8 de março de 2025

8 de Março - mais luta e menos flores



O Dia Internacional da Mulher passa hoje por Pombal sem que nada o assinale. Nada não: o presidente da Câmara - a mesma Câmara que aprovou um plano municipal para a Igualdade - distribuiu florzinhas por algumas mulheres. Se acaso se cruzarem com ele, peçam também chocolates. E não se espantem se vos chamar de princesas.

Era mais do que isto que se esperava do poder local, numa terra onde é ele quem mais ordena, onde há muito deixou de haver sociedade civil. 

Por isso mesmo merece vénia a iniciativa do Cineclube, que ao longo deste mês de março exibe, às quartas-feiras à noite (no pequeno auditório do Teatro-Cine) um ciclo com assinatura de mulheres realizadoras. 

Em nome de todas as mulheres que lutaram no passado pelos direitos conquistados, e das que lutam todos os dias pelo que falta conquistar, aqui fica um poema de uma das três Marias. Porque a luta continua, todos os dias.


Revolução e Mulheres


Elas fizeram greves de braços caídos.
Elas brigaram em casa para ir ao sindicato e à junta.
Elas gritaram à vizinha que era fascista.
Elas souberam dizer salário igual e creches e cantinas.
Elas vieram para a rua de encarnado.
Elas foram pedir para ali uma estrada de alcatrão e canos de água.
Elas gritaram muito.
Elas encheram as ruas de cravos.
Elas disseram à mãe e à sogra que isso era dantes.
Elas trouxeram alento e sopa aos quartéis e à rua.
Elas foram para as portas de armas com os filhos ao colo.
Elas ouviram falar de uma grande mudança que ia entrar pelas casas.
Elas choraram no cais agarradas aos filhos que vinham da guerra.
Elas choraram de verem o pai a guerrear com o filho.
Elas tiveram medo e foram e não foram.
Elas aprenderam a mexer nos livros de contas e nas alfaias das herdades abandonadas.
Elas dobraram em quatro um papel que levava dentro uma cruzinha laboriosa.
Elas sentaram-se a falar à roda de uma mesa a ver como podia ser sem os patrões.
Elas levantaram o braço nas grandes assembleias.
Elas costuraram bandeiras e bordaram a fio amarelo pequenas foices e martelos.
Elas disseram à mãe, segure-me aí os cachopos, senhora, que a gente vai de camioneta a Lisboa dizer-lhes como é.
Elas vieram dos arrabaldes com o fogão à cabeça ocupar uma parte de casa fechada.
Elas estenderam roupa a cantar, com as armas que temos na mão.
Elas diziam tu às pessoas com estudos e aos outros homens.
Elas iam e não sabiam para onde, mas que iam.
Elas acendem o lume.
Elas cortam o pão e aquecem o café esfriado.
São elas que acordam pela manhã as bestas, os homens e as crianças adormecidas.

(Maria Velho da Costa)

5 de março de 2025

Empréstimo de 10 Milhões – uma conversa tola sobre uma extravagância (II)

Nesta coisa do empréstimo, a oposição ajudou à festa – fez de bobo da festa. Andou três anos a propor/incentivar o dotor Pimpão a endividar a câmara, e agora, quando ele avançou com um empréstimo bancário de 10 milhões de euros, votou contra. 



Em política, quando não há rumo todas as encruzilhadas são uma partida e todas as passadas são ariscadas. Há muitos anos, expliquei a algumas daquelas criaturas que actualmente representam o PS que uma verdadeira oposição faz oposição: centra-se na sua missão, não na do poder - centra-se unicamente nos fins e não nos meios. Mas esta oposição não quer ser vista como oposição. Quer ser parceira: colaborar, recomendar e ser reconhecida pela postura positiva - tanto do agrado do dotor Pimpão & C.ª. No empréstimo, tropeçou nas suas contradições congénitas e acabou a fazer trapezismo político. É…, mas não é a favor do empréstimo. Quer dar mais dinheiro ao dotor Pimpão, para as suas extravagâncias, mas é contra o empréstimo para aquelas finalidades – e para todas aquelas que não sejam as suas. 

No final, o arraigado populista desafiou-os a irem à ETAP e às freguesias assumir que são contra as suas benfeitorias. Já foram à ETAP.

3 de março de 2025

Empréstimo de 10 Milhões – uma conversa tola sobre extravagâncias (I)

O assunto mais relevante da recente Assembleia Municipal foi a discussão e aprovação de um empréstimo bancário de 9854000 €, pela Câmara Municipal de Pombal.



