31 de outubro de 2025

Até sempre, Rocha Quaresma


Da esquerda para a direita: Vaz de Morais, A. Rocha Quaresma, Manuel Pimentel, Álvaro da Silva, Orlando Cordeiro e Jorge Dinis, durante a inauguração ao monumento aos heróis do Ultramar.


Houve um tempo em que sonhámos muito, neste país, e neste concelho. Um tempo em que a luta política era a sério, em que cada um sabia bem os valores que defendia, o lado a que pertencia, sem que isso beliscasse o essencial: a construção de uma terra melhor para todos, mais justa e solidária.

António Rocha Quaresma fez parte desse tempo. Atravessou a ditadura a caminho da revolução, ajudou a fazê-la, e até a documentá-la, nos dias claros de Abril.

Quando o conheci, no início da década de 90, ainda se emocionava, amiúde, quando se aproximava o aniversário da Revolução. Naqueles idos de 92/93, coube-lhe a responsabilidade de voltar a presidir à Assembleia Municipal (já acontecera antes), quando Menezes Falcão bateu com a porta, no mandato de Armindo Carolino. 


É a ele que os jornalistas desta terra devem um dos poucos passos que o poder político deu em prol da valorização do trabalho da imprensa. Naquele tempo éramos quase sempre uma meia dúzia a assistir às reuniões da Assembleia (duas rádios, dois ou três jornais, por vezes camaradas de Leiria ou Coimbra), num salão nobre novo. Lá do alto, da mesa, Rocha Quaresma percebeu a falta de condições em que trabalhávamos. E foi por sua iniciativa que a sala passou a contar com duas bancadas laterais, destinadas à comunicação social. Devemos-lhe isso, os dos da minha geração. Mais tarde aboliram-nas, de forma condizente com o que sucedeu à imprensa.


Percebi que se foi afastando, progressivamente, nos anos que se seguiram à derrota do PS. Como tantos, num misto de desencanto e aceitação.  


Partiu esta sexta-feira, 31 de Outubro, sem nos avisar. Que a terra lhe seja leve. 

23 de outubro de 2025

“Junta” reuniu pela última vez

 A “Junta” reuniu hoje pela última vez. Aleluia. Aleluia. Aleluia.

O lado positivo deste ansiado final, que é também um reinício, é que daquelas sete criaturas cinco vão-se … - e só uma por vontade própria (Pedro Navega).  O que diz tudo sobre o seus desempenhos… O lado negativo, é que ainda temos que gramar com duas delas (Pedro Pimpão e Isabel Marto) por mais quatro anos.



Mas o ridículo maior, das longas enfiadas de auto-elogios e enaltecimentos, a que todas aquelas criaturas se prestaram, veio, como não poderia deixar de vir, das duas criaturas que supostamente faziam parte da oposição (Odete Alves e Luís Simões); sempre no registo de donzelas de belos sentimentos, incompreendidas, mas sempre colaborantes e cheias de razão. Se alguma dúvida ainda houvesse sobre a falta de tino e de preparação daquelas belas-almas, as suas últimas palavras confirmaram que saíram sem consciência das exigências do cargo que ocuparam, do papel que representaram, da sua circunstância, do seu desempenho e de como tudo o que fizeram contribuiu decisivamente para o desastre eleitoral do partido que representam e onde militam.

Deus lhes perdoe.

21 de outubro de 2025

Do Oeste ao Faroeste: como repor a "normalidade" democrática na Guia

Se houve freguesia onde a população nunca engoliu a agregação, foi a Guia. Para sermos rigorosos, não foi bem a população da freguesia, mas antes um nicho dela, oriundo da vila. Acresce que, nos últimos dois mandatos, a ferida ficou em carne viva à conta de polémicas várias, e sobretudo porque o PSD perdeu ali (na União de Freguesias) as eleições duas vezes. 

