O povo é uma chatice. O povo não lê. O povo não ouve jazz, blues, ou música clássica. Não sabe o que são botões de punho, suspensórios, gilet no inverno nem passeios de barco no verão. E desde há umas quatro décadas, ainda se acha no direito de opinar, amiúde, sobre o tempo e o modo daqueles que elege como seus legítimos representantes. Fá-lo pouco, é certo, mas ainda assim em demasia, aos olhos de uns e outros.
A intervenção do presidente da Junta de Freguesia da Guia da União de Freguesias do Oeste na última Assembleia Municipal é uma ode à nova vaga de politiqueiros que emerge, de quando em vez, disfarçados de autarcas. Há quatro anos, Manuel Serra fez o especial favor de se candidatar à Junta do Oeste. Ganhou, com os votos do voto, mas nas suas palavras percebe-se o incómodo em lidar com ele. Não lhe parece legítimo que povo público utilize a AM, ao abrigo do regimento, como espaço de comentário político. "Política pura e opinião de cada um discute-se nos cafés, nos jornais, no farpas...", esse fóruns onde a etiqueta não entra.
Perante tão abalizada opinião de quem ali estápor inerência, aqui no Farpas assalta-nos pequena dúvida:
- lá na sua freguesia já alterou o regimento para que o povo não vá às assembleias importunar os eleitos? Ou já educou o povo para se comportar condignamente?
A indemnização à
munícipe de Abiúl, no valor de 508.000 €, paga pela CMP, por danos provocados
pelo deslizamento de terras para um terreno que vale menos de 10.000 €, foi o
assunto que ocupou quase toda a assembleia municipal (AM). O resto, como vem
sendo habitual, foi despachado depressa, formalmente, sem qualquer intervenção
ou reparo - uma irresponsabilidade que se paga; quando, mais tarde, se faz uma crítica
e se recebe como resposta que a matéria foi aprovada por unanimidade.
A reunião foi mais um
round do combate entre Narciso Mota e
Diogo Mateus – o resto não conta. Depois de uma intervenção de Odete Alves (PS)
sobre o processo da indemnização à munícipe, e da resposta de Diogo Mateus com
indirectas fortes - está sempre com as garras afiadas e a sua fala é só
punhais, cada palavra produz uma ferida profunda -, Narciso Mota – já sem ligar
aos formalismos - discorreu longamente sobre o processo e propôs/sugeriu, no
final, que o executivo mandasse realizar uma auditoria para apurar a
responsabilidade dos intervenientes no processo e a trouxesse à próxima reunião.
Como não se pode fazer política sem estratégia, sem plano e sem tropa? Estava
dada a deixa ideal para Diogo Mateus se regozijar com a coisa: informou a AM que o executivo não
procedia com base numa manifestação de vontade do presidente da AM, pelo que era
necessário uma deliberação concreta da AM. Estava lançada a-casca-de-banana que
provocaria o espalhanço completo dos que gostam de se ouvir; dos que falam
porque sentem, e não porque pensam; dos que têm o coração mal casado com a
cabeça. Só visto!
PS1: custa a perceber
como é que um advogado da praça enrolou tanta gente que se diz competente e
experiente. Nem ele, no seu melhor prognóstico, alguma vez imaginou sacar tão
avultada taluda à CMP. Prova-o o facto de, na fase final do processo, ter proposto
um acordo a troco de uma indemnização de 150.000 € (negociável, com certeza).
Viria a sacar 508.000 € (já recebidos). Mas depois do que se viu e ouviu na
última AM, percebe-se…
PS2: A escandalosa indemnização paga exige o apuramento de responsabilidades e imputação do
direito de retorno patrimonial em relação aos responsáveis envolvidos - políticos
e juristas. Mas tal não vai acontecer porque há muita gente com o rabo
entalado.
