27 de fevereiro de 2017

O Carnaval em Pombal


A vida são dois dias e...o Carnaval (em Pombal) são apenas umas horas. A imagem é de sexta-feira, registada às 11h30, e retrata o momento em que, prontamente, os serviços da Câmara varrem das ruas os vestígios do que resta do Carnaval na cidade: um desfile apressado das centenas de crianças que pais e escolas vestiram a rigor. Algumas escolas esforçaram-se muito na indumentária, dando ênfase à nobreza, como manda o figurino. E depois, foi um ar que se lhe deu.
Talvez esta imagem diga muito sobre o que somos, por cá, por contraste com os concelhos à volta: Ansião, Figueiró dos Vinhos, Batalha, Alcobaça (sem falar da super potência que é a Nazaré) proporcionam aos seus e aos outros dias de folia, desfiles e bailes. Noutro tempo, Pombal entrava nesse mapa. A crescente formatação do lado institucional da vida foi ganhando peso. Deixamos tudo por conta da Câmara, da Junta, da Instituição. Falta-nos sociedade civil que se envolva e participe. E que seja um bocadinho exigente, até consigo mesma. Anos e anos de subsidiodependência entre as colectividades acabaram com o gene da iniciativa, da ousadia. Resta-nos então o Carnaval de Abiul, que ontem desfilou entre as obras da vila, a mostrar que o que faz falta é animar a malta. Um bom exemplo do que dizia Zeca Afonso: "temos é que ser gente, pá".

25 de fevereiro de 2017

A malta gostava de saber o que vão fazer ao Narciso Mota

Atacar Narciso Mota pelo lado da (falta) transparência é uma má escolha. Já que, para político, é, até, transparente demais - toda a gente sabe o que vai fazer; às vezes, antes, até, de ele o saber.
Narciso Mota já tinha esclarecido que era sua vontade manter-se como presidente da assembleia. Logo, a sua continuidade no cargo depende da posição da bancada maioritária do PSD - partido que o indicou aos sufrágios.
Em Democracia, cada um assume as suas atribuições e responsabilidades. Narciso Mota, mal ou bem, já assumiu as suas. Cabe agora, à maioria que o elegeu assumir as suas.
É estranho que, estando o líder do partido – Pedro Pimpão – na assembleia, tenha sido o independente João Coucelo a questionar a legitimidade de Narciso Mota pela quebra de solidariedade em relação ao partido. Igualmente estranho que os/as grandes apoiantes de Narciso Mota presentes na AM se tenham limitado a assistir, impávidos e serenos, ao ataque a Narciso Mota.

Diogo Mateus lembra que os subsídios “compram” votos

Discutia-se a atribuição de mais um subsídio à Comissão Fabriqueira da Igreja de Pombal. O vereador Jorge Claro anunciou que PS votava contra. Logo Diogo Mateus lembrou, com aquele sorriso cínico: - vota contra! Muito bem. ...Os (seus) votos sobram para alguém.
E a reunião lá prosseguiu no registo do “chá das cinco”, que nem o tema do CIMU da Sicó – o maior desastre político das últimas décadas - alterou.

22 de fevereiro de 2017

A Realidade da Obra do Regime

Quando se junta voluntarismo e megalomania à cegueira e surdez, o caminho para o desastre está traçado.
O Centro de Interpretação e Museu da Serra da Sicó (CIMU SICÓ) é um desastre completo: conceptual, arquitectónico, paisagístico, construtivo, económico, etc.
A obra foi lançada no final de 2014, com um orçamento de 2,139 MEuros e um prazo de construção de 360 dias. A 29 Janeiro 2014, Diogo Mateus disse que a obra deveria “estar pronta e a funcionar em 2015”. Está parada há mais de um ano, no estado de abandono que as imagens mostram.
A obra é um desastre conceptual porque nunca teve um conceito claro estabelecido - servia para quase tudo, e o que serve para tudo não serve para nada. É um desastre arquitectónico porque não obedece a um conceito claro, está mal implantado – dizem, agora, que houve um erro de projecto - choca e desfigura espaço e a paisagem envolvente. É um desastre paisagístico porque, para além de ferir a paisagem, encobre a serra, que tanto se propunha valorizar. É um desastre construtivo porque, nos moldes actuais, não o conseguem construir: a câmara porque não sabe o que construir - não sabe o fim a que se destina e também não consegue encontrar conteúdos para lá colocar; e a construtora porque não tem orçamento suficiente. É um desastre económico porque, se for concluído, vai exigir elevados custos de funcionamento e manutenção, e não gerará receitas significativas.
Chegados aqui, com uma boa parte do orçamento consumido e com três quartos da despesa por fazer, o que fazer? Assumir o erro. Demolir. Responsabilizar. Penalizar.

