30 de outubro de 2017

Onde se dá conta do raspanete do Príncipe ao Pança

O Príncipe saiu da primeira contenda com a nova velha oposição inchado e pomposo, com a forma como tinha espezinhado o Comendador e o seu ajudante. Mas estava-lhe atravessado terem-no apanhado em falso naquilo que é mais forte: os papéis.
Mal terminou a refrega, o Pança aproximou-se do Amo e começou logo a massajar-lhe o ego - “boa coça, Alteza”, “boa coça, Alteza”,… - pensado que, enchendo-o de elogios, evitava as arrochadas. Sem resultado. O Príncipe ordenou-lhe logo de forma seca: - apresentai-vos no meu gabinete com a vossa ajudante, depressa.
O Pança chamou a ajudante e apresentaram-se de imediato...
- Entrai, entrai…. Explicai-me: o que tendes andado a fazer para não terdes feito nada do que devíeis terdes feito? – perguntou o Príncipe, agastado.
- Senhor meu Amo, os bacharéis atrasaram-se - não trabalham ao nosso ritmo - e, agora, falta-me tempo para andar sempre em cima deles – disse o Pança.
- Como tendes o descaramento de dizer que vos faltou tempo, se tivestes vinte e tal dias para preparar e enviar todos os papéis? – perguntou o Príncipe, exaltado.
- Eu agora tenho outros afazeres, e fiquei com menos uma ajudante – afirmou o Pança.
- Tendes menos uma ajudante porque quisestes correr com ela…- rematou o Príncipe.
- Tem razão, Alteza – anuiu o Pança. Mas…
- Não te desculpes com outros afazeres; escudeiro é escudeiro, não tem outro Senhor nem ócios - tornou o Príncipe.
- Eu dedico o dever, assim como a alma, primeiro a Deus, depois a Vossa Alteza; mas, agora, também tenho que dedicar alguma atenção aos meus fregueses; até porque o Boi não sabe nada daquilo – aditou o Pança. 
- Pança; conheceis a história da rã que se quis igualar ao boi? - perguntou o Príncipe, com ar irónico.
- Não, Alteza. Mas contai, que deve ser engraçada – pediu o Pança.
- …Fez-se inchar; tanto, tanto, …, que rebentou! – disse o Príncipe.
- O Senhor é mesmo muito engraçado, e desagradecido…- afirmou o Pança, com alguma malícia. E prosseguiu: - E não deixa ninguém brilhar…Ainda agora acabei de me expor, e expor o meu tarefeiro, com o corte do directo, para proteger Vossa Excelência da censura pública, e já estou aqui a levar porrada ao pé da minha sujeita.
- Pança, não te agradeço; o cometido feito de que te orgulhas me enxovalha – afiançou o Príncipe.
- Mas, Vós mesmo, Alteza, me insinuastes o feito – atalhou o Pança. 
- Cala-te, Pança; senão ainda mais razões me dais para repisar a merecida reprimenda – avisou o Príncipe.
- Merecida uma ova – retorquiu o Pança. E acrescentou: - O que Vos deixou tão colérico?
- Tem juízo; Pança. Obedece e não faças perguntas – reavisou o Príncipe.
- Vossa Mercê está de uma maneira que nem Satanás o atura. Se não temperar essa ruindade perde o resto do cabelo – tornou o Pança.
- Por tua vida, Pança, nem mais um pio! – ordenou o Príncipe. E acrescentou: - Melhor te fora nunca terdes nascido, do que deixares de agradar-me agora.
- Não vos agastais meu caro Senhor; estamos aqui, a vossos pés, para sermos mandados e obedecer – disse o Pança.
 - É melhor que assim seja. Porque hás-de saber, Pança, se o não sabes, que há duas coisas, que mais que todas as outras, não tolero: o erro e o demando – afirmou o Príncipe.
- Eu sei, Alteza. Mas não preciseis de ser tão colérico com escudeiro tão fiel. Guardai as bordoadas para aqueles traidores danados; eles merecem-nas todas, e só se perdem as que caem no chão – disse o Pança.
- Devíeis de saber, Pança, que quem faz imoderado uso da espora, termina por matar a montaria. Ao soberano interessa sempre manter vivo um inimigo – afirmou o Príncipe.
- Mas digo-lhe mais: quando ele falou no mano fiquei fora de mim, se o Senhor me tivesse dado um sinal, tinha-lhe dado umas boas murraças – afirmou o Pança, ainda a ferver.
- Põe-te no teu lugar, Pança; este tipo de pendências não é para ti. Mas sereis necessário, quando for preciso sujar as mãos – rematou o Príncipe.
                                                                                                               Miguel Saavedra

28 de outubro de 2017

Ser ou não ser homenzinho

Quem acompanhou os 20 anos de convivência entre Diogo Mateus e Narciso Mota sabe do que foram feitos. Da mão que se estendeu e do tapete puxado, até o sacudir, nas autárquicas de 2001, levando-o a candidatar-se à Junta de Freguesia de Pombal, e é se quis sobreviver politicamente. Mais ou menos como agora aconteceu com Pedro Pimpão, embora as personagens e o enredo tenham tudo para um desfecho diferente.
Quem assistiu à primeira reunião de Câmara deste novo executivo, pode ter a certeza de que Diogo iniciou uma nova era, disposto a acabar com o que sobra de Narciso Mota. Ninguém tenha dúvidas dos esqueletos que vai tirar do armário nos próximos tempos. Há, no entanto, uma cautela que o autarca absoluto deveria ter: não cuspir para o ar. Já basta a ideia que passa de cuspir no prato onde comeu. Ora, quando se ouve Diogo a contar este episódio, ninguém imagina que, horas antes, in extremis, foi confrontado pela sua antiga adjunta com a eventual dispensa, quando na Câmara já todos sabiam, menos ela. A coragem e a hombridade não devem servir apenas para atirar à cara dos outros, senhor presidente. 

27 de outubro de 2017

Acusações graves

Na primeira reunião do executivo, Diogo Mateus fez um ataque fortíssimo a Narciso Mota, a Michael António e a todo o movimento NMPH.