Diogo Mateus, num rasgo de
sinceridade e de sentido autocrítico nunca antes visto, explicou-nos, na
apresentação da sua candidatura autárquica, que os últimos 23 anos de mandato
do PSD na presidência da câmara foram anos em que “Pombal foi perdendo crédito
fora do território”, anos de perda “da credibilidade e reconhecimento do
concelho” e “da sua capacidade de afirmação e de impulsionar políticas
regionais e nacionais”. É surpreendente ver o dirigente do PSD a reconhecer o
lastro negativo que o seu partido tem deixado no concelho desde o início do seu
regime camarário.
É surpreendente mas percebe-se a
artimanha. Diogo Mateus identifica um problema, a perda de credibilidade, para
deixar implícito um responsável, o seu ex-parceiro e ex-presidente da câmara Narciso
Mota. Mas mais ainda, e para ficar claro que o ajuste é mesmo de contas, Diogo
Mateus explica-nos, depois de denegrir a herança deixada por Narciso, que esse
crédito perdido tem vindo a ser recuperado nos últimos 4 anos e que o
responsável é ele próprio.
Percebe-se o esforço. “Eu finjo que
não tive nada a ver com a Câmara até 2013, e dou uma ferroada no Dinossauro e
na sua gestão” terá pensado Diogo Mateus. Mas esse esforço tem um problema. É
que conhecendo o único currículo que Diogo Mateus tem, o político, percebemos a
desfaçatez desta conversa. É que dos 20 anos de reinado do PSD de Narciso na
câmara de Pombal, Diogo Mateus foi vereador 16 anos. Nesses 20 anos só interrompeu
a maratona de vereação por 4 anos, e foi para presidir à Junta de Freguesia de
Pombal. Pelo meio ainda foi vice-presidente da Câmara. Pois é, a este autarca
comprometido até ao pescoço com o legado de Narciso Mota nunca conhecemos qualquer
oposição ao funcionamento da câmara neste período. Nem um único discurso mais
amargo pela “perda de credibilidade” que o seu partido e o seu presidente estariam
a impor ao nosso concelho durante a sua vereação. O discurso de Diogo Mateus é de
tal forma incoerente que, enquanto hoje alveja Narciso Mota e o seu trabalho
enquanto presidente, há 4 anos explicava-nos antes que “o Município de
Pombal e os seus órgãos representativos saberão reconhecer o seu exemplo
enquanto Homem, Cidadão e Presidente da Câmara Municipal de Pombal entre 4 de
Janeiro de 1994 e o dia 21 de Outubro de 2013. Obrigado Eng. Narciso Mota.”
Mas ficou por explicar que
recuperação de credibilidade resultou do mandato de Diogo Mateus. Terá sido a
credibilidade que trouxe o enterro de 2.1 milhões de euros no CIMU-Sicó, um
centro-interpretativo/museu/hotel/auditório/laboratório/loja cuja obra está parada
há um ano e cujo planeamento desastroso representa o tipo de desnorte político
que atrasa o país? Ou será antes a política cimento-para-a-frente nas obras
públicas, que abateu árvores e apagou jardins para cimentar chão a eito, como
aconteceu com o Largo do Cardal e com os polos escolares? Se calhar a
credibilidade veio da renovação da EB1 de Pombal que foi tão bem planeada que
afinal nem
lotação tem para acolher todos os seus alunos.
Ou então veio ainda da eliminação da praça de táxis de Pombal, que pretendeu
fazer dos taxistas pombalenses de segunda sem sítio para trabalhar.
Realmente, os últimos 23 anos não
trouxeram o desenvolvimento a Pombal que devíamos esperar. Hoje Pombal é um
concelho com pouca capacidade para fixar jovens, com pouco emprego de qualidade
e com uma população envelhecida. Por cada 10 crianças Pombal tem 19 idosos, um
envelhecimento demográfico 30% superior à média nacional. O concelho precisa de
atacar estes problemas de frente, com participação democrática, preocupação
social e ideias frescas. O que o concelho também precisa é de dispensar esta casta
que tem ocupado o poder local e o gere ao sabor dos seus interesses e (des)entendimentos
pessoais.
