Os candidatos às eleições de 29 de Setembro passeiam-se por estes dias pelas redes sociais como dantes se passeavam pela cidade, ou pelo largo da igreja ao final da missa de domingo. A presença nesses espaços é hoje vital para a sobrevivência e sucesso de cada um, pois que o paradigna da comunicação mudou. E não volta atrás. Disso, não restem dúvidas. Mas chega a ser confrangedora a falta de noção de como trabalhar esta área. Não basta pedir à mulher, ao amigo, ao homem-de-mão que "dê um jeito naquilo" e faça uns likes (gostos) nas publicações. A rede é um bocadinho mais do que isso.
Não raras vezes quem se senta atrás de um ecrã esquece-se de que está a falar em público, e por isso a ser avaliado pelo tipo de comunicação que faz. É notório quando não é o próprio a falar, como devia. Ou quando o próprio nem sequer ali anda, como se impunha. Isso sente-se do outro lado, que ninguém duvide. Criar uma página de um candidato no Facebook não é bem o mesmo que criar a página de uma empresa - em que qualquer um a pode actualizar- ou de uma colectividade.
Saltam a vista pela positiva exemplos de figuras como Paulo Fonseca (recandidato à Câmara de Ourém) ou Rui Rocha (de Ansião), para dar exemplos de concelhos vizinhos. Este último marca até horas para falar "em directo" com o eleitorado. Em Leiria, Gastão Neves também sabe desse importância, como Paulo Baptista, na Batalha. Têm presença (que não é de agora) na rede, movem-se nela. E sabem que é só um instrumento de comunicação, mas um instrumento importante. Conto muitas vezes a história de Raul Castro, em Leiria, cuja campanha acompanhei de perto há quatro anos. Estou convencida de que aquela vitória se ficou a dever em larga medida à comunicação profissional de quem a fez, e a outro factor fundamental: o homem queria mesmo ser presidente da Câmara. É preciso querer, primeiro que tudo.
Fazer concursos de likes é brincadeira de crianças, em matéria de comunicação, onde a mensagem é tão importante. Ou alguém pensa que os likes são votos?
Olhando para Pombal: isto seria cómico, se não fosse trágico.