A Lusiaves acordou com a câmara municipal de Pombal (ou a CMP com a Lusiaves) a instalação de uma unidade industrial de transformação de carnes na Zona Industrial da Guia, a nascente, junto à malha urbana, contra a opinião da maioria população e das forças vivas da vila, atropelando os mais elementares deveres transparência e respeito pela lei e pelos legítimos interesses da população.
O investimento tem sido contestado pela população da Guia. Mas eis que se chegou, ou parece ter chegado, a uma solução de compromisso, entre o promotor do investimento (Lusiaves) e os guienses que contestam os nefastos impactos ambientais e urbanísticos. Na reunião com os membros da comissão nomeada pela assembleia municipal para avaliar os impactos da unidade de transformação de carnes, os administradores da Lusiaves asseguraram que a unidade não incluirá centro de abate de aves (matadouro) e pavilhões de produção avícola, mas rejeitaram a proposta de deslocalização da unidade para a zona norte a ZIG (a oeste da vila), afastada cerca de 1200 metros da malha urbana, apresentada por Manuel Serra (ex-presidente da Junta). Parte dos receios ficaram, ali, esclarecidos. Mas continuavam a pairar os impactos negativos da localização junto à malha urbana.
O teimoso Manuel Serra – um duro difícil de dobrar – insistiu. Já antes tinha procurado saber, junto do vereador Navega, responsável pelos pelouros do Urbanismo e Ordenamento do Território, entre outros, se era possível e qual a abertura da câmara para viabilizar uma localização alternativa, na zona norte da vila, em terrenos urbanizáveis já na posse da autarquia. O inábil Arq. Navega, apesar de ter um problema bicudo nas mãos, rejeitou liminarmente a hipótese. Mas pior: alimentou a intriga dentro da Comissão Lusiaves ao revelar a diligência do correligionário, tentando matar a conciliadora iniciativa.
Manuel Serra não se deu por vencido, nem pelo Arq.º Navega nem pelos representantes da Lusiaves. E onde muitos viram uma inevitabilidade – alguns até com gozo, como castigo aos guienses – Manuel Serra viu uma abertura e aproveitou-a. Com certeza munido do aval do presidente Pedro Pimpão apresentou à Lusiaves as vantagens da localização alternativa, tanto para a população da Guia como para a Lusiaves. E saiu de lá com aceitação da proposta sem reservas, e sem exigir reembolso dos custos já efectuados.
Estas situações tendencialmente conflituantes são, na maior parte das vezes, potenciadas pelas pessoas, pelos egos e pela intriga, e não tanto pela situação em si.
Desta polémica, saem derrotados e vencedores. O principal vencedor é Manuel Serra; o que contra quase todos acreditou que era possível evitar o inevitável. E evitou. Venceram, também, todos os que contestaram o investimento naquele local. E venceu o Pedro Pimpão que evitou dois problemas... E a Lusiaves que fica com o caminho (mais) livre para avançar com o investimento.
Perdem os outros todos. Os que por acção e inação deixaram correr ou alimentaram a polémica. À cabeça o vereador Pedro Navega, derrotado técnica e politicamente. Alimentou uma polémica onde perdeu em toda a linha, foi ultrapassado pelos acontecimentos, e desautorizado pelo presidente Pedro Pimpão. Perdeu autoridade e legitimidade política. Só lhe resta um caminho: renunciar ao cargo político que ocupa.
Com o comportamento dos outros, nomeadamente os do Oeste, não vale a pena gastar palavras.