1 de novembro de 2025

Sobre a rísivel política pombalense

Ontem assisti de enfiada a dois ajuntamentos políticos: tomada de posse dos titulares dos órgãos municipais e plenário de militantes do partido socialista. Às vezes fazemos coisas por fazer - por mera curiosidade ou pela simples necessidade de ocupar o tempo. Do primeiro evento ainda vieram dois croquetes e um copo de espumante mole; do segundo só náusea*. As coisas são o que aparentam. E o nada é uma existência como outra qualquer. 


A pompa colocada pelos figurões locais na instalação dos órgãos municipais já ultrapassa em muito a da tomada de posse dos órgãos da República. Mas isto vai em crescendo. E não se admirem que a próxima seja na Expocentro com festa rija, antes e depois. O paroquialismo tem destas coisas - enche de artificialidade a vacuidade reinante.

O doutor Pimpão recitou um belo sermão, onde prometeu “trabalho” (os convidados e o público presente comportaram-se com muita dignidade, não se riram), humildade e esperança. Quem não tem nada para oferecer faz bem prometer esperança – o mais “belo” e mais triste sentimento cristão. 

O doutor Matos formalizou a posse, …, e pôs-se a andar… 

E o doutor Coucelo (presidente da AM) ainda teve tempo para cometer uma “gaffe” imperdoável em figura tão experiente na matéria: na eleição de listas, nomeadamente quando há lista única (o habitual por aqui) não há “votos a favor”, “votos contra” e “abstenção”. 

O doutor Matos formalizou a posse, …, e pôs-se a andar… 

• NR: sobre o plenário do partido socialista talvez diga mais alguma coisa…

31 de outubro de 2025

Até sempre, Rocha Quaresma


Da esquerda para a direita: Vaz de Morais, A. Rocha Quaresma, Manuel Pimentel, Álvaro da Silva, Orlando Cordeiro e Jorge Dinis, durante a inauguração ao monumento aos heróis do Ultramar.


Houve um tempo em que sonhámos muito, neste país, e neste concelho. Um tempo em que a luta política era a sério, em que cada um sabia bem os valores que defendia, o lado a que pertencia, sem que isso beliscasse o essencial: a construção de uma terra melhor para todos, mais justa e solidária.

António Rocha Quaresma fez parte desse tempo. Atravessou a ditadura a caminho da revolução, ajudou a fazê-la, e até a documentá-la, nos dias claros de Abril.

Quando o conheci, no início da década de 90, ainda se emocionava, amiúde, quando se aproximava o aniversário da Revolução. Naqueles idos de 92/93, coube-lhe a responsabilidade de voltar a presidir à Assembleia Municipal (já acontecera antes), quando Menezes Falcão bateu com a porta, no mandato de Armindo Carolino. 


É a ele que os jornalistas desta terra devem um dos poucos passos que o poder político deu em prol da valorização do trabalho da imprensa. Naquele tempo éramos quase sempre uma meia dúzia a assistir às reuniões da Assembleia (duas rádios, dois ou três jornais, por vezes camaradas de Leiria ou Coimbra), num salão nobre novo. Lá do alto, da mesa, Rocha Quaresma percebeu a falta de condições em que trabalhávamos. E foi por sua iniciativa que a sala passou a contar com duas bancadas laterais, destinadas à comunicação social. Devemos-lhe isso, os dos da minha geração. Mais tarde aboliram-nas, de forma condizente com o que sucedeu à imprensa.


Percebi que se foi afastando, progressivamente, nos anos que se seguiram à derrota do PS. Como tantos, num misto de desencanto e aceitação.  


Partiu esta sexta-feira, 31 de Outubro, sem nos avisar. Que a terra lhe seja leve. 

23 de outubro de 2025

“Junta” reuniu pela última vez

 A “Junta” reuniu hoje pela última vez. Aleluia. Aleluia. Aleluia.

O lado positivo deste ansiado final, que é também um reinício, é que daquelas sete criaturas cinco vão-se … - e só uma por vontade própria (Pedro Navega).  O que diz tudo sobre o seus desempenhos… O lado negativo, é que ainda temos que gramar com duas delas (Pedro Pimpão e Isabel Marto) por mais quatro anos.



Mas o ridículo maior, das longas enfiadas de auto-elogios e enaltecimentos, a que todas aquelas criaturas se prestaram, veio, como não poderia deixar de vir, das duas criaturas que supostamente faziam parte da oposição (Odete Alves e Luís Simões); sempre no registo de donzelas de belos sentimentos, incompreendidas, mas sempre colaborantes e cheias de razão. Se alguma dúvida ainda houvesse sobre a falta de tino e de preparação daquelas belas-almas, as suas últimas palavras confirmaram que saíram sem consciência das exigências do cargo que ocuparam, do papel que representaram, da sua circunstância, do seu desempenho e de como tudo o que fizeram contribuiu decisivamente para o desastre eleitoral do partido que representam e onde militam.

Deus lhes perdoe.

21 de outubro de 2025

Do Oeste ao Faroeste: como repor a "normalidade" democrática na Guia

Se houve freguesia onde a população nunca engoliu a agregação, foi a Guia. Para sermos rigorosos, não foi bem a população da freguesia, mas antes um nicho dela, oriundo da vila. Acresce que, nos últimos dois mandatos, a ferida ficou em carne viva à conta de polémicas várias, e sobretudo porque o PSD perdeu ali (na União de Freguesias) as eleições duas vezes. 

Ora, nas eleições do dia 12, cumpriu-se a máxima da "Guia aos Guienses", devolvendo a freguesia aos aguerridos, e voltando a colocar todas as peças no seu lugar, o que inclui, claro está, o PSD no poder. E estava tudo pronto para essa nova vida da terra quando uma sucessão de episódios caricatos nos veio mostrar que às vezes é ténue e a linha que separa o Oeste do Faroeste. O que nos fez soar campainhas foi um comunicado do PSD Freguesia da Guia (assinado pela futura presidente da Junta, Sandra Mendes), demasiado "explicativo". Pois que, afinal, ao contrário do que anunciavam os cartazes, Carlos Mota Carvalho não vai ser o Secretário da Junta de Freguesia, mas antes o Presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia. É certo que esse é um papel que lhe assenta muito melhor, doutorado que é em presidências de clubes e associações. Porém, o que teria sido honesto de todas as partes era assumir-se, perante o eleitorado, que esta sempre foi a jogada.

É certo que as eleições acabaram na noite de 12 de Outubro, mas o processo eleitoral só fica concluído com a instalação dos órgãos autárquicos. Na maioria das Freguesias o acto acontece nos próximos dias, e talvez o caso da Guia possa servir de exemplo às restantes, onde uma horda de novos autarcas nem sempre conhece as linhas com que se cosem os processos legais (e naturais) da democracia. Lembremos por isso os senhores e senhoras presidentes que são os únicos automaticamente eleitos. Os executivos não são indicados, nem nomeados. São eleitos, em assembleia própria, tal como está bem explico na lei. Que é a mesma para todos, e não consta que a Guia seja um cenário de Western.



15 de outubro de 2025

O dia seguinte aqui no aeródromo

 



As eleições passaram e ganharam os do costume. Talvez bastasse esta frase para resumir o que se passa em Pombal, só que não. O que tentamos fazer aqui no Farpas é deixar uma marca, para quem vier depois, e por isso é importante juntar a esse repositório algumas notas sobre este momento que parece inédito. 