Câmara rica, concelho pobre

A mensagem passou ontem: 

"O presidente da Câmara de Pombal, Diogo Mateus, não escondeu hoje a sua satisfação pela aquisição dos terrenos da Quinta do Casarelo, no centro da cidade. São seis hectares de terrenos, avaliados em cerca de cinco milhões de euros, e pelos quais o município deverá despender cerca de 65 mil euros. Uma operação que permitirá ao município “desenvolver uma nova cidade”, e disponibilizar espaços para que, essencialmente os jovens casais, possam construir as suas casas com custos controlados. Ontem, em conferência de imprensa, o autarca social-democrata explicou que o negócio foi efectuado no âmbito de uma hasta pública promovida pela Autoridade Tributária, executando, assim, a empresa proprietária dos terrenos, localizados na zona envolvente ao Castelo da cidade e mercado municipal."

Tudo o que se pudesse dizer agora sobre tamanha façanha, seria obsceno. Houve um feito maior neste mandato de Diogo Mateus, um mérito que ninguém lhe pode negar, a ele e (especialmente) ao seu gabinete: a facilidade com que qualquer linha de propaganda é transformada pelos mensageiros em notícia, sem enquadramento dos factos nem qualquer réstia de memória. E tudo ao preço de likes, sorrisos, e pancadinhas nas costas. Ou talvez não.

A Obra do Regime

O Centro de Interpretação e Museu da Serra da Sicó (CIMU SICÓ) foi apresentado ao concelho e à região como a grande obra do regime. A maquete, as imagens 3D, os objectivos, as valências e as virtualidades do projecto demonstravam a visão, o arrojo e a capacidade de transformar pedras em rosas, e ouro. O projecto colocaria Pombal, não onde está, no centro do país, mas no centro do mundo. Seria uma atracção mundial para cientistas, investigadores, projectistas, desportistas, turistas, etc.
O projecto resultou – disse-o Diogo Mateus – de “muitas horas de reflexão” (o mal esteve aí – digo eu). Foi concebido com tal polivalência que: “promoveria o desenvolvimento e de valorização regional e local”; “divulgaria o conhecimento associado ao património natural, cultural e científico”; “facilitaria a divulgação e a sensibilização ambiental”; “promoveria e apoiaria o turismo de natureza e a divulgação do desporto de montanha"; “facilitaria visitas e/ou estadias de grupos e fomentaria a realização acções de conservação da natureza, da biodiversidade e da paisagem”; seria a base de um futuro geoparque na Serra de Sicó”; “alojaria uma delegação do Centro Ciência Viva”.
O CIMU SICÓ seria, como nos disseram e se vê na figura, a última maravilha na Terra - uma espécie de Bênção-Divina sobre Pombal - que nos daria tudo o que nunca tivemos e ninguém imaginou – salve Diogo Mateus - “assente em princípios de sustentabilidade ambiental e económica”; com “um carácter de inovação e demonstração em áreas como a eficiência energética e passividade térmica"; “o armazenamento e reutilização de água”; “a integração paisagística e a recuperação ambiental da área envolvente".
E tudo isto no prazo de um ano, a contar do final de 2014, por uns módicos 2,139 MEuros.
Contei-vos o sonho. Falta contar-vos a realidade. Desfrutem antes do pesadelo.

21 de fevereiro de 2017

A igreja não é da Igreja


A decisão de substituir versus requalificar a escadaria da igreja de Abiúl não pode ser deixada, exclusivamente, ao padre e a comissão fabriqueira. Formalmente, a igreja é da Igreja; mas, na realidade, é dos abiulenses – construíram-na e existe para eles.
Há ainda outra razão para não deixar a decisão nas mãos do padre e da comissão fabriqueira: não são eles que pagam as obras; e quem paga deve, no mínimo, participar e ter peso na decisão.
Por fim uma nota para a câmara: não deve pagar uma obra que não é sua nem de outra entidade do Estado, e que não é consensual na comunidade.

