28 de junho de 2024

AM – a realidade estava guardada para o fim

A política pombalense caiu numa pasmaceira completa, pavorosamente monótona e desajeitadamente insípida, que desinteressa até aos mais interessados. Num ápice, passámos do mais maçante despotismo para o mais estéril desportivismo, protagonizado por criaturas que não nos representam, nos não conhecem nem nos querem conhecer, receosos de que os conheçamos a eles(as).

As reuniões da “Junta” - executivo municipal – tornaram-se intelectualmente insuportáveis, com figurantes protegidos por um pacto de “não-agressão” que só beneficia o fraco poder. As reuniões da Assembleia Municipal deslizam penosamente para verdadeiros exemplares de assembleias de freguesia, monopolizadas pelos presidentes de junta - coisa nunca vista nesta terra e em terra alguma. Resultado de uma maioria desinteressada e de uma minoria debilitada; de onde só sobressaem os Pimpões, mais pelos modos e tom que pelo resto. 

Mas a realidade é áspera, nomeadamente para mentes balofas. O dotor Pimpão pode continuar imerso na bolha mediática que ele próprio criou e insufla, iludido pelo efeito mágico das festas e eventos, inebriado pelos muitos milhões que sistematicamente apregoa, mas uma coisa é certa: a realidade será sempre a realidade, senão para o iludido, pelo menos para quem a sente.

No meio de tanta banalidade e obscenidade, untada com banha (bajulação) rançosa, ainda surge, de vez em quando, uma voz lúcida, que expõe a realidade, ou parte dela, como deve ser, sem cerimónia nem brandura. Foi o que fez o presidente Humberto, falando sobre o projecto ECO Freguesias, quando afirmou que o executivo prometeu muito mas “em três anos não conseguiu colocar nenhum Ecoponto na freguesia de Almagreira”, e noutras, porque o que interessa é a bandeira - um desleixo, entre muitos, com o essencial.

Sigam as festas, e os eventos.

4 comentários:

  1. Sendo o Humberto um dos principais quadros do PSD local, esta sua intervenção será certamente um aviso ao Executivo Municipal. Ou seja o Presidente de Junta quer mais trabalho e menos foguetes e adornos.

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  2. Amigo Malho, você um dia destes ainda arranja uma úlcera de estômago. Sim, porque na cabeça já a conseguiu, tais são as dores e lamentos que neste prelo anuncia.
    Nem o despotismo foi assim tão despótico nem se reduz tudo a desporto, embora para mim, a ter de escolher prefira o segundo.
    Eu acho que há na sua prosa aquele amargo habitual daqueles que invariavelmente reclamam que ,no meu tempo é que era bom.
    Já concedi que não temos Ronaldos nem Maradonas na nossa política local, mas também não os há ao nível nacional.
    O executivo vai trabalhando e acordando com a oposição o que pode e sabe fazer e não é tudo uma lástima como quer aqui dar ideia.
    Podemos sempre fazer mais, esperar por mais, reclamar mais, mas são os que dão o corpo ao manifesto que intervêm, colaboram e se sujeitam à avaliação publica.
    Convenhamos que ser, estar e fazer alguma coisa já é bastante mais do que ficar na bancada a sentenciar tormentas e invectivar quem está em jogo.
    Nas assembleias municipais habitue-se à cada vez maior intervenção dos presidentes de junta tão só porque cada vez se encarregam mais das competências que lhes delegaram e isso é o bastante para que o assunto das freguesias de hoje tenha muito pouco a ver com o de antanho, naquelas saudosas épocas que aqui evoca.
    O presidente da junta de Almagreira referiu-se e bem a algo que poderia andar melhor e disso deu publica conta, embora até o problema sendo importante não seja dos que mais impactam na vida das pessoas.
    Outras intervenções houve, também a reclamarem ação e, ou, iniciativa do município, que as anotou, e nessa medida a AM cumpriu com qualidade o que se espera dela.
    Bem sei que o meu amigo gostaria de ver ali mais “tourada política” com o forcado João Coelho e seus camaradas do “Aposento da Alexandre Herculano” incluindo o rabejador Cardona, em pegas de caras e de cernelha ao espicaçado e enfurecido edil, e os pres de junta a somente agradecerem ou a pedirem o incontornável tout-venant para as medievais freguesias onde nada mais acontecia que arranjos de caminhos rurais…
    Tenha paciência que esse tempo já lá vai e se quiser ver tourada da boa tem bem perto Abiul, com a praça de touros mais antiga do país a anualmente nos dispensar essas emoções mais fortes que já em agosto poderá apreciar.
    Pombal vai continuar ao ritmo dos seus autarcas, da sua população e ainda dos seus críticos, incluindo os mais cáusticos.
    Mas na diferença de visões e opiniões, neste Pombal solidário, cabe sempre aquele abraço amigo que aqui lhe deixo.

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    1. Amigo Serra, não se preocupe com a minha cabeça, nem lhe lance agoiros que, de certeza, não pegam… Para seu desgosto, por aqui, as úlceras, a existirem, ainda não se manifestaram... Mas por aí, pelos palcos do poder, pavoneia-se muita cabeça cheias de nódulos de gordura, sempre prontas a derramar bajulação rançosa.
      Depois, esse discurso do antanho, do fazer porque se tem que fazer alguma coisa é coisa démodé que já deveria estar arredada da coisa pública. Meta um princípio de acção valioso, que ainda lhe pode ser útil, na cabeça: mais vale não fazer nada do que fazer aquilo que nunca deveria ter sido feito.
      Mas não somos de não fazer nada; somos de dizer que o rei vai nu, e dizer, de vez em quando, o “que” e “como” fazer, apesar de não nos pagarem para isso.
      Abraço amigo

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  3. Caro amigo, se há prática que desde sempre adotei foi considerar, sopesar e por vezes adoptar as opiniões e conselhos alheios. É assim que evoluímos e amadurecemos as ideias que depois postas em prática revelam a sua valia e eficácia.
    Por isso tomei boa nota do seu repique que me ajudará em futuras cogitações.
    Apenas se engana no "meu desgosto" porque pelo contrário regozijo-me por o meu diagnóstico ulcerino se não verificar na sua pessoa.
    Muita saúde...

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