Até agora, as promessas de felicidade estavam reservadas aos Deuses e aos seus apóstolos, a cumprir no além, e ao movimento do pacifismo budista, que assegura ter encontrado o elixir da felicidade na Terra. Mas por cá, o nosso profecta da boa-vontade quer fazer-nos felizes, só ainda não nos disse como.
Os Gregos da antiguidade acreditavam que no extremo Norte da Terra vivia um povo, os hiperbóreos, que gozava a felicidade eterna. E que era possível alcançar o seu território sem ajuda dos Deuses. Até agora, ninguém o conseguiu. Terá o nosso profecta a chave desse paraíso? E quererão os simples mortais tal privilégio?
É no
mínimo duvidoso que o Homem (as pessoas na sua maioria) queira a felicidade
como desígnio de vida. Mesmo admitindo que o que é felicidade para uns é
infelicidade para outros, e vice-versa. Na verdade, há coisas mais realizadoras
do que o sentimento de felicidade mansa e humilde apregoado pelas religiões e pelas filosofias niilistas muito em voga
nos nossos dias – puros sintomas de decadência.
Como
disse Pessoa, irrita-me a felicidade dos
sonhadores débeis que não sabem que são infelizes.
Amigo Malho este post dava para eu escrever um tratado tamanhas são as suas "provocações". Mas como todos sabem que eu costumo ser "sucinto" e "lacónico" aqui vai a sumula possivel! :)
ResponderEliminarNão direi que todos pretendemos a plenitude da felicidade na terra, mas alguma felicidade é fundamental e todos a buscamos. E de facto ela manifesta-se todos os dias nas nossas trocas de opiniões, à mesa do café a terçarmo-nos de razões pelo ultimo feito do benfica, a apreciarmos a beleza das moças formosas com que nos cruzamos, a socializar à volta de bons petiscos e melhor vinho, às vezes até a discutir com os filhos e a patroa onde, no meu caso, vou derivando da gravidade da questão para a ironização do assunto, acabando normalmente tudo a rir pelas conclusões hilariantes que, embora por essa via não deixam de passar a mensagem retificativa pretendida, salvaguardando essa tal de felicidade.
Mas o meu amigo sabe que para se atingir certos graus de felicidade mais elaborada são necessárias sofisticações intelectuais que nem todos cultivam, ou por desinteresse ou por falta de oportunidade educativa.
Daqui resulta que a felicidade mais básica e generalizada passa pela ultrapassagem fácil das maiores dificuldades de vida e que são exatamente os meios de subsistência que, nesta sociedade ficam completamente afastadas pela riqueza conseguida.
É então normal que os pregadores da felicidade alheia, os políticos, porque precisam da preferência coletiva, são obrigados a espalhar a ideia dessa felicidade já ali ao lado, só faltando dar a condução coletiva a quem já sabe indicar o caminho.
E diz bem o meu amigo quando fala nas religiões que igualmente pregam a felicidade no além, porque o que move todos nós são os nossos interesses aqui ou no além, porque sem recompensas ninguém se junta a causa nenhuma.
Mas a forma de ultrapassar os sacrifícios impostos pela natureza aos humanos é exatamente essa, felicidade fugaz e ocasional, que nos vai empurrando para o desígneo ultimo que é propagar e desenvolver a espécie.
Por isso não é de estranhar que os políticos vendam sonhos e a maioria de nós sabe que os sonhos são muito mais saborosos enquanto isso mesmo, porque no dia em que se concretizam 2/3 da sua mágica se esfuma.
Não concordo no entanto consigo nas conclusões que tira, a saber: Quanto à frase do Pessoa: Bem, serão talvez os tais "pobres de espírito" que com muito pouco se sentem no limbo da felicidade, porque saberem toda a vida e com alegria que "são infelizes" é uma conclusão falaciosa e muito mais uma manifestação de inquietude e alguma inveja de quem pensa mais além que não consegue o mesmo.
E diz bem quando diz que a felicidade para uns é a infelicidade para outros: Repare na felicidade dos benfiquistas e infelicidade simultânea dos sportinguistas quando o Glorioso ganha uma partida aos Rugidores verdes? Mas, é que tal como tudo na vida é relativo também a felicidade o é! Não há nenhum arquétipo da felicidade com um valor absoluto nas suas condições, e por isso, tal como os gostos gastronómicos, a cada um seu paladar.
Para os políticos e fazedores da felicidade da maioria é muito mais fácil falar de coisas simples e genéricas e vender a sua possibilidade de realização porque, tal como nas religiões, o que se pretende é massa crítica para as suas causas, ficando assim demonstrado que o verdadeiro mérito dos credos e políticas reside mais na sua capacidade de arrebanhar "carneiros" para a causa do que no valor absoluto dos seus príncipios e regras.
Mas oh malho, não não são sintomas de decadência, são sim sintomas de vida porque melhor ou pior é assim e sempre foi assim a forma de se expressar da nossa vida inteligente. E assim continuará...
Um forte abraço desta também decadente amizade que apesar de tudo é o melhor que todos sentimos uns pelos outros.
Caro Manuel Serra, constou-me que tornou público o seu desejo de não ver Diogo Mateus em novo mandato, presumindo então que seria mais feliz com o amigo Pimpão. Quer explicar melhor aqui ao auditório?
EliminarPaula, vão ser "noites das facas longas" naquele apartamento com vista para o mercado.
EliminarCara Paula Sofia, quem me decepciona não merece o meu apoio. Como cidadão, num regime democrático, emito sempre que quero as minhas opiniões livres.
EliminarNão sou candidato a nada e portanto também não tenho de dar publicas explicações das minhas preferências.
Quem se apresentar às eleições, na altura própria poderá merecer o meu apoio, até lá não contribuo com nada mais para o circo publico da política.
Apenas tento com o meu exemplo demonstrar que em democracia o pior dos males são as tibiezas e cobardias de muitos perante os poderes passageiros de alguns, porque toleram destemperanças e prepotências. E não é só em Pombal que isto acontece, é no país todo.
Sei que é aquela posição pessoal simpática e cómoda do politicamente correto e criticas façam-nos os outros. Eu assumo as minhas posições e sempre disposto a honesta e frontalmente as defender.
Lamento não explicar melhor "aqui ao auditório" mas é mesmo porque não quero.
Um bom natal ao auditório e a ao Farpas.
Estou esclarecida, meu caro Serra. Eu sei que não é candidato a nada. Mas é eleito (ainda). Boas festas.
EliminarMuito assertivo. Penso que te estás a referir a quem anda a tentar ressuscitar o Pedro da Tecnoforma. Já viste que eles, aproveitando a fragilidade do líder, andam a fazer ressuscitar todos os cadáveres. A múmia saiu do sarcófago. O Pedro surge da tumba e só falta o Sá Carneiro aparecer num dia de nevoeiro. As sondagens deste fim de semana não projecta nada de bom para a direita, pois o PS com 37% nas intenções de voto e a CDU, com a brutal subida para 7% teriam condições para terem uma maioria estável...Perante isto no PSD assiste-se a um fenómeno de "a noite dos mortos-vivos".
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