1. O PODER.  O PSD continua a fazer bem o seu trabalho,  e a fazê-lo sem oposição. A ideia de "vitória histórica", aplicada às 17 freguesias do concelho, pode colar bem nos que chegaram há pouco, nas redes sociais e no discurso global, mas é preciso ser-se rigoroso: não é a primeira vez que o PSD domina tudo, com as suas pessoas (Carnide, 2001, com um movimento supostamente independente, liderado por Eusébio Rodrigues). A única excepção, nalguns actos eleitorais dos últimos 32 anos (desde que o PS perdeu a Câmara) terá sido o Louriçal, freguesia que ficou aliás conhecida como "a aldeia gaulesa", em duas ocasiões. E mesmo assim, numa delas, aconteceu com um candidato que vinha do PSD. Não haja ilusões: terá sempre bons resultados o poder que se perpetua, tem as suas peças bem distribuídas no xadrez (desafio-vos a olhar para a composição de associações e instituições), enquanto põe a mão no ombro dos que ousam levantar a cabeça.

2. A 'OPOSIÇÃO'. a)O PS continuará a somar derrotas enquanto não tiver coragem de se assumir como oposição. O comunicado divulgado ontem, a prometer "oposição construtiva" (música para os ouvidos de Pedro Pimpão, que logo o aproveitou) mostra bem que ali não há vontade nenhuma de tirar ilacções sobre escolhas e resultados, causas e consequências. Resta saber o que vai fazer com o único lugar na vereação, para o qual Fernando Matos não tem o mínimo de apetência.

b) O movimento Pombal Independentes - criado a reboque do efeito bem sucedido no Oeste, nos últimos anos, deu em quase nada. Apesar de Luís Couto ser eleito há muito como adversário preferencial de PSD e PS (o que indiciava bem o potencial), faltou-lhe coragem - para confrontar, denunciar (o episódio com a direcção da AHBVP, a propósito da cedência de um espaço, é épico) e mensagem. Pode ter o condão de trazer de novo para o espaço público um homem como António Moderno, cujo papel foi relevante na construção do poder local democrático neste concelho.

c) o Chega. Manuel Serra foi eleito sem fazer um único dia de campanha, sem programa, mas também não era preciso. Não é por acaso que André Ventura usou a sua cara em todos os cartazes de todos os concelhos deste país. O antigo presidente da União de Freguesias do Oeste, que até há meses era militante e dirigente do PSD, apanhou boleia do partido que mais rapidamente o levaria ao destino: a cadeira de vereador na Câmara Municipal. Alcança a maior percentagem de votação nas freguesias onde, aposto, nem sequer o conhecem. 

Perante este estado da arte, e sabendo nós que ninguém consegue parar o vento com as mãos, este post é especialmente dirigido àqueles que, vivendo aqui, têm a honestidade de perceber que esta hegemonia não é boa para ninguém. Faz mal à democracia, dissipa a massa crítica, asfixia o ambiente. Mas isso só percebe quem está fora da bolha laranja, que é gigante, e onde cabe sempre mais um. O único caminho é levantar a cabeça e ser cidadão. Na rua, no bairro, na colectividade, num colectivo qualquer. Ir às Assembleias de Freguesia, à Assembleia Municipal, participar nas reuniões da escola e do clube dos filhos. E abrigar-se do vento. 


14 de outubro de 2025

PS de Pombal

Ontem, depois do desastre, o PS de Pombal sussurrou qualquer coisa - sinal de que ainda está vivo! Alguém o ouviu dizer que “felicita o vencedor autárquico e promete oposição construtiva”. 

Se tivesse dito só a primeira frase, e, logo de seguida, se apagasse, mostrava autoconsciência e alguma sensatez. Assim, mostrou que continua a penar, a fazer o que não sabe nem deve tentar fazer - oposição construtiva. 


12 de outubro de 2025

Autárquicas 2025 em Pombal – tudo na mesma

O PSD voltou a ganhar; e os outros a perder. Por conseguinte, o doutor Pimpão continuará a presidir à “junta” e às juntas, acompanhado por criaturas ainda mais imberbes que ele. E os outros continuarão a assistir, ou a desistir. E assim tudo continuará na mesma, devagar e devagarinho, como a lesma. É uma vitória que tem tanto de plena – arrebanhou todos os “tachos” - como de pequena, que não traz nada de novo, só estragos no dia seguinte. 

O resto é só derrotados. Todos iguais (na fatalidade), e todos diferentes (no estado de espírito momentâneo:  uns felizes, com pequenos nadas; outros desiludidos, com o estilhaço das ilusões ocas; e outros simplesmente aliviados do martírio a que inutilmente se submeteram).  

A “história” eleitoral repete-se demasiado por aqui. A repetição, como diz a psicanálise, protege da agitação da vida individual, impõe a paz mortal de uma cultura que bane a surpresa, é “morte”. Os resultados mostram o declínio da confiança dos cidadãos nos políticos locais, nos partidos e no poder local, uma orfandade colectiva e uma falta de sentido de colectividade e de comunidade assente numa representatividade justa e plural. 

Em Democracia é a oposição que determina o exercício do poder. Deixaremos de ter oposição, papel reservado simbolicamente a um ou outro ramo de enfeite. Na verdade, já não a tínhamos; e daí vem, com certeza, uma das explicações para este desastre da dita oposição. 

O PS não conseguiu nada (relevante), nem poderia conseguir, míngua para o mínimo absoluto. Só mentes muito etéreas poderam crer em coisa diferente… Nas coisas dos humanos, a essência precede sempre a existência. E como diz o povo, o que nasce torto tarde ou nunca se endireita. É um resultado que deixa marcas no partido e em quem deu a cara pela aventura. Mas sejamos justos: a responsabilidade maior não deve ser assacada aos que deram a cara pela desventura, mas a quem traçou todo o guião e, depois, perante o evidente desastre, se escondeu na toca.

O Chega participou e mostrou o que é... Pelo meio e no final, proporcionou o cumprimento do desejo de Manuel Serra: chegar a vereador.  

O Independente Luís Couto cumpriu com brio o desafio inglório de tentar chegar a vereador. Jogava nestas eleições a afirmação do seu movimento político e o seu destino político. Falhou. A política nunca é só um desafio pessoal. Falhou o objectivo. 

Do resto não vale a pena falar - o nada é nada. 


10 de outubro de 2025

Ao que a realidade obriga

 


Uma mão esfrega a outra e as duas pintam a cara.

Atenção aos próximos capítulos.

Debate entre os candidatos à câmara - remake

Decorreu ontem à noite o segundo debate entre os candidatos (participantes) à câmara, organizado e moderado pelos órgãos de “informação” locais (Pombal Jornal, Rádio Clube de Pombal e Rádio Cardal).



O debate foi melhor que o anterior - já teve laivos de debate - por três razões: (i) era muito difícil fazerem pior que no anterior; (ii) foi melhor preparado e moderado pelos moderadores; e (iii) alguns candidatos estiveram melhor. Só uma coisa piorou: a assistência – a rapaziada do PPD/PSD, juvenil e adulta, com o deputado da nação em particular realce. Mas a coisa continua pobre: continua-se a afunilar o debate para temas de política geral (Saúde, Educação, Habitação, Ambiente, Economia, Turismo, Segurança, etc.), onde só se debitam banalidades, e a passar-se ao lado da discussão das   competências, desempenho, insuficiências e organização da câmara.

De entre os candidatos com maior responsabilidade política-eleitoral – Pedro Pimpão (PSD) e Fernando Matos (PS) - ficou no ar uma dúvida porventura insolúvel: qual deles é o mais lunático: o que quer voar sobre Pombal ou o que quer(eria) subir de elevador para o castelo? Mas quem anda com os pés assentes na terra e se preocupa com coisas realmente importantes, como a liberdade individual e a privacidade, tem que ficar alarmado quando sete daquelas alminhas defendem a criação de uma política municipal e a colocação de câmaras de vigilância nos espaços públicos. Aqui, palmas para o candidato da IL (Ricardo Santos) que quebrou o unanimismo.

Uma nota final para os candidatos do CDS (Telmo Lopes) e dos Independentes (Luís Couto), que estiveram francamente melhor que os restantes e melhor que no debate anterior. 

