29 de outubro de 2010

Apparatchiks no seu melhor

Carlos Lopes, ex-deputado e actual chefe de gabinete do Governador Civil, é o estereótipo acabado do actual militante partidário de sucesso. Rapaz sem grandes qualidades chega a Chefe da Divisão Administrativa e a Secretário do Presidente da Câmara de Figueiró do Vinhos e, depois de passar pela incubadora de apparatchiks que é Federação Distrital, a Deputado da Nação. Empurrado para candidato à Câmara de Figueiró dos Vinhos - de onde é natural e muito conhecido – sofre derrota esmagadora. Como prémio de consolação abriga-se/abrigam-no a Chefe de Gabinete do Governador Civil de Leiria. Entretanto é denunciado e caçado pelo Ministério Público que o acusa de 23 crimes, dos quais 19 são de corrupção passiva, sendo suspeito de prometer obras a troco de dinheiro para o partido.
Mais palavras para quê? A vida nos partidos faz-se disto e com isto! De vez em quando um ou outro, dos menos dotados de manha, acaba, felizmente, nas mãos da justiça.

PS: Ninguém espere que a criatura se demita do cargo de nomeação política que ocupa no governo civil, nem que quem o nomeou o faça. Falta-lhes vergonha.

Dois em um

Para quem (como eu) refere com frequência o marasmo cultural da cidade, não pode deixar de assinar a presença de dois nomes notáveis da cultura portuguesa, no próximo Sábado, em Pombal: João Tordo, às 18h, na (incontornável) K de Livro e Bernardo Sasseti e Orquestra das Beiras, às 21h30, no Teatro-Cine.

21 de outubro de 2010

O serviço público em modo de blogue

Com a devida vénia, aqui fica mais um importante contributo do 31 da Armada, esse blogue que merece os nossos respeitos.

O CDS anda aí

Estranhei, com verdadeira estranheza, a ida de Assunção Cristas à AICP, noticiada pelo modelo único da imprensa da terra, na semana passada.
Depois de auscultadas diversas informações, parece certo que o CDS está de volta. Agora sim, percebe-se o (re)nascimento da Juventude Popupar, que veio a público no verão. Diz que o motor continua a ser Eliseu Ferreira Dias. E que a alavanca se chama, neste caso, José Guardado (antigo camarada das lides jornalísticas).
Fontes bem colocadas, usam mesmo a expressão "fortíssimo!", para definir o estado em que se encontram os contactos. Pois. É bom que sim, porque a malta tem de se entreter com alguma coisa.

15 de outubro de 2010

Na Agenda

Temos Tasquinhas novamente este fim-de-semana. De destaque, para mim (que não pude estar presente na inauguração - mais uma para o livro de ponto), a apresentação multimédia do projecto do Castelo, o roteiro turístico de Pombal e o folheto bilingue sobre o Museu do Marquês de Pombal. Sábado haverá tempo para ver in loco essas três novidades. Sobre o projecto do Castelo cheira-me que só mesmo em multimédia é que aquilo fará sentido (a história de não construir em zona non aedificandi, os belíssimo passeios, o rebordo a betão, enfim, um must de 3 milhões de euros - nem todos do município, atenção - o qual não acredito que se traduza numa mais-valia. A ver se a integração na RCMM pode colocar algo dentro do Castelo que possa justificar - sim, os Templários, podem servir para isso, num pequeno núcleo museológico com base também, aí sim, em multimédia). Já o roteiro turístico desperta-me curiosidade, querendo crer que é um trabalho que identifica, para além de outros, o património que este concelho tem, esteja ele no estado em que estiver. Mas disso darei conta depois de o ver. Até lá, cumpra-se o ritual, para muitos, de visita às Tasquinhas (desta vez, ao que consta, sem design).

11 de outubro de 2010

Há um ano...

Peço desculpa aos meus companheiros do Farpas, mas política e pessoalmente não posso deixar de assinalar uma data.

Há um ano fechava-se um ciclo e iniciava-se outro. No que a mim diz respeito, o projecto que encabecei perdeu nas urnas mas sem qualquer assomo de tragédia, acima de tudo pela sensação de dever cumprido. Obviamente que à distância de um ano, muita coisa poderia mudar (e melhorar), mas não me envergonho do trajecto percorrido e sobretudo da companhia que tive. As razões da candidatura, hoje, continuam actuais e desempenho/desempenhamos o papel que parte do eleitorado em nós delegou. O futuro, esse, não sei a quem pertence. Por defender que um ciclo eleitoral não pode estar restrito apenas ao acto eleitoral e respectiva campanha, abre-se uma fase, passado 1 ano de Assembleia, que visará cumprir, agora num nível mais activo, aquilo a que nos propusemos. Não se trata de marcar terreno, porque quem nos conhece sabe bem que não dependemos dos cargos, mas apenas de reforçar o compromisso que fizemos durante o Verão de 2009 e há escolhas que não dependem (nem têm de depender de nós).

