24 de maio de 2021

Um momento de decência

A política institucional (câmara e assembleia municipal) do burgo descambou, há muito, para um espetáculo degradante que enjoa até ao vómito.

O caso do Centro Escolar de Vila Cã – obra, aquisição do terreno e posterior litigância – expõe até ao tutano a incompetência, a desonestidade, a malvadez e a desfaçatez das criaturas que nos (des)governam; destes bons-cristãos, executantes e figurantes, que a tudo recorrem, seja a mais abominável retórica seja o mais ensurdecedor silêncio, para tentarem esconder o que está à vista do mais míope.

Por isso, vale a pena ignorar o que é profundamente indigno (os recitais de hipocrisia que se seguiram à intervenção do lesado) quando alguém tem este momento de decência.

 

22 de maio de 2021

Políticos de casos&casinhos

O movimento NMPH foi o maior flop da política pombalense. Morreu há muito tempo, mas desgraçadamente ninguém o enterra. Daquele inorgânico grupo salvou-se a doutora Anabela: não incomodou ninguém - entrou muda e saiu calada. Já o mesmo não se pode dizer dos outros.

O engenheiro Mota é uma tramela falante movida pelos ventos (pelos casos) que lhe sopram aos ouvidos. Gaba-se que estudou muito mas percebe-se, em tudo o que diz e não diz, que não aprendeu nada ou já esqueceu tudo, seja de linguística, de geografia, de hidráulica ou do que quer que seja. Custa ouvir aquela mente turva, baralhada, arrastada, talvez pelo reumatismo neurótico, discorrer sobre tudo e sobre nada, somente com palavras e nunca com pensamentos minimamente estruturados.

O doutor coiso é a outra face da mesma má-moeda; distancia-se do patrono – e até zomba dele – mas faz, também, política com casos. O engenheiro mota com casos “carismáticos”; o doutor coiso com casos particulares/familiares.  

Do (des)humano Pedro ainda havemos de falar…, por que ainda não morreu.


18 de maio de 2021

A Oeste, as posições estão marcadas

Depois de muitas hesitações, avanços e recuos, o presidente da UFIGMM - o independente Gonçalo Ramos - tomou posição pública de apoio ao Investimento da Lusiaves na Guia. E deu os passos seguintes: mobilizou o seu “exército” e começou a fazer campanha pela causa. Posições claras são sempre de louvar, nomeadamente em Política. 

Nas últimas autárquicas, foi o posicionamento sobre a agregação das freguesias que definiu o vencedor. Agora, será o posicionamento sobre o caso Lusiaves a fazer a diferença – independentemente dos méritos ou deméritos da governação. Até porque, o Investimento da Lusiaves na Guia tem - em si - tudo o que é necessário para ser fracturante; a que se junta um contexto já muito fracturado: rivalidade entre freguesias; ou melhor: rivalidade com a Guia.

Um investimento da dimensão do da Lusiaves na Guia tem inevitavelmente impacto relevante naquela faixa de território (UFGIMM). Muitos chamar-lhe-ão, e defendê-lo-ão, como um investimento estruturante. Considero-o anti-estruturante porque não reforça o potencial daquela região, enfraquece-o, nomeadamente da Guia, a freguesia com maior potencial de crescimento, mas também de todo o Oeste. 

A politização do Investimento da Lusiaves na Guia é natural e desejável. Mas se assentar unicamente nos potenciais dividendos eleitorais, como parece, é redutor. Daí que não se perceba, também, a posição fortemente contestatária do núcleo de PSD no Oeste, que se limite a defender a deslocação da indústria alimentar (matadouro e processamento de carnes) para umas centenas de metros da periferia do núcleo urbano, como se, ao afastá-la ligeiramente da vista, deixasse de senti-la.

Por agora, não dou palite sobre qual a posição vencedora nas urnas. Mas sei qual é a posição virtuosa no médio e longo prazo, para a Guia e para a UFIGMM.

Em política, o verdadeiramente pernicioso não é tanto um político enganar-se numa ou noutra opção relevante; é ser somente tacticista ou desconhecer o potencial do seu território.

17 de maio de 2021

Menos mandatos, menos eleitos

Temos mais cabeças de lista anunciados. Desta feita são as candidatas à Câmara e Assembleia por parte do Bloco de Esquerda (BE): Célia Cavalheiro e Lina Oliveira.

Com a redução de população, perspetivam-se menos 2 vereadores e menos mandatos na assembleia municipal. Se já era difícil para os partidos menores serem eleitos, desta feita terão que reforçar a base de eleitores se não quiserem desaparecer por 4 anos.

O reforço de votação esperado em Pedro Pimpão, por ausência de movimento independente e por o PS não se apresentar como verdadeira alternativa, poderá significar que a verdadeira luta será quem ganha o campeonato da “verdadeira” oposição ou votos de protesto.