8 de outubro de 2025

Breve história de um debate que era da Junta mas os candidatos não sabiam


 

Na foto, da esquerda para a direita: João Gonçalves (CDS), Carla Longo (PSD), António Costa (CDU), António Sintra (Pombal Independentes), Patrício Martins (Chega) e Clara Pascoal (PS)

Sou eleitora da Junta de Freguesia de Pombal há mais de 20 anos, já integrei uma lista que lhe queria dar outra vida mas não aconteceu, também fiz parte da Assembleia de Freguesia - um tempo que me permitiu, entre outras coisas, conhecer melhor como funciona (politicamente falando) o Pedro, actual presidente da Câmara. 

Ao contrário do que muitos pensam - e dizem, incluindo candidatos - a Junta de Pombal não é uma área de descanso na hierarquia municipal. É certo que ocupa um espaço privilegiado na sede de concelho, mas desengane-se quem pensa que tem tudo feito, à conta da Câmara. Primeiro porque é uma freguesia muito mais rural do que se imagina. Não apenas porque a cidade se ruralizou nos últimos anos, mas também porque os 700 km de estradas de que fala a presidente da Junta ligam aldeias e lugares que parecem ter ficado nos anos 60. Nunca recuperámos das diversas vagas de emigração, e não fora a imigração (que serve, nesta campanha, para mascarar o desfalecimento, nomeadamente a plena ocupação das escolas), muitas aldeias desta freguesia estavam já quase abandonadas. 

Ora, o debate de ontem - com seis candidatos e mais de duas horas e meia de duração - tinha muito terreno para palmilhar. Só que uma confusão generalizada (que começou nos temas propostos para discussão e acabou no equívoco de vários candidatos) não contribuiu em nada para o esclarecimento. Há candidatos , que não perceberam ao que se estão a candidatar. Há outros para quem afinal está tudo bem, e isto só precisava de mais um pózinhos, qual comissão de melhoramentos. O único momento que se assemelhou a um debate foi breve, entre a actual presidente da Junta, Carla Longo (PSD), e a candidata do PS, Clara Pascoal. 

Terminada a conversa, abri os desdobráveis que me deixaram na caixa do correio. Só tinha da Carla Longo e do António Sintra. São programas cheios de boas intenções, ao estilo "agora é que vai". E numa coisa ela já ganhou: calou uma certa oposição, arregimentando para a sua lista uma panóplia de gente que sempre combateu aquela forma de fazer política - até perceber que era melhor fazer parte do ramalhete. Juntaram-se vários presidentes de clubes, que assim sossegam. É mais ou menos como diz o seu mentor Pimpão: "até os comemos!"

6 de outubro de 2025

Breves notas sobre o debate (III)

Quem já passou por um processo de recrutamento minimamente estruturado sabe que há um momento que pode ser decisivo; é quando, no final da última entrevista, o recrutador faz a pergunta da praxe: “para terminar, num minuto, convença-me que é a pessoa indicada para a função?”

Perante este desafio, imaginem que um qualquer imberbe, sabendo que a pergunta lhe iria ser colocada, levava de casa um papelinho com a resposta preparada e, no momento certo, sacava-a do bolso, colocava-a em cima da mesa, ferrava os olhos nele e lia-o o melhor que sabia. Estão a ver a cena? E o resultado?

No famigerado “debate” entre os “candidatos/participantes” na eleição para a CM Pombal, o moderador deu a inevitável deixa final: um minuto para cada candidato fazer o apelo ao voto na sua candidatura. Os OITO candidatos limitaram-se a cumprir a formalidade. A maioria comportou-se como o imberbe candidato ao emprego: sacou da cábula que levava no bolso e leu-a com o jeito que Deus Nosso Senhor lhe deu!

Querem o melhor retrato da pobreza franciscana que nos colocaram na rifa? Ei-lo.   



5 de outubro de 2025

Breves notas sobre o debate (II)

O debate – se isso se pode chamar a banalidades debitadas sem jeito e sem qualquer contraditório - foi uma verdadeira enfiada de vulgaridades e sandices. Mas uma, pela clareza e respectiva quantificação, destacou-se e fica para posteridade. 

A emblemática proposta saiu, logo a abrir, da boca do candidato da CDU – Egídio Farinha: 1% do orçamento municipal para a Cultura, e a criação de uma Escola de Artes! Logo o alertaram que a câmara já gasta mais de 3% do orçamento nessa área. Mas ele manteve-se impávido – já tinha deixado o seu número.  

O nada não comporta superioridade, nem inferioridade, nem comparação. Caímos nisto.


4 de outubro de 2025

Breves notas sobre o debate (I)

O debate entre os candidatos (participantes) à CM Pombal, organizado pelo Jornal de Leiria, foi o evento político mais enfadonho e insipiente a que já assisti. Mas numa coisa estavam todos alinhados: enfastiar o assistente - o moderador deu o exemplo e os candidatos seguiram o mote. Foi um verdadeiro jogo perde-perde: os candidatos perderam algum eleitor ainda indeciso, o jornal perdeu leitores (ali e no após).



Durante o debate veio-me à cabeça uma dúvida que frequentemente me surge: será que a política emburrece as pessoas que a exercem? É uma dúvida legítima porque grande parte das pessoas que a exercitam já provaram que possuem alguma inteligência e sensatez.

Custa a aceitar que gente que supostamente sabe estar e pensar represente cenas que roçam o ridículo, se limite a debitar raciocínios que não valem um ovo quebrado e intenções irrealizáveis ou ruinosas se porventura alguém as tentasse implementar.

Uma espécie de debate, numa espécie de eleições



Pela primeira vez nestas eleições juntaram-se os oito candidatos à Câmara num debate, promovido - como vem sendo hábito - pelo Jornal de Leiria. Foram duas horas de angústia (como podem ler aqui), muito pior do que este, em 2017, que reunia o mesmo número de candidatos, ainda na era pré-Chega. Um retrato do nosso desfalecimento enquanto concelho - onde só as máquinas dos candidatos (cada uma à sua dimensão) parecem dar conta das eleições autárquicas. Estamos mesmo prontos para levantar voo e desaparecer no éter.

3 de outubro de 2025

Pedro - o entertainer

 A Política já foi uma coisa séria, respeitável e respeitadora dos representados. Agora é uma coisa fútil - uma diversão, um espectáculo, uma armadilha para captar atenções e apanhar vontades tolas. 

No início da desventura do Pedro, como presidente da câmara (da junta), escrevi por aqui que política está para o Pedro como o voar está para a mosca. Com o tempo percebemos que o Pedro é e encarnou a configuração da mosca voadora, predestinada ao ócio, ao vício e à voluptuosidade. Uma criança, alegre e frívola, que brinca à política, em campanha ou fora dela. 


25 de setembro de 2025

Pérolas Pombalinas - Autárquicas'25 #4 O PROFETA PEDRO




 A visão - apocalíptica - da hegemonia do PSD em todas as freguesias, em todos os órgãos, em todos os lugares, anda a tomar conta dos comícios do partido. Mas o discurso do Pedro no mega jantar da Expocentro, entre o fadinho tocado pelo Graciano e o Toy a mandá-los por a cerveja no congelador, fica esta imagem, ao estilo evangelizador, a fazer lembrar os bispos do Reino de Deus sempre ladeados por duas servas, foi épico. 

Nada temam: O Pedro diz que isto está garantido para os próximos 40 anos. O que é que interessa se a última grande empresa a instalar-se aqui já foi há mais de 30 anos? Temos hectares a perder de vista para as indústrias do além. Ah, espera, isto vai lá é com a escola superior de qualquer coisa.