Sobre os outros actos que também fazem o seu aniversário, há balanços virados para o futuro que também podem ser feitos. Pessoalmente, se o 1º ano dos 4 anos do fim de ciclo foram assim, mal posso esperar pelos próximos...

9 de outubro de 2010

O líder

De toda a edição do OCP que acabei de ler, respigo, com simpatia, a frase mais marcante:
"'Discriminada', a junta acabou por ter direito a uma mão cheia de elogios por parte do presidente da Câmara à liderança de Rodrigues Marques e ao trabalho que tem feito".

8 de outubro de 2010

A questão

Episódios e questiúnculas à parte, a questão essencial, apesar de todos os esforços em sentido contrário mantém-se: em termos políticos, "o desvio continuado de verbas" continua por explicar. Como funcionava/funciona a gestão administrativa da CMP? Qual é o alcance do conceito "confiança" no funcionamento daquele órgão? Sublinho o "termos políticos". O resto, como todos sabemos, é do foro criminal. E felizmente, ainda há separação de poderes. Pelo menos formal.

7 de outubro de 2010

Luta na lama II

Continuou, na reunião do executivo.
É claro que aquelas alminhas tinham que rivalizar com a AM, descendo ainda mais o nível. Uma verdadeira peixeirada.

6 de outubro de 2010

Luta na lama

Em Pombal, há muito que a Democracia não funciona (se alguma vez funcionou bem). Nos últimos anos rege-se pelo mote do táctico: os fins justificam os meios. O resultado da aplicação sistemática do princípio está á vista: bateu-se no fundo, e alguns ainda continuam a esgravatar.
A última AM confirmou, uma vez mais, que a política pombalense se assemelha a uma luta na lama, com os detentores dos mais altos cargas políticos a marcarem o ritmo da contenda e a assumirem o protagonismo. Nada que surpreenda, há muito tempo as reuniões do executivo se tornaram um espectáculo deprimente; mas agora, com a AM rivalizar com o executivo na luta pelo prémio do mais enlameado, bateu-se no fundo. A continuar por este caminho dificilmente algum cidadão respeitável aceitará integrar as próximas listas. Melhor, dirão eles. Eleger-se-ão Tiriricas. E, pior que tá não fica!

P.S.: Apesar de tudo, há excepções. Há quem não goste de andar salpicado e faça questão de o evidenciar.

5 de outubro de 2010

100 anos depois

"Se quisermos que tudo fique como está, é preciso que tudo mude

A imortal frase do personagem principal de "Leopardo" é, especialmente hoje, de uma actualidade inquestionável. Celebra-se hoje mais um mito/dogma da História de Portugal. Enquanto Republicano por convicção, não me impressionam os discursos grandiloquentes que adaptam o que se passou há 100 anos por mera conveniência. A República, no sentido de termos uma democracia representativa, com igualdade de oportunidades sem depender de privilégios de nascença e uma relação com o Estado construída em Direitos e Deveres recíprocos, não nasceu a 5 de Outubro, mas sim 76 anos antes e não se começou verdadeiramente a cumprir com aquela data, mas sim 64 anos depois. O 5 de Outubro foi um golpe de Estado sem o qual dificilmente se compreende a História do nosso Século XX. Por isso relembro hoje a importância, não tanto de um símbolo histórico, mas de uma ideia, pilar de uma República funcional (e também certamente de uma Monarquia) do Estado de Direito em todas as suas acepções. Dias como este não existem para celebrar dogmas, mas para relembrar que devemos aperfeiçoar constantemente a democracia em que vivemos.

E por isso acho duplamente irónico viver este dia no cenário em que o vivemos. Nacionalmente por motivos que me dispenso repetir, mas dos quais retiro essencialmente a desresponsabilização e a impunidade de quem vive, em alternância, garantindo um Estado disfuncional que manieta um País. Localmente pela aparentemente inenarrável descrição de como órgãos autárquicos se comportam perante os seus eleitos. É fácil culpar os eleitores pela ausência de um real escrutínio fora dos ciclos eleitorais, mas a legitimidade eleitoral é um princípio intocável. No entanto, tal não invalida que uma pessoa se questione como é possível que num órgão o Presidente do mesmo insulte um deputado ou se escuse, por completo, a actuar de forma imparcial tentando exercer a função de fiscalizador. Recuso-me a acreditar que, mantendo-se o anterior Presidente em funções a AM funcionasse como agora funciona. E para que se torne claro, ao contrário da clique do poder e do seu gosto pelos ataques "ad hominem", não são os homens que ocupam os cargos, mas a forma como ocupam os cargos que merecem a minha crítica. Admito obviamente que haja visões bastante diferentes sobre a pertinência da discussão de alguns assuntos, mas não admito, pelo menos não num Estado de Direito (que manifesta e felizmente não é o mesmo que o do Presidente da Câmara), que órgãos autárquicos sejam manietados por muitos dos seus próprios membros. Celebrem-se os símbolos que se quiserem, que sem se reflectir seriamente como o Estado deveria funcionar - de baixo até cima e vice-versa - continuaremos a celebrar apenas símbolos, nunca ideias e verdadeiras conquistas.