Depois de estourar as poupanças herdadas e de colocar as contas no vermelho, com 3.6 milhões de euros de prejuízo, e a tesouraria em ruptura, o dotor Pimpão precisava de mais dinheiro para as suas extravagâncias. Por conseguinte, o empréstimo só surpreende no montante, não na sua aprovação, garantida à cabeça qualquer que fosse o montante ou finalidade. Daí que o executivo não tenha gastado tempo nem palavras para o justificar - limitou-se a indicar umas medidas meio-tontas ou sem necessidade de financiamento. Mas a realidade é outra: o dotor Pimpão precisa das contas bem recheadas para poder gastar à-vontade nas festas,  benfeitorias de fachada  - que também dão festa - e negócios ruinosos.

Nas questões de governação, a pior coisa que se pode fazer é meter dinheiro, em abundância, nas mãos de um desgovernado. Mas como o dinheiro não é deles - é nosso - a maioria fez o favor ao menino. E a oposição ajudou à festa, como é da sua natureza… 

As acções dos homens (e das mulheres) são danosas quer pela ignorância, quer pelos maus desejos. Neste caso, é pelas duas coisas. A prenda vai-nos sair cara – preparem-se para a subida da factura da água. A felicidade tola traz sempre enormes custos.

1 de março de 2025

Dona Durvalina desmascara dotor Pimpão&C.ª

A dona Durvalina tem feito carreiro para a câmara, na sua cadeira-de-rodas, atrás dos problemas que a câmara somou aos muitos que a vida lhe destinou. Mas não desiste. A cada promessa incumprida pelo dotor Pimpão&C.ª mais uma insistência.
Anteontem, na reunião do executivo, fez a única intervenção que valeu a pena ouvir. Ela sabe falar – tem patoá, como se dizia antigamente lá na minha aldeia de quem sabia dizer as coisas – e fala do que sabe com a dose de convicção e de emoção certas.
Com tanta figura unicamente decorativa naquela reunião, valia a pena pensar em dar assento à dona Durvalina naquele fórum.

Como os partidos estão com muita dificuldade para arranjar candidatos, daqui recomendamos a dona Durvalina. Estou certo que faria melhor que muitas almas perdidas que ali tomam inutilmente assento. Na oposição faria um figurão.



27 de fevereiro de 2025

Sobre o nosso Conselheiro Acácio

Como qualquer terra portuguesa, Pombal também tem as suas figuras típicas, com as suas grandezas e miudezas - também tem o seu Conselheiro Acácio. 

Como não podia deixar de ser, o nosso conselheiro tem muitas parecenças com o do Eça: o formalismo discursivo cheio salamaleques, maneirismos e etiquetas antiquadas, uma pedanteria balofa e uma delicadeza excessiva que ofende todos os patamares da inteligência. Mas tem, também, algo que o distingue do seu semelhante. Falta-lhe a impressiva feição mental e a capacidade de representação da figura retratada pelo Eça.

O nosso conselheiro não impressiona, cansa; repete continuamente “Senhor Presidente” e “Sua Excelência”, numa postura corporal e numa entoação de voz em que não há como saber se pergunta, elogia ou censura. E por medo ou timidez, ferra os olhos no papel que o suporta e nunca olha para o mencionado. O outro, o célebre, “Sempre que dizia – El Rei! Erguia-se”.

 


NR: E abusou tanto nos salamaleques que deixou a sua correligionária apeada, sem tempo para usar da palavra. 

26 de fevereiro de 2025

Centro Natural da Propaganda

 

Não há nada pior que tomarem-nos por parvos. É mais ou menos o que anda a fazer Pedro Pimpão nestes primeiros meses do ano, em que alimenta uma espécie de tabu sobre a sua (obrigatória) recandidatura à Câmara, ao mesmo tempo que utiliza os meios públicos como forma de - descarada - propaganda, esbatendo as linhas vermelhas entre o que é partidário, pessoal, e público. 

Há dias os habitantes deste concelho foram surpreendidos por um panfleto na caixa de correio sob o título "Em Pombal, 2025 é sinónimo de investimento". O infomail é do PSD, Pimpão usa-o como slogan, coadjuvado por outro: "Pombal pela Positiva". Centro Natural da Felicidade, lá está, sem críticas nem farpas. 

O que aqui se condena é este registo de meias-tintas, que, como sabemos, é meio caminho andado para os troca-tintas. 

