27 de junho de 2022

Pregar conforme a freguesia




Na noite de sexta-feira passada a União de Freguesias da Guia, Ilha e Mata Mourisca aprovou (em assembleia de freguesia) o "procedimento de auscultação pública no âmbito do
trabalho da comissão do processo de criação, modificação e extinção de freguesias - Lei
39/2021 de 24 de junho". Trocado por miúdos, quer isto dizer que as três freguesias, agregadas desde 2013, podem voltar a ser autónomas, se a população assim o decidir, a partir de agora e até setembro, quando será tempo de decisões. Correrão sessões de esclarecimento, já correm abaixo-assinados. Em todas? Não. O que é aqui caricato é que a mesma Guia que deu origem ao processo de agregação é aquela que agora pugna pela desagregação. "A Guia aos Guienses", pois claro. 
O assunto quase me passava ao lado - excepção feita às fotos de perfil de alguns amigos de facebook que iam mudando para esta imagem/lema de campanha - não fora, de repente, aparecer-me o insólito: "Manuel António alterou a sua foto de capa". Ora, Manuel António, o ex-presidente de Junta da Guia, ex-membro da Assembleia Municipal e ex-presidente da comissão política concelhia do PSD de Pombal,  foi nada menos que o principal instigador da agregação das três freguesias do Oeste - como facilmente o comprovam as actas, as notícias da imprensa da época, etc. Mas um homem pode mudar de lado. Pode mudar de opinião. E a Guia também pode mudar (já mudou tanto, na sua História...) desencantar-se com este processo todo, passados estes anos. Porque o cerne da questão é simples: a agregação não lhe deu nada do que julgava, e só lhe roubou. A começar pelo poder. Não haja aqui ilusões - se o PSD não tivesse perdido duas eleições seguidas no Oeste, não havia espinhas entaladas nas gargantas de certos Guienses.
Quanto ao resto, aguardemos os desenvolvimentos. 
A população tem todo o direito de se sentir desencantada com a agregação. Mas é bom que saiba ao que vai: processo nenhum vai reverter o despovoamento. Lei nenhuma lhe vai devolver o posto médico em cada terra, nem a escola, nem os correios. Ah, devolve-lhe a Junta!  Mas se a ideia é esclarecer, é melhor começar por um princípio básico: a seriedade. 
Na região de Alitém, o processo de discussão também está em marcha. Com menos alarido, mas mais bom senso, parece.


7 comentários:

  1. Esta agregação no Oeste foi feita nas costas das pessoas. Lembro-me bem que naquela altura o próprio Pedro Pimpão, que nessa altura era Deputado da Nação, disse NIM a essa agregação. Com este procedimento nenhuma freguesia ganhou, Todas perderam. A génese das pessoas da Guia é muito diferente das pessoas da Ilha e da Mata Mourisca, portanto é muito natural que queiram voltar a serem senhores do seu destino.

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    1. Mas alguma vez a resposta dele foi outra a um tema complexo que não seja NIM? Ora pensa bem...

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  2. Parte 1
    Paula, no seu comentário de 23 de Dezembro de 2016, sob o Título " A Oeste nada de Novo", exatamente quando alguns dos integrantes da atual junta da UFGIMM lideraram o abaixo assinado da Ilha a defender a desagregação, numa altura sem qualquer oportunidade legal para o fazer, e sem perturbações nem desconsiderações da junta pelas identidades de cada comunidade, aliás porque houve sempre um cuidado extremo em corresponder aos ânimos que sabíamos desagradados com o processo compulsivo de agregação, termina o seu post concluindo de forma muito pouco concreta pela sua compreensão pelo que se tinha enumerado de atividades e obras na freguesia, ou seja, nessa altura tudo serviu para compreender os desencantados da Ilha, com as mesmas inevitabilidades que enumera neste post mas que agora já se compreendem, porque correspondem a realidades para lá das possibilidades da ação da junta.
    Mas vejamos, na época, 2016, muitas coisas aconteceram na Guia, mas também na Ilha e também na Mata-Mourisca, muito mais aliás do que nestes últimos 5 anos de governação dos da sua preferência, e que poderei concretizar sem quaisquer problemas.
    Mas quais as diferenças notórias que aqui e agora não quer dar valor e que fazem com que esta onda de descontentamento aconteça desta vez na Guia, no momento indicado para, agora sim, se dar a palavra à população e dar seguimento àquilo que for vontade apurada e individual de cada comunidade?
    É que do lado dos Independentes, aquilo que a Paula aqui refere como não voltando mais, população, médico e freguesia, foram as bandeiras eleitorais em 2017 dos que agora governam. E que fizeram eles, agora que têm oportunidade de conduzir o processo de consulta? Nada! Apenas tiveram de concordar com o PSD que isso exigiu na Assembleia de Freguesia e que seria demasiado vergonhoso tentarem passar por cima dessa auscultação para manterem a agregação como agora parece quererem angustiantemente manter, para que as ambições pessoais de alguns chicos espertos tenham alguma hipótese de sucesso, porque sabem que remetidos à pequenez da sua ex-freguesia desagregada as suas chaces serão diminutas.
    Mas enquanto em 2016 havia um cuidado e atenção às ambições e expetativas de cada comunidade, não esquecer que foi quando aconteceu o 1º Ti-Milha, as primeiras Tabernas da Mata Mourisca, e a Fago e as Tasquinhas da Ilha sempre em crescendo de qualidade e visibilidade, intervenção profunda na área social e exigência que a USF desse muito melhor qualidade de atendimento aos seus utentes, também as obras em todas elas e projetos desenvolvidos e lançados, ou por lançar pergunta-se, e depois de 2017 o que aconteceu em todas elas para além da grande justificação do Covid para pouco ou nada acontecer?
    É que infelizmente houve situações de grande desconsideração pelos guienses, numa iniciativa de reparação complexada dos menores para com os maiores, onde logo se entrou a fazer auditorias às contas da junta anterior, com as consequências nulas que se conhecem, exceto os 3.500€ gastos na mesma sem qualquer efeito, a sonegação à guia das suas identitárias "noites de verão" que se dividiram por todas as ex-freguesias, e só não dividiram também as ruas e as estradas porque essas não mudam de lugar, tudo numa tentativa de agradar os seu eleitorado, como se após as eleições todo o eleitorado não devesse ser considerado como um só.