Já no final da reunião derreteu a honorabilidade de quem já tinha passado pela câmara e lá voltou, dizendo que trabalham mal, não gostam de trabalhar, queriam tirar vantagem porque têm negócios. Quem ouve estas acusações graves e se cala, não tem carácter nem condições mínimas para exercer um cargo político.  

26 de outubro de 2017

E a seguir quem é?



Diogo Mateus designou para seu vice-presidente o vereador Pedro Murtinho. Não é ilegal, mas é o primeiro sinal de como o eleitorado foi ao engano. Na lista candidata à Câmara, a número dois é Ana Cabral - directora da Biblioteca Municipal - agora investida de pelouros sensíveis como a Educação e Acção Social, sem a Cultura - que continua (bem) entregue a Ana Gonçalves.
Quando se faz uma lista, os nomes não são colocados ao acaso, da mesma maneira que o eleitor esclarecido não vota ao acaso. E Diogo Mateus jogou com isso: Ana Cabral iria cativar algum voto à esquerda, pese embora a viragem que fez, nos últimos anos.  Naquela primeira reunião do (novo) executivo da Câmara, o presidente mudou as regras do jogo. Se no mandato passado apregoou a rotatividade para a vice-presidência, neste ficou-se pelo operacional que era 3º na lista, pelo menos "nesta fase". Não queremos acreditar que Ana Cabral não soubesse, nesta fase da vida, que há sempre uma "primeira fase". E queremos acreditar que Diogo Mateus tem presente o que significa a ordem da lista. 

O momento mais negro


A primeira reunião do novo/velho executivo começou mal, foi baixando de nível e terminou de forma inimaginável (até agora): corte na transmissão para cortar o contraditório.
Naquela sala, toda a gente viu o tarefeiro dar a ordem (que foi imediatamente cumprida) e percebeu quem foi o mandante.

25 de outubro de 2017

Política não entra?

Há quem possa não acreditar mas nós, aqui no Farpas, somos muito ingénuos. Vejam lá que chegámos a acreditar que a PMUgest iria acolher positivamente uma iniciativa que pretendíamos levar a cabo no Café Concerto!

Após o péssimo resultado da esquerda nas eleições autárquicas, pareceu-nos pertinente promover um debate da série "Um café e uma farpa", subordinado ao tema "A esquerda tem futuro em Pombal?". O Café Concerto (apesar do desleixo da página web) afigurava-se como o espaço ideal, não só pela sua centralidade, mas também por ter sido palco de inúmeras iniciativas, de cariz público e privado, levadas a cabo por inúmeras instituições. E, convenhamos, existindo desde 2008, o Farpas não é propriamente uma entidade obscura em Pombal. 

Como muitos de vós já devem estar a imaginar, o nosso pedido não foi atendido. Citando as 16 alíneas do Artigo 6º dos Estatutos, o Conselho de Administração comunicou-nos que  "não se afigura ajustável à utilização do espaço do Café Concerto a realização de eventos de cariz político". 

Louvo o zelo da empresa municipal no cumprimento escrupuloso dos deveres enumerados nos seus Estatutos. Mas, sem querer discutir a pertinência da sua decisão - há quem tenha medo de falar de política -, são legítimas algumas questões. Em que alínea dos Estatutos a PMUgest encontrou fundamento para aceder ao pedido da JSD/Pombal para realizar o evento que teve lugar no Café Concerto no dia 18 de Março de 2015Ou, noutro caso, a 7 de Março de 2016, uma conversa sobre empreendedorismo feminino, organizada pelas Mulheres Social-Democratas? Será, por ter sido a JSD/PSD  a pedir, o "cariz político" foi encarado de forma diferente? 

Como empresa municipal que é, PMUgest não pode ter dualidade de critérios nas suas decisões. Se assim o fizer reforça a ideia instalada de que o Café Concerto é gerido como uma coutada privada da sua Administração, com a porta escancarada para os seus amigos  e fechada para os restantes pombalenses.

Ode aos mensageiros da propaganda


"Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade". A frase é normalmente atribuída a George Orwell por essa internet fora, mas terá sido dita por William Randolph Earst, proprietário de vários jornais e revistas, que de resto inspirou o filme "Citizen Kane", de Orson Welles. Elevar o nível é o mínimo que podemos fazer quando vamos citar o discurso de Diogo Mateus na sua tomada de posse, em que dedicou um minuto e dez segundos "aos órgãos de comunicação social" que acompanharam o último mandato.
Da ascensão e queda dos media em Pombal já reza a história, e Diogo Mateus tem capítulos reservados. Mas, por ora, não é desses que importa falar. Importa antes sublinhar como interpreta o papel dos órgãos de comunicação no exercício da democracia. Na verdade, tem a imprensa que lhe dá jeito, que não levanta ondas nem questiona, que não publica uma linha que belisque ou comprometa o "bom relacionamento", que prefere desempenhar o papel de mensageira, porque é muito mais cómodo. Ou alguém se lembra, nos últimos quatro anos, de qualquer "notícia" que não seja transmissão do que a Câmara disse, fez, ou pensa fazer, à laia de caixa de ressonância?
Retrocedemos muito, sim. Desde o tempo de Orwell ou Earst, quando Pombal ombreava com o resto do país, pela diversidade de jornais, isto para não irmos ao tempo do célebre "Cão de Fila". 
Diogo tem razões para agradecer, sim. Muitas. E o povo? Tem aquilo que merece, claro.

Adenda: Com uma imprensa desta, Diogo Mateus pôde dar-se ao luxo de promover a secretária Andreia Marques a Adjunta, e de mandar embora a adjunta para a comunicação, Alexandra Serôdio.