17 de fevereiro de 2017

Good News


As obras de requalificação da sede de Abiúl pararam.


Às vezes, é melhor dar um passo atrás, para dar dois em frente, mais seguros.

Não desbaratem os 500.000 €

Na sede de Abiúl tudo exige qualificação: Coreto, Lavatório, WC, espaço, via, …
O Coreto é o elemento mais desqualificador e disfuncional daquele espaço. Surpreende, portanto, que o projecto contemple, unicamente, uma “(re)pintura e reparações diversas, necessárias à sua manutenção”. Prova evidente que o projecto não visa qualificar o espaço, mas simplesmente embelezar a coisa.
O Lavatório poderia ter algum valor sentimental para as pessoas da zona, mas era inestético e démodé. A opção tomada acumula três erros:  refaz o que não tinha valor nem função, coloca-lhes uma pala aberrante e compromete a forma e funcionalidade do WC.
A opção para o Ecoponto é ruim – mais um exemplo de que não se quis qualificar a vila. Deveriam ser enterrados - não se percebe a resistência do Presidente da Câmara a esta proposta.
A solução junto ao Cruzeiro é discutível – gosto e funcionalidade duvidosa.
As lajetas de granito na via, como alternativa ao asfalto, são uma solução aceitável. Já a redução da via e os lancis elevados nas curvas são opções disfuncionais e inseguras.
Em resumo: muito dinheiro, pouco benefício e muita falta de criatividade. 

16 de fevereiro de 2017

Por favor, não destruam património identitário valioso

O projecto de requalificação da sede de Abiúl parece ter sido feito com os pés: desqualifica o que qualifica, e mantém o que desqualifica.
O erro maior está na demolição da escadaria da igreja e construção de uma nova escadaria, menor, assimétrica, com pedra nova talhada a régua e esquadro. O edifício/monumento que mais qualifica a vila histórica é a igreja; apesar de já ter sido alvo de outros atentados. Há pouco tempo atrás, rebocaram as pedras das colunas da fachada porque acharam que lisas ficavam melhores. Entretanto removeram-no, e sobrepuseram pedra trabalhada nas colunas e na porta, porque alguém deve ter alertado que o reboco era um escarro na fachada da igreja. Corrigiram parte do erro, mas a traça primitiva foi-se. Felizmente, não se lembraram de substituir a laje muito gasta da porta principal - salvou-se um elemento traça primitiva da fachada.
A demolição da escadaria e sua substituição por uma escadaria de pedra trabalhada é um crime ao património arquitectónico de Abiúl. É verdade que a escadaria actual necessita de intervenção: está desnivelada, com fissuras e com muitos remendos de argamassa fruto de atentados anteriores. Mas uma coisa é reabilitar a escadaria, respeitando o carácter arquitectónico do edifício e do espaço envolvente, salvaguardando a traça primitiva e a imagem do edifício e da praça; outra, bem diferente, é edificar uma nova escadaria que destrói inevitavelmente património muito antigo.

15 de fevereiro de 2017

E o povo, pá!

O projecto de requalificação da sede da freguesia de Abiúl, em execução, retrata na perfeição o estilo de exercício do poder que temos na câmara: voluntarista, arrogante, surdo.  
Voluntarista porque avançou com o projecto quando e como quis; sem articular a intervenção com a junta.
Arrogante porque faz como quer, contra a vontade da população e dos seus legítimos representantes. Na sessão de apresentação do projecto, a população e a junta mostraram discordância em relação às soluções propostas. Presente na sessão, Diogo Mateus fez-o-número habitual: prometeu introduzir correcções no projecto, mas não o fez - manteve tudo igual.
Surdo porque não ouve, ou só ouve quem quer. É inadmissível que ignore a junta - legítima representante da população.
Resultado: o projecto é mau, está a provocar muita contestação, vai obrigar a alterações e sobrecusto da obra. Por este andar, perder-se-á uma oportunidade para requalificar a sede da vila e desperdiçar-se-á meio milhão de euros (ou, pelo menos, parte deles)