Ora, nas eleições do dia 12, cumpriu-se a máxima da "Guia aos Guienses", devolvendo a freguesia aos aguerridos, e voltando a colocar todas as peças no seu lugar, o que inclui, claro está, o PSD no poder. E estava tudo pronto para essa nova vida da terra quando uma sucessão de episódios caricatos nos veio mostrar que às vezes é ténue e a linha que separa o Oeste do Faroeste. O que nos fez soar campainhas foi um comunicado do PSD Freguesia da Guia (assinado pela futura presidente da Junta, Sandra Mendes), demasiado "explicativo". Pois que, afinal, ao contrário do que anunciavam os cartazes, Carlos Mota Carvalho não vai ser o Secretário da Junta de Freguesia, mas antes o Presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia. É certo que esse é um papel que lhe assenta muito melhor, doutorado que é em presidências de clubes e associações. Porém, o que teria sido honesto de todas as partes era assumir-se, perante o eleitorado, que esta sempre foi a jogada.

É certo que as eleições acabaram na noite de 12 de Outubro, mas o processo eleitoral só fica concluído com a instalação dos órgãos autárquicos. Na maioria das Freguesias o acto acontece nos próximos dias, e talvez o caso da Guia possa servir de exemplo às restantes, onde uma horda de novos autarcas nem sempre conhece as linhas com que se cosem os processos legais (e naturais) da democracia. Lembremos por isso os senhores e senhoras presidentes que são os únicos automaticamente eleitos. Os executivos não são indicados, nem nomeados. São eleitos, em assembleia própria, tal como está bem explico na lei. Que é a mesma para todos, e não consta que a Guia seja um cenário de Western.



15 de outubro de 2025

O dia seguinte aqui no aeródromo

 



As eleições passaram e ganharam os do costume. Talvez bastasse esta frase para resumir o que se passa em Pombal, só que não. O que tentamos fazer aqui no Farpas é deixar uma marca, para quem vier depois, e por isso é importante juntar a esse repositório algumas notas sobre este momento que parece inédito. 

1. O PODER.  O PSD continua a fazer bem o seu trabalho,  e a fazê-lo sem oposição. A ideia de "vitória histórica", aplicada às 17 freguesias do concelho, pode colar bem nos que chegaram há pouco, nas redes sociais e no discurso global, mas é preciso ser-se rigoroso: não é a primeira vez que o PSD domina tudo, com as suas pessoas (Carnide, 2001, com um movimento supostamente independente, liderado por Eusébio Rodrigues). A única excepção, nalguns actos eleitorais dos últimos 32 anos (desde que o PS perdeu a Câmara) terá sido o Louriçal, freguesia que ficou aliás conhecida como "a aldeia gaulesa", em duas ocasiões. E mesmo assim, numa delas, aconteceu com um candidato que vinha do PSD. Não haja ilusões: terá sempre bons resultados o poder que se perpetua, tem as suas peças bem distribuídas no xadrez (desafio-vos a olhar para a composição de associações e instituições), enquanto põe a mão no ombro dos que ousam levantar a cabeça.

2. A 'OPOSIÇÃO'. a)O PS continuará a somar derrotas enquanto não tiver coragem de se assumir como oposição. O comunicado divulgado ontem, a prometer "oposição construtiva" (música para os ouvidos de Pedro Pimpão, que logo o aproveitou) mostra bem que ali não há vontade nenhuma de tirar ilacções sobre escolhas e resultados, causas e consequências. Resta saber o que vai fazer com o único lugar na vereação, para o qual Fernando Matos não tem o mínimo de apetência.

b) O movimento Pombal Independentes - criado a reboque do efeito bem sucedido no Oeste, nos últimos anos, deu em quase nada. Apesar de Luís Couto ser eleito há muito como adversário preferencial de PSD e PS (o que indiciava bem o potencial), faltou-lhe coragem - para confrontar, denunciar (o episódio com a direcção da AHBVP, a propósito da cedência de um espaço, é épico) e mensagem. Pode ter o condão de trazer de novo para o espaço público um homem como António Moderno, cujo papel foi relevante na construção do poder local democrático neste concelho.

c) o Chega. Manuel Serra foi eleito sem fazer um único dia de campanha, sem programa, mas também não era preciso. Não é por acaso que André Ventura usou a sua cara em todos os cartazes de todos os concelhos deste país. O antigo presidente da União de Freguesias do Oeste, que até há meses era militante e dirigente do PSD, apanhou boleia do partido que mais rapidamente o levaria ao destino: a cadeira de vereador na Câmara Municipal. Alcança a maior percentagem de votação nas freguesias onde, aposto, nem sequer o conhecem. 