23 de setembro de 2025

Pérolas Pombalinas – Autárquicas`25 #3 – Meirinhas Independentes

Talvez porque seguimos isto da política, caem-nos no regaço, todos os dias, pérolas da campanha autárquica. Daí que sentimos o dever de criar uma rubrica a que chamámos “PérolasPombalinas – Autárquicas`25”. 

Hoje (algum dia teria que ser), chegou-nos ás mãos não mais um desses pechibeques de campanha que andam por aí nas redes sociais, mas sim uma pérola das verdadeiras: um pequeno vídeo, realizado pelos candidatos à junta das Meirinhas pelo movimento “Meirinhas Independentes”, que expõe de forma crua e fria o que é a verdadeira acção política de João Pimpão – dos Pimpões, porque está ali exposto o seu verdadeiro ADN.

João Pimpão é um homem de acção, não de pensamento – na verdade, um homem de acão nunca é um homem de pensamento. Quando se confiam actividades complexas, que exigem reflexão e planeamento, a homens de acção o resultado é o que o vídeo mostra. Só por este vídeo, estes rapazes merecem ir para a junta.   



22 de setembro de 2025

E agora, doutor Mithá?

 


As notícias desta segunda-feira dão conta de que o deputado da Nação Gabriel Mithá Ribeiro renunciou ao mandato. Foi o partido que o anunciou, numa nota à imprensa. O caso ocorre precisamente um dia depois do lançamento do livro “Por dentro do Chega”, da autoria do jornalista Miguel Carvalho – e que conta com uma portentosa entrevista daquele que é um dos ideólogos da extrema direita em Portugal.

É claro que tudo isto nos passava ao lado, não fora o facto de Mithá Ribeiro ser candidato à Câmara de Pombal. E de repente, instala-se a dúvida: renunciará à candidatura? É o mais provável. Parece, afinal, que havia alguma premonição neste processo autárquico. O candidato do chega quase não deu às caras até agora, à excepção da tourada de Abiul e da tertúlia do Tirol. Chegou a ter anunciada uma apresentação mas cancelou-a. Apresentou uma lista à AM que o tribunal recusou, e nunca deu aos pombalenses uma palavra sobre isso.

Prevemos que esta trapalhada caia como sopa no mel para Pimpão & sua tropa. Bem podem acender as velinhas todas à Sra do Cardal: Deus escreve sempre direito por linhas tortas.

E agora? Sobra para o conde Manuel Serra? Assim como assim, é o único que aqui conhecemos.

* foto Jornal de Leiria

Ensino Superior em Pombal – uma ilusão do tamanho do CIMU-SICÓ

Todos sabemos – e os que não sabiam ficaram a saber nos últimos quatro anos – que o doutor Pimpão vive meio no reino da diversão meio no reino da fantasia. Seria porventura feliz - pelo menos à sua maneira -, e não viria mal nenhum ao mundo (a Pombal), se não estivesse como presidente da câmara. Como esteve e vai continuar a estar, convém ter cuidado com ele… 

Nos últimos quatro anos empenhou-se unicamente na roda-viva de festas&eventos e em trazer o Ensino Superior para Pombal. Nessa tola ideia contou com a colaboração dos doutores do Politécnico de Leiria e do principal partido da dita oposição (PS) – que provavelmente perderá esse estatuto formal no próximo dia 12 de Outubro.

Como sabemos, a tontice é uma coisa que se propaga a tal velocidade que não dá sequer tempo para a razão calçar os sapatos e pôr-se a caminho. Por conseguinte, instala-se facilmente e, depois, é muito difícil ou até impossível de remover. Foi assim com o CIMU-SICÓ, e, se nada de premente for feito, será assim com o fantasioso Pólo do Ensino Superior em Pombal, que passo a passo se vai instalando, vai ganhando raízes, vai sugando recursos e secando a terra.

Toda a criatura com dois neurónios a funcionar em série e dois pingos de sensatez sabe que uma Escola de Ensino Superior não é necessária nem viável em Pombal. Então, porque insistem? - perguntarão os leitores menos familiarizados com estas matérias. Simples: por tolice (vazio ilusório) ou interesses particulares.

Mas a realidade é o que é, e não soçobra perante ilusões ou estados de espírito. O Politécnico de Leiria preencheu unicamente 50,5 % das vagas; e quatro licenciaturas de três escolas não preencheram qualquer vaga.

Mais palavras, para quê? É a realidade, lunáticos!



20 de setembro de 2025

Última sessão da Assembleia Municipal

Realizou-se ontem a última sessão da AM (deste mandato) num ambiente de despedidas envergonhadas com várias ausências. A sessão serviu para o que estas sessões habitualmente servem: auto-elogios, um ou outro elogio e algumas notas de balanço.

O elogio da meritória dedicação à dita causa-pública, de que algumas daquelas risíveis figuras se acham imbuídas e empossadas, derrama um pedantismo bacoco, típico do provinciano com tiques aristocratas. Mas compreende-se: se não fosse assim, como é que a generalidade daquelas criaturas seria alguma vez tocada pelo elogio público? Já o unânime elogio ao desempenho do Professor, mesmo por aqueles que logo de início, de forma precipitada e tonta, o elegeram como adversário, nos parece justo e inevitável. Bastaram os primeiros acordes para percebermos que estávamos perante um regente de batuta recto e distinto. Não nos enganou. Mas ao contrário do que foi dito na sessão, não estamos nada convencidos que o seu exemplo perdure e frutifique nesta terra. 

No que se refere às intervenções de fundo, só merece nota o risível “sermão” que o bom-cristão doutor Coelho deu aqueles peixes, sempre preocupado com os pecadores mas ignorando os seus pecados e realidade l, mostrando até à náusea uma confrangedora dissonância cognitiva consigo e com a realidade que o rodeia, de que ele é o principal artífice. 

Já a verdadeira síntese do mandato do doutor Pimpão saiu, em poucas palavras e quase a pedir desculpa, da boca do doutor Couto: prejuízo nunca visto, muitas actividades (festas) e poucas obras. E não é opinião, é Relatório de Gestão.  

17 de setembro de 2025

Diogo Mateus condenado

Saiu hoje a sentença sobre o processo que corria no Tribunal Criminal de Leiria contra o ex-presidente da câmara (Diogo Mateus) e o seu chefe de gabinete (João Pimpão), por uso indevido de recursos camarários (viatura e respectivas despesas) em benefício próprio – assunto que mereceu ampla divulgação por aqui, aqui,...



Diogo Mateus foi condenado a quatro anos de prisão, por um crime de peculato na forma continuada e por falsificação de documentos, com pena suspensa por igual período (quatro anos). João Pimpão saiu absolvido dos crimes de peculato e peculato de uso em co-autoria.

No Estado de Direito as pessoas (só) são condenadas pelo que vão acusadas e pelo que fica provado em julgamento…  Muita cumplicidade política; pouca cumplicidade criminal. Na verdade, para o Tribunal só conta o que está na acusação. Ainda bem.

14 de setembro de 2025

O sítio do Pimpas: como viver numa realidade paralela

A família social-democrata está hoje como gosta: à mesa, boa comida e boa bebida, baile com o Graciano e resto do espectáculo abrilhantado pelo Toy. A Expocentro tomada por eles, que são muitos, esmagando qualquer concorrência que se apresente a eleições. É assim há muitos anos, e desta vez promete ser (quase) assim, também. 

O tom festivo é de celebração. Nas redes, uns e outros mostram-se no registo David e Golias. Fazendo fé na máquina poderosa que montaram e exibem, seria escusado ir a eleições. Mas nada disso é novo, como bem sei o (e)leitor. Divido coma  directora do Pombal Jornal, Manuela Frias, a frase com que abre o último editorial do único jornal da terra: “não é novidade para ninguém”. 

