A conferência
organizada pela JSD, subordinada ao tema “Desenvolvimento Económico”, teve o
mérito de confrontar os participantes com a realidade local: um concelho a
definhar - sem capacidade de atrair investimento, criar emprego de qualidade e
fixar pessoas - e um poder autárquico insensível ao problema.
O ilustre pombalense Jorge
Martins – CEO Capgemini Portugal – começou por apontar o “problema
demográfico”, provocado pela “diminuição do número de habitantes” (e
nascimentos) e o consequente “envelhecimento da população”, para depois dizer
que o “indicador mais preocupante é a descida significativa do número de jovens
a estudar em Pombal, o que … significa que vamos ter problemas a prazo de
capacidade de emprego para as empresas”. Feito o diagnóstico, Jorge Martins
defendeu que “no curto prazo este problema só se resolve com a captação de
investimento e mão-de-obra estrangeira”. E acrescentou: “o que nós precisamos
nos próximos anos é trazer uma mentalidade nos nossos autarcas que têm que
andar com a mala-na-mão, …significa que têm que vender, têm que passar a vida
dentro das empresas, têm que percorrer o país …, para perceberem o que é que têm
que desenvolver dentro dos seus municípios; têm que funcionar como umas
verdadeiras agências de investimento, têm que ser uma espécie de director
comercial”. E referiu o caso de Paredes de Coura: “tem um presidente que é
conhecido por todo o país por ser um vendedor, …mas a verdade, de facto, é que um
conjunto de empresas têm aparecido em Pareces de Coura, e seguramente não é uma
câmara que tem um conjunto de vantagens que nós temos”.
Jorge Martins não
disse nada novo - já por aqui tínhamos dito o mesmo -, mas foi importante tê-lo
dito aos jotas laranja e ao presidente da câmara. O Desenvolvimento Económico
não é uma área onde a câmara tenha uma responsabilidade directa; mas, no longo
prazo, é sempre o resultado de inação política ou de políticas erradas. Por
isso, o definhamento económico e social de Pombal é, em grande parte, da
responsabilidade dos executivos que estiveram na câmara nos últimos vinte anos,
porque nunca se preocuparam em promover e vender Pombal, em captar empresas e
novos negócios. Preocuparam-se, sim, em manter-se no poder. Os presidentes que
Pombal teve nos últimos vinte anos não saem com a mala a vender Pombal, no país
e no estrangeiro; saem com uma mala mas é para distribuir subsídios por um
associativismo falso e por comissões fabriqueiras. Opções políticas que dizem
tudo sobre pessoas que as praticam: zelam bem pelos seus interesses pessoais –
manutenção no poder à custa dos recursos de todos - e pouco pelo interesse comum
– crescimento económico e do nível de vida das pessoas.
De seguida interveio
o ilustre pombalense Manuel Sobreiro – fundador e administrador do grupo
Derovo. Começou por referir que “o Parque Industrial M. Mota esgotou a sua
capacidade, necessitando de ser alargado”. Acrescentou que se “deve ampliar o
espaço industrial em duas vertentes muito importantes: a captação de novas
empresas e novos negócios, mas por outro lado deve estar muito atenta às
empresas actuais”, … porque “as suas necessidades de investimento podem ter
necessidade de (implicar) deslocalização” por falta de espaço no parque. E exemplificou
dizendo que “apesar de possuir uma das principais indústrias instaladas no
Parque M. Mota, pelas razões já abordadas, pode ser uma das candidatas à
deslocalização, a prazo”; e recordou que “em 2010 envolvi-me directamente na
preferência por instalar um complexo agro-alimentar em Pombal e, depois de
múltiplos contactos, não foi possível”.
Eis um testemunho
cru, na primeira pessoa, de como a CMP tem funcionado de costas voltadas para o
crescimento económico, nas últimas décadas. Nada de estrutural tem sido feito e
muita coisa foi mal feita, por falta de visão e vocação. Como disse Jorge
Martins falta-lhes mentalidade para captar investimento industrial – não tentam
sequer. Nas últimas duas décadas, a câmara não captou nenhum investimento
industrial de média dimensão (mais de 10 m€ de volume de negócios ou 100
trabalhadores) e nenhum se instalou no concelho. Caso único na região, o que
demonstra a falta de atractividade do concelho. Por outro lado, cometeu o erro crasso
de estragar o Parque Industrial M. Mota, ao alterar os estatutos, contra a exigência
expressa do benemérito que doou os terrenos, permitindo a instalação de
armazéns e comércio.
Os jotas laranja
devem reflectir sobre isto. E os pombalenses também.
Pombal um concelho que antigamente era prospero, baseado nas Empresas de Construção civil, que faziam obras por todo o Pais eclipsou-se, pois as empresas faliram ou foram construir para França, Suiça, Bélgica... e levaram daqui também os seus trabalhadores profissionalizados. A Camara Municipal nunca se preocupou e angariar novas industrias para o Concelho e nem apostar num novo "cluster" económico para o Concelho...limitou-se ás comissões das Igrejas, á propaganda e agora mais recentemente está a desenvolver as INDUSTRIA DOS OUTDOORS GIGANTES.
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