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  3. Parte 2
    Depois, vem as cedências sem luta à Camara Municipal que cortou 1 milhão de Euros no novo centro escolar e sua envolvente que retirou todas as qualidades que o projeto e o estudo aturado previa em termos de serviço e segurança das crianças e dos adolescentes da Secundária.
    E como se a coisa ainda não fosse suficiente, uma tomada de posição a favor do empreendimento da Lusiaves no pior sítio possível, com a junta e os campeões da Ilha como seus principais defensores naquela localização??? Ora, foram todas essas afrontas e incúrias que deram origem aos movimentos populares e ações fortes que agora estão em marcha e que, quer gostem quer não gostem, são a reação de muitos Guienses incomodados com a falta de defesa e atenção aos seus receios por quem tinha obrigação de o fazer, a junta, e até uma certa perceção de uma atitude persecutória dos elementos mais ativos da Ilha na imposição dessa indústria naquele local, quando deveriam ser os primeiros a não se meterem em assuntos que dizem respeito ao espaço onde os outros habitam mas eles não!
    Eu queria ver qual seria a reação da Ilha ou da MM se por acaso as pessoas da Guia para lá fossem defender a instalação de alguma atividade que os desgostasse no seu espaço! Olhe, como por exemplo, defender-se a instalação da pecuária entre a MM de baixo e a sua Moita do boi, que por acaso a Junta já fez o que tinha a fazer de se opor a tal atividade ali, à qual também o a Junta do Louriçal se associou na condenação. Imagine a Junta a defender aquela instalação, que até tem todos os direitos legais para o fazer, e depois a minha amiga a apanhar com as continuadas consequências na sua casa, e os do costume, seus amigos, a dizerem-lhe que a coisa estava lá muito bem!
    Portanto cara Paula, as coisas são completamente diferentes e uma coisa lhe garanto, se a Junta tivesse continuado governada pelo PSD teria continuado o respeito por todos e pela evolução das suas terras e atividades.
    Assim quando a minha amiga invoca que todos devemos começar pela seriedade é bom que também a assuma e não tome posição pelos que gosta porque sim e pelos que não gosta porque não.
    Julgo que fui suficientemente claro conciso e que todos poderão tirar as suas conclusões de dar o direito aos indignados de se manifestarem e lutarem por aquilo que acham mais justo.
    É a democracia a funcionar que por vezes dá jeito mas depois já não!
    Temos pena.

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    1. Sabe como é que se diz na Moita do Boi? Quem tem penas ponha-as a voar.

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  4. Agora a sério: eu devia subcontratá-lo nos dias de maior aperto, quando ando às voltas com milhares de caracteres para escrever. Você é um caso de estudo (e disponibilidade). Percebo tudo. Todas as dores. E respeito-as. Sobre este assunto, já disse tudo o que tinha a dizer. Por ora. Avise lá as tropas que não vou em provocações. Não vale a pena cansarem-se ;)

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  5. A verdade é sempre uma chatice quando nos obriga a reconhecer as verdades.
    Não há qualquer provocação, tão só esclarecimento.
    Também não há dores, há desagrados e critica, porque afinal até morrermos todos temos direito a opinar.
    Continue a defender o indefensável, é sempre uma opção.

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