O que é novo aqui, por estes dias, é a subversão total do género jornalístico “artigo de opinião”, que nessa mesma edição Pimpão assina, na página 4. Pensava eu que já não iria surpreender-me mais, nem com políticos nem com os media da terra (que há muitos anos entraram no registo de não levantar ondas, quanto menos notícias melhor, porque isso só dá chatices…), quando me deparei com um exercício de propaganda básico, mascarado de artigo de opinião. O título – “Pombal cresceu: resultados que falam por si” é uma versão resumida do infomail que Pedro Pimpão fez chegar às caixas de correio, há dias, com o balanço do mandato autárquico. Chama-lhe, em estrangeiro, “accountability”, prestação de contas, por assim dizer. Fazendo fé nos seus números, das 236 medidas que havia proposto para uma década, há quatro anos, estamos com 217 executadas ou em execução, o que corresponde a 92%. Se fosse assim, estávamos prontos a abrir telejornais a toda a hora. Como não é, enganamos o eleitorado com vídeos e “notícias” que o povo vai papando como se o fossem, de facto. “Diz que ela estava ali em baixo, ao fundo da ladeira, a dar uma entrevista”, disse-me o meu pai, nos seus 82 anos, para quem a internet e o digital são coisa de que ouve falar na rádio e na tv. Ele não se dá conta, mas a poderosa máquina de comunicação da campanha que voa mais alto usa desse artifício, sem que ninguém lhe peça prova dos factos.

O Pedro é um caso de estudo. Ele consegue visualizar um jardim num monte de entulho, e pior, acreditar que é real. No rol dessas medidas que elenca, detive-me, por exemplo, na “promoção de um envelhecimento activo, saudável e feliz”. 

A minha geração chegou àquela idade em que mal acabámos de cuidar dos filhos e temos agora de cuidar dos pais. E por isso cada um de nós sabe o que nos diz a realidade no concelho de Pombal: muitos velhos, a maioria com doença e/ou demência, sem respostas. 

Passaram mais quatro anos e continuamos sem parque verde. Há décadas que alimenta os programas eleitorais. Mas na requalificação urbana e quejandos, estamos quase a rebentar a escala. Com os tantos milhões que enterrámos no Explore Sicó (CIMU Sicó que Deus tem), já tínhamos feito pelo menos 10 parques verdes, com piscinas e tudo.

Passaram mais quatro anos e não há notícia de nenhuma grande empresa a querer instalar-se aqui. Toda a gente sabe que uma cidade só cresce e se desenvolve com trabalho, com emprego, que depois traz gente, leva à fixação, e assim promove um ciclo (não vicioso, mas de virtude). Toda a gente sabe? Não. Há quem acredite em unicórnios e smart cities e proximidades encenadas. 

Feitas as contas, o Pedro está a fazer tudo bem: o que lhe falta na Câmara em matéria de comunicação sobra-lhe na campanha. Há dinheiro, muito dinheiro, bons materiais e conteúdos. Mas como sabe que há uma franja (muito importante e vasta) que não vai às redes, é preciso lançar-lhe o isco à moda antiga, nessa coisa fora de moda que são os jornais. O pior é que – tenho disso a certeza – o Pedro sabe bem que aquilo não se faz. Nasceu numa família de jornalistas, cresceu no meio, tem um jornalista como mandatário. 

Não por acaso, o livrinho que mandou para as caixas do correio termina a agradecer à comunicação social. Pudera. Qual é o autarca que não quereria jornais e rádios amiguinhos, que nunca beliscam o poder?

O meu primeiro director, no primeiro jornal onde trabalhei (O Correio de Pombal) dizia sempre o mesmo: “se dizem bem de ti, desconfia. É porque não estás a fazer o teu trabalho”. Era o tempo em que os jornais ainda diziam “as verdades que incomodam em vez das mentiras que encantam”, uma frase tornada célebre por um ex-secretário de Estado da Comunicação Social: o social-democrata Feliciano Barreiras Duarte. 

Nos tempos que correm, parece que estamos condenados apenas a comer gelados com a testa. Ou já algum dos outros candidatos (existem mais 7, pasme-se) tem o seu artigo de opinião pronto a publicar?

* o sítio do Pimpas era o nome do Blogue de Pedro Pimpão e da coluna de opinião que assinava na imprensa local, ao tempo da Jota.



12 de setembro de 2025

Pérolas Pombalinas – Autárquicas`25 #2 – "Consigo". "Não Consigo"

Ontem à noite, aquela coisa a que chamam “Tertúlias do Marquês” - uma espécie de clube do charuto do antigamente que se junta regularmente para deglutir uns comes e bebes e se ouvirem - convidou para animar o repasto, sem critério que se enxergue, três candidatos à câmara municipal: Pedro Pimpão, Fernando Matos e Mithá Ribeiro!

Os croquetes apresentaram-se bem… A conversa, que se queria cavalheiresca, nem tanto: azedou quando a claque forasteira questionou a imparcialidade da moderadora e trouxe à liça arrufos antigos mal resolvidos com o candidato-presidente.  

Mas a "figura" da tertúlia coube - como estava predestinado - ao “Consigo”. Reconheceu o óbvio: “Não Consigo”. Não consigo fazer-me ouvir.

10 de setembro de 2025

Pérolas pombalinas - Autárquicas'25 #1

#o doutor teve que abandonar

O debate proporcionado pela nova plataforma digital 'Conta Lá' teve o condão de marcar o arranque da campanha eleitoral. E logo ali, no dia de ontem, caiu-nos a primeira pérola, inspirando a nova rubrica do Farpas, que começa hoje e só termina dia 12, ao cair do pano.

Ora nesse debate (gravado em Leiria) o Doutor, candidato do PS, não compareceu. Mais tarde, com o caso nas bocas do mundo, publicou na sua página oficial um 'esclarecimento', que pode ser lido aqui. Nas redes, os apoiantes mais directos desunharam-se a partilhar a 'justificação'. Uma horda de bons-cristãos socialistas veio desculpá-lo, e desculpar-se. 

O episódio entra directamente para o top 10 das pérolas, venham as que vieram. o Doutor está para o concelho de Pombal como o homem do fogo ao pé da porta. Mas nada temam: já confirmou a presença numa espécie de debate, à porta fechada, que acontece amanhã à noite, no Tirol, por iniciativa da 'Tertúlia do Marquês'. Amanhã explicamos do que se trata. 


 

9 de setembro de 2025

Debates sobre as Autárquicas – candidatos afastados ou afastaram-se?

O novo canal televisivo “Conta Lá”, que se propõe a fazer uma ampla cobertura das próximas eleições autárquicas, gravou hoje, em Leiria, o debate com os candidatos à Câmara Municipal de Pombal, que será oportunamente transmitido, onde participaram unicamente Pedro Pimpão, candidato do PSD, e Luis Couto, candidato do movimento independente.

Pergunta-se: os outros candidatos não foram convidados, faltaram ou não quiseram participar? Como é óbvio, os eleitores gostavam de saber…


Adenda: perguntar “ofende”? Parece que sim…

Já sabíamos, há muito, que nesta malfadada terra vegeta uma “classe política” que abomina a crítica, ignorando que ela é a essência e a massa da própria política em Democracia. Mas parece que também não tolera a simples pergunta, neutra e óbvia. Deus nos livre de tamanha fragilidade.

27 de agosto de 2025

Os bandarilheiros de Abiul

 Sandra Barros, que daqui a um mês e meio termina um ciclo de 12 anos como presidente da Junta de Abiul, foi uma das (poucas) boas surpresas nos últimos anos, no domínio autárquico. Pese embora a estrangeirinha que fez ao CDS depois de vencer a primeira vez, cumpriu os seus mandatos com discrição e competência. E tinha tudo para deixar o nome bordado a ouro naquela freguesia. Mas eis que vem a público a sua participação no novo elenco do PSD. Numa primeira impressão, poderia parecer que se candidata a presidente da mesa da assembleia (o que também é discutível, mas a malta já encara com naturalidade), só que não: o cartaz é explícito. E foi ainda mais explícita a utilização da página de Facebook da presidente/candidata, criada há quatro anos. Mesmo que um rebate de consciência tenha obrigado a apagar a ousadia...há coisas que deixam marca. Uma vez na net, sempre na net...