Isto acalentará que os partidos menores poderão apontar as baterias ao PS na esperança de ficar com parte dos restos e quiçá substituir alguns dos lugares que seriam do frágil PS. Caso estes não tenham capacidade de mobilização, voltaremos ao binómio PSD-PSD de eleitos.

Ao PSD bastará não cometer erros.

 

8 de maio de 2021

O escândalo de Vila Cã

Ao escândalo que é a construção do Centro Escolar (exposto aqui e aqui) junta-se agora uma intifada pela conquista de metros de terreno, entre a câmara e o vizinho do centro. 

Na liderança desta intifada está o vereador Murtinho; que anteontem mandou avançar a máquina terraplanadora para o quintal do vizinho. Perante a resistência deste, que se colocou em frente da máquina, chamou a GNR e repôs a vedação do seu quintal, seguiu-se uma guerra de estacas e de impropérios entre o vereador e o visado, que segundo os relatos atingiu nível degradante. 

O Centro Escolar de Vila Cã é o arquétipo da obra-torta, de que surpreendentemente ninguém fala. Evidencia até ao tutano a incompetência da presidente da junta, do presidente da câmara, do vereador das obras (tortas), e de toda a oposição (que não serve para nada, e alguma até se deixa prender pelo rabito). Mas tamanha aberração não se deve unicamente à incompetência de toda a cadeia de decisão e de fiscalização; há - tem que haver - outras causas presentes, muito mais obscuras, que deveriam merecer investigação apurada – se houvesse gente interessada nisso.

Que o concelho está cheio de obras-tortas é uma evidência que não carece de prova; que a câmara tem um vereador das obras-tortas também não; e que temos obras-tortas por que temos um vereador das obras-tortas idem. O que ficámos agora a saber é que o vereador das obras-tortas é torto. 




7 de maio de 2021

Oh, os pobrezinhos...

Há uma canção que pelo menos a vereadora Ana Cabral há-de conhecer bem, que podia servir de banda sonora para acompanhar as fotografias tão lindas e verdejantes que a Câmara de Pombal exibiu nas redes sociais: "vamos brincar à caridadezinha", de José Barata Moura.

O insólito aconteceu no dia 3 de Maio, que só por acaso é Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, mas esse, por cá, não convém assinalar. Pode dar ideias. E então, o pé de câmara estava lá a registar o momento descrito como 'desenvolvimento social': O Presidente da Câmara Municipal de Pombal, Diogo Alves Mateus, visitou esta segunda-feira, 3 de maio, o edifício da antiga escola básica dos Penedos, que após obras de recuperação permitiu alojar um munícipe em situação social de vulnerabilidade, atestada quer pela Junta de Freguesia de Almagreira, quer pela Comissão Social de Interfreguesias Carriço, Louriçal e Almagreira.

A necessidade de exibição chega a este ponto, fazendo tábua rasa dos direitos dos outros, os tais mais vulneráveis. Ou então pelo menos naquele dia D. Diogo não se lembrou de uma citação bíblica que era suposto conhecer de cor: "Quando, pois, deres esmola, não permitas que toquem trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: Já receberam a sua recompensa. Quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua direita, a fim de que a tua esmola permaneça em segredo" - MT 4, 2-4a.

Foi (s.) Mateus quem o disse. O verdadeiro.



3 de maio de 2021

A “carga” pronta metida nos contentores


A discussão em torno de um polo de ensino superior em Pombal é antiga e esperada há muito. Era desolador olhar para concelhos tão próximos de Pombal, conseguirem a instalação de polos universitários, quer do Politécnico de Leiria, quer do Politécnico de Coimbra. E Pombal…

O recente anúncio público de cursos TESP (Técnicos Superiores Profissionais) em Pombal, ministrados pelo Politécnico de Leiria veio renascer a esperança de o concelho conseguir (finalmente) ter um polo do ensino superior.

Julguei que este tipo de implementação fosse planeada e/ou preparada tendo em conta várias vertentes, nomeadamente a preparação das instalações.

Foi com algum espanto que li num jornal regional, que não só não existem instalações, como a alternativa encontrada -temporariamente, claro- é colocar os professores e alunos em contentores (mas climatizados, calma)!

Além de estranho, é no mínimo um mau começo.

EFERREÁ!!!


 

2 de maio de 2021

Quem aturou quem…

Há muito que D. Diogo se mostrou… E há muito que os mais atentos o conhecem. Mas agora, já sem filtros, é ele próprio que verbaliza o que é (o que pensa). Na última AM, afirmou que está farto de aturar os seus “companheiros” de partido do oeste, e (que) intelectualmente não tem consideração por nenhum deles, por serem mentirosos, por serem manipuladores, e por serem pessoas exclusivamente interessadas em fazerem perturbações.

Quando D. Diogo diz isto dos seus companheiros de partido – daqueles que o colocaram no trono -, diz tudo sobre si, sobre a criatura que tivemos que aturar.