Foi publicado recentemente o concurso para o anunciado Director Municipal da CMP, disponível aqui.
A contratação de um Director Municipal é a assunção de um vazio organizacional e de uma incapacidade gritante de o suprir. É sobejamente conhecida, e reconhecida, a dificuldade de articulação da esfera política (executivo) com a estrutura dirigente, nos municípios. É dos livros que a introdução de mais um nível hierárquico, numa estrutura já muito hierarquizada, não ajuda, antes pelo contrário, tende a agravar as dificuldades de articulação entre os dois patamares e as duas legitimidades.
Do concurso faz obrigatoriamente parte a “Missão do Director Municipal”. Reparem bem na “pérola” que o doutor Pimpão rubricou:
“Superentender, de forma integrada, a generalidade dos serviços municipais e associadas áreas funcionais, reforçando a capacidade de resposta orgânico-funcional, consubstanciada, nomeadamente, em agregar, articular e alinhar, estrategicamente e transversalmente, as disseminadas dependências hierárquico-funcionais, dos serviços municipais, efetuando o seu robustecimento técnico e chefia / direção, dando prossecução a objetivos de eficácia, eficiência e economia ao todo organizacional municipal. Constitui, ainda, missão da Direção Municipal de Gestão Integrada atentar, proactivamente, aos desafios associados, entre outros, à gestão inteligente, à governança pública e ao desenvolvimento sustentável, bem assim atender prospectivamente, às oportunidades de financiamento, determinantes para a prossecução do interesse público…”
Nesta fuga para a frente, o doutor Pimpão desconhece o trajecto, os factores críticos de sucesso e o resultado. Só assim se compreende que discorra esta monomania de sublimidade retórica que roça o patológico, expõe uma pavorosa esterilidade ignara, e uma falta de senso (de pragmatismo) que assusta. Porque, coitado, não tem ninguém que o chame à razão, que lhe ponha travão e o faça descer à terra.
Ao contrário do que o doutor Pimpão e seus ajudantes pensam, um chorrilho de léxico palavroso e desconexo não disfarça a ignorância de quem o produz, expõe-na até às entranhas. Só faltou dizer que o Diretor Municipal tem que executar todos os números e truques de circo; fazer a quadratura do círculo; descobrir e distribuir a poção do elixir da felicidade por todos os munícipes, pelo menos uma vez por ano.
Dos “objectivos a prosseguir” nem vale a pena falar (muito). São um exercício anedótico de intenções absurdas*.
Dizem os sábios que os profetas e as aranhas são os únicos entes que podem tirar de si mesmo os recursos da sua existência. O Pedro acredita que a sua profecia se vai cumprir – que ele será o primeiro político-profeta a atingir o paraíso na Terra. No que este Pedro não acredita…!
PS: * O Diário da Republica não deveria publicar documentos atentatórios do conhecimento ministrado e da inteligência colectiva.
Criar este cargo é somente alem de , criar mais uma despesa para o povo pagar e assumir que cometeu um erro de casting. O PSD tem Vereadores a tempo inteiro, não era preferível atribuir as competências que especifica a um dos Vereadores? Um Vereador que sendo Vice-Presidente ficasse com o pelouro de gerir a máquina, já que o Pedro não quer, não sabe e não tem perfil para isso. Pelos vistos tudo isto não é possível e o povo elegeu gente para andar a passear "modelitos" nas Festas e não para gerir o Concelho.
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