Perante este estado da arte, e sabendo nós que ninguém consegue parar o vento com as mãos, este post é especialmente dirigido àqueles que, vivendo aqui, têm a honestidade de perceber que esta hegemonia não é boa para ninguém. Faz mal à democracia, dissipa a massa crítica, asfixia o ambiente. Mas isso só percebe quem está fora da bolha laranja, que é gigante, e onde cabe sempre mais um. O único caminho é levantar a cabeça e ser cidadão. Na rua, no bairro, na colectividade, num colectivo qualquer. Ir às Assembleias de Freguesia, à Assembleia Municipal, participar nas reuniões da escola e do clube dos filhos. E abrigar-se do vento. 


14 de outubro de 2025

PS de Pombal

Ontem, depois do desastre, o PS de Pombal sussurrou qualquer coisa - sinal de que ainda está vivo! Alguém o ouviu dizer que “felicita o vencedor autárquico e promete oposição construtiva”. 

Se tivesse dito só a primeira frase, e, logo de seguida, se apagasse, mostrava autoconsciência e alguma sensatez. Assim, mostrou que continua a penar, a fazer o que não sabe nem deve tentar fazer - oposição construtiva. 


12 de outubro de 2025

Autárquicas 2025 em Pombal – tudo na mesma

O PSD voltou a ganhar; e os outros a perder. Por conseguinte, o doutor Pimpão continuará a presidir à “junta” e às juntas, acompanhado por criaturas ainda mais imberbes que ele. E os outros continuarão a assistir, ou a desistir. E assim tudo continuará na mesma, devagar e devagarinho, como a lesma. É uma vitória que tem tanto de plena – arrebanhou todos os “tachos” - como de pequena, que não traz nada de novo, só estragos no dia seguinte. 

O resto é só derrotados. Todos iguais (na fatalidade), e todos diferentes (no estado de espírito momentâneo:  uns felizes, com pequenos nadas; outros desiludidos, com o estilhaço das ilusões ocas; e outros simplesmente aliviados do martírio a que inutilmente se submeteram).  

A “história” eleitoral repete-se demasiado por aqui. A repetição, como diz a psicanálise, protege da agitação da vida individual, impõe a paz mortal de uma cultura que bane a surpresa, é “morte”. Os resultados mostram o declínio da confiança dos cidadãos nos políticos locais, nos partidos e no poder local, uma orfandade colectiva e uma falta de sentido de colectividade e de comunidade assente numa representatividade justa e plural. 

Em Democracia é a oposição que determina o exercício do poder. Deixaremos de ter oposição, papel reservado simbolicamente a um ou outro ramo de enfeite. Na verdade, já não a tínhamos; e daí vem, com certeza, uma das explicações para este desastre da dita oposição. 

O PS não conseguiu nada (relevante), nem poderia conseguir, míngua para o mínimo absoluto. Só mentes muito etéreas poderam crer em coisa diferente… Nas coisas dos humanos, a essência precede sempre a existência. E como diz o povo, o que nasce torto tarde ou nunca se endireita. É um resultado que deixa marcas no partido e em quem deu a cara pela aventura. Mas sejamos justos: a responsabilidade maior não deve ser assacada aos que deram a cara pela desventura, mas a quem traçou todo o guião e, depois, perante o evidente desastre, se escondeu na toca.

O Chega participou e mostrou o que é... Pelo meio e no final, proporcionou o cumprimento do desejo de Manuel Serra: chegar a vereador.  

O Independente Luís Couto cumpriu com brio o desafio inglório de tentar chegar a vereador. Jogava nestas eleições a afirmação do seu movimento político e o seu destino político. Falhou. A política nunca é só um desafio pessoal. Falhou o objectivo. 

Do resto não vale a pena falar - o nada é nada. 


10 de outubro de 2025

Ao que a realidade obriga

 


Uma mão esfrega a outra e as duas pintam a cara.

Atenção aos próximos capítulos.

Debate entre os candidatos à câmara - remake

Decorreu ontem à noite o segundo debate entre os candidatos (participantes) à câmara, organizado e moderado pelos órgãos de “informação” locais (Pombal Jornal, Rádio Clube de Pombal e Rádio Cardal).