14 de fevereiro de 2017

D. Diogo, o conquistador

                                          Foto: Município de Pombal. Esta terça-feira, em Vila Cã, o engº Abel parece apontar o caminho

Desfeitas as dúvidas, é certo que Diogo Mateus não vai a lado nenhum. Fica em Pombal, onde disputa, nas próximas autárquicas, as eleições da sua vida: é a primeira vez que pode assumir a desforra com Narciso Mota, vingar-se de todas as vezes em que comeu e calou, até chegar à presidência da Câmara, em 2013. Dessa vez, ainda foi agarrado à imagem do "mestre". Usou-a nos cartazes, dando ideia de que estavam unidos para sempre. Quando naquelas eleições de 2001 se candidatou à Junta, não podia assumir a ruptura. E poucos saberão que o fez por instinto de sobrevivência, já que Narciso o deixou de fora da lista à Câmara. Desta vez, preparem-se para o pranto e ranger de dentes.
Na reunião da comissão política concelhia do partido, ontem à noite, já se definiu alguma coisa, mas o órgão continua por aprovar a (re)candidatura.O actual presidente da Câmara vai esticar essa corda até ao limite. Estratega, como só ele, há-de deixar todos os pares na dúvida, quanto a nomes e lugares a ocupar. Na próxima sexta, a Assembleia de militantes há-de confirmá-lo.
No meio desta novela há outra certeza: Pedro Pimpão não tem (outra vez) lugar na lista de Diogo. Mas continuamos a ter candidato, nem que seja à Junta de Freguesia de Pombal. Assim teria tempo para se afirmar localmente como advogado, fazer teatro à sexta, correr ao sábado, ir à bola ao domingo. E para fazer o caminho necessário até à Câmara, de permeio. Fica a dica.

O falso associativismo

O nosso associativismo está infestado pelo falso associativismo - uma praga que se propaga de associação para associação, mais rápido do que a praga dos gafanhotos, se enraíza melhor do que as ervas daninhas, causa mais dano do que o pior dos parasitas. É uma praga que ataca mais as associações importantes - com potencial para gerar receitas - do que as pequenas associações.
A Associação dos Industriais do Concelho de Pombal (AICP) foi atacada pela praga do falso associativismo. Se a AICP tivesse como missão servir unicamente os seus associados e não fosse financiada por dinheiros públicos, a enfermidade era um problema dos industriais de Pombal. Não é o caso.
As associações de industriais são, em qualquer concelho deste país com alguma tradição industrial, entidades influentes e respeitadas, lideradas por industriais com obra feita, que muito contribuem para o crescimento local e regional. A AICP é o oposto do que deveria ser. Foi tomada por profissionais do associativismo - não-industriais e algumas muletas - que cirandam de associação para associação: Consultores, Formadores, Contabilistas, Advogados, Enfermeiros, Agentes de Seguros, Comerciantes, Reformados, etc.
Os Industriais associados da AICP são responsáveis, por acção e inação, pelo estado da associação. Não lhes basta criticarem os dirigentes, actuais e anteriores (a doença é antiga), em surdina; e assumirem, em privado, que não se revêm na associação.
E uma pergunta: todos os membros dos órgãos sociais da AICP assumiram a candidatura? (Ou foi como nas eleições para a Associação dos Bombeiros Voluntários de Pombal?)

12 de fevereiro de 2017

Muita parra, pouca uva


Diogo Mateus não se cansa de apregoar os méritos da parceria que a Câmara Municipal de Pombal tem com a Associação EPIS - Empresários Pela Inclusão Social. De tempos a tempos, lá surge um comunicado a referir as maravilhas do programa. 

Sejamos sérios: alguém conhece os resultados de tal parceria? Talvez a culpa seja minha, mas até agora ainda não vi nada de concreto. E quanto ao envolvimento dos pais: é verdade que colaboram efectivamente no projecto ou estão lá apenas porque ficam bem na fotografia?

Como professor e pai, sou o primeiro a aplaudir tudo o que de sério possa ser feito pela promoção do sucesso escolar. Se for essa a vontade dos senhores empresários e da autarquia, trabalhem com descrição e eficácia. Não gastem energia e dinheiro em propaganda oca. Vão acabar por matar uma ideia com potencial a brincar à caridadezinha.

Dissemelhanças

O PSD local sofre de dores de enfartamento, provocado pelo excesso de candidatos - tem três em campanha.