Festejar

Ao menos as placas neste dia aterraram em edifícios ligados à educação, felizmente. As tais despesas que devem ser sempre um investimento. Na forma a coisa anda bem, mas quando é que se chega à substância?

2 de outubro de 2010

E porque ontem foi dia mundial da Música

E assim de repente também...

o que me ocorreu foi pedir aos amigos que o rodeiam, à família que o apoia, a todos os que tão sabiamente o acompanham, que lhe valham, nesta hora de dor e de mágoa. Humfp.
Ora, está bem de ver, o povo há-de continuar a desculpá-lo por esse concelho fora, como está a acontecer nas colectividades, usando a máxima "a Câmara já podia ter mandado o dinheiro, mas não pode, por causa do desfalque".
Aprendam, especialistas da ciência política.

Assim de repente...

Só posso dizer que é tudo mau demais. Cá. Em Lisboa. Em Lisboa e cá. Continuemos pois a escolher quem nos representa em função das migalhas que nos pode deixar e seguramente que só podemos piorar. Aguardo ainda a visão - de fora - de quem acompanhou a AM para confirmar que nem Dali conseguia fazer algo tão surreal.

1 de outubro de 2010

AM: um circo

Bem planeado! Com a convocação dos membros da AM para um debate organizado pela Comissão de Cidadania e Igualdade de Género, no salão nobre onde reúne a AM, com a duração de 60 minutos coincidentes com uma Ordem de Trabalhos da AM ordinária e uma Ordem de Trabalhos da AM extensíssima, com 16 pontos, sendo alguns importantes e outros escaldantes.
Resultado: um circo completo, e variado.
Falta de bom senso ou esperteza saloia? Talvez as duas coisas.

A educadora, a creche, a segurança social e os amigos dela

A educadora da creche "O Sobreirinho", no Travasso, foi despedida.
A Direcção comunicou-lhe na terça-feira desta semana que não havia condições para a manter a trabalhar. Sublinhou de novo que não acreditava nos maus tratos, tão pouco na suspeita, mas sustentou a decisão na imagem negativa da creche, que resultou das notícias entretanto publicadas nesse paladino da verdade que é o Correio de Pombal, onde, por melhor trabalho que tenha feito nesta edição, numa operação de limpeza tardia,
lhe foi feita a cama.
E também na "pressão" de que a Segurança Social não terá gostado - leia-se todo o movimento de apoio desencadeado. Temos pena.
Mas eu tenho sobretudo muita pena de uma creche que vacila na defesa dos funcionários ao primeiro abanão. E tenho muita pena do meu país. Do meu pobre país do sol, que vive suspenso na lama. Do país que vive à mercê dos donos das instituições. Que alimenta a mediocridade, a inveja e a incompetência em lugares cimeiros de organismos vários. Desse Portugal pobrete mas alegrete, onde o cartão de militante vale mais que qualquer certificado de competência. Do Estado Social que transformou associações recreativas em creches, que confunde torneios de cartas com projectos pedagógicos. Das Câmaras que cedem à pressão dos privados e os soltam num jogo de arena com as IPSS's. Dos jornais que mordem o isco sem usarem os pratos da balança. Dos que, por saberem tudo, nada têm para aprender. Dos cambalachos e dos compadrios.
Mas, por estes dias, tenho pena sobretudo dos meninos que deixam de ter a Ivone a contar-lhes histórias e canções, a ensinar regras, a aprender valores que nem sempre todos os pais conseguiram aprender, quanto mais transmitir. Porque a conheço, porque foi ela a educadora do meu filho e de mais uma vintena de crianças que hoje despontam para a adolescência e nunca a hão-de esquecer (como ficou expresso nos testemunhos entretanto deixados no facebook).
Porque esta é a história de uma injustiça, onde há gente envolvida, sob tectos com telhados de vidro.
Porque pior do que estarmos entregues aos bichos é não sabermos quando e por que é que a fauna decide que nos vai engolir.
Numa altura em que ando particularmente desacreditada deste país, anima-me saber que, nesta guerra, aqui se encerra apenas uma batalha. De modo que a luta continua.