Reunião do executivo: uma verdadeira zaragata

O executivo da CMP reuniu ontem pela primeira vez. Foi uma verdadeira zaragata, entre a arrogância extrema e a impreparação extrema.
Nietzsche afirmou que “a guerra faz estúpido o vencedor e maldoso o derrotado”; mas, às vezes, quando a guerra é uma simples zaragata, fica difícil escolher o mais estúpido e o mais maldoso; tal o esforço que ambos fazem na exercitação da maldade, e a estupidez que usam nisso.
Diogo Mateus conquistou o poder absoluto; mas em Democracia, acima do poder, está a Lei. Na primeira reunião mostrou uma arrogância extrema: no registo irado, na forma como não preparou a reunião (distribuição dos documentos em cima da reunião, documentos com erros e com versões diferentes) e na prepotência como a conduziu.
Narciso Mota (e o seu ajudante) mostrou uma impreparação extrema: desnorte e a pior de todas as debilidades, a superficialidade.
Foi uma luta de pequenos tiranos que teriam gostado de se comer vivos; com meia dúzia de figurantes a assistir.

24 de outubro de 2017

A Assembleia Municipal de Pombal e a Lei

No passado dia 20 de Outubro, tomaram posse com a devida pompa e circunstância, os membros eleitos para a Assembleia Municipal e Câmara Municipal de Pombal. A Câmara Municipal foi instalada ou empossada nos precisos termos do diploma que regula tal acto – Lei 169/96, de 18 de Setembro, porém, o mesmo não se poderá dizer da instalação dos membros da Assembleia Municipal, pois em certo momento ocorreu um vicio que poderá colocar aquele órgão autárquico fora da lei. Refiro-me concretamente ao momento em que José Gomes Fernandes “solicitou expressamente a suspensão do mandato para o qual foi eleito pelo período de 180 dias, nos termos do artigo 77º da Lei 169/99 de 18 de Setembro, alterada e republicada pela Lei 5-A, de 11 de Janeiro, com a última alteração introduzida pela Lei 7-A/2016, de 30 de Março, pelo que se procede à sua substituição nos termos do nº 4 do artigo 77º da mesma lei, chamando a ocupar o seu lugar, o membro imediatamente a seguir eleito na lista do PPD/PSD, Nuno Filipe Agostinho Carrasqueira.”. E assim se procedeu. A invocação daquele normativo legal, isto é o disposto no nº 4 do artigo 77º da Lei 169/99, de 18/9, deve ser objecto de análise de modo a verificar-se se a bota bate com a perdigota.
Refere a norma invocada:
1 - Os membros dos órgãos das autarquias locais podem solicitar a suspensão do respectivo mandato.
2 - O pedido de suspensão, devidamente fundamentado, deve indicar o período de tempo abrangido e é enviado ao presidente e apreciado pelo plenário do órgão na reunião imediata à sua apresentação.
3 - São motivos de suspensão, designadamente:
a) Doença comprovada;
b) Exercício dos direitos de paternidade e maternidade;
c) Afastamento temporário da área da autarquia por período superior a 30 dias.
4 - A suspensão que, por uma só vez ou cumulativamente, ultrapasse 365 dias no decurso do mandato constitui, de pleno direito, renúncia ao mesmo, salvo se no primeiro dia útil seguinte ao termo daquele prazo o interessado manifestar, por escrito, a vontade de retomar funções.
5 - A pedido do interessado, devidamente fundamentado, o plenário do órgão pode autorizar a alteração do prazo pelo qual inicialmente foi concedida a suspensão do mandato, até ao limite estabelecido no número anterior.
6 - Enquanto durar a suspensão, os membros dos órgãos autárquicos são substituídos nos termos do artigo 79.º
7 - A convocação do membro substituto faz-se nos termos do n.º 4 do artigo 76.º
José Gomes Fernandes foi eleito, tendo sido mandatado pelos munícipes para exercer o cargo de deputado municipal. Apesar do mandato conferido, não o pretendeu exercer temporariamente pelo período de 180 dias. Não renunciou, suspendeu. Acontece que suspendeu um direito que ainda não se tinha iniciado, uma vez que ainda não tinha sido instalado ou empossado no órgão para o qual tinha sido mandatado. Nos termos da norma invocada, jamais o substituto Nuno Carrasqueira poderia sido instalado, empossado e prestado juramento, como se eleito ou mandatado tivesse sido. Nuno Carrasqueira, ao ser empossado, só poderá ter um significado – a renúncia ao mandato por parte de José Gomes Fernandes. Mas não foi isso que foi solicitado expressamente pelo” suspenso”. A renúncia ao mandato, nos termos do disposto no artigo 76º, nº 1 do mesmo diploma legal refere que:
1 - Os titulares dos órgãos das autarquias locais gozam do direito de renúncia ao respectivo mandato a exercer mediante manifestação de vontade apresentada, quer antes quer depois da instalação dos órgãos respectivos.
Ora, a renúncia ao mandato pode ser manifestada, quer antes quer depois da instalação dos órgãos respectivos, mas a suspensão do mandato para ser exercida, pressupõe com toda a clareza que aquele que a pretenda exercer esteja empossado ou instalado no competente órgão. O que não foi manifestamente o caso.
Chegado aqui, não posso deixar de retirar algumas conclusões:
1 – O exercício do direito à suspensão do mandato por José Gomes Fernandes foi manifestado em desacordo flagrante com as normas legais que o disciplinam.
2 – Nuno Carrasqueira, ao ser empossado/instalado no órgão Assembleia Municipal, como se eleito tivesse sido, configura um manifesto caso de usurpação de mandato eleitoral.
3 – Tal situação coloca a atual Assembleia Municipal em situação de confronto directo com a Lei, podendo acarretar que as suas futuras deliberações possam padecer de vicio que as tornem inválidas.
4 – Tal ocorrência, salvo melhor opinião em contrário, poderá levar à impugnação do acto de instalação do órgão autárquico – Assembleia Municipal de Pombal
5– O facto ocorrido, não prestigia a Assembleia Municipal como órgão fiscalizador da atividade do executivo camarário, uma vez que no seu próprio seio, se cometem afrontas desta natureza no âmbito do exercício dos mandatos conferidos pelos munícipes.
Cumpre-me finalmente, observar que a Mesa da atual AM, com as competências que a lei lhe faculta, não vai ter a vida facilitada, apesar da maioria que a suporta. O perigo espreita a todo o momento da bancada do PPD/PSD.
Farpas Convidadas: Adelino Leitão (advogado)

Surpreende-nos, Pedro

Hoje à noite, no Celeiro do Marquês, Pedro Pimpão vai tomar posse como presidente da junta (com pompa e circunstância - mau presságio). E de imediato vai ter que fazer uma escolha (difícil) e comunicá-la aos pombalenses: fica na Assembleia da República ou na Junta de Freguesia de Pombal?