Para quem diz que ama Pombal, o mínimo que se esperava era a frontalidade. A hombridade de dizer "amigos, sou candidato outra vez, quero manter-me aqui neste lugar e só vocês me podem garantir isso". 

Mas Pimpão prefere dar uma no cravo e outra na ferradadura. Como diz um dirigente do partido que o conhece desde sempre, não abdica de ficar em cima do muro, a meio da ponte. 

O que fez esta manhã, porém, ultrapassa os níveis da decência: usou a página do Município para mais um laudatório seu, à espera de confettis. Uma publicação nas redes sociais da Câmara - onde, não raras vezes, os comentários que não são pela positiva acabam ocultados. 

Pedro Pimpão baralha-se muito, nesta ânsia de se manter omnipresente e conectado a toda a hora. Se esta fosse a sua página pessoal, poderia fazê-lo, claro. Mas as páginas do Município não são dele, mesmo que pareçam. 

E se houvesse oposição, já o tinha posto no sítio. Porque mesmo que a realidade paralela onde vive lho diga, não vale tudo.

Nos próximos meses, que são de pré-campanha, isto promete, senhores leitores. 

13 de fevereiro de 2025

Marcelo veta desagregação das freguesias

A agregação das freguesias foi uma farsa improvisada pelo governo da PaF - Passos Coelho/Miguel Relvas - para enganar a Troika. Entretanto, a Assembleia da República resolveu reverter o processo, aprovando por ampla maioria a desagregação das famigeradas uniões de freguesia.



A agregação foi um acto tão vil como este, agora, da desagregação; ambos movidos unicamente pelo mais descarado oportunismo político, sem nunca atenderem ao primordial interesse do país, ao seu coerente e adequado modelo organizativo. Marcelo, como é seu timbre, não quis ficar atrás e compôs o ramalhete: vetou a lei por considerar que existe “falta de compreensão e transparência pública do processo legislativo” e “capacidade para aplicar … o novo mapa já nas eleições autárquicas de Setembro ou Outubro deste ano”. Há boas razões políticas para concordar ou discordar da medida, mas não me parece que os pretextos usados pelo presidente sejam minimamente razoáveis, porque julgo que toda a gente compreende o que está em jogo e a aplicação da norma é coisa lógica e natural.

Há em cada coisa aquilo que ela é, e que a anima. Marcelo é intriga, e entropia. O hábito da intriga desenvolve todas as fraquezas que são com ela solidárias. Marcelo tornou-se um empecilho do regime. Deixa um amplo contributo, se não para a obsolescência do regime, pelo menos para a demonstração da inutilidade do cargo que ocupa.


Nota de Rodapé: o veto tem o mérito de facilitar a vida às estruturas concelhias dos partidos. Em Pombal são menos quatro listas, menos cinco dezenas de candidatos onde está a ser muito difícil encontrá-los. 

11 de fevereiro de 2025

E você, a quem compraria um carro usado?




Um "estudo de opinião" apanhou-me esta tarde de feição: um misto de perguntas sobre o desempenho de Pedro Pimpão, por um lado, e por outro algumas com hipóteses de putativos candidatos/adversários.
Está bem de ver que o PSD contratou de novo o IPOM para validar a candidatura de Pimpão. Mas as perguntas pareciam saídas de uma qualquer praxe e novos membros da JSD. O desgraçado que mandou o rascunho para servir de base a esta sondagem já dá como certo que Lina Oliveira vai ser candidata do Bloco de Esquerda, e Maria José Anastácio pela CDU, e Telmo Lopes pelo CDS, e Ricardo Ferreira pela IL. Porém, ficaram a faltar candidatos nas eleições de 2021. (Não têm nada que agradecer, é um gosto contribuir para estudos com verdade).
Do rol de perguntas - quase todas centradas em quatro candidatos - a minha preferida foi: "Se tivesse que comprar um carro usado, a qual dos potenciais candidatos à Câmara preferia comprar?". As hipóteses são:
- Pedro Pimpão
- Fernando Matos
- Luís Couto
- Gabriel Mithá Ribeiro
- Nenhum destes
- Sem opinião.

Ora, se há coisa que aqui no Farpas temos sempre é opinião. E por isso escolhemos antes comprar um carro novo. Nunca se sabe qual deles nos apanha na curva...

