"Lá se passaram aqueles tradicionais dias de festa, que este
ano foram dias de festa…pobre, tendo custado dinheiro de festa rica.
Missas e sermões; sermões e procissões; novenas e foguetões;
fracas iluminações e que nos conste com fartura nada mais nestes dias de tantas
expansões.
O Bodo de Pombal! Quem o viu e quem o vê!
Quem o viu nos tempos em que havia gosto e se primava por em
tudo o demonstrar.
Quem o viu nos tempos em que havia amor à terra, superior ao
mercantilismo, e o que se vê agora! Que diferença!
As ornamentações, …, e aquelas iluminações pobres, a tantos
riais por hora, meticulosamente calculados, não vá haver desequilíbrio
orçamental! – sem se ter pejo de tanta gente notar que isto é pobre de mais
para uma terra como a nossa, é tudo quanto lhe queiram chamar, menos Festas do
Bôdo, menos ornamentações de uma festa anual, numa terra onde há civilização.
Cremos que é esta a opinião geral e registámo-la fazendo éco
com o nosso protesto, dos protestos dos outros.
Pombal exige que melhor o honrem e que tanto o não alvitrem.
…
É preciso que se diga isto, e nós dizemo-lo com a hombridade
que usamos, para que nesta terra de pessoas medianamente inteligentes, nem
todas finjam ou sejam comidas por tolas.
…
De resto, lá pela igreja creio que houve festarola rija
também: as procissões estiveram em beleza a rivalizar com as ornamentações, e
de tanta pobreza franciscana – e esta é a melhor impressão, alguns cobres
correram para as gavetas dos comerciantes locais que, como de costume, - eles e
o ornamentador – tiveram uns prejuízos tão grandes que não podem fazer a festa
pró ano..."
Em “O Imparcial”, 1919, por A. S. S.
Um século passado, uma revolução e a liberdade; e parece
mentira como regredimos tanto no que se refere a jornalismo local independente,
mordaz, bem escrito - e não só.