8 de março de 2025

8 de Março - mais luta e menos flores



O Dia Internacional da Mulher passa hoje por Pombal sem que nada o assinale. Nada não: o presidente da Câmara - a mesma Câmara que aprovou um plano municipal para a Igualdade - distribuiu florzinhas por algumas mulheres. Se acaso se cruzarem com ele, peçam também chocolates. E não se espantem se vos chamar de princesas.

Era mais do que isto que se esperava do poder local, numa terra onde é ele quem mais ordena, onde há muito deixou de haver sociedade civil. 

Por isso mesmo merece vénia a iniciativa do Cineclube, que ao longo deste mês de março exibe, às quartas-feiras à noite (no pequeno auditório do Teatro-Cine) um ciclo com assinatura de mulheres realizadoras. 

Em nome de todas as mulheres que lutaram no passado pelos direitos conquistados, e das que lutam todos os dias pelo que falta conquistar, aqui fica um poema de uma das três Marias. Porque a luta continua, todos os dias.


Revolução e Mulheres


Elas fizeram greves de braços caídos.
Elas brigaram em casa para ir ao sindicato e à junta.
Elas gritaram à vizinha que era fascista.
Elas souberam dizer salário igual e creches e cantinas.
Elas vieram para a rua de encarnado.
Elas foram pedir para ali uma estrada de alcatrão e canos de água.
Elas gritaram muito.
Elas encheram as ruas de cravos.
Elas disseram à mãe e à sogra que isso era dantes.
Elas trouxeram alento e sopa aos quartéis e à rua.
Elas foram para as portas de armas com os filhos ao colo.
Elas ouviram falar de uma grande mudança que ia entrar pelas casas.
Elas choraram no cais agarradas aos filhos que vinham da guerra.
Elas choraram de verem o pai a guerrear com o filho.
Elas tiveram medo e foram e não foram.
Elas aprenderam a mexer nos livros de contas e nas alfaias das herdades abandonadas.
Elas dobraram em quatro um papel que levava dentro uma cruzinha laboriosa.
Elas sentaram-se a falar à roda de uma mesa a ver como podia ser sem os patrões.
Elas levantaram o braço nas grandes assembleias.
Elas costuraram bandeiras e bordaram a fio amarelo pequenas foices e martelos.
Elas disseram à mãe, segure-me aí os cachopos, senhora, que a gente vai de camioneta a Lisboa dizer-lhes como é.
Elas vieram dos arrabaldes com o fogão à cabeça ocupar uma parte de casa fechada.
Elas estenderam roupa a cantar, com as armas que temos na mão.
Elas diziam tu às pessoas com estudos e aos outros homens.
Elas iam e não sabiam para onde, mas que iam.
Elas acendem o lume.
Elas cortam o pão e aquecem o café esfriado.
São elas que acordam pela manhã as bestas, os homens e as crianças adormecidas.

(Maria Velho da Costa)

5 de março de 2025

Empréstimo de 10 Milhões – uma conversa tola sobre uma extravagância (II)

Nesta coisa do empréstimo, a oposição ajudou à festa – fez de bobo da festa. Andou três anos a propor/incentivar o dotor Pimpão a endividar a câmara, e agora, quando ele avançou com um empréstimo bancário de 10 milhões de euros, votou contra. 



Em política, quando não há rumo todas as encruzilhadas são uma partida e todas as passadas são ariscadas. Há muitos anos, expliquei a algumas daquelas criaturas que actualmente representam o PS que uma verdadeira oposição faz oposição: centra-se na sua missão, não na do poder - centra-se unicamente nos fins e não nos meios. Mas esta oposição não quer ser vista como oposição. Quer ser parceira: colaborar, recomendar e ser reconhecida pela postura positiva - tanto do agrado do dotor Pimpão & C.ª. No empréstimo, tropeçou nas suas contradições congénitas e acabou a fazer trapezismo político. É…, mas não é a favor do empréstimo. Quer dar mais dinheiro ao dotor Pimpão, para as suas extravagâncias, mas é contra o empréstimo para aquelas finalidades – e para todas aquelas que não sejam as suas. 

No final, o arraigado populista desafiou-os a irem à ETAP e às freguesias assumir que são contra as suas benfeitorias. Já foram à ETAP.

3 de março de 2025

Empréstimo de 10 Milhões – uma conversa tola sobre extravagâncias (I)

O assunto mais relevante da recente Assembleia Municipal foi a discussão e aprovação de um empréstimo bancário de 9854000 €, pela Câmara Municipal de Pombal.



Depois de estourar as poupanças herdadas e de colocar as contas no vermelho, com 3.6 milhões de euros de prejuízo, e a tesouraria em ruptura, o dotor Pimpão precisava de mais dinheiro para as suas extravagâncias. Por conseguinte, o empréstimo só surpreende no montante, não na sua aprovação, garantida à cabeça qualquer que fosse o montante ou finalidade. Daí que o executivo não tenha gastado tempo nem palavras para o justificar - limitou-se a indicar umas medidas meio-tontas ou sem necessidade de financiamento. Mas a realidade é outra: o dotor Pimpão precisa das contas bem recheadas para poder gastar à-vontade nas festas,  benfeitorias de fachada  - que também dão festa - e negócios ruinosos.

Nas questões de governação, a pior coisa que se pode fazer é meter dinheiro, em abundância, nas mãos de um desgovernado. Mas como o dinheiro não é deles - é nosso - a maioria fez o favor ao menino. E a oposição ajudou à festa, como é da sua natureza… 

As acções dos homens (e das mulheres) são danosas quer pela ignorância, quer pelos maus desejos. Neste caso, é pelas duas coisas. A prenda vai-nos sair cara – preparem-se para a subida da factura da água. A felicidade tola traz sempre enormes custos.

1 de março de 2025

Dona Durvalina desmascara dotor Pimpão&C.ª

A dona Durvalina tem feito carreiro para a câmara, na sua cadeira-de-rodas, atrás dos problemas que a câmara somou aos muitos que a vida lhe destinou. Mas não desiste. A cada promessa incumprida pelo dotor Pimpão&C.ª mais uma insistência.
Anteontem, na reunião do executivo, fez a única intervenção que valeu a pena ouvir. Ela sabe falar – tem patoá, como se dizia antigamente lá na minha aldeia de quem sabia dizer as coisas – e fala do que sabe com a dose de convicção e de emoção certas.
Com tanta figura unicamente decorativa naquela reunião, valia a pena pensar em dar assento à dona Durvalina naquele fórum.

Como os partidos estão com muita dificuldade para arranjar candidatos, daqui recomendamos a dona Durvalina. Estou certo que faria melhor que muitas almas perdidas que ali tomam inutilmente assento. Na oposição faria um figurão.