Farpas Convidadas: Gonçalo Pessa (Cabeça de Lista do BE à CMP)
Uma das coisas boas que temos: o festival Sete Sóis Sete Luas. Uma obra de Zed1, da Toscana, ficará para sempre na encosta do castelo, naquele muro que era feio. Quem dera que o Marquês tivesse sido assim, um ser que se dá ao vento. Mas a arte tem essa extraordinária capacidade de transformar em beleza até o que é agreste. E sim, está um belo Pombal :)
O fogo de
Pedrogão-Grande foi uma verdadeira tragédia colectiva.
Tragédia porque deixou
as populações de três concelhos (Pedrogão Grande, Figueiró dos Vinhos e
Castanheira de Pera) entregues ao enigma do destino, um destino cruel que
roubou a vida a dezenas de pessoas e impôs um sofrimento imerecido a milhares.
Colectiva na medida em que nela todos participaram: uns como actores/vítimas,
outros como figurantes; uns com culpa inconsciente, outros consciente; uns sofrendo,
outros sublimando o sofrimento.
Foi uma tragédia onde
as pessoas afectadas mostraram uma serenidade e uma dignidade assinaláveis; ao contrário
de outros – dos figurantes -, que se aproveitaram da desgraça alheia para
capitalizar. Foi, também, uma oportunidade para os epiléticos das ideias apontarem
culpados, causas e soluções - como se houvesse causas únicas e soluções fáceis
e imediatas. Alguns foram ao ponto de apontar o eucalipto como o grande
culpado. Coitado do eucalipto!
É já possível afirmar
que a tragédia ocorreu porque, perante a conjugação de condições extremas -
climatéricas, terreno e floresta –, foi dada a resposta normal. A floresta é o único
factor que o Homem pode controlar - os outros não estão nas suas mãos. Convém,
por isso, ganhar consciência de que é a Natureza que condiciona o Homem e não o
Homem que condiciona a Natureza. O estado da floresta é resultado de escolhas
individuais, de condicionantes que veem de muito longe e de formas e estilos de
vida que mudaram profundamente. Mas uma coisa é evidente: se não se ordenar o
território e a floresta vão ocorrer mais tragédias como esta. Muitos culpam o
governo e as entidades oficiais pelo estado a que chegámos, esquecendo-se que a
responsabilidade é de todos, e que a resistência à mudança, que tem que ser
profunda para produzir os efeitos necessários, é geral. Naquela zona, a
Natureza fez reset na floresta. É uma
oportunidade para recomeçar bem e de forma mais fácil.
A tragédia serviu também
para uma malta se comover, poder derramar boas lágrimas e livrar-se da culpa
inconsciente e do sofrimento ao realizar actos compassivos. Desde a antiguidade
que os Homens sempre situaram a compaixão num nível baixo, na hierarquia dos
sentimentos morais; e com razão, mas estavam longe de imaginar o alarde que vai,
na contemporaneidade, pelas redes sociais.
Para Nietzsche a
compaixão (pública) não tem por objectivo o prazer do outro; pois ela abriga no
mínimo dois elementos de prazer pessoal, e é, desta forma, fruição de si mesma:
primeiro como prazer da emoção, e depois, quando impele à acção, como prazer da
satisfação no exercício do poder.
O
folclore de “solidariedade” que a tragédia de Pedrogão Grande desencadeou e o
aproveitamento dela se está a fazer, repugna o ser mais cálido. Como bem refere
o cálido F. Pessoa: “nada me pesa tanto no desgosto como as palavras sociais de
moral. Já a palavra “dever” é para mim desagradável como um intruso. Mas os
termos “dever cívico”, “solidariedade”, "humanitarismo", e outros da
mesma estirpe, repugnam-me como porcarias que despejassem sobre mim de
janelas”.
No próximo dia 23 de Junho, sexta-feira, pelas 22h00, no Teatro-Cine de Pombal, o Teatro Amador de Pombal apresenta o espectáculo «Lusíadas?», uma iniciativa de apoio de às vítimas do incêndio que assolou a região Centro, em Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera. Os bilhetes de ingresso não têm valor definido - é o espectador quem define o preço do bilhete e dá o que entender, de acordo com as suas possibilidades - e a totalidade da bilheteira reverterá para a ajuda às vítimas do trágico incêndio. Parabéns pela iniciativa.