5 de fevereiro de 2025

Sobre a epopeia do irrisório

Temos na câmara uma rapaziada que vê méritos nas tolices que pratica, e quanto mais fúteis e irrisórios melhor... É uma rapaziada que para além de não entender absolutamente nada de governação, também considera desnecessário tentar entender alguma coisa. Mas assim vão fazendo o seu caminho...!

Como o tempo não está propício para festas e arraiais, agora entretêm-se com a propagandear as tolices que praticam. Nos últimos tempos, andaram a contar as criaturas que visitaram o castelo para virem agora divulgar a tontice rendilhada com múltiplas “estatísticas” do irrisório.

Quando se afirma que “o castelo (um qualquer castelo deste país) é (ou pode ser) um destino turístico chave para o público nacional e internacional” estamos no domínio do absoluto delírio ou do embuste mais rasteiro. 

Deus lhes perdoe, que não sabem o que fazem.



31 de janeiro de 2025

A “Junta

 A “Junta” voltou a reunir, ontem. Do que falaram? De ninharias, de queixas de comadres, e de banalidades. Ah! E aprovaram uns subsídios - muitos…



Não há nada mais aborrecido que ver gente comum, absolutamente comum, sem nenhuma ideia pessoal, sem nenhum talento e sem nenhuma faculdade especial a cumprir rotineiramente uma tarefa naturalmente exigente, sem brio e sem espírito.

Por conseguinte, é difícil trasladar aquilo para palavras. Como é difícil perceber o que vão para ali fazer certas criaturas. Há coisas sobre as quais não só não se pode falar com inteligência, mas é até falta de inteligência falar sobre elas. Seria melhor acabar com aquilo, apagar a luz ou não dar a ver aquele espectáculo fastidioso – nada mostrar.

As circunstâncias não fazem o indivíduo, apenas o revelam no seu esplendor. Por comparação, o que melhor ali surgiu foram as três intervenções do público.

29 de janeiro de 2025

Chega aposta forte em Pombal

Gabriel Mithá Ribeiro, militante e deputado do Chega, eleito pelo círculo eleitoral de Leiria, será o cabeça de lista do partido à Câmara Municipal de Pombal, nas eleições autárquicas deste ano. A decisão ainda não foi divulgada pelo partido, mas o próprio já deu conhecimento da sua candidatura a algumas forças vivas do concelho.



A escolha desta figura nacional, sem laços à terra, mostra que o partido aposta forte em Pombal e que não possui uma figura local capaz de fazer um bom resultado.

É um desafio para o próprio, e uma ameaça para as outras candidaturas.   

24 de janeiro de 2025

É o progresso, estúpido!




Um corte com o passado marcou o arranque desta semana numa das ruas mais movimentadas de Pombal. Não, não foi só um corte com o passado. Quando as máquinas entraram pela antiga propriedade da família Vieira, encostada à unidade de saúde do São Francisco, arrasaram com uma parte importante do património arquitectónico da terra. Para os vizinhos, foi uma dor de alma. Talvez não tão grande como aquela que terão quando começar a erguer-se o edifício multifamiliar constituído por 43 (!) fogos, um condomínio fechado. Por ora, quem passa na rua Carlos Alberto Mota Pinto apenas pode admirar o lixo. 
A propriedade é grande. Quando olhamos para a floresta à procura da árvore (que é como quem diz para as imagens do Google), há (havia) um pulmão verde naquele nº 120, contrastando com o betão que cresce e se multiplica. 
Quando nos abeiramos da futura obra, só há máquinas e entulho. Aguardamos a todo o momento que lá seja colocado o respectivo aviso, para que toda a gente saiba aquilo que a Câmara decidiu, a escassos dias do Natal passado: um despacho que o vereador Pedro Navega assinou, em nome do presidente Pimpão, em consonância com o parecer de outro arquitecto, o chefe da Divisão de Obras Particulares, Júlio Freitas. Como Pombal é uma terra pequena e isto anda sempre tudo ligado, o promotor do empreendimento é também um velho conhecido dos meandros autárquicos: o engenheiro Sérgio Leal, ao leme da empresa B30 - Construção Civil e Obras Públicas, Lda. 
Ora, se há coisa de que Pombal precisa é de prédios. De prédios novos, de preferência deitando abaixo casas antigas. 
Nos anos 90 esta cidade tinha uma Associação de Defesa do Património (Cultural), que nestas alturas bem falta nos faz. Mas o progresso não se compadece com lérias, tão pouco com saudosistas. 
Esta é a era das smart cities, da dinâmica do território, e de quem tiver as unhas mais compridas para tocar guitarra. Avancemos, sem pudor. 

