No período regimental reservado para intervenções do público, o cidadão Jorge Cordeiro - ex-assessor de Diogo Mateus - fez uma oportuna intervenção na Assembleia Municipal. Expôs com clareza o drama dos habitantes da Aldeia dos Redondos e lugares limítrofes: o cheiro nauseabundo que emana regularmente de um aviário próximo.
Já houve um tempo, por volta das décadas de 70, 80 e 90 do século passado, em que o concelho estava povoado por pequenos aviários, que cresceram como cogumelos, dentro e fora das localidades. Eram outros tempos, tempos onde tudo era permitido e a sobrevivência mandava desenrascar. Na transição do século, o amadorismo, a falta de escala e as queixas da população condenou a esmagadora maioria destas pequenas explorações avícolas à morte.
Actualmente o concelho está a ser novamente invadido por aviários e afins, por grandes explorações avícolas, que se aproveitam da permissividade da "classe política" reinante e aclamante, débil e dócil (com o capital oportunista). Prometeram-nos o paraíso na terra, cheio de bem-estar e felicidade. Mas servem-nos um “desenvolvimento” malcheiroso, sem presente e sem futuro. Um modelo que já condenou a Aldeia dos Redondos à morte, como bem diz o Jorge Cordeiro, e arrisca fazer deste grande aviário uma terra malcheirosa. O que cheira mal, FAZ MAL.
Felizmente que vão havendo, e cada vez mais, cidadãos incomodados que se manifestam e aqui o Jorge Cordeiro fê-lo com uma dignidade e elevação de aplaudir.
ResponderEliminarInfelizmente precisamos das atividades económicas, algumas com efeitos secundários de grande impacto nas populações que temos de saber manter mitigando os efeitos perniciosos.
Do lado do empresário a postura habitual, e nem sempre com grande consciência social, é a de desvalorizar esses efeitos como insignificâncias e atribuir à má vontade dos vizinhos as suas queixas.
Do lado das autoridades autárquicas existe a angústia de ter de aceitar a instalação das indústrias, em nome da economia ou de dificultar as mesmas em nome do bem-estar das populações. E aqui é que reside o nó górdio da governação, cujo desatamento exige muita perícia e cautela.
Para mim, em primeiro lugar está o bem-estar das populações sempre e, portanto, o resto, mesmo a economia, têm de se inserir com muita inteligência e cuidado nos lugares mais apropriados que, se não existem já, têm de ser encontrados.
Ora, quando vemos a tentativa de instalações de unidades, potencialmente impactantes em lugares menos apropriados, sempre de angelicais consequências, quem defende as populações e por ela são eleitos têm, em primeiro lugar, de acautelar a sua defesa e bem-estar.
Infelizmente sabemos que alguns eleitos pouca ou nenhuma consciência disso têm, ignorando as preocupações, sobejamente manifestadas, por burrice ou então por troca de um prato de lentilhas que pontualmente lhes poderá dar muito jeito.
Também as ampliações do existente, feito muitas vezes sem projetos ou licenciamentos, ao aumentar os poluentes emanados saturam mais a atmosfera e o que antes era pouco sentido passa a ser contínuo no ar que a população tem de respirar.
Não basta aos governantes dizer que está tudo autorizado, porque quando as populações se manifestam com ou sem ruído essa “autorização popular” fundamental não está concedida, logo a merecer toda a atenção.
Agora acontece na Aldeia dos Redondos, amanhã será noutra localidade se nada for feito.
As regras devem contemplar a obrigação de as atividades conterem os seus efeitos colaterais e, na impossibilidade de o fazerem serem simplesmente proibidas de se instalarem, os camiões de transporte têm de garantir que circulam sem efeitos secundários, as celuloses foram obrigadas a resolver os seus efeitos e tecnicamente conseguiram-no e continuam a laborar.
Também estas atividades terão de resolver o problema tecnicamente ou então terão de encontrar espaços distantes das localidades onde não as perturbem.
Se houver vontade e determinação tudo se conseguirá a bem de todos os interesses em jogo, para o que só faltará o engenho e arte dos empresários e dos decisores autárquicos.