A foto é desta manhã, 16 de Junho do ano da graça de 2017.
Esta é a Igreja Matriz de Pombal. Aquilo é um toldo. Onde páram os
regulamentos, artigos, condicionantes que a Câmara aplica sempre que um
munícipe quer colocar qualquer estrutura semelhante em edifícios da zona
histórica? Que aberração é esta, senhores?
O Farpas vai abrir a porta do blogue à opinião de todos os candidatos autárquicos que entendam partilhar artigos originais (e não cópias de programa eleitoral), a partir de hoje e até à campanha eleitoral, em meados de setembro. Avizinha-se um verão quente e aqui na casa suportamos bem o calor, e até gostamos dele. Por isso, os interessados em partilhar com a blogosfera o que pensam sobre a terra e a gente, devem fazê-lo para farpaspombalinas@gmail.com, num máximo de 3000 caracteres (incluindo espaços) e preferencialmente ilustrados com uma fotografia alusiva. Venham daí essas farpas!
Se há área onde a
igualdade de oportunidades é essencial, é na Educação. Em Pombal continuará a
não o ser. Não por falta de recursos, mas por falta de vontade e de planeamento.
Às vezes, custa a
perceber certas opções: se são premeditadas ou impensadas. A câmara andou a
construir Centros Escolares onde não há crianças - nem vai haver nas próximas
décadas - e adiou a construção de um Centro Escolar na cidade onde há
crianças.
Tardiamente, a cidade
vai ter um Centro Escolar no próximo ano lectivo (eleições oblige). Mas o
pior, neste caso, nem é chegar tarde; é não responder às necessidades actuais e
futuras. Por isso, metade das turmas do 1.º ciclo funcionará no novo Centro
Escolar (que não é centro nenhum); e a outra metade funcionará na velhinha
Conde Castelo Melhor – escola sem condições mínimas, que deveria ter sido encerrada
no século passado. Teremos, assim, metade dos alunos numa má escola - dos
meados do século passado - e outra metade numa escola dos novos tempos. Bem
pode Diogo Mateus encher a boca com o sucesso escolar a 100%; mas, a trabalhar
assim, só cava insucesso.
Pelo meio, a direcção
do Agrupamento de Escolas de Pombal lava (disto) as mãos como Pilatos; e a
(nova) Associação de Pais de Pombal deu um contributozinho: propôs um sorteio
para distribuir as turmas pelas duas escolas.
A (pré) campanha corre, em velocidade de passeio-de-domingo-depois-da-missa. No grupo dos oito anunciou-se estes dias Sidónio Santos, pelo CDS. E trouxe à liça mais um slogan fracturante: "Pombal vale a pena". É um daqueles que podia servir (alguns) meninos da Jota para fazer o que gostam - ridicularizar os outros , como fizeram com o PS e com o cartaz de Jorge Claro (contando que se pôs a jeito...) Na verdade, podemos olhar para a tirada de duas perspectivas: ou vale o sacrifício, ou o slogan encerra uma versão mais misericordiosa de quem sabe que isto é uma pena.
Em todo o caso, é penoso concluir que por aqui contribuímos sem esforço para o trabalho dos Tesourinhos das Autárquicas, onde Narciso Mota já tem lugar de destaque, ele e o seu Pombal Humano.
O que vale a pena é perceber onde é que isto nos vai levar.