Ora, sabendo nós que o candidato Celso Mendes foi escolha de segunda ou terceira água, está bem de ver o que vai acontecer ali, o jogo de faz-de-conta-que-ela-já-não-é presidente mas na prática...será. 

Tanta chatice atormentou outros casos, como o presidente da Pelariga, por exemplo, e afinal estava encontrada a solução para contornar a limitação de mandatos. Um problema, isto das leis e das regras da democracia. Coisas terrenas, que pouco afectam quem voa lá no alto.



24 de agosto de 2025

Assalto ao poder na Caixa Agrícola de Pombal

Nesta malfadada terra, a política deixou de ser um ideal. É agora - como nos anunciam - um estratagema para voar mais alto. Voar alto, muito alto, é uma ambição tola, própria de tolos, muito bem tratada na mitologia grega, e ao longo dos séculos pela grande literatura e pintura. Por cá, o próximo voo mais alto já arrancou e termina dia 12 de outubro, com a eleição do doutor Pimpão; o seguinte, assalto ao poder na Caixa Agrícola, está em fase de preparativos e terminará no início do novo ano - se conseguir levantar voo… 



Diz-se, há muito, que a política perdeu a corrida para o mundo dos negócios. Mas por aqui também já a perdeu para os empregos chorudos. Agora o que está a dar, o que anima a nossa classe política e/ou dirigista oportunista, são os tachos na “administração” da Caixa Agrícola, bem remunerados, cheios de mordomias e sem controlo de quem o deveria fazer – Banco de Portugal e afins. 

No tempo em que a generalidade dos partidos não consegue seduzir pessoas para as listas de candidatas aos diferentes órgãos autárquicos, e só o partido no poder (PSD) consegue cumprir os mínimos - apresentar listas a todos os órgãos –, um pequeno grupo de “primas-donas”, caciques e ex-caciques locais, que cresceram e engordaram à sombra do poder instalado nos paços do concelho, cirandando pelos tachos disponíveis na praça, apoiam-se no poder instalado e lançam-se no assalto ao poder na Caixa Agrícola. 

Sempre aqui saudámos as disputas e as renovações de poder nas instituições e entidades públicas ou privadas (que mexem em coisa pública), nomeadamente no malfadado associativismo local, que, em muitos casos, é falso associativismo. Mas ultrapassa o inimaginável - não lembra sequer ao Diabo - que criaturas supostamente esclarecidas queiram disputar as eleições para os órgãos de uma associação a que nunca estiveram ligados, para a qual não possuem currículo, e de que não são sequer sócios! A Caixa Agrícola não é uma associação de vão-de-escada, que organiza umas festas e vende umas cervejolas; é uma entidade financeira, que opera num mercado exigente, onde o rigor e a honorabilidade são a marca-de-água da sua credibilidade e condições críticas para o exercício da sua actividade, junto de quem aí aplica as suas poupanças. 

Bem sabemos que nesta terra vale tudo para quem está ancorado no poder instalado, mas há manigâncias que ultrapassam todos os limites. E um dos limites de voar muito alto é ser derretido pelo Sol, como bem ensinou a mitologia Grega.

22 de agosto de 2025

Pimpão cavalga oposição

A política pombalense tornou-se uma alegoria banal, inepta e insípida, que em muitos momentos roça o deplorável. Até ao final do ano, as próximas eleições autárquicas proporcionar-nos-ão vários actos caricatos e/ou penosos.

No arranque, bastou a “oposição” não se apresentar a duas freguesias para o doutor Pimpão cavalgar vitória antecipada. Em política, vitória é sempre vitória, nem que seja de “pirro” por ausência/incapacidade dos adversários. Mas convinha não embandeirar em arco… Todos já perceberam que o doutor Pimpão vai sentado num jumento, não num puro-sangue…



A “oposição”, coitada, continua em estado de negação, incapaz de olhar os factos e a realidade que a rodeia. Prefere vitimizar-se: transferir para outros erros seus - caminho que não resolve nenhum problema, só os agrava. Ao fraco já deveria chegar como desgraça carregar as suas fragilidades. Mas não: a dita oposição gosta de amplificar a sua desgraça, expondo na praça pública as suas fragilidades, os seus medos e os seus fracassos.

O pior cego não é aquele que não vê; é aquele que não quer ver.


20 de agosto de 2025

Fazer a festa antes do tempo

O povo, na sua imensa sabedoria, costuma dizer que é mau sinal festejar antes do tempo. Esta manhã o Pedro veio às redes embandeirar em arco porque, pasme-se, o PSD é a única força política que concorre em todas as freguesias. 

Percebo a euforia, a sensação de vitória antecipada, mas o Pedro esquece-se (como tantas vezes) que continua a ser presidente da Câmara. E ver-se a este espelho deveria fazê-lo corar de vergonha. Porque esta foi a estrada que ajudou a abrir, num concelho onde prevalece o "medo de dar o nome", de "dar a cara", de afrontar o poder. E é um bocadinho triste embrulhar-se nesta lençol de vaidade, mesmo que depois misture ali não-sei-quê de humildade. 

Por este andar, chegará o dia em que dispensa eleições.

O que gostaríamos de ver: que os anos teriam ensinado alguma coisa ao Pedro, e que esta forma de despovoamento o preocupava, enquanto autarca. Mas ao contrário, prefere viver numa realidade paralela. Ah, sempre precisa do PS para alguma coisa: não contente com os 10 slogans que o acompanham, ainda se socorre do slogan usado pelo malogrado António José Rodrigues, nas autárquicas de 2001 - Vamos a isto Pombal!

Vamos pois. Com toda a lata.



18 de agosto de 2025

A Liga dos Últimos à moda de Pombal

 Sabemos que até ao lavar dos cestos ainda é vindima, e por isso não estranhámos a correria desenfreada que aconteceu esta tarde no Tribunal de Pombal, no dia - e hora - limite para a entrega das listas candidatas às eleições autárquicas de 2025, marcadas para 12 de Outubro próximo. 

Na verdade, só esse formalismo legal ainda nos faz acreditar num acto sério. Porque tudo o resto nos leva a crer que as eleições em Pombal são uma espécie de Liga dos Últimos, tal o amadorismo. 

Estas serão umas das eleições mais concorridas em termos de candidaturas (desta vez são 8candidatos, tal como em 2017), o que não quer dizer disputadas. Pimpão vai embalado pelo PSD, na frente da corrida. De cada vez que o vejo partilhar coisas sobre "voar mais alto" não consigo evitar a imagem: a equipa "de excelência" (que faz arrepiar muito social-democrata) é como uma tripulação dentro do cokpit de um avião de passageiros, mas com carta de mota - aplicada também por estes dias ao PM e seu (des)governo. A paz laranja vai ser abalada aqui pelo Chega, que apresentou (em segredo) as listas, já na semana passada. Quem as viu, garante que a da Assembleia Municipal (encabeçada por Paulo Costa, um imigrante radicado nas Meirinhas) é a mais representativa de todo o concelho, por incluir gente de todas as freguesias. Já a lista à Câmara, encabeçada pelo doutor Mithá Ribeiro, deixamos para o (e)leitor descobrir a origem/residência dos que a integram, à excepção do dissidente Manuel Serra. Chegou a estar marcada uma apresentação, mas foi "adiada", não se sabe para quando. Não é que isso interesse, que a maioria do eleitorado do CH vota no senhor que aparece em todos os cartazes, em todos os concelhos. E isso assegura votos, muitos votos. A nós calhou-nos o (único) ideólogo do partido, que de tanto querer regredir ao antigo regime esta semana ilustrou um post com o símbolo da vila de Pombal. Alguém o avise que isto se tornou cidade em 1991.

