Ontem, um ex-dirigente e ideólogo do PS afirmava na televisão (CNN) que a oposição estava em estado comatoso; e acrescentava que se a oposição fosse uma empresa já teria sido liquidada. A oponente no debate condescendeu; acrescentando, no entanto, que, apesar de tudo, à direita ainda existiam duas forças políticas com alguma vitalidade (insuflada pelos recentes resultados eleitorais). Se a nível nacional, o estado da oposição é comatoso, o que diria ele - e se poderá dizer - dela no nosso Pombal?
Primeiro, uma constatação óbvia: a oposição local está reduzida ao mirrado PS. Com o resto (o pó dela) não vale a pena gastar palavras; e até com o enfermo PS é discutível que se deva perder tempo e energia.
O PS local é um partido que não sabe o que é, para que serve, nem o que fazer. Vive estilhaçado pela intriga e pela falsidade no mais terrível dos abismos: o abismo do vácuo e da desconfiança.
De um lado, temos uma parelha assapada ao cadáver, sentada unicamente na legitimidade formal; ou seja, na legitimidade imoral; ou seja, na ilegitimidade. No mandato anterior contentava-se com o estatuto de ramo de enfeite do poder absoluto. Mas agora, com o profeta da boa-vontade, já pensa que subiu de estatuto, e já espera de bico aberto como filhotes de gralha no ninho, para ver que guloseima lhes calha. São figurantes que há muito desistiram de (tentar) conquistar o poder, e que para além de não terem percebido nada do povo, tratam-no com desprezo abominável.
Do outro, temos um grupeto sem senso e sem norte, que, por não saber para onde vai nem com quem deve ir, a todo o momento se interroga se deve acelerar ou travar, atacar ou capitular. No fundo, procura avidamente uma batalha indefinida que nunca se travará.
Neste marasmo doentio, temos que suportar o pior de dois mundos: o voluntarismo histérico do profeta da boa-vontade e o angustiante imobilismo letárgico do que resta da chamada oposição.