28 de setembro de 2021

Carta Aberta de Miguel Saavedra ao Pedro Profeta da Boa-Vontade

Caríssimo Pedro, digníssimo Profeta da Boa-Vontade e ilustre Presidente da Junta;

Estimo que te encontres com perfeita saúde na companhia da tua família e de todos os nossos companheiros e amigos, que eu, maldito escriba, desdenhado por ti – agora o vejo –, pelos teus e pelos outros, por aqui vou andando entretido com as minhas crónicas, ora desavindo ora conformado.



Desculpa-me tratar-te por tu. Bem sei que não é tratamento correcto para pessoas na tua condição – Presidente da Junta -, mas sendo nós amigos - ou julgava eu que éramos - que sempre se trataram assim, e falando tu connosco regularmente na primeira-pessoa, não será com certeza despropositado falar contigo na segunda.   

Acredita, Pedro: nunca imaginei incomodar-te nesta fase de euforia e deslumbramento que justamente estás a viver. Faço-o a desgosto, impelido pela profunda desilusão que provocaste, porventura inconscientemente, a mim e à maioria dos nossos conterrâneos.

Acreditei tanto em ti, Pedro, na tua boa-vontade, na tua bondade, e na tua ladainha agregadora que prometia abarcar todos, que nem quero imaginar que te esqueceste de mim, daquele que tudo fez para enaltecer as tuas qualidades, que tanto confiou nas tuas juras inclusivas, daquele que sabes ser um apaixonado por árvores. Bem sei, que cometi o pecado de não ter ido votar (em ti); pecado compreensível, Pedro: o dia estava lindo, precisava de espairecer e tu não precisavas do meu voto. Que me excluas desta tão valiosa medida, é ingratidão que mal ou bem hei-de curar. O que não se compreende é que um profeta da boa-vontade, da bondade e do amor exclua da sua primeira e simbólica medida a maior parte do rebanho. 

Bem sei que ainda nada está decidido, que ainda não tomaste posse, que continuas em campanha eleitoral (estás sempre em campanha), mas não há uma segunda oportunidade para deixar uma boa primeira impressão.

Diz-me, Pedro: por que é que só dás árvores aos que votaram, aos que votaram em ti - sim, os que votaram, votaram quase todos, ou todos, em ti. Por que é que castigas os outros, a maioria, os que não quiseram ou não puderam votar em ti?

Estou tão desiludido contigo, Pedro; revoltado até. É tão doloroso chegar à conclusão que D. Diogo e o Obras-tortas são mais democratas que tu. Já que eles oferecem as árvores a quem gosta delas, não aos amigos ou aos que votam neles. O teu procedimento é mais de um tirano empenhado em perseguir que de um profeta preocupado em agradar.

Ainda não começaste, Pedro, e já começaste tão mal.

Um abraço amigo, deste que tanto bem te queria.

                                                                                     Miguel Saavedra

6 comentários:

  1. Mas eu votei! Estou entre os 46%, dessa grande minoria que vota e decide por todos. E por isso reivindico já aqui a minha árvore. Quero uma cerejeira (sempre quis ter uma) na Rua da Fonte. É o mínimo, para compensar as duas agendas da felicidade que me puseram na caixa do correio, 20 páginas em papel couché. Quantos milhares imprimiram?! Quanto à ambição...acho genial. Só não sabia (logo eu, que me julgo informada) que a lei eleitoral tinha mudado, prolongando a campanha para depois das eleições...

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  2. Amigo Saavedra, Miguel para os amigos.

    Esperava eu encontrar hoje umas palavras “vostras” de felicitação e de desejo de sucesso ao Sr. Presidente da Câmara eleito, que a história gravará como Profeta da Boa Vontade, cognome mui justo e apropriado do personagem dirigente, tal como o dos governantes dos tempos idos da sua arcaica escrita.

    Permito-me comentar a forma um pouco desmerecida com que se dirige ao nosso eleito Presidente, com alguma familiaridade atrevida, porque sabe o meu amigo que a dignidade do cargo e o privilégio do trato a Sua Excelência o Sr. Presidente da Câmara deriva e se dirige tão só ao povo que ele representa e nunca ao individuo que ele é!

    Para nós, e em privado é e continuará a ser o amigo PP, o tal do Ó Pedro anda cá beber um copo com a gente, mas sempre em campanha, porque o Pedro desde adolescente que transpira campanha, empresta campanha, vende campanha, e é por isso que ele galvaniza tanto todos à sua volta, ou não fosse ele o Profeta da Boa Vontade, da Boa Esperança, da Boa Luz, da Boa Disposição e, até em momentos mais descontraídos, da Boa-vai-ela….

    Mas esse é o Pedro, aquele que tratamos por tu e que quer que assim o continuemos a tratar…

    Outrossim é Aquele em funções, que representa os eleitos, Esse é e será sempre, Sua Excelência o Sr. Presidente da Câmara, porque representa todas as Muitas Excelências Os Eleitores TODOS, os que votaram nele, os que não votaram nele e até os que não votaram.

    E assim envolvido nesta minha exaltação coletiva acabo concluindo que eu, euzinho, afinal sou também Uma Excelência um eleitor! E esta hein? Assim de repente até fiquei um bocado atarantado, Excelência eu? Mas enfim, é a conclusão que temos todos de tirar.