O debate foi melhor que o anterior - já teve laivos de debate - por três razões: (i) era muito difícil fazerem pior que no anterior; (ii) foi melhor preparado e moderado pelos moderadores; e (iii) alguns candidatos estiveram melhor. Só uma coisa piorou: a assistência – a rapaziada do PPD/PSD, juvenil e adulta, com o deputado da nação em particular realce. Mas a coisa continua pobre: continua-se a afunilar o debate para temas de política geral (Saúde, Educação, Habitação, Ambiente, Economia, Turismo, Segurança, etc.), onde só se debitam banalidades, e a passar-se ao lado da discussão das   competências, desempenho, insuficiências e organização da câmara.

De entre os candidatos com maior responsabilidade política-eleitoral – Pedro Pimpão (PSD) e Fernando Matos (PS) - ficou no ar uma dúvida porventura insolúvel: qual deles é o mais lunático: o que quer voar sobre Pombal ou o que quer(eria) subir de elevador para o castelo? Mas quem anda com os pés assentes na terra e se preocupa com coisas realmente importantes, como a liberdade individual e a privacidade, tem que ficar alarmado quando sete daquelas alminhas defendem a criação de uma política municipal e a colocação de câmaras de vigilância nos espaços públicos. Aqui, palmas para o candidato da IL (Ricardo Santos) que quebrou o unanimismo.

Uma nota final para os candidatos do CDS (Telmo Lopes) e dos Independentes (Luís Couto), que estiveram francamente melhor que os restantes e melhor que no debate anterior. 

8 de outubro de 2025

Breve história de um debate que era da Junta mas os candidatos não sabiam


 

Na foto, da esquerda para a direita: João Gonçalves (CDS), Carla Longo (PSD), António Costa (CDU), António Sintra (Pombal Independentes), Patrício Martins (Chega) e Clara Pascoal (PS)

Sou eleitora da Junta de Freguesia de Pombal há mais de 20 anos, já integrei uma lista que lhe queria dar outra vida mas não aconteceu, também fiz parte da Assembleia de Freguesia - um tempo que me permitiu, entre outras coisas, conhecer melhor como funciona (politicamente falando) o Pedro, actual presidente da Câmara. 

Ao contrário do que muitos pensam - e dizem, incluindo candidatos - a Junta de Pombal não é uma área de descanso na hierarquia municipal. É certo que ocupa um espaço privilegiado na sede de concelho, mas desengane-se quem pensa que tem tudo feito, à conta da Câmara. Primeiro porque é uma freguesia muito mais rural do que se imagina. Não apenas porque a cidade se ruralizou nos últimos anos, mas também porque os 700 km de estradas de que fala a presidente da Junta ligam aldeias e lugares que parecem ter ficado nos anos 60. Nunca recuperámos das diversas vagas de emigração, e não fora a imigração (que serve, nesta campanha, para mascarar o desfalecimento, nomeadamente a plena ocupação das escolas), muitas aldeias desta freguesia estavam já quase abandonadas. 

Ora, o debate de ontem - com seis candidatos e mais de duas horas e meia de duração - tinha muito terreno para palmilhar. Só que uma confusão generalizada (que começou nos temas propostos para discussão e acabou no equívoco de vários candidatos) não contribuiu em nada para o esclarecimento. Há candidatos , que não perceberam ao que se estão a candidatar. Há outros para quem afinal está tudo bem, e isto só precisava de mais um pózinhos, qual comissão de melhoramentos. O único momento que se assemelhou a um debate foi breve, entre a actual presidente da Junta, Carla Longo (PSD), e a candidata do PS, Clara Pascoal. 

Terminada a conversa, abri os desdobráveis que me deixaram na caixa do correio. Só tinha da Carla Longo e do António Sintra. São programas cheios de boas intenções, ao estilo "agora é que vai". E numa coisa ela já ganhou: calou uma certa oposição, arregimentando para a sua lista uma panóplia de gente que sempre combateu aquela forma de fazer política - até perceber que era melhor fazer parte do ramalhete. Juntaram-se vários presidentes de clubes, que assim sossegam. É mais ou menos como diz o seu mentor Pimpão: "até os comemos!"