Também o Movimento Pombal Independente já tinha entregue as listas na semana passada. É ululante a disputa entre João Coelho e João Pimpão, que elegeram Luís Couto como ódio de estimação. Podem trazer as pipocas. Para esse filme e para outros que se anunciam, nomeadamente no PS: afinal a candidata a São Simão de Litém desistiu da corrida; há meia dúzia de freguesias sem candidatura socialista, e continuamos sem saber nada do candidato à Câmara. Seria cómico, se não fosse trágico. 

Feitas as contas ao elenco, temos Pedro Pimpão (PSD), Gabriel Mithá Ribeiro (CH),  Fernando Matos (PS), Luís Couto (MPI), Ricardo Santos (IL), Telmo Lopes (CDS), Egídio Farinha (CDU) e Célia Cavalheiro (BE). Agora escolha.

Adenda: Afixadas as listas no Tribunal de Pombal, constatamos que houve trocas de última hora e algumas surpresas. A mais relevante: o Chega apresentou uma outra lista à AM, encabeçada por um tal Sebastião Ferreira Fartaria, com residência em...Amor. De resto, em toda a lista, procurar um natural ou residente no concelho é como encontrar uma agulha no palheiro. Esta troca resulta das guerras fraticidas (que já existem) dentro do CH.O líder da distrital, deputado na AR e candidato à Câmara de Leiria, Luís Paulo Fernandes, não se cruza com Gabriel Mithá Ribeiro. Ora, o último desautorizou o primeiro (que ajudou no processo autárquico por todo o distrito, à excepção de Pombal), para espanto dos funcionários judiciais que receberam as listas. Por outro lado, o partido de Ventura candidata-se também à Junta de Freguesia de Pombal (com Patrício Accoto Martins) à Junta de Carnide e à de Vermoil. Isto promete.





14 de agosto de 2025

O Pedro insiste no erro – o Pedro é um erro

Ontem, o PSD divulgou a lista à câmara que o Pedro escolheu para o acompanhar em mais quatro anos da sua comédia folclórica. Nos lugares potencialmente elegíveis aparecem a repetente Isabel Marto, o professor-primário Marco Ferreira, a tarefeira Ana Carolina e a enfermeira Patrícia Rolo! Pelo caminho ficaram a Catarina Silva e o Pedro Navega - e a Gina Domingues. Fica só uma dúvida no ar: se o Pedro sabe mesmo escolher, ou se não tem mesmo por onde escolher - serão com certeza as duas faces da mesma moeda (da má moeda). 



Um dos maiores vultos da cultura e do pensamento europeu, Goethe, afirmou: diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és. Com esta "escolha", que se segue à anterior, o Pedro confirmou o que já se sabia: é um inepto (político) - criatura destituída de capacidade de aprendizagem e de avaliação daquilo a que se propõe. 

Desgraçadamente, nesta malfadada terra, o PSD - meia-dúzia obstinados, alheados da realidade, escolhidos ou controlados pelo Pedro - continua a dar-lhe carta branca para ele cometer barbaridades políticas que nos sairão muito caras. Perdeu-se definitivamente o sentido da responsabilidade e a noção de causa e serviço público. Isto já não é Política; é uma farsa, uma comédia ofensiva, ruim e indigna, representada por péssimos actores. Mas se o povo gosta, siga a festa.

12 de agosto de 2025

A fina flor do entulho

 Nestas semanas dedicadas à pré-campanha eleitoral, Pedro Pimpão e sua jota andam em desfile pelas terriolas deste concelho. Só eles, como se as eleições fossem de uma só candidatura, por mérito do PSD e demérito do(s) que deveria(m) apresentar-se como alternativa. Tenho acompanhado com curiosidade a presença da comitiva laranja em duas dimensões, alheia à separação de poderes. Por um lado, a presença do presidente da Câmara (e do que resta da sua equipa), por outro a máquina do partido, que ostenta o dinheiro que tem, num registo David e Golias, em cada apresentação de candidatos. 

Aqui a lei é coisa para contornar, como se não existisse o decreto-lei nº 8/2025, de 14 de Julho, que obriga as autarquias a ajustar a sua comunicação institucional, reduzindo a mínimos as publicações nas redes sociais e noutros meios. Quem pode, pode. 

À falta de adversários, Pimpão desfila pelas freguesias os seus candidatos às juntas, todos notáveis e extraordinários, todos aptos a fazer parte de um estudo que mostre como Pombal é um oásis no país. Quem aqui aterrar, sem saber nada, e se guiar pelas publicações do "Pombal voa mais alto", não imagina o quanto batemos no fundo. A honestidade intelectual ensina-nos que a nossa terra é aquela onde vivemos, e por isso é nela que devemos intervir, participar, agir em planos diversos - não necessariamente a fazer número para engrossar o falso associativismo. Surpreenda-se pois, o (e)leitor, com aqueles e aquelas que nos são apresentados como a última bolacha do pacote, mesmo sabendo nós que são apenas o que há, ou que mantêm interesse(s) em participar na coisa. Entusiasme-se o (e)leitor com os discursos que evocam a participação activa de uma comunidade, quando percebemos que os eventos de apresentação funcionam em circuito fechado, deles para eles. Ainda assim, anseio agora pela apresentação da candidatura à junta de freguesia de Vermoil, onde este ano não há sequer a tradicional festa da terra. Porque não há comissão. Porque não há pessoas. E as entidades que tinham obrigação de assumir a organização, têm mais que fazer. É como diz a canção: tudo está no seu lugar, graças a Deus. 

E o resto? - perguntará, legitimamente, o (e)leitor. O resto é o resto. 


11 de agosto de 2025

O PS2 vai a votos

Nesta malograda terra, as eleições locais são mero pró-forma que nada decidem. Uns culpam os partidos (da oposição) por este triste fatalismo; outros culpam os eleitores. Estaremos, com certeza, perante um enigma semelhante ao do ovo e da galinha.



O PS participa, novamente. Com a divulgação das listas à Câmara e à Assembleia Municipal confirma-se o que já se sabia: o PS2 – o que resta dele - conseguiu o seu principal objectivo: ir a votos. Pelo meio desenvolveu uma guerrilha fratricida com os resultados conhecidos e agora confirmados: uma fractura interna, completa e profunda, que dinamitou o que restava da estrutura local do partido.

As eleições são o teste de algodão à limpeza de processos e à confiança nos candidatos, mesmo para aqueles que desconsideram as escolhas dos eleitores. Na esfera socialista, só duas coisas ainda suscitam alguma curiosidade: quanto ainda vale o campo socialista? Qual das facções (PS1 ou PS2) vale mais? 

NR: Para não influenciar os resultados, não divulgo o meu prognóstico.


9 de agosto de 2025

Ninguém explica ao Luís!

O Luís - rapaz humilde e esforçado - apresentou-se sozinho na última reunião da “Junta”, cheio de dúvidas e inquietações, disposto a fazer figura. E fez…

Naquela sala funesta, onde quase todos(as) já atiraram a toalha ao chão, e fazem-se de mortos(as), o Luís, depois de queimar quatro anos entre o fútil e o inútil, ainda continua a esbracejar, a clamar que “gostaria de perceber” - isto, aquilo e aqueleoutro… É verdade que às vezes tentaram explicar-lhe as coisas, e até ajudá-lo a fazer melhor, mas parece ouvir sem escutar… Parece padecer de uma esquisitice mental difícil de entender, e sozinho perde-se facilmente. Deixa-nos sem deixar memória. E não consta que tenha aprendido alguma coisa durante os quatro longos anos em que simplesmente nos enfadou. 

