Estamos rodeados por todos os lados por políticos da pedra seca – criaturas de pensamentos atávicos, aspirações vagas, desejos fúteis, sentimentos envelhecidos e actos falhados, que agem para se entreter e vêm méritos nas tolices que praticam.
O dotor Pimpão é o maior exemplar desta espécie. Mas os seus colegas da Associação Terras de Sicó não lhe ficam nada atrás. Sem saberem ao que se dedicar, mas desejosos de mostrar serviço, atiraram-se aos chamados muros em pedra seca, lançando a sua candidatura a Património Imaterial da Humanidade – pobre Humanidade. Arranjaram, assim, uma empreitada para se entreterem por muitos anos, e um pretexto para muitas “notícias” encomendadas sobre a matéria.
Basta ir uma vez à Serra da Sicó para se perceber a origem e necessidade daquelas toscas edificações, que acima de tudo serviam para arrumo das pedras que cobriam o solo e era necessário retirar para aproveitar todo e qualquer pedaço de terra para a economia de subsistência. Agora, uns quantos (poucos) teóricos do mundo rural, herdeiros de um surrealismo retardado eivado de romantismo bucólico, vêm ali arte e valor.
Para nossa desgraça, esta tontaria afecta tanto os protagonistas do poder como da oposição. Por exemplo, a dotora Odete, coitada, na ausência de melhor assunto – daquela cabeça nunca saiu nem sairá uma ideia – e desejosa de mostrar serviço, agarra-se a estas coisas, segue as suas anotações no caderninho, e farta-se de questionar e colocar pressão no dotor Pimpão.
É por estas e por outras que estas terras não conseguem progredir mais rápido. Estamos manietados pelos políticos da pedra seca. Melhor dizendo: de cabeça seca.
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