Em 1971 foram publicados cinco dos mais importantes álbuns da música portuguesa: “Cantigas do Maio”, de José Afonso, “Os Sobreviventes”, de Sérgio Godinho, “Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades,” de José Mário Branco, gravados em França, e “Gente de Aqui e de Agora”, de Adriano Correia de Oliveira e “Movimento Perpétuo”, de Carlos Paredes, gravados em Portugal. Uma verdadeira revolução no panorama musical português. Para além disso, 1971 foi também o ano do primeiro Festival de Jazz de Cascais e do Festival de Vilar de Mouros. O ambiente era propício ao florescimento de ideias de mudança.
Por estratégia comercial da editora Sassetti, o álbum de Sérgio Godinho foi apenas lançado em 1972, evitando competir com trabalho de José Mário Branco (da mesma editora). O sucesso de “Os Sobreviventes” foi imediato, recebendo o Prémio da Imprensa, em 1972, e o Prémio Bordalo, entregue pela Casa da Imprensa, em 1973. “Que força é essa?”, a canção de abertura, é um apelo à consciencialização e à revolta dos trabalhadores injustiçados. Inspirado na situação dos emigrantes portugueses em França, Sérgio Godinho dirigia sua mensagem aos que viviam em Portugal sob o domínio da ditadura, enfrentando condições de trabalho mais adversas e com menos direitos laborais. O disco foi proibido pela Censura três dias após o lançamento.
Mais de cinquenta anos depois, esta música permanece como o hino dos que se recusam a aceitar as
injustiças e se insurgem contra a submissão à ordem de
obedecer e calar. A prova está nesta versão dos Clã, Filipe Sambado e Cláudia Pascoal, apresentada no Festival da Canção de 2021.
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