"E na epiderme de cada facto contemporâneo cravaremos uma farpa: apenas a porção de ferro estritamente indispensável para deixar pendente um sinal."
11 de janeiro de 2009
A VERDADEIRA FAIXA DE GAZA
Para mim, os israelistas são os criminosos e os palestinianos as vitímas.Maniqueísmo? Não. São os factos. E contra estes factos não há argumentos. Por isso, urge pôr fim de imediato à agressão imperalista dos sionistas.
Mas há argumentos. E factos há de todos as formas, feitios e perspectivas. Não comungo dessa visão da agressão imperialista e sionista. Reconheço um direito de resistência do povo palestiniano (dos capangas do Hamas já é outra conversa) e o direito à defesa de Israel e por isso vejo esta questão longe do quadro que durante décadas foi aplicado, com conotações ideológicas que estão desadequadas. Mas teremos tempo para dissecar esta questão. Bem vindo!
Meu caro João, óbviamente que há outros argumentos e também outros factos. Mas para mim, existem factos que realçam o carácter imperialista e sionista da agressão ( aqui não çedo ) do Governo de Israel aos Palestinos. Senão vejamos: 1. Em 4 de Novembro pp ( dias de eleições nos EUA ) Israel rompeu a trégua e bombardeou a Faixa de Gaza, com o pretexto de impedir a construção de túneis pelos palestinos; 2. Em 5 de Novembro pp o governo de Tel Aviv iniciou um bloqueio a Gaza, cortando o abastecimento de alimentos, combustível e medicamentos; 3. O Hamas,na minha opinião em legitima defesa, respondeu com o lançamento de rockets de fabrico caseiro - morreram 4 israelenses. 4. A agressão imperialista ( não tenhamos medo de utilizar expressões em desuso ) liquidou até à presente data quase um milhar de palestinos ( a esmagadora maioria, civis e crianças ) e alguns milhares de feridos. 5. O Hamas venceu as eleições em 2006, que os observadores internacionais ( muito deles oriundos das das terras "civilizadas" ) foram livres e justas e coube-lhe formar governo.
Mas, meu caro, as conotações ideológicas, neste caso, como em muitos outros, nunca na minha modesta opinião se poderão considerar desadequadas. Porque a questão fundamental é ideológica, mas também, como não poderia deixar de ser, económica.
Agora não há tempo para mais, mas é só para não que não se pense que há deserção da instância neste debate.
As eleições de 2006 foram um erro monumental, tal como a retirada unilateral dos israelitas de Gaza, porque se abriu um vazio de poder que colocou os fundamentalistas do Hamas no poder. Aliás, se dúvidas houvesse quanto ao bom senso dessas eleições, note-se que a Administração Bush era-lhes favorável, mesmo sabendo que se ia colocar o poder nas mãos de fundamentalistas para os quais nunca haveria compromisso, para além de um periclitante cesar-fogo. O problema não se reduz por isso à legitimidade das eleições, mas sim à necessidade de compromisso que a Fatah não enjeita mas o Hamas sim. Enquanto não ouvir os fundamentalistas a reconhecer o direito de Israel a existir, o direito a defender-se existe.
A proporcionalidade pode ser vista de duas formas: há desproporção numa guerra "clássica" mas atendendo aos meios de actuação dos fundamentalistas a desproporção é bem mais mitigada.
Por último (e para já) o movimento sionista começou por ser secular e ideologicamente de esquerda, de forte inspiração socialista, tal como os sentimentos que inspiraram a Fatah.
Neste momento, atendendo a que a Cisjordânia está mais pacífica (aliás, o povo Palestiniano que tem sofrido o que sofreu às mãos dos colonos e dos seus próprios irmãos árabes será dos menos fundamentalistas da região), é uma guerra entre ideias religiosas mesmo que não estejam assumidamente na frente da batalha. E as concepções ideológicas da Guerra Fria já se foram, uma vez que esta é uma guerra em que a Fatah passa também por próxima dos EUA, contra o Hamas e Hezbollah apoiados pelo Irão. Por isso é que acho desajustado o rótulo ideológico que se usa tradicionalmente. Por outro lado, os fundamentalistas do lado de Israel beneficiam do direito a existir do Estado, mas um dia as virtudes daquela Democracia saberão dar resposta aos excessos que são cometidos.
Mais ainda porque é que o Hamas recusa sistematicamente todo e qualquer acordo sobre o básico: reconhecer Israel? Um passo desses não ajudaria a encontrar um caminho?
Mas ainda há muito mais, em especial em relação aos porquês deste confronto em especial. Ficam é para breve.
Bem vindo, mas também eu discordo, pelo menos parcialmente. Já se sabe que quando se dá razão aos dois lados, a coisa mantém-se na mesma, mas é mesmo isso que faço. E, apesar de tudo, acho que o Hamas só inclina mais a balança da minha razão para os israelitas, ao fazer dos seus alvos os civis. Digo isto como análise da psique humana e não como declaração de apoio: quando crianças ou entes queridos podem rebentar todos os dias, de forma intencional, no caminho para a escola ou trabalho, isso tem de ter um efeito num povo, especialmente quando empolado por políticos, religiosos e media acirrados. E não engulo o argumento da desproporção. Ainda bem que ela existe. Não precisávamos de mais mortos do lado israelita só para a coisa não parecer tão unilateral.
PS: Não sou pró-israelita nem peço desculpa por holocaustos de que não fui responsável. Além disso, também os judeus enveredaram pelo terrorismo apenas três anos depois dos Aliados terem terminado a chacina do seu povo - talvez tarde demais, mas mesmo a tempo para muitos outros. Que quem, apesar de tudo, devia estar agradecido, seja capaz de se virar contra os seus salvadores, diz algo.
