Nietzsche afirmou que a coragem é a virtude suprema, a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras. Como é suprema, é rara; logo, a maioria das pessoas não é corajosa nem precisa de o ser para a maior parte das actividades humanas.
No extremo oposto temos a cobardia: a mais baixa das fraquezas humanas. E pelo meio temos uma vasta maioria de pessoas que tem pelo menos a coragem de ser sincero consigo mesmo: sabe-se não corajosa mas não é cobarde.
Nas sociedades modernas, a conquista do poder faz-se pela política, pela coragem, não pela cobardia. Por cá, temos um poder fraco e mole, sem propósitos, sem capacidade e sem maneiras. Mas quando mais precisávamos de uma oposição responsável, ousada e honrada, calha-nos umas almas resignadas com fome de celebridade ou de sobremesas da vida, uns franco-atiradores de cartuchos sem carga e sem remetente, e umas línguas de libertino sem coragem para a libertinagem que por detrás de páginas anónimas defecam e farejam o seu fedor.
Vive-se um caldo de intriga onde se desenvolvem todas as fraquezas que são com ele solidárias: a insensatez, a inépcia, o desequilíbrio mental, o egoísmo, a hipocrisia e a cobardia.
Amigo Malho, discordo aqui de algumas conclusões suas, não porque possam estar erradas, mas porque as sinto algo diferentes, e por isso aqui vai a minha interpretação.
ResponderEliminar“Não ser corajoso mas também não ser cobarde” é preciso que nunca esse ser seja posto perante uma necessidade de decidir algo. Aliás, somos todos corajosos quando podemos ficar só na bancada a comentar os de”gladiadores” da praça.
Mas sim, concordo que a sociedade é maioritariamente cobarde e por isso se agregam em grupos de intervenção, associativa, partidária, religiosa, etc… onde para Além do objeto específico do grupo, todos concordam com a vontade coletiva e quase ninguém apresenta vontade própria com “medo” de estar a confrontar o “todo”.
Ora aqui é que pode residir efetivamente a coragem, na iniciativa pessoal de de afirmar ou defender uma causa mesmo que esteja só ou em minoria.
Normalmente ouve-se um coro de críticas ou de desaprovação porque estar com a maioria dilui a responsabilidade pessoal e conforta a alma dos “incapazes” e dos “cobardes”, que só por concordarem sentem-se parte ativa que sozinhos nunca conseguirão ser.
Porém, são normalmente os corajosos que de vez em quando impulsionam a evolução para algo melhor, quando conseguem fazer vingar as suas teses e propostas.
Mas sim, vivemos numa imensa mole humana, principalmente mole, que gosta pouco de se incomodar e prefere o garantido sofrível do que o batalhado e de sucesso incerto.
Sim amigo Malho, há milénios que assim somos e por milénios assim continuaremos, se é que subsitiremos tanto tempo como espécie.
E é curioso verificar como os mais esforçados no controle dos desalinhados acreditam piamente que controlar as mentes dos outros e as iniciativas particulares é um direito moral e assim sedimentam as suas ínvias convicções que, ao esmagarem as outras encontram a confirmação das suas convicções.
É que temos os maus sistemas controleiros e os seus polícias dos costumes e da virtude que tentam por todos os modos sujeitar o indivíduo ao grupo.
É de fato difícil ser-se corajoso neste mundo. E a natureza deu-nos uma cabeça a todos mas para a maioria o ideal é o piloto automático porque nem têm de se incomodar sequer com o rumo…
Um abraço.