A oposição faz dieta - faz da inexistência modo de vida - e espera que o adversário pereça do enfartamento. 

8 de fevereiro de 2017

E o candidato do PSD em Pombal é...

A novela autárquica segue a bom ritmo com um novo capítulo: "Tendo tido conhecimento da desvinculação do PSD do ex-militante Narciso Mota, a Comissão Política Distrital de Leiria do PSD retira a confiança política de todos os cargos que exercia e reforça toda a solidariedade para com a concelhia de Pombal na preparação do processo eleitoral autárquico". Era o esperado, e era o mínimo, à luz das obrigações e deveres partidários. Mas como nem tudo é normal em Pombal ocidental (nem oriental), estranham-se alguns contornos destes caso.
1. Por que razão é a comissão política distrital a retirar a confiança dos cargos que são ou advêm do concelho? 
2. Quem assina o envio do comunicado é Pedro Pimpão, enquanto "secretário da comissão política distrital". Estamos a atirar a pedra e a esconder a mão? 
Não era a concelhia que deveria exercer essa responsabilidade?
3. É bizarro o atraso na apresentação da (re)candidatura de Diogo Mateus. A não ser...que Diogo Mateus não seja o candidato do PSD. Note-se que, até à data, não há uma palavra do próprio que indique essa disponibilidade, e crescem rumores de que poderá estar de abalada de Pombal. Na verdade, não se levantou a vaga de fundo que era esperada num caso destes. Na Rua dr. Luís Torres fazem-se comunicados com os dentes de fora e tiros nos pés; na Bidoeira faz-se uma coisa insipiente apelidada de comunicado. É como dizia o outro: "se não tens nada para dizer, não digas". Mas neste particular, Narciso Mota terá muito para dizer - a começar pela lista de empregos que arranjou ao longo de 20 anos aos que agora cospem no prato onde comeram. Porém, os telhados de vidro nunca foram boa cobertura...
Esperamos para ver se o PSD local será consequente com tamanha valentia escrita, e propõe a demissão de NM da presidência da Assembleia Municipal.


7 de fevereiro de 2017

Politiqueiros da insegurança no IC2

O título do Diário de Leiria soa a alarme: “Pombal: autarcas fazem ‘ultimato’ para exigir obras no IC2”. A notícia reforça o toque a rebate: “as juntas e a câmara municipal deram um prazo, até final do mês, à empresa Infraestruturas de Portugal (IP)…. Caso contrário, estão dispostos a encetar uma “luta” com marcha lenta e outras iniciativas de “maior força””.
O deputado Pedro Pimpão – o grande reivindicador das obras – afirma que é “uma causa que nos une a todos”. Não lhe passei procuração para falar por mim. Compreendo-o, e não o censuro por me incluir no molho: é um exageradão, vive da ressonância.
Não nego que o IC2, nomeadamente no troço que atravessa o concelho, precise de obras. Todas as estradas, todos os anos, precisam de obras. Nego é que seja insegura (ou, melhor dito, menos segura que o resto da via) e que seja o grande problema de Pombal (temos tantos, infelizmente) ao ponto de exigir um toque a rebate.
Utilizo o IC2, todos os dias, no troço Pombal – Leiria. Considero-a uma via segura e relativamente fluída para o volume de trânsito que a procura. Podia ser mais segura? Podia. Mas mais segurança implicará, sempre, perca de outras valências. Podia ser mais rápida? Podia. Mas maior rapidez acarretará, sempre, mais dificuldade de acesso. Tenho muitas dúvidas que as populações que vivem nas imediações da via desejem limitações no acesso e no atravessamento da via. E sejamos sérios: mais segurança obrigará a isso. As recentes alterações no IC2 têm dado primazia total ao veículo automóvel; e, por vida disso, a colocação de separadores centrais, forte redução do número de acessos e cruzamentos, e proibição dos motociclos e bicicletas. 
Uma intervenção profunda no troço que atravessa o concelho, dando primazia total à segurança, não é uma prioridade para o concelho, e tenho muitas dúvidas sobre os seus benefícios globais.