O PSD viu-se à rasca para encontrar um sucessor de Ilídio da Mota. É sabido que, nestas coisas, quem quer não pode e quem pode não quer. Não é preciso mover mais do que um pé nesta corrida para a ganhar, mas há mínimos olímpicos - e esses, a avaliar pela indecisão que reinou até há pouco tempo no partido - nenhum dos potenciais sucessores os cumpria, nomeadamente a popularidade junto do eleitorado. A escolha recaiu então no actual secretário da Junta, Carlos Santos, que parte para a corrida eleitoral com uma freguesia despovoada, mas com um pólo escolar para inaugurar. Quando for dado o tiro de partida lá estará Leonel Manuel, pelo PS, algum trabalho no insólito mundo associativo daquela freguesia e sem muito a perder, se for o caso. Também lá vai estar um ilustre (des)conhecido de Narciso Mota, de seu nome Manuel Gaspar, um engenheiro que ali goza a reforma. E falta saber se o CDS sempre consegue ir a jogo, numa altura em que se esforça por encontrar um/uma que não esteja comprometido ou lesionado.
A conferência
organizada pela JSD, subordinada ao tema “Desenvolvimento Económico”, teve o
mérito de confrontar os participantes com a realidade local: um concelho a
definhar - sem capacidade de atrair investimento, criar emprego de qualidade e
fixar pessoas - e um poder autárquico insensível ao problema.
O ilustre pombalense Jorge
Martins – CEO Capgemini Portugal – começou por apontar o “problema
demográfico”, provocado pela “diminuição do número de habitantes” (e
nascimentos) e o consequente “envelhecimento da população”, para depois dizer
que o “indicador mais preocupante é a descida significativa do número de jovens
a estudar em Pombal, o que … significa que vamos ter problemas a prazo de
capacidade de emprego para as empresas”. Feito o diagnóstico, Jorge Martins
defendeu que “no curto prazo este problema só se resolve com a captação de
investimento e mão-de-obra estrangeira”. E acrescentou: “o que nós precisamos
nos próximos anos é trazer uma mentalidade nos nossos autarcas que têm que
andar com a mala-na-mão, …significa que têm que vender, têm que passar a vida
dentro das empresas, têm que percorrer o país …, para perceberem o que é que têm
que desenvolver dentro dos seus municípios; têm que funcionar como umas
verdadeiras agências de investimento, têm que ser uma espécie de director
comercial”. E referiu o caso de Paredes de Coura: “tem um presidente que é
conhecido por todo o país por ser um vendedor, …mas a verdade, de facto, é que um
conjunto de empresas têm aparecido em Pareces de Coura, e seguramente não é uma
câmara que tem um conjunto de vantagens que nós temos”.
Jorge Martins não
disse nada novo - já por aqui tínhamos dito o mesmo -, mas foi importante tê-lo
dito aos jotas laranja e ao presidente da câmara. O Desenvolvimento Económico
não é uma área onde a câmara tenha uma responsabilidade directa; mas, no longo
prazo, é sempre o resultado de inação política ou de políticas erradas. Por
isso, o definhamento económico e social de Pombal é, em grande parte, da
responsabilidade dos executivos que estiveram na câmara nos últimos vinte anos,
porque nunca se preocuparam em promover e vender Pombal, em captar empresas e
novos negócios. Preocuparam-se, sim, em manter-se no poder. Os presidentes que
Pombal teve nos últimos vinte anos não saem com a mala a vender Pombal, no país
e no estrangeiro; saem com uma mala mas é para distribuir subsídios por um
associativismo falso e por comissões fabriqueiras. Opções políticas que dizem
tudo sobre pessoas que as praticam: zelam bem pelos seus interesses pessoais –
manutenção no poder à custa dos recursos de todos - e pouco pelo interesse comum
– crescimento económico e do nível de vida das pessoas.
De seguida interveio
o ilustre pombalense Manuel Sobreiro – fundador e administrador do grupo
Derovo. Começou por referir que “o Parque Industrial M. Mota esgotou a sua
capacidade, necessitando de ser alargado”. Acrescentou que se “deve ampliar o
espaço industrial em duas vertentes muito importantes: a captação de novas
empresas e novos negócios, mas por outro lado deve estar muito atenta às
empresas actuais”, … porque “as suas necessidades de investimento podem ter
necessidade de (implicar) deslocalização” por falta de espaço no parque. E exemplificou
dizendo que “apesar de possuir uma das principais indústrias instaladas no
Parque M. Mota, pelas razões já abordadas, pode ser uma das candidatas à
deslocalização, a prazo”; e recordou que “em 2010 envolvi-me directamente na
preferência por instalar um complexo agro-alimentar em Pombal e, depois de
múltiplos contactos, não foi possível”.