23 de janeiro de 2025

Crónica de uma reunião meio encoberta

A “Junta” reuniu na passada quinta-feira. Mas nem o presidente nem gabinete da propaganda divulgaram a dita. Perdemos há muito o interesse pelas reuniões da  “Junta”, mas a ausência de propaganda acicatou a curiosidade…



Na dita reunião, não transmitida, o Pedro fez aprovar um empréstimo bancário no montante de 9 854 000 €  - o dobro da dívida bancária de longo prazo herdada dos seus antecessores. O Pedro justificou o avultado empréstimo com a necessidade de realizar investimentos, nomeadamente nas descabidas promessas eleitorais (por exemplo, nos parques verdes nas freguesias). Mas percebe-se que se destina a dar asas ao seu despesismo, em ano de eleições.

O concelho precisa de muita coisa, mas não pode nem deve desbaratar recursos, sempre escassos, em benfeitorias de fachada que só dissipam meios e geram despesa (re)corrente. Para estas deveriam chegar os abusos que se cometem no acesso indevido aos fundos comunitários, recorrentemente desbaratados sem propósito e sem critério.  O crédito bancário - sempre oneroso – é uma decisão complexa e de último recurso, justificável quando não se dispõe de meios próprios para responder a uma necessidade premente ou a uma oportunidade (rentável), após rigorosa e ponderada avaliação da relação custo-benefício. Esporadicamente, também se justifica/impõe para resolver problemas ou rupturas de tesouraria, como parece ser o caso... A acção política do Pedro é um jorro dissipador de recursos como se não houvesse amanhã, que seria, em grande parte, inócua se lhe retirassem a capacidade de contrair dívida e de fazer despesa extraordinária. Como actualmente isso não parece possível, restará a possibilidade de tirá-lo do poder. Mas parece que amanhã ainda não será a véspera desse dia… 

Convém, no entanto, recordar que o Pedro recebeu a câmara numa situação económico-financeira invejável, fruto de abordagens prudentes, centradas no essencial e no controlo da despesa, geradoras de resultados sempre positivos. Mas bastou comutar para o modo despesista, focado no acessório e no folclórico (festas e diversão), para se passar de explorações positivas para um resultado líquido negativo de 3 600 mil euros, em 2023 - último conhecido.

O Pedro é um bom-rapaz, mas muito impreparado e insensato para este campeonato, porque não distingue o acessório do essencial, confunde despesa com investimento, acção com estratégia, prioridades com desejos. O que o leva a fazer escolas onde não há crianças, e a não as fazer onde as há (crianças); o que o leva a plantar árvores onde as há a mais (somos um dos concelhos com a maior mancha florestal), porque acha que assim se liga à natureza, quando o esforço deveria ser colocado no seu desbaste; o que o leva a fazer parques verdes onde não falta verde - verde do melhor, verde natural -, em vez de cuidar dos pequenos núcleos urbanos das freguesias, etc. etc., etc.

Com o Pedro & C.ª esta terra nunca encontrará seu ideal. Salva-se quem gosta do natural.

18 de janeiro de 2025

O médico Fernando Matos é o candidato do PS à Câmara


 

O PS de Pombal aprovou esta tarde, por unanimidade (e presumível aclamação), a escolha do médico Fernando Matos para candidato à Câmara Municipal de Pombal, nas eleições autárquicas deste ano.

É um nome forte e uma cartada bem jogada, talvez a melhor dos últimos 30 anos. Porque é um nome conhecido e respeitado na praça, porque o efeito surpresa joga sempre a favor nestas coisas.

Fernando Matos viveu na sua bolha da saúde, entre o público e o privado, e chega a esta idade sem qualquer envolvimento político na terra (e fora dela). É sempre estranho quando isso acontece. Mas como vivemos o tempo do sebastianismo - veja-se o caso do Almirante para a presidência da República - pode ter aqui as condições ideais para singrar. Os próximos tempos ditarão até que ponto esta aparição vais ser suficiente para curar o PS, mas tem pelo menos o condão de se fazer respeitar, enquanto candidato, pelo adversário hegemónico que é o PSD. E isso já é bastante. 

Posto isto, abram alas para o senhor doutor. Hoje o PS pode acender os incensos todos, porque este número já ninguém lho tira. 