    Posto isto julgo que o meu amigo no final ia para agradecer, mas antecipou a desfeita e o desencanto pelo que queria receber e percebeu ser-lhe negado: De fato não foi bem assim.

    Senão repare, o Pedro, perdão, o Sr. Presidente da Câmara eleito, prometeu plantar uma árvore por cada voto expresso nas urnas, e só. E logo o meu amigo entra aí num pranto sem fim, numa ingratidão mui injusta, só porque a si não lhe calhou arvorezinha nenhuma? Oh temporã insatisfação, Oh injusta reação, Oh infame acusação.

    Mas cabe lá na cabeça de alguém, mesmo nos menos ponderados que, o Profeta, o nosso maior, o mais desejado e tudo e tudo, se ia esquecer dos outros, dos que não votaram?

    Calma amigo Saavedra, primeiro os mais afoitos, os que votaram, e depois os mais preguiçosos, os que foram arejar sem cumprir a obrigação de cidadania, porque para todos se encontrarão graças. O Pedro quer contar com todos e por isso jamais se esquecerá dos que não votaram, com Vossa Mercê considerado
    Talvez até esteja na altura de lhe sugerir algo desejável, quem sabe não seria mais uma das ideias que ele pretende recolher? Quem sabe Flores?

    Agora, esse final de vir num pranto sem limite acusar “Sua Excelência” de ser antidemocrático, aproveitando para umas últimas farpadas nos cessantes, torcendo a realidade e argumentando falaciosamente, é ainda pior do que o Adelino Malho que, mesmo nos mais ásperos momentos nunca o vi tão contundente.

    E fique descansado que o Pedro não veio para castigar, veio para beneficiar todos, o Pedro quer o bem de todos, até do Farpas que faz cá falta para agitar as águas. Às vezes transborda e entorna um bocado, mas sem um contraditório as opiniões ficam moles, sem força, sem ânimo e pior que tudo, sem estimular as boas ou melhores decisões.

    E por último explique lá esse contrassenso final do antes de o ser já o era, porque afinal foi mau antes de ter tempo de o ser?

    Vai ver, que revendo as suas impressões e dando algum tempo ao tempo, ainda terá de aqui vir retratar-se e voltar “a tanto bem lhe querer” em vez do plasmado “queria”!

    Afinal “Tempus Fugit”.

    Um abraço de um insuspeito apoiante e crente no Pedro.

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    1. Oh Serra, e cabe lá na cabeça de alguém que um homem feito, depois de ser eleito presidente, venha o usar o lettering de campanha, terminas as eleições e antes de tomar posse? Agora aqui para nós, que ninguém nos ouve nem lê...espero que o meu amigo não se desiluda. E que continue a vê-lo com essa aura de bondade e amor, que nunca lhe veja os laivos de ressabiamento que de vez em quando querem saltar, qual panela de pressão. Digo-lhe eu, que o conheço desde garoto, mas isso para agora não interessa nada.

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    2. Amiga Paula, acho que já percebeu pelas minhas habituais intervenções que raramente invetivo contra alguém.
      A minha orientação de vida é tentar perceber e puxar por aquilo que de melhor os outros têm.
      Sobre a desilusão, há muito que me habituei a conviver com ela e aceitar as vezes de mais que as tive de enfrentar. Porém isso jamais me desmoralizou ou me desmotivou a pugnar pelo melhor possível de e para todos nós.
      Sei bem que o Pedro tem defeitos, sei bem que de vez em quando também se manifestam; Aquilo que o coração sente e a amizade compreende e perdoa.
      Talvez devido à minha idade e vida, a minha experiencia paternal me tenha condicionado a puxar só pela parte boa das pessoas tal qual fiz com os meus filhos. E curioso, sempre me dei bem com esse tipo de atuação.
      Na Junta, no meu mandato, os piores fregueses, mais chatos, mais insistentes e mais insatisfeitos eram o Manuel António e o Carlos Domingues. E tão agradecido que lhes fiquei e tanta amizade que recebi. Se não fosse isso não teríamos feito tanto como conseguimos fazer. Mas jamais em publico disseram ou fizeram algo que não fosse dizer bem de mim, e vice versa.
      Talvez com o Pedro eu esteja a utilizar as mesmas boas práticas.
      Porventura pensa que passo a vida a encher-lhe o ego de grandezas efémeras?
      Um dia, daqui a uns anos e for oportuno, revelarei o que lhe disse quando o felicitei na apresentação da candidatura.
      Olhe, aqui para nós que ninguém nos ouve, talvez estivesse agora na hora de aqueles que o conhecem desde garoto, e com ele cresceram, de lhe emprestarem algum incentivo dos amigos de sempre, para a árdua tarefa que vai iniciar, porque afinal de um grande sucesso da sua prestação estará certamente dependente o sucesso de todos nós.
      E, ainda mais em surdina, por essa mesma proximidade que a juventude cimentou, talvez as as farpas que dessa origem vêm, onde se vaticinam insucessos e se evidenciam defeitos, doam mais as quem a sofre.

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  3. Eu quero um Castanheiro no meu quintal, para festejar o S. Martinho. Feriado Municipal

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  4. Amigo e companheiro Adelino Malho, fico triste por teres levado tanto tempo a reagir e com uma prosa tão pobrezinha.
    Não só é probrezinha no sumo como na rima.
    Eu, que sou cliente habitual, não te estou a reconhecer as virtudes com que nos tens prendado.
    E, por isso, fico triste.
    Saúde e Fraternidade

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