O documento - Estratégia de Desenvolvimento POMBAL2030 - é uma enorme amálgama de banalidades, deturpações conceptuais, palpites e boas intenções para todos os gostos e feitios.
O despropósito maior está na audição de “Seis Personalidades Estratégicas do Concelho”, indicadas pelo doutor Pimpão, que ali foram debitar um conjunto de palpites e tontices que embrutecem a mais lúcida criatura. Quando as consagradas Escolas da Estratégia descobrirem este factor/constructo da FN WAY, designado “Personalidades Estratégicas”, terão de atualizar os seus manuais, e grandes pensadores como Sun Tzu, C. Clausewitz, M. Porter, H. Mintzberg, I. Nonaka, etc. serão engavetados.
Chega a ser angustiante ler os palpites, desgarrados e patéticos, que estas ilustres figuras debitaram para esquecimento. Ficámos a saber que a maioria nutre grande estima pelo Marquês, pelas virtualidades do mundo rural e da floresta e pelo potencial turístico do concelho. Uns dizem que “Pombal desenvolveu-se “à custa” da sua posição geográfica” e “tendo a sua localização como a melhor vantagem”, outro diz que “a proximidade a Coimbra, Leiria e Figueira da Foz coloca Pombal numa situação mais frágil/complicada”; um diz que “O crescimento de Pombal passa, sobretudo, pelo desenvolvimento económico e na criação de condições para que isso ocorra”, outro diz que “A ruralidade deve ser vista como uma das maiores potencialidades de Pombal, como um ativo gerador de riqueza”; um diz que “O concelho tem dificuldade em atrair grandes indústrias, não havendo um setor que se diferencie”, outro diz que se deve “ser seletivo no tipo de empresas que se localizam no concelho”; um diz que “Pombal deve competir com outros concelhos, sendo fundamental criar um ecossistema diferenciador”, outro diz que “Pombal não quer indústrias que geram emprego qualificado”; um diz que “Pombal é, muitas vezes, encarado apenas como um ponto de passagem, sem elementos estruturados que motivem a paragem para visitar”, outros dizem que “Pombal deve reforçar a aposta na componente intangível do turismo, ligada às experiências, aos momentos”, “potenciar experiências que transponham o verdadeiro valor das coisas”; um diz que “a aposta deve centrar-se no turismo à volta do mar”, outros dizem que se deve dinamizar eventos (Roteiro Pombalino; receitas do Marquês, recriações históricas) e que os “eventos culturais devem ser pensados para fora, para atrair pessoas”; uns dizem que “o concelho não oferece oportunidades profissionais que se coadunam com a sua formação” e “deveria aproveitar o talento”, outro diz que “Pombal precisa de mão-de-obra qualificada (cortador de carne, bons cozinheiros)”!
Numa terra onde é mais fácil entontar uma pessoa que torná-la sábia, ou pelo menos pensante, abandalha-se tudo. Se fosse para juntar ao embrulho umas personalidades da terra, teria sido melhor – mais vantajoso – ouvir, por exemplo, o Cura Vaz e o Graciano Ricardo - figuras relevantes na terra e perfeitamente alinhadas com o doutor Pimpão & C.ª. Com a enorme vantagem de o primeiro falar regularmente com o Senhor, o que poderá ajudar-nos a alcançar o almejado milagre; o segundo fala com muito povo, e do povo vem-nos o que nos faz muita falta: senso comum e bom senso.