A escolha entre o amor e o interesse é um dilema clássico, que o Pedro cavalgou durante toda a campanha, com juras de amor à terra, aos pombalenses e à família. Poderá, agora, optar pelo interesse pessoal, o dinheiro e o estatuto? Ou ficar a meio da ponte, como costuma fazer? Poder, pode. Mas não é a mesma coisa!

20 de outubro de 2017

O dia em que D. Diogo toma posse de Pombal. E do PSD

foto: Pombal Jornal

A tomada de posse da Câmara e da Assembleia Municipal de Pombal, esta tarde, às 18 horas, está tão instável como o tempo. Se no que respeita ao executivo não há grande coisa a esperar, já a Assembleia Municipal tem o seu pico de interesse: a esta hora ainda não se sabe se o PSD vai avançar com o nome da cabeça de lista, Fernanda Guardado, ou de João Coucelo. E disso dependerá a constituição do resto da bancada. Nas hostes social-democratas este pode ser o dia do juízo final, já que o anunciado regresso de José Gomes Fernandes à bancada pode ficar-se pelo panfleto. Também não é certo que Guilherme Domingues tome posse, pois que o ex-autarca de Santiago de Litém nunca digeriu a humilhação de ter entrado e saído da lista de Diogo. 
Se vencer a opção Coucelo, Diogo Mateus não toma apenas posse da Câmara, com a maioria absoluta em que a estrutura do partido não acreditava. Tomará conta do PSD, definitivamente, relegando Pedro Pimpão para o papel de presidente de junta, apenas e só, ao invés de se tornar a "segunda via" desenhada desde as últimas eleições para a concelhia. E com excepção de duas ou três figuras, a bancada do partido na AM tornar-se-á um filão da Jota. Nessa altura, Pedro Brilhante - que a partir de hoje é vereador - verá legitimada a "conversa" que teve com Diogo Mateus, antes da constituição das listas. 
Do resto, não há muito a esperar. O movimento de Narciso Mota ocupa seis lugares na Assembleia, a bancada do PS tem apenas 4, o CDS os mesmos dois, e o Bloco de Esquerda estreia-se com Célia Cavalheiro e todo o seu registo 'fora da caixa'. 
Venha daí o debate, e o combate!

18 de outubro de 2017

Realpolitik à D. Diogo

Renovado o poder nas urnas, D. Diogo partiu de imediato para a sua consolidação e reforço. Começou pelo condado mais acessível: Vila Cã. Usou a intermediação de um amigo comum – Carlos Cardoso (Redinha) - para se aproximar de Ana Tenente, depois de fortes desavenças. Juntaram-se num almoço que deve ter selado a união, há muito desejada pela “Independente” e há muito recusada pelo partido.
Na Redinha esboça aproximações; a Oeste espera sinais seguros de afirmação ou falhanço do novo poder para avançar.
Pelo meio vai deixando cair correligionários não submissos.   
Quem pode, pode. E D. Diogo pode muito! 

17 de outubro de 2017

Mas que falta de “chá”

Enquanto D. Diogo representava para a sua equipa de propaganda, em camisa branca e sapato-de-vela, a sua entrega no combate ao incêndio, a princesa Mafalda chamava palhaço ao Primeiro-ministro, no facebook, sem qualquer justificação.
Na declaração ao país, António Costa não desrespeitou ninguém - limitou-se a dizer o óbvio (pouco mais há para dizer, nestas circunstâncias). Todos têm o direito de criticar a declaração e a exigir outro tipo de respostas; mas não têm o direito de ofender o António Costa, nem a desrespeitar o Primeiro-ministro. Ao fazê-lo desrespeita o Estado, mostra a sua índole e a urbanidade que não tem.
É pena! Porque, como bem diz o povo: o que não vem com a idade, tarde ou nunca vem.

O salvador da Pátria


Fotos da publicação "Notícias da sua Terra"

À hora em que o Primeiro Ministro falava ao país sobre a catástrofe que nos assolou a todos, já se apagara o fogo em Nasce Água, ali ao Grou, na União de Freguesias da Guia, Ilha e Mata Mourisca. Também já se apagara o outro, que consumiu a Mata do Urso, na freguesia do Carriço, mais umas casas de habitação. Estava igualmente extinta a maioria dos fogos que tornaram o dia 15 de outubro como o mais negro da história dos incêndios neste país. E enquanto António Costa e a sua ministra ardiam com mais intensidade na fogueira das tv's e das redes sociais - por considerar que o Governo não tem uma "solução mágica"para evitar novas tragédias - Diogo Mateus era elevado à categoria de salvador, em várias páginas, pois que se deixou fotografar assim, no meio da mata, em camisa branca e mocassins, no combate às chamas. 
Costa, a solução está aqui.

14 de outubro de 2017

Pombal dos pequenitos

Respigando o que já escrevi no "O Eco" em 2003, reafirmo que a salvação das democracias ocidentais encontra-se no reforço dos partidos minoritários. Reduzir as eleições a um confronto bipolar, para além de perverso, é perigoso. Os actos eleitorais são momentos de escolha entre diversas opções políticas que devem ser exercidos em total liberdade. Os constantes apelos ao voto útil, aliados a uma menor capacidade financeira dos pequenos partidos, enviesam a decisão dos eleitores e, como consequência, muitos deixam de se rever nos seus representantes e de acreditar na democracia.

Em Pombal, forças políticas como o CDS, a CDU e, mais recentemente, o BE, têm tido dificuldade em se afirmar. O CDS, apesar do enorme empenho dos seus protagonistas, não conseguiu reforçar a sua representação. Por outro lado, a CDU, que tinha conquistado um deputado municipal em 2013 (fruto do aumento do número de representantes na Assembleia Municipal), perdeu-o agora para BE. Com uma votação ao nível do movimento Independentes por Pombal - claramente a candidatura autárquica mais mal preparada de sempre -, a CDU teve uma evidente derrota. O número de votos é preocupantemente baixo, tornando legítima a dúvida de saber se já não foi ultrapassado o ponto crítico da sobrevivência.

