Uma terra, ou uma criatura, que vive do passado e vive para o além não tem presente. Nem o quer ter.
Neste concelho vive-se da nostalgia de um passado que de grandioso só teve o desastre. E na esperança – na ilusão - de um além que não existe. Estas duas formas de escapismo são as vias para o desfalecimento e declínio. O desconhecimento do sentido faz o resto.
O povo, coitado, embarca nisto. E o poder lança-lhe a rede, e aproveita-se dele: chama-o para cerimónias e honrarias que tresandam a ranço e incenso; serve-lhe um caldo insípido e delambido, que não fortalece, enfraquece, que não alegra, deprime, que não liberta, oprime. Pelo meio ou no final do repasto, louva-lhe as memórias ressequidas e ressentidas e reza-lhe o catecismo da compaixão até os corações doridos e os espíritos sacrificados derramarem a lágrima contida. Serve-lhe, assim, a felicidade prometida…
Já Aristóteles via na compaixão um estado mental mórbido e perigoso. Esta insalubre união entre política e sacerdócio não pressagia nada de bom.
Deus nos acuda!
PS: Usufrui desta felicidade tola, Pedro, enquanto ela durar, que o infortúnio para ti chegará mais depressa e mais intenso que para os outros.
Vou falar só da cerimonia do passado domingo, ocorrida no Louriçal. Ainda bem que em boa hora decidi ir passar o fim de semana fora e não comparecer a esta cerimonia. Esta estátua, em frente a sede da junta tem um forte cheiro a estado novo e ao saudosismo do tempo da "outra senhora" dos regedores e do "inclinar-a-cabeça" ao militares e GNR. Ainda estou para ver se vão comemorar novamente o 25 de Novembro em Pombal... Com tudo isto não me admira que o PSD se mantenha no poder e que o CHEGA tenha sido a 3ª lista mais votada com 841 votos. O povo de Pombal mantém-se no dia 24-04-1974.
ResponderEliminarAmigo Malho, a nossa discordância começa logo na abertura do seu Post. É que não basta enunciar em forma de silogismo algo para que esse algo seja verdade, porque até pode fazer sentido e, porém, não ser comprovado, que será o caso!
ResponderEliminarEu até compreendo o seu desabafo, mas nele encerra um esquecimento que não lhe fica bem.
Repare que sem memória de nada vale o raciocínio, e sem histórico o futuro é muito mais incerto.
Todos os humanos encontram a razão da sua existência no que vão fazer de importante ou no que já fizeram, sendo que no caso vertente se trata de homenagear os nossos mais velhos que combateram numa Guerra do país que na ocasião fazia sentido para quem dirigia e para onde os nossos mais antigos conterrâneos foram enviados.
Será que homenagear esses idos e os que ainda restam junto de nós será para condenar, o será para respeitar?
E não é a nossa religião mais divulgada a fé católica, que é professada por muitos? Então porque não aceitar que, como em quase todas as homenagens e efemérides aqui também tenha estado presente o braço espiritual mais representativo da sociedade?
E eu até sou insuspeito porque nunca escondi a minha opção agnóstica. Mas não se ser da cor não obriga a que se seja contra a cor...
Ter pegado neste evento para aproveitar e zurzir um bocado mais no Novel Presidente da Câmara não colhe, ou colhe pouco, e mais demonstra alguma desvalorização do autor pelas as convicções populares mais arreigadas, o que é uma demonstração de pouca tolerância, que aliás muito estranho no meu amigo.
O adjetivo "Insalubre" e agora mais potenciado pelo "escuteiro" é erradamente usado e muito injustamente associado, porque trata-se tão só de uma opinião resultante de um estado de espírito contrário ao acontecimento e não qualquer evidencia de que isso seja verdade.
Embora aprecie literariamente a construção onde aponta o "oportunismo" de se utilizar o povo, parece-me a mim que a demagogia está presente sim, mas pelo lado invocado pelo meu amigo, porque bem sabe que esta "carne para canhão" pode servir sempre a qualquer dos lados como arma de arremesso.
Eu não me apercebo de qualquer insalubre união estado-igreja que sugere, embora o seu convívio se justifique e nem por isso se comprometem mutuamente, nem daí virá mal ao mundo ou a "temida" restauração do fascismo... Não é preciso tanto para conseguirmos tentar envolver negativamente o presidente da Câmara ou para lhe vaticinar falências garantidas das suas propostas e desígnios.
Amigo Malho, o Sr. Presidente da Câmara está ainda em estado de graça como sabe, e o que ele se atreveu a desejar para Pombal torna-o um homem destemido e com vontade de liderar um projeto inovador que a maioria de nós teria medo de se responsabilizar por tanto.
Percebo o "PS" em forma de alerta, embora a "tola felicidade" seja argumento muito pouco delicado e que muitos lerão mais como agoiro do que como aviso.
Na minha perspetiva e com a ajuda de muitos de nós que ao seu lado estão, tudo faremos para que o infortúnio anunciado nunca chegue a Pombal e por isso mesmo nem a ele pessoalmente.
Por mim gosto bem mais de discutir assuntos mais concretos e muito menos vontades e intenções, reais ou inventadas, por quem observa.
Como diria o nosso amigo RM.
Saúde e Fraternidade.
Amigo Serra,
ResponderEliminarNa generalidade das pessoas, a memória não é um registo estático, imutável, rigoroso (por exemplo uma lápide); é uma coisa dinâmica, fluida, continuamente reescrita.
A memória humana não funciona como a dos computadores, e ainda bem que não funciona. Os humanos normais arrumam, esquecem ou reescrevem a memória.
As pessoas que vivenciam recorrentemente o passado e/ou a esperança – a ilusão – com um futuro radioso (feliz e extraordinário como diz o seu profeta) vivem num escapismo (conceito usado pela psiquiatria) que tem muito de patológico.
Bem sei que é uma forma viver, com os resultados que se conhecem…
Caia na real, amigo Serra;
Abraço