diz um dirigente do partido que o conhece desde sempre, não abdica de ficar em cima do muro, a meio da ponte. 

O que fez esta manhã, porém, ultrapassa os níveis da decência: usou a página do Município para mais um laudatório seu, à espera de confettis. Uma publicação nas redes sociais da Câmara - onde, não raras vezes, os comentários que não são pela positiva acabam ocultados. 

Pedro Pimpão baralha-se muito, nesta ânsia de se manter omnipresente e conectado a toda a hora. Se esta fosse a sua página pessoal, poderia fazê-lo, claro. Mas as páginas do Município não são dele, mesmo que pareçam. 

E se houvesse oposição, já o tinha posto no sítio. Porque mesmo que a realidade paralela onde vive lho diga, não vale tudo.

Nos próximos meses, que são de pré-campanha, isto promete, senhores leitores. 

13 de fevereiro de 2025

Marcelo veta desagregação das freguesias

A agregação das freguesias foi uma farsa improvisada pelo governo da PaF - Passos Coelho/Miguel Relvas - para enganar a Troika. Entretanto, a Assembleia da República resolveu reverter o processo, aprovando por ampla maioria a desagregação das famigeradas uniões de freguesia.



A agregação foi um acto tão vil como este, agora, da desagregação; ambos movidos unicamente pelo mais descarado oportunismo político, sem nunca atenderem ao primordial interesse do país, ao seu coerente e adequado modelo organizativo. Marcelo, como é seu timbre, não quis ficar atrás e compôs o ramalhete: vetou a lei por considerar que existe “falta de compreensão e transparência pública do processo legislativo” e “capacidade para aplicar … o novo mapa já nas eleições autárquicas de Setembro ou Outubro deste ano”. Há boas razões políticas para concordar ou discordar da medida, mas não me parece que os pretextos usados pelo presidente sejam minimamente razoáveis, porque julgo que toda a gente compreende o que está em jogo e a aplicação da norma é coisa lógica e natural.

Há em cada coisa aquilo que ela é, e que a anima. Marcelo é intriga, e entropia. O hábito da intriga desenvolve todas as fraquezas que são com ela solidárias. Marcelo tornou-se um empecilho do regime. Deixa um amplo contributo, se não para a obsolescência do regime, pelo menos para a demonstração da inutilidade do cargo que ocupa.


Nota de Rodapé: o veto tem o mérito de facilitar a vida às estruturas concelhias dos partidos. Em Pombal são menos quatro listas, menos cinco dezenas de candidatos onde está a ser muito difícil encontrá-los. 

11 de fevereiro de 2025

E você, a quem compraria um carro usado?




Um "estudo de opinião" apanhou-me esta tarde de feição: um misto de perguntas sobre o desempenho de Pedro Pimpão, por um lado, e por outro algumas com hipóteses de putativos candidatos/adversários.
Está bem de ver que o PSD contratou de novo o IPOM para validar a candidatura de Pimpão. Mas as perguntas pareciam saídas de uma qualquer praxe e novos membros da JSD. O desgraçado que mandou o rascunho para servir de base a esta sondagem já dá como certo que Lina Oliveira vai ser candidata do Bloco de Esquerda, e Maria José Anastácio pela CDU, e Telmo Lopes pelo CDS, e Ricardo Ferreira pela IL. Porém, ficaram a faltar candidatos nas eleições de 2021. (Não têm nada que agradecer, é um gosto contribuir para estudos com verdade).
Do rol de perguntas - quase todas centradas em quatro candidatos - a minha preferida foi: "Se tivesse que comprar um carro usado, a qual dos potenciais candidatos à Câmara preferia comprar?". As hipóteses são:
- Pedro Pimpão
- Fernando Matos
- Luís Couto
- Gabriel Mithá Ribeiro
- Nenhum destes
- Sem opinião.

Ora, se há coisa que aqui no Farpas temos sempre é opinião. E por isso escolhemos antes comprar um carro novo. Nunca se sabe qual deles nos apanha na curva...

5 de fevereiro de 2025

Sobre a epopeia do irrisório

Temos na câmara uma rapaziada que vê méritos nas tolices que pratica, e quanto mais fúteis e irrisórios melhor... É uma rapaziada que para além de não entender absolutamente nada de governação, também considera desnecessário tentar entender alguma coisa. Mas assim vão fazendo o seu caminho...!

Como o tempo não está propício para festas e arraiais, agora entretêm-se com a propagandear as tolices que praticam. Nos últimos tempos, andaram a contar as criaturas que visitaram o castelo para virem agora divulgar a tontice rendilhada com múltiplas “estatísticas” do irrisório.

Quando se afirma que “o castelo (um qualquer castelo deste país) é (ou pode ser) um destino turístico chave para o público nacional e internacional” estamos no domínio do absoluto delírio ou do embuste mais rasteiro. 

Deus lhes perdoe, que não sabem o que fazem.