Como estive envolvido na candidatura da CDU, não enjeito responsabilidades. Considero mesmo que os camaradas que, tal como eu, participam nas listas sem assumir a militância são os primeiros culpados. Não se podem ganhar eleições sem o empenho de todos e a CDU em Pombal tem sobrevivido com o esforço de poucos. Mas há que reconhecer que é difícil fazer omeletes sem ovos. As estruturas partidárias, com uma castradora política de coligações, impedem, muitas vezes, o aparecimento de soluções credíveis a nível local.

Há muito que defendo uma coligação CDU/BE (para já não falar com o PS) para concorrer às eleições autárquicas em Pombal. O trabalho efectivo que a CDU tem dado à vida democrática do nosso concelho - muito para além do que era esperado pela sua fraquíssima prestação eleitoral -, aliado aos votos e ao dinamismo do BE, sobretudo junto dos mais jovens, poderia resultar numa dinâmica interessante, com forte possibilidade de sucesso e bem mais consistente do que as candidaturas protagonizadas por movimentos independentes.

12 de outubro de 2017

A acentuada agonia do PS em Pombal

Contrariamente ao que outras opiniões defendem, creio que o maior derrotado destas eleições é o Partido Socialista.
A derrota do PS é particularmente preocupante, uma vez que este partido tem responsabilidades permanentes, o que não acontece, por exemplo, com um movimento fortemente personalizado, sem base ideológica definida e perfeitamente limitado no tempo e na ambição.
Os sinais de queda deste PS de Pombal, numa altura em que o PS a nível nacional se afirma mais pujante que nunca, são obviamente uma responsabilidade local e de uma forma de fazer politica que vem de há muito, nesta estrutura. É um acumular de erros que parece não ter retorno à vista, antes se teima numa fórmula cujos resultados são inegavelmente desastrosos.
Atente-se que num concelho em que o PS tem que, legitimamente, aspirar a ser poder (como já foi), os resultados nos últimos 5 actos eleitorais autárquicos são como se vê de seguida:
A tendência é evidente, e os resultados são de tal forma pobres que creio que ninguém terá coragem de argumentar em sentido oposto nisto que é uma mera constatação de factos.
Tais resultados devem-se, na minha opinião, não aos deméritos individuais dos candidatos, para cada situação em concreto, mas a um modus operandis há muito vigente na estrutura concelhia do PS. Vários erros têm sido repetidamente cometidos, e com aparentes motivações que são contrárias não apenas aos interesses do partido, como também (e de uma forma mais geral) à saudável alternativa democrática (não confundir com alternância) que o PS devia materializar.
O primeiro desses erros passa por não assumir os vergonhosos resultados eleitorais que tem obtido o PS no concelho de Pombal. Note-se que por “assumir”, entendo o olhar para as causas que conduziram a tal, procurar alterar essas causas (ou eliminá-las), e ter por consequência lógica um afastamento da liderança das estruturas daqueles que apresentaram uma estratégia vigorosamente chumbada nas urnas.
O segundo erro decorre na forma como os derrotados, mas eleitos, do PS, desempenham as suas funções de oposição. O que transparece é que essa acção não é coordenada, não mostra diferenças (nem de estilo, nem de matéria) em relação ao poder vigente, e não revela preparar um caminho diferente que pudesse ser viável (e premiado) em eleições futuras.
Mais uma vez, a responsabilidade maior não é dos eleitos individualmente, mas de quem os devia coordenar e se abstém de o fazer.
O terceiro erro decorre da falta de estrutura interna do PS, o que transmite uma imagem difícil de ignorar de fragilidade e falta de confiança. Não há notícias de que o partido ouça os seus militantes. E que, ouvindo, estes contribuam para definir os destinos desta estrutura do PS. Não há sequer um número minimamente apresentável de militantes no concelho, numa escusa incompreensível de os procurar e pretender captar. Como se muitos militantes fossem uma ameaça a algo que não se quer revelar ou alterar.
Por fim, o quarto erro reside nas fracas escolhas para as listas que apresenta a sufrágio. Mais uma vez, não porque não sejam meritórias as pessoas que ousaram apresentar-se a votos pelas hostes socialistas, mas porque a estrutura trabalha de forma amadora e errada esse processo. As pessoas são contactadas tardiamente, quando já quase não têm tempo de explorar e apresentar as suas ideias ao eleitorado. Os elementos mais representativos da sociedade, por essa altura, já estão completamente envolvidos com outros partidos (obviamente, com o PSD). E o resultado são listas curtas e que se apresentam como muito mais anónimas do que as outras, as que ganham eleições em Pombal.
Lamentavelmente, os processos que têm conduzido a este descalabro eleitoral do PS em Pombal parecem ser irrevogáveis, e o PS parece preparar-se para o mesmo enquinado e vicioso modo de agir. Prepara-se uma nova concelhia não escrutinada por ninguém, eleita com meia dúzia de votos arrecadados nos corredores, que há-de fazer de conta que estes resultados desastrosos não aconteceram ou que foram culpa de um qualquer feitiço maligno que obriga os pombalenses a votar no PSD.
Se o PS de Pombal teimar em não se repensar profundamente, não rasgar com a inacção e amadorismo que tem vivenciado, em suma, se o PS de Pombal achar que para comodidade de alguns deve repetir os métodos desastrosos do passado, é evidente que não poderá esperar resultados diferentes. Porque a menoridade a que foi relegado pode sempre ser piorada (e as últimas eleições têm vindo a provar isso mesmo).
Façamos, ao menos, escrutínio público do que por essa casa se vai passando. Porque é também público o interesse num PS forte e credível em Pombal.
Farpas Convidadas: Gabriel Oliveira

A propósito dos resultados eleitorais

Convém relembrar W. Churchill:
“Deve-se olhar para os factos porque eles olham para nós”.