15 de janeiro de 2025

Coisas de Pimpão, coisas de Rabadão

Consta que o Instituto Politécnico de Leiria (IPL) quer deslocalizar os cursos de formação superior em Desporto para Pombal. Se há coisa de que o país não precisa é de mais escolas superiores. Mas continuamos a ser desgovernados por políticos e dirigentes que não sabem estudar os problemas nem priorizar a acção, uns por desconhecimento, outros por falta de seriedade.



Sabe-se que num país pequeno e pobre, como este, com variada e difusa oferta educativa de nível superior, é muito difícil e custoso erguer e consolidar uma nova escola de ensino superior. Nas últimas décadas surgiram pelo país escolas superiores como cogumelos no Outono, sem obedecer a qualquer critério racional de utilidade ou viabilidade. A maioria vegeta pelo país, sem passado que as recomende, sem presente que as justifique e sem futuro algum, sorvendo recursos públicos, sempre escassos, sem retorno palpável.

Apesar de tudo, Leiria é uma honrosa excepção; conseguiu com o esforço e a dedicação de muitos erguer um instituto que oferece alguma formação de reconhecida qualidade e com valor para a região e país. Mas o trabalho não está concluído nem consolidado em várias áreas/cursos. Por conseguinte, fragmentar a escola sem a consolidar, não por razões de necessidade de expansão ou de interesse público, mas por simples motivações e interesses particulares - arranjos políticos – desligados de qualquer política ou resposta educativa é um péssimo serviço que se presta ao IPL, à região e ao país.

Estamos perante um devaneio ignóbil, que desbarata avultados recursos públicos e compromete a consolidação do IPL, na forma de favor político destinado a satisfazer a vã glória do “nice to have”. 

8 de janeiro de 2025

Novos protagonistas, velhos hábitos


 Na última reunião da Assembleia Municipal, o JAS (vulgo João Antunes dos Santos, que se gerou há 9 meses deputado da nação) personificou aquilo que o PSD local tem de pior: aquele prazer sobranceiro de menosprezar os adversários, típico de quem prefere ser forte com os fracos e fraco com os fortes. 

Julgava eu que esse era um método passado. E sendo o nosso deputado um rapaz moderno (mesmo que disfarçado de velho), que acompanha com quem defende a igualdade e outros valores, era de esperar que tivesse outros princípios. Só que não. Num rasgo de pedantismo bacoco, decidiu entrar a pés juntos com a representante do Oeste Independentes, Liliana Oliveira, que pela primeira vez participava numa AM. Seria de esperar, pois, que - até por uma questão de educação - fosse (bem) acolhida pelos seus pares. Mas um jovem deslumbrado é sempre um jovem deslumbrado até crescer. E assim se explica a intervenção de JAS (ensaiada tantas vezes com as mulheres da bancada do PS, e outrora com a do Bloco de Esquerda), com o aval do resto da sua bancada, que acha uma certa piada a este tipo de desconsideração. 

Atente-se que o argumento "político" assentava no facto de Liliana (que preside à Assembleia de Freguesia do Oeste, e já provou várias vezes não ter medo de quem rosna) levar uma intervenção escrita, supostamente feita por outro(s). Está bem de ver que Joãozinho se viu ali ao espelho: quantas vezes foi para a AM com cábulas da concelhia, quantas vezes terá feito cábulas para os outros. Lembramo-nos todos das intervenções de tantos eleitos do PSD (mal lidas, por serem alheias), elogiosas do sexo dos anjos e da plantação de orquídeas na Amazónia. 

É o que temos. E é com isto que vamos ter de lidar no futuro. 

Os jogos de rabo de saia dão gozo próprio, mas fazem estragos

Os códigos de conduta das grandes empresas, nomeadamente das cotadas em Bolsa, prevêem regras apertadas para os relacionamentos entre administradores e subordinados(as).

Na GALP, na semana passada, uma denúncia anónima fez chegar à Comissão Ética e Conduta um relacionamento íntimo e encoberto entre o Presidente do Conselho de Administração – Filipe Silva - e uma directora. A comissão chamou o Administrador para ser ouvido com urgência. A audição ocorreu ontem, com o administrador a assumir o caso e a apresentar a demissão.

As organizações confiáveis, que se preocupam com a ética e o ambiente saudável, cortam pela raiz os vícios de conduta que geram promiscuidades, conflitos de interesses e estragos de vária ordem. As autarquias, onde estes vícios proliferam e medram com facilidade redobrada, deveriam prevenir e tratar estes vícios de forma exemplar. Mas não o farão. O poder é afrodisíaco e o deslumbramento é leviano.