Eis um testemunho
cru, na primeira pessoa, de como a CMP tem funcionado de costas voltadas para o
crescimento económico, nas últimas décadas. Nada de estrutural tem sido feito e
muita coisa foi mal feita, por falta de visão e vocação. Como disse Jorge
Martins falta-lhes mentalidade para captar investimento industrial – não tentam
sequer. Nas últimas duas décadas, a câmara não captou nenhum investimento
industrial de média dimensão (mais de 10 m€ de volume de negócios ou 100
trabalhadores) e nenhum se instalou no concelho. Caso único na região, o que
demonstra a falta de atractividade do concelho. Por outro lado, cometeu o erro crasso
de estragar o Parque Industrial M. Mota, ao alterar os estatutos, contra a exigência
expressa do benemérito que doou os terrenos, permitindo a instalação de
armazéns e comércio.
Os jotas laranja
devem reflectir sobre isto. E os pombalenses também.
Quando há imagens que valem mais que mil palavras (aqui sem oportunistas nem manhosos, que também por lá andaram) só a darmos nota do gesto simples e desinteressado que é jogar à bola em Pombal, e (sobretudo) treinar, com poucos meios, uma equipa vencedora. Dedo ao alto ao treinador Marco Ferreira - parte integrante de uma geração a quem a terra deve mais do que imagina - que se despede do Sporting Clube de Pombal com um troféu: o clube ganhou ontem a Taça Distrital, frente ao Marrazes, no estádio municipal de Leiria. As fotos são gentilmente cedidas pelo Zé Paulo Oliveira.
Em Abiúl os processos
autárquicos estão emperrados; e, em grande parte, condicionados por Sandra
Barros. Quem diria que a discreta presidente da junta - eleita pelo CDS
encabeçando um grupo de independentes – seria, por esta altura, favorita e
condicionaria os outros. O CDS aposta tudo nela, mas não a tem certa; e ficará
com as mãos a abanar se a perder para o PSD.
O PSD quer recuperar
a junta, e sabe que, para o conseguir, tem que roubar a candidata ao CDS. Por
isso, continua a assediá-la de todas as formas, mostrando-lhe as vantagens da
troca de uma união de facto pobre por um casamento rico. Pelo meio, (o PSD) vai
resistindo às investidas de António Carrasqueira, que quer voltar.
O PS continua
desencontrado com o destino: o anterior candidato quer voltar a sê-lo, mas o partido
quer outro, que não encontra.
Por NMPM avança, supostamente, uma empresária da panificação desconhecida.
Há um princípio dialéctico
clássico que diz: “alterações de quantidade provocam mudanças de qualidade”.
Mas nada nos diz sobre o sentido da alteração.
Oito pombalenses já
anunciaram a candidatura à CMP. Mesmo admitindo que nem todos chegarão a votos,
bater-se-á o record de candidatos. Em teoria, a existência de mais candidatos é
uma coisa boa, porque geralmente mais candidatos significa mais diversidade,
mais possibilidades de escolha e melhor Democracia. Mas nem sempre, mais candidatos
proporcionam mais diversidade, mais possibilidades de escolha e melhor democracia.
Nas últimas eleições
autárquicas concorreram quatro candidatos à CMP, que (em conjunto) conseguiram
40,9% dos votos. A abstenção (com 55,1%) ganhou! Os candidatos não conseguiram
convencer a maioria dos eleitores a votar neles. Por outro lado - e muito mais surpreendente, - o somatório dos votos “nulos” e “brancos” atingiu 8,9% (5,6 brancos e 3,3%
nulos) - representaram a terceira classe/força mais votada.
O incremento de
candidatos traz incremento de qualidade? Veremos. O verdadeiro teste-do-algodão
à qualidade dos candidatos será dado pelo eleitorado. Se derrotarem a abstenção
trouxeram mais qualidade…