10 de outubro de 2017

Junta de Pombal: histórica, mas pouco



Um certo sabor amargo entranha-se na demanda de Pedro Pimpão, vencedor anunciado das eleições para a Junta de Freguesia de Pombal. Na noite eleitoral, foi o primeiro a cantar vitória, considerando estar perante um "resultado histórico" para o PSD. Na verdade, Pedro, há apenas dois pontos percentuais que separam essa vitória daquela alcançada pela dupla Nascimento Lopes/Manuel Escalhorda há 4 anos...

portanto histórico é mesmo o teu positivismo, a teoria da felicidade aplicada à terra onde tudo é "notável" e "extraordinário", pontuado por esse estranho alheamento de mais de metade da população (a freguesia de Pombal contribui exponencialmente para os nossos números - notáveis, sim - da abstenção, que apesar de tudo, diminuiu 10%)
Feitas as contas, o PSD conseguiu o mesmo número de mandatos que já tinha (7), o PS perde dois dos cinco que tinha, o CDS mantém um, e esse ícone local de seu nome Eduardo Carrasqueira entra para a AF com dois elementos.
O futuro - que é sempre mais, como sabemos, e também não precisa de ser melhor - há-de mostrar-nos a qual dos dois amores Pedro serás mais fiel: se o lugar de deputado na AR, por mais escassos dois anos, se o kit de sobrevivência política que é a Junta de Pombal. A este último, terá muito tempo de fazer adaptação. É que com a maioria absoluta de Diogo na Câmara, cai por terra a ideia de o ver chegar-se ao topo concelhio daqui por 4 anos. Por isso, venham de lá as aplicações para gerir as ementas da escola dos nossos filhos, e a comissão de obras para Manuel Escalhorda. 

9 de outubro de 2017

Crescimento exponencial


Hoje atingimos 2 milhões de visualizações. Com base em algum histórico, é possível verificar que temos tido um crescimento exponencial. A este ritmo, atingiremos as 3 milhões de visualizações antes dos 11 anos. Obrigado a todos!

6 de outubro de 2017

A Oeste, o segundo derrotado

O conde do Oeste foi apeado. É o segundo e último grande derrotado (o primeiro lugar ninguém o tira a Narciso Mota). Do resto, dos que queriam muito ganhar, pouco mais há para assinalar. Sobrará, talvez, o dinossauro da Redinha; mas, convenhamos, não vale a pena relevar o que não tem relevância. E os outros, não perderam - só perde quem quer ganhar.
O conde do Oeste quis muito ganhar. Precisava muito disso para manter status, mordomias, divertimentos e a possibilidade de continuar a educar o povo. A sua derrota é o cisne negro no meio da onda laranja, que nem a “bondade” e a cumplicidade do príncipe, que não se poupou a esforços (9 Milhões de Euros) para manter aquele condado e aquele apoio, conseguiu evitar. E não foi por falta de obra feita: estradas, pontões, passeios pedonais, caminhos florestais, parques de merendas, saneamento, novos serviços, subsídios, eventos culturais, festas, arraiais, etc&tal; foi, simplesmente, pela vontade do povo - e o povo, quando quer, pode muito.
Bem pode o conde clamar injustiça; considerar que “pelos trabalhos realizados e pelos serviços aumentados é de gritante injustiça sermos tão injustamente votados”. Ou o seu ajudante-mentor lamuriar-se por o povo ter interrompido o reinado de “Homem sério, pragmático, capaz, isento, ponderado, empenhado, digno” que reinou “com isenção, equilíbrio, ponderação e empenho, num contexto de grande dificuldade e incompreensão”. O povo não achou isso. Em Democracia, o povo é soberano.
Bem podem - conde e ajudante-mentor - censurar o povo por ter entregado o poder a um rapaz inexperiente, incapaz, insensato; e anunciar, já e publicamente, a desgraça que se avizinha; e os sacrifícios que terão que fazer para “evitar o pior”; que o povo já provou que não se assusta com o demónio. Bem podem esperar sentados por uma redenção, que só Deus e os seus representantes na terra concedem, depois da morte. O povo não esquece, e não costuma absolver os sobranceiros que o tomam por ingrato e ignaro.

Laranja mecânica

Conforme aqui escrevi no início de Agosto, o PSD é a única força política capaz de ganhar eleições em Pombal. Para além do elevado profissionalismo da sua estrutura, os seus protagonistas são, de longe, os políticos mais bem preparados do concelho. Não era, pois, difícil de prever que Narciso Mota não só não ganharia as eleições como seria humilhado. Face a um projecto político esgotado e a uma equipa pouco credível, os Pombalenses não iriam permitir que velho galo voltasse ao poleiro.

O PSD teve uma vitória contundente e, diga-se em abono da verdade, merecida. Com uma máquina poderosa e eficaz, a laranja trucidou todos os seus adversários (até conseguiu pôr o Zappa a dançar ao som da Vânia Marisa). Se a oposição já era débil em Pombal, estes resultados não auguram dias melhores. Nunca o executivo camarário e a Assembleia Municipal foram tão mono-cromáticos!

As hostes do movimento Narciso Mota - Pombal Humano (NMPH) vão aperceber-se rapidamente (se é que já não se aperceberam) da fragilidade do projecto. Totalmente focado na personalidade do seu mentor - que apenas prometeu ser o mesmo  de sempre -, o movimento NMPH é demasiado inconsistente e, por isso mesmo, está condenado a muito breve prazo. Narciso Mota já veio dizer que aceita a vereação (o que só lhe fica bem), mas dificilmente conseguirá manter o compromisso até ao final. A máquina laranja irá fazer tudo para lhe infernizar a vida, muito à semelhança do que ele sempre fez com os seus adversários políticos. Nessa altura, os correligionários do movimento NMPH, órfãos de pai, irão a correr procurar abrigo junto da mãe que renegaram.