6 de outubro de 2025

Breves notas sobre o debate (III)

Quem já passou por um processo de recrutamento minimamente estruturado sabe que há um momento que pode ser decisivo; é quando, no final da última entrevista, o recrutador faz a pergunta da praxe: “para terminar, num minuto, convença-me que é a pessoa indicada para a função?”

Perante este desafio, imaginem que um qualquer imberbe, sabendo que a pergunta lhe iria ser colocada, levava de casa um papelinho com a resposta preparada e, no momento certo, sacava-a do bolso, colocava-a em cima da mesa, ferrava os olhos nele e lia-o o melhor que sabia. Estão a ver a cena? E o resultado?

No famigerado “debate” entre os “candidatos/participantes” na eleição para a CM Pombal, o moderador deu a inevitável deixa final: um minuto para cada candidato fazer o apelo ao voto na sua candidatura. Os OITO candidatos limitaram-se a cumprir a formalidade. A maioria comportou-se como o imberbe candidato ao emprego: sacou da cábula que levava no bolso e leu-a com o jeito que Deus Nosso Senhor lhe deu!

Querem o melhor retrato da pobreza franciscana que nos colocaram na rifa? Ei-lo.   



5 de outubro de 2025

Breves notas sobre o debate (II)

O debate – se isso se pode chamar a banalidades debitadas sem jeito e sem qualquer contraditório - foi uma verdadeira enfiada de vulgaridades e sandices. Mas uma, pela clareza e respectiva quantificação, destacou-se e fica para posteridade. 

A emblemática proposta saiu, logo a abrir, da boca do candidato da CDU – Egídio Farinha: 1% do orçamento municipal para a Cultura, e a criação de uma Escola de Artes! Logo o alertaram que a câmara já gasta mais de 3% do orçamento nessa área. Mas ele manteve-se impávido – já tinha deixado o seu número.  

O nada não comporta superioridade, nem inferioridade, nem comparação. Caímos nisto.


4 de outubro de 2025

Breves notas sobre o debate (I)

O debate entre os candidatos (participantes) à CM Pombal, organizado pelo Jornal de Leiria, foi o evento político mais enfadonho e insipiente a que já assisti. Mas numa coisa estavam todos alinhados: enfastiar o assistente - o moderador deu o exemplo e os candidatos seguiram o mote. Foi um verdadeiro jogo perde-perde: os candidatos perderam algum eleitor ainda indeciso, o jornal perdeu leitores (ali e no após).



Durante o debate veio-me à cabeça uma dúvida que frequentemente me surge: será que a política emburrece as pessoas que a exercem? É uma dúvida legítima porque grande parte das pessoas que a exercitam já provaram que possuem alguma inteligência e sensatez.

Custa a aceitar que gente que supostamente sabe estar e pensar represente cenas que roçam o ridículo, se limite a debitar raciocínios que não valem um ovo quebrado e intenções irrealizáveis ou ruinosas se porventura alguém as tentasse implementar.

Uma espécie de debate, numa espécie de eleições



Pela primeira vez nestas eleições juntaram-se os oito candidatos à Câmara num debate, promovido - como vem sendo hábito - pelo Jornal de Leiria. Foram duas horas de angústia (como podem ler aqui), muito pior do que este, em 2017, que reunia o mesmo número de candidatos, ainda na era pré-Chega. Um retrato do nosso desfalecimento enquanto concelho - onde só as máquinas dos candidatos (cada uma à sua dimensão) parecem dar conta das eleições autárquicas. Estamos mesmo prontos para levantar voo e desaparecer no éter.

3 de outubro de 2025

Pedro - o entertainer

 A Política já foi uma coisa séria, respeitável e respeitadora dos representados. Agora é uma coisa fútil - uma diversão, um espectáculo, uma armadilha para captar atenções e apanhar vontades tolas. 

No início da desventura do Pedro, como presidente da câmara (da junta), escrevi por aqui que política está para o Pedro como o voar está para a mosca. Com o tempo percebemos que o Pedro é e encarnou a configuração da mosca voadora, predestinada ao ócio, ao vício e à voluptuosidade. Uma criança, alegre e frívola, que brinca à política, em campanha ou fora dela.