Humilde como é, alcançará com certeza o reino dos céus. 

4 de agosto de 2025

A nossa arquitectura urbana – o disfuncional com adornos pindéricos

Como diz o povo, com a sabedoria fundada na sua experiência ancestral, o que nasce torto tarde ou nunca se endireita. Quem, neste tempo soalheiro, se sentar numa esplanada do Largo do Cardal confirma-o na plenitude…

Narciso Mota e Diogo Mateus estragaram a sala de visitas da cidade, quando resolveram destruir tudo o que nela era característico e harmonioso, empedrando totalmente a praça, removendo tudo o que era natural: canteiros, plantas, relva e terra (essa desprezível coisa - dizem os arquitectos da moda -, mas na verdade é o ínicio e o fim de tudo); e acrescentando-lhe o que ela não pedia nem precisava: uma tenda e uns canteiros em betão feios como bode. Mais tarde, fruto das críticas, tentaram corrigir a desastrada plástica realizada, plantando umas árvores e colocando uns vasos canteiros ordinários para dar um toque verde à coisa. E Pedro Pimpão, o que fez? Prosseguiu a saga: meteu lá mais carros, a praça de táxis, uns adornos plásticos e umas árvores em enormes vasos de betão, que um funcionário rega carregando baldes de água de manhã e ao fim da tarde! 

Jamais o disfuncional e o belo estiveram tão distantes um do outro. É a smart-city a levantar voo.

30 de julho de 2025

Quem tem medo dos independentes?

Há muitos anos, numa das campanhas autárquicas mais disputadas, um amigo que integrava a lista do PS à Assembleia Municipal costumava ironizar quando via aproximar-se a caravana do PSD: "lá vêm eles com tudo: as bandeiras, a jota, até a Senhora do Cardal!". Nesse tempo (que resultou na primeira eleição de Diogo Mateus para presidente, derrotando nas urnas Adelino Mendes), não podíamos imaginar o estado a que haveríamos de chegar em 2025, tão-pouco que chegaria a hora da Senhora do Cardal entrar mesmo na campanha. Foi João Pimpão quem a trouxe, num post facebokiano ao final do dia de domingo, em que se indignava com o que chamou "uma falta de respeito e uma vergonha pelas pessoas".

O João é um óptimo presidente da Junta da terra onde foi parar, mas é (muitas vezes) politicamente destravado. Mostrou-o ao longo de todo o mandato na AM, espicaçando os adversários para lá do limite. E se a coisa não descambou mais vezes, foi porque o órgão era presidido por um senhor: Paulo Mota Pinto. Adivinha-se por isso o que aí vem, no futuro, com João Coucelo ao leme. A não ser que tenhamos surpresas. 

Ora, a suposta vergonha e falta de respeito teria sido perpetrada pelo Movimento Pombal Independentes, liderado por Luís Couto enquanto candidato à Câmara, e que escolheu o domingo do Bodo para apresentar a sua candidatura, bem como das equipas que o acompanham. O professor António Moderno (candidato a presidente da AM) tomou conta do evento e esperou pelo final da procissão para falar. Excesso de zelo, talvez, já que este é um estado republicano e laico, o evento decorria num espaço privado, como é o Hotel Pombalense. Mas ao João, em particular, e ao PSD em geral, isso não interessa nada. Gosto de os ver desfilar na procissão, concentradíssimos em mostrarem-se nas suas fatiotas domingueiras, a transbordar moral e bons costumes. Quem ia no cortejo, porém, admirou-se com outras vergonhas, como as tascas do Bodo das Freguesias (isso dará outro post) permanecerem abertas, com o movimento próprio de tasca, na praça por onde passa a procissão.

Não é de agora o ódio colectivo dos partidos aos movimentos independentes, assim como não é de agora o ódio a Luís Couto, que neste mandato foi deputado único pelo Movimento Oeste Independentes. Todos sabemos que a maioria dos movimentos é independente, mas pouco. Que na sua maioria são compostos por degenerados dos partidos. A este, em particular, poderíamos apontar muitas características passíveis de crítica, desde logo por se concentrar demasiado numa região, o Oeste, em detrimento do resto. Mas o que acontece, grosso modo, é mais ataque de carácter do que crítica politica. E isso tem outro nome. A não ser que PS e PSD estejam com medo de alguma coisa, para além do Chega.




27 de julho de 2025

Bons pombalenses & pombalenses de bem

 Por estes dias qualquer time line é farta em manifestações de amor a Pombal. Não é só o regresso dos "autóctones" - como lhe chama uma amiga - ou dos emigrantes que voltam às pressas para chegar a tempo do Bodo. É a (legítima) assunção de quem (como eu) gosta da festa, vibra mais com os reencontros em cada esquina do que com os concertos, sabe que pouco importa o cartaz, porque a festa é nossa e faz-se seja lá com quem for. 
Moro aqui há mais anos do que morei na aldeia onde nasci, e tenho a forte convicção de que a nossa terra é aquela onde vivemos. E por isso estas ruas são tão minhas quanto daqueles que acham correr-lhe nas veias sangue azul do Cardal, sinto como meus os versos de Costa Pereira. Podia passar os dias apenas Cardal acima, Cardal abaixo, descer ao Arnado sem me importar com o programa, viver o Bodo, só, com o privilégio de lhe conhecer a história, de ter privado com as histórias de António Serrano, de quando contava (sempre com o mesmo entusiasmo) como ele viu o homem entrar no forno e dar três voltas, saindo ileso. Com a memória de ter visto a festa a ser (re)pensada por vários autarcas; a meia maratona a evoluir para prova do bodo, o bodo dos pequeninos a nascer, as mudanças de palcos, a vida a acontecer. 
Há, no Bodo, várias dimensões. E de cada vez que o presidente da Câmara as confunde ou esbate, uma borboleta da felicidade estatela-se contra o vidro. A dimensão institucional é tão importante (ou mais) do que cada uma das outras. Mas isso é um caso perdido. Passemos à frente.
Ora, no meio desse orgulho pombalense que começa na quinta-feira à noite e só acaba na madrugada de terça para quarta, há a realidade. E essa é como o teste do algodão: não engana. Mostrou-se em todo o seu esplendor logo a abrir, quando, na noite de quinta, vários restaurantes desta cidade fecharam a porta à hora de jantar. Porquê? Porque não queriam servir ciganos, temendo uma invasão com o concerto de Nininho Vaz Maia. Assumiram-no, de viva voz, aos fornecedores. Esta foi a terra que pensou há muitos anos em criar condições dignas de habitação para a maior comunidade cigana do distrito, mas não deixa de ser a terra que coloca o sapo à porta do café. E onde se ergue uma barreira chamada IC2 para os deixar lá, nas margens do Arunca, num bairro sem quaisquer infraestruturas, quase 20 anos depois de criado. Onde se celebram os dias da inclusão (seja lá isso o que for) com espectáculos de ciganos para ciganos. Quase exótico. 
Como as modas demoram mas também chegam aqui, agora há novos ódios de estimação. Foi sem espanto que li comentários  - como os que aqui reproduzo - sobre os desgraçados que instalam tendas na outra margem do Arunca para ganhar a vida, durante uns dias. Podem fazer as sandes de porco no espeto ou os kebab com que te lambuzas de madrugada, podem trabalhar por tuta e meia na fábrica da cerveja que emborcas desde o recinto às imediações, mas isso de venderem coisas nas tendas já é outra história! 
Escrevo no domingo do Bodo, quase à hora em que se celebra a missa e procissão em honra de Nossa Senhora do Cardal, padroeira desta terra. Muitos dos que querem escorraçar daqui os indianos, paquistaneses e demais vendedores hão-de estar lá por baixo, ora a bater com a mão no peito, ora a ajudar as obras sociais. Brinquemos, então, à caridadezinha.