4 de outubro de 2017

Adivinhação jurássica

Não era preciso uma bola de cristal para saber que, de facto, isto poderia acontecer. Sicó tinha dois candidatos, considerados dinossáurios da política, que achavam que era simplesmente voltar e que a coisa estava garantida. Narciso até mudou o lema do betão para um lema mais humano, esquecendo-se que apesar do pessoal ter memória curta, os tempos são outros. Já Fernando Marques, e falando de Ansião, pensou igual, contudo nem sequer se deu ao trabalho de mudar o lema. Veio com os clichés do amor pela terra e coisas do género e o resultado foi uma estrondosa derrota, na medida que Ansião mudou de rumo após 4 décadas. É obra! A esta hora ainda deve estar a perceber o que correu mal e a apanhar os cacos do seu ego, que se esbardalhou ao comprido.
Mas comecemos pelo início, onde surge a sui generis jogada de troca de candidatos, saindo Rui Rocha e entrando Fernando Marques. Há uns 2 anos já tinha ouvido, em off, que esta troca iria ocorrer, portanto quando saiu a notícia, de forma oficial, no Jornal Serras de Ansião, há poucos meses, não fiquei minimamente convencido da história que lá vinha. Mais ainda sendo que aquele Jornal tem uma convivência muito próxima com o PSD de Ansião. Ou seja, e dito de outra forma, cantas, mas não me alegras.
Diria que caso esta troca de candidatos não tivesse corrido, a derrota poderia, eventualmente, ter sido evitada. Digo eventualmente porque o vencedor tem todo o mérito, e mais algum, e a vitória não foi simplesmente por demérito do PSD. Mas não, a ambição pouco realista de um dinossáurio da politica acabou por prevalecer, com os resultados agora conhecidos. Além de ter pensado que era garantida a eleição, Fernando Marques não se lembrou de que, tal como em Pombal, apesar do pessoal ter memória curta, os tempos são outros e, diga-se, o pessoal estava farto da coisa. Além disso houve quem, sendo ferrenho do PSD, não gostou da tentativa de regresso às lides de Fernando Marques, já com a imagem muito chamuscada, e, por isso, votou noutras candidaturas ou simplesmente não votou (como se pode ver pela baixa votação no CDS-PP, onde o pessoal poderia ter votado em substituição do voto no PSD).
Esta viragem, em Ansião, é muito positiva para o sistema democrático, já que, tal como a Associação Cívica Transparência e Integridade refere, “a perpetuação de líderes políticos fere a democracia local.
Sem renovação de lideranças não se formam novos quadros capazes de contribuir para o desenvolvimento dos municípios, geram-se Dinâmicas de entropia e falta de dinamismo, acentuam-se os vícios do poder na gestão dos recursos públicos, na prestação de contas e na transparência. Dilui-se o poder da sociedade civil em função da vontade do chefe.” Ou seja, com a eleição de um novo presidente da câmara, quebrou-se um ciclo deste género. E isto é fundamental para o futuro de Ansião e para o futuro dos concelhos limítrofes. Todos ficam a ganhar.
Quanto a Narciso Mota e a Fernando Marques, saíram pela porta pequena, sem glória e com os seus egos do tamanho de um berlinde. E, digo eu, merecem tal feito, pois fizeram por isso!. Podem agora dedicar o seu tempo a uma ou a várias das muitas associações desta nossa região, e às causas que defendem, já que o amor pela terra não é exclusivo da política. O pessoal agradece e, aliás, já lhes mostrou o caminho!
Farpas Convidadas: João Paulo Forte (Blogger: http://www.azinheiragate.blogspot.com/)

CDS, o partido do Sidónio

O CDS é, hoje, o partido do Sidónio; como já o foi do Guardado, do Abreu João, do Pessa, do Falcão... Ao contrario de outros, o CDS tem esta (in)capacidade de mudar frequentemente de figura, mas não muda de registo. Por isso, continua a ser um partido em busca de sentido, de clareza e de afirmação num terreno inóspito para flores de estufa.
O CDS – e não só - padece do mito de Sísifo, uma personagem da mitologia grega que foi condenada a repetir sempre a mesma tarefa de empurrar uma pedra até o topo de uma montanha, sendo que, cada vez que estava quase a alcançar o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida por meio de uma força irresistível, invalidando completamente o duro esforço despendido. A situação só não é idêntica porque o CDS não dá mais que uma volta à pedra, mas continua a executar a sua tarefa, de quatro em quatro anos, sem sentido e sem resultados. Um absurdo, mas o que é a vida, para a maioria, senão isso.
De vez em quando, o CDS - tal como outros – regozija-se por ter conseguido colocar a pedra no primeiro socalco da montanha. Mas mal se descuida, a pedra desliza para o ponto de partida. Foi assim em Abiúl: a uma vitória inesperada seguiu-se uma derrota impiedosa (3%).  
É tempo de os líderes políticos locais, e os candidatos a sê-lo, se consciencializarem que o poder se conquista com estratégia, organização e DISCURSO. O resto é empurrar a pedra.