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Mas há argumentos. E factos há de todos as formas, feitios e perspectivas. Não comungo dessa visão da agressão imperialista e sionista. Reconheço um direito de resistência do povo palestiniano (dos capangas do Hamas já é outra conversa) e o direito à defesa de Israel e por isso vejo esta questão longe do quadro que durante décadas foi aplicado, com conotações ideológicas que estão desadequadas. Mas teremos tempo para dissecar esta questão. Bem vindo!
ResponderEliminarMeu caro João,
ResponderEliminaróbviamente que há outros argumentos e também outros factos. Mas para mim, existem factos que realçam o carácter imperialista e sionista da agressão ( aqui não çedo ) do Governo de Israel aos Palestinos. Senão vejamos:
1. Em 4 de Novembro pp ( dias de eleições nos EUA ) Israel rompeu a trégua e bombardeou a Faixa de Gaza, com o pretexto de impedir a construção de túneis pelos palestinos;
2. Em 5 de Novembro pp o governo de Tel Aviv iniciou um bloqueio a Gaza, cortando o abastecimento de alimentos, combustível e medicamentos;
3. O Hamas,na minha opinião em legitima defesa, respondeu com o lançamento de rockets de fabrico caseiro - morreram 4 israelenses.
4. A agressão imperialista ( não tenhamos medo de utilizar expressões em desuso ) liquidou até à presente data quase um milhar de palestinos ( a esmagadora maioria, civis e crianças ) e alguns milhares de feridos.
5. O Hamas venceu as eleições em 2006, que os observadores internacionais ( muito deles oriundos das das terras "civilizadas" ) foram livres e justas e coube-lhe formar governo.
Mas, meu caro, as conotações ideológicas, neste caso, como em muitos outros, nunca na minha modesta opinião se poderão considerar desadequadas. Porque a questão fundamental é ideológica, mas também, como não poderia deixar de ser, económica.
Agora não há tempo para mais, mas é só para não que não se pense que há deserção da instância neste debate.
ResponderEliminarAs eleições de 2006 foram um erro monumental, tal como a retirada unilateral dos israelitas de Gaza, porque se abriu um vazio de poder que colocou os fundamentalistas do Hamas no poder. Aliás, se dúvidas houvesse quanto ao bom senso dessas eleições, note-se que a Administração Bush era-lhes favorável, mesmo sabendo que se ia colocar o poder nas mãos de fundamentalistas para os quais nunca haveria compromisso, para além de um periclitante cesar-fogo. O problema não se reduz por isso à legitimidade das eleições, mas sim à necessidade de compromisso que a Fatah não enjeita mas o Hamas sim. Enquanto não ouvir os fundamentalistas a reconhecer o direito de Israel a existir, o direito a defender-se existe.
A proporcionalidade pode ser vista de duas formas: há desproporção numa guerra "clássica" mas atendendo aos meios de actuação dos fundamentalistas a desproporção é bem mais mitigada.
Por último (e para já) o movimento sionista começou por ser secular e ideologicamente de esquerda, de forte inspiração socialista, tal como os sentimentos que inspiraram a Fatah.
Neste momento, atendendo a que a Cisjordânia está mais pacífica (aliás, o povo Palestiniano que tem sofrido o que sofreu às mãos dos colonos e dos seus próprios irmãos árabes será dos menos fundamentalistas da região), é uma guerra entre ideias religiosas mesmo que não estejam assumidamente na frente da batalha. E as concepções ideológicas da Guerra Fria já se foram, uma vez que esta é uma guerra em que a Fatah passa também por próxima dos EUA, contra o Hamas e Hezbollah apoiados pelo Irão. Por isso é que acho desajustado o rótulo ideológico que se usa tradicionalmente. Por outro lado, os fundamentalistas do lado de Israel beneficiam do direito a existir do Estado, mas um dia as virtudes daquela Democracia saberão dar resposta aos excessos que são cometidos.
Mais ainda porque é que o Hamas recusa sistematicamente todo e qualquer acordo sobre o básico: reconhecer Israel? Um passo desses não ajudaria a encontrar um caminho?
Mas ainda há muito mais, em especial em relação aos porquês deste confronto em especial. Ficam é para breve.
Bem vindo, mas também eu discordo, pelo menos parcialmente. Já se sabe que quando se dá razão aos dois lados, a coisa mantém-se na mesma, mas é mesmo isso que faço. E, apesar de tudo, acho que o Hamas só inclina mais a balança da minha razão para os israelitas, ao fazer dos seus alvos os civis. Digo isto como análise da psique humana e não como declaração de apoio: quando crianças ou entes queridos podem rebentar todos os dias, de forma intencional, no caminho para a escola ou trabalho, isso tem de ter um efeito num povo, especialmente quando empolado por políticos, religiosos e media acirrados.
ResponderEliminarE não engulo o argumento da desproporção. Ainda bem que ela existe. Não precisávamos de mais mortos do lado israelita só para a coisa não parecer tão unilateral.
PS: Não sou pró-israelita nem peço desculpa por holocaustos de que não fui responsável. Além disso, também os judeus enveredaram pelo terrorismo apenas três anos depois dos Aliados terem terminado a chacina do seu povo - talvez tarde demais, mas mesmo a tempo para muitos outros. Que quem, apesar de tudo, devia estar agradecido, seja capaz de se virar contra os seus salvadores, diz algo.