5 de fevereiro de 2017

O estranho caso da ADAC

A Associação Desportiva e de Acção Cultural da Charneca comemorou este fim-de-semana 42 anos. Casa cheia, música made in Pombal, um misto de várias gerações que insistem em rever-se na emblemática colectividade da periferia. É ali que as bandas continuam a ensaiar, é aquele o palco que Pombal continua a ter para mostrar muito do que aqui se faz. Como se fosse preciso, de quando em vez, beliscar-mo-nos para perceber que "estamos vivos" - expressão perfeita utilizada, amiúde, pelo vocalista de uma banda que veio de Braga. 
Na noite de sábado, 4 de Fevereiro, não havia entidades oficiais nem selfies politiqueiras no salão da ADAC. Mas havia todo o talento dos irmãos Jaca, da Catarina, do João, da Iolanda ou do Calika, que a partir de Londres continua a organizar eventos assim, e a fazer-nos acreditar num final feliz para este filme. O talento dos The Hecklers e dos Quinta-Feira 12. É gente que não figura nos cartazes das festas do Bodo, que não é presença regular nos eventos municipais, mas que faz andar uma cidade e um concelho, que escreve o nome da terra no país inteiro e fora dele. Que enche o peito a dizer "obrigado Pombal!"
Foi bonita a festa, pá. Terminou com uma exibição de vários pares de automóveis da GNR, numa declarada caça à multa, em todas as ruelas da Charneca que desaguam na cidade. É tão valente exercer a autoridade de madrugada, nos becos alcatroados de fresco (iupi!) junto de perigosos espectadores dos concertos da ADAC...é talvez a prova da grandeza daquela carismática aldeia, que olha lá de cima para o Cardal. Saúde!

3 de fevereiro de 2017

O respeitinho.


Esta semana ficou marcada pela agressão de um professor a um aluno, na escola Marquês de Pombal. Aconteceu tudo numa aula de substituição, essa artimanha do sistema que mantém os meninos na sala, quando um professor falta, aos cuidados de outro qualquer, em vez de os deixar brincar - para o bem de todos.  Os factos foram descritos pelo irmão do miúdo agredido, no facebook, num post partilhado centenas de vezes por amigos, conhecidos, curiosos da comunidade. Ainda bem que foram: num tempo esquizofrénico como este, a rede (que tantas vezes é um pelotão de fuzilamento) tem esse lado libertador, de democratizar o acesso ao público. E isso para mal dos pecados de quem acha que tudo se resolve dentro de quatro paredes, com os panos quentes do sistema, que abafam todos os males - sobretudo os/dos maiores. Não faltaram moderadores furtivos, nem justificações diversas para o injustificável. De todos os argumentos e tentativas de apagar o sucedido - alguns podem revelar-se eventualmente chocantes, como entidades legalmente superiores sugerirem primeiro o silêncio cúmplice, e mais tarde a retirada do post do facebook. Neste particular, uns e outros vivem ainda noutro século, sem perceberem que nada se apaga: uma vez na net, sempre na net. 
Mas à distância dos dias, o que fica é a questão de fundo: tal como no flagelo da violência doméstica, não perdemos a mania de fazer de conta que não existiu, e pior - somos fartos a arranjar justificações para um adulto que, dentro de uma sala de aula, leva uma criança a fazer xixi nas calças. 
"O meu filho quase ficou numa cadeira de rodas e ninguém fez nada", desabafou um pai, por estes dias, no facebook, aludindo a uma história do passado recente. Só há uma maneira de alguém fazer alguma coisa: Falar. Escrever. Destapar. Ou ainda há dúvidas?

2 de fevereiro de 2017

Tiros na água

Antes dos jogos de computador, a malta entretinha-se muito a jogar batalha naval. Por estranho que pareça, o gozo maior do jogo nem era ganhar, mas responder ao adversário: ÁGUA - que significava um tiro na água.
O PSD local parece ter perdido a pontaria – só dá tiros na água. Mas o problema não é só de falta de pontaria ou de ponto-de-mira mal calibrado; é mais grave: é do tipo de munição.

Nos últimos tempos, bastava ao PSD dar uns tiros para o ar que toda a passarada batia asas e se refugiava. Agora o PSD enfrenta um adversário muito diferente - que gosta de dar o peito às balas - e que todo o eleitorado conhece muito bem – qualidades e defeitos; méritos e deméritos. É uma nova realidade, muito mais complexa.