3 de outubro de 2017

Assumir a derrota, é Claro



Passaram dois dias das eleições autárquicas e não se ouviu uma única declaração do PS sobre os resultados eleitorais que dizimaram o partido nas urnas do concelho de Pombal. O candidato à Junta, Aníbal Cardona, veio ontem agradecer aos que o apoiaram e nele votaram (e são mais 500, no caso, na freguesia de Pombal, quando comparados os resultados). 
De Jorge Claro não é conhecida qualquer mensagem. 
Vamos então a factos: o PS partiu para estas eleições como um condenado à forca. Arrastou-se pelo concelho sem qualquer mobilização, sem aquilo que é vital numa campanha - e que, por exemplo, no vizinho Ansião, foi decisivo para a vitória histórica: energia. Escolheu candidatos às juntas como quem vai ali fazer um solteiros-casados, entregando esse processo a quem pouco ou nada percebia dele. Não tem gente - poderão dizer. Porque não quer, digo eu. Ao longo dos últimos anos o PS foi votando ao abandono e ao desprezo todos aqueles que se aproximaram do partido em eleições autárquicas. Não falo daqueles que gostam de coleccionar camisolas, mas de tantos que tinham vontade (tão importante...) de fazer acção política. O PS fez sempre vista grossa a tudo o que aparecia de 4 em 4 anos, definhou por dentro e isso notou-se cá fora, contrastando com o crescimento que o partido foi revelando a nível nacional - pela primeira vez expresso também no distrito de Leiria, velho bastião laranja. Talvez embalado por essa onda, este ano, pela primeira vez em muitos, um grupo de jovens abeirou-se do partido para ressuscitar a JS. Deram-lhe o jardim do Cardal para encher, é claro que foi um fiasco e nunca mais se ouviu falar deles. Nesse dia, o candidato à Câmara foi ao palco discursar e não fez sequer uma referência à juventude que organizava a festa.
Neste último mandato, o PS não se mostrou oposição nem alternativa, optando por uma postura morna, sem levantar ondas (para isso já basta o Farpas...), aprovando quase tudo sem reservas, como quem quer passar entre os pingos da chuva sem se molhar. Acontece que o eleitorado (que vota, cerca de 50%) divide-se entre prós e contras. E dentro desse, havia um eleitorado fiel ao PS que foi desaparecendo, por não se rever na forma e no conteúdo. Basta olhar para os resultados e percebe-se bem para onde fugiu. Para quem achava que a entrada de Narciso Mota na corrida e a alegada cisão que provocou no PSD viria beneficiar o PS, aí está a resposta.

*foto: Pombal Jornal

2 de outubro de 2017

Aldeia gaulesa


Estamos no ano de 2017 depois de Jesus Cristo. Toda a Lusitânia está ocupada pelos Rosinhas. Toda? Não! Uma aldeia habitada por irredutíveis Clementinas resiste ainda hoje e sempre ao invasor.

Narciso, o regresso de um estranho


Há uma lição a retirar destas eleições, aplicada a todos (à excepção do fenómeno Isaltino, em Oeiras) os históricos que quiseram voltar ao poder: o povo não os quer; encara o regresso como oportunismo, e está mais sábio que nunca - porque sabe escolher exactamente quem quer para ocupar cada lugar. Até em Pombal, como ontem se viu. Narciso Mota não conseguiu convencer o eleitorado de que vinha por bem, ressaltando apenas o ressabiamento em relação a Diogo Mateus, ao "plano que não teve continuidade". E por mais que tenha razão - para chegar onde chegou Diogo assinou tudo de cruz, a vida toda, mesmo quando não concordava - o povo está pouco interessado em ajustes de contas. 
Narciso Mota sai desta eleição sem honra nem glória. Além da sua figura (que lhe valeu a esmagadora maioria dos votos, outra vez) não acrescentou valor à candidatura, e depois da divulgação da sondagem que o colocava longe da vitória, perdeu gás. Quando se esperava que fosse em crescendo, a divulgação da sondagem revelou-se oportuna para o PSD, que cavalgou a onda da maioria absoluta e deslocou para a vitória. Acreditamos que vai assumir o lugar de vereador no executivo e sujeitar-se à humilhação que Diogo não lhe poupará. Perdeu a guerra com o partido, perdeu o eleitorado que julgava ser-lhe fiel, o que deita por terra toda a propaganda de uma vida, a falar de um "concelho charneira, humanista e solidário". A água não passa duas vezes debaixo da mesma ponte. E o engenheiro devia saber disso. Fez péssimas escolhas nas freguesias, e ao longo da campanha queixou-se várias vezes do medo das pessoas em dar a cara, esquecendo-se que foi ele um dos grandes responsáveis por esse estado a que chegámos, em Pombal. Comportou-se como oposição, e foi assim que chegou aos três vereadores. Fica provado que roubou mais votos ao debilitado PS do que ao sobrevivente PSD. Em suma, é o grande derrotado deste combate.

D. Diogo, o vencedor

Diogo Mateus é o grande vencedor das autárquicas, em Pombal. O único! (as juntas não contam para este campeonato). Alguns dirão que também perdeu votos, e que a maioria absoluta ficou presa por pouco. Isso pouco ou nada importa. Em política, tal como na guerra, interessa mais as consequências da vitória do que a sua dimensão.
Uma maioria absoluta significa sempre a derrota dos outros concorrentes. Mas esta vitória de Diogo Mateus é mais do que isso: é a eliminação definitiva, ou por muito tempo, de todos os seus adversários.
Narciso Mota morreu em combate sem honra nem glória. Não deixa nada. O seu movimento, que era só ele, acabou.
O PS esfomou-se nas urnas, num dia radioso. Vai ser muito difícil encontrá-lo.
O CDS não existe e, mesmo que renasça, nos próximos anos não incomodará.
O PSD, a estrutura local, a via alternativa, teve o pior dos resultados. Vai ter que gramar com um Diogo forte, fica sem graus de liberdade.
Pedro Pimpão vai ter que ser presidente da junta, por muito tempo.
E Diogo Mateus poderá, finalmente, dizer e mostrar que “L` État, c`est moi”.

1 de outubro de 2017

A oeste, tudo de novo



Gonçalo Ramos, um rapaz da Mata Mourisca, ganhou esta noite a União de Freguesias do Oeste (Guia, Ilha e Mata Mourisca), conquistando (por si) a única Junta para o movimento criado por Narciso Mota. O ex-presidente da Câmara sai desta eleição pela porta pequena (deixamos para outros posts essa análise), mas crava uma lança dentro do PSD, num ponto nevrálgico do concelho. A nossa solidariedade a Manuel Serra - e ao seu escudeiro Manuel António, na expectativa de que tenha aprendido a lição: meias tintas é, para o povo, o sinónimo de troca tintas. 

Vira o disco e toca o mesmo

Enganei-me no palpite sobre o vencedor.
O PSD, com Diogo Mateus à cabeça, ganhou novamente as eleições com maioria absoluta.
Narciso Mota perdeu, e acabou politicamente.
O PS foi reduzido à insignificância - ao nível dos pequenos partidos (quando a nível nacional atingiu o melhor resultado de sempre).
O CDS não saiu da insignificância; tal como a CDU e o BE.
O resto foram epifenómenos.
O profissionalismo ganhou ao amadorismo.
Parabéns